Rodrigo Constantino
“O comércio exterior é o melhor antídoto contra o monopólio, principalmente nos países em desenvolvimento!” (Jagdish Bhagwati)
Uma das maiores autoridades em comércio internacional do momento, Jagdish Bhagwati coloca em detalhes seus argumentos em defesa da globalização no livro que carrega este título. Seu foco é a globalização econômica, e em sua opinião, a abertura comercial foi o “núcleo do milagre do Leste Asiático”. Divergindo de muitos outros liberais, entretanto, ele considera que a liberalização “apressada e imprudente” dos fluxos financeiros foi o núcleo da interrupção deste “milagre”. A seguir veremos os principais pontos expostos no livro.
Para começar, é importante frisar que a proteção industrial média nos países pobres ainda é bem maior do que nos países ricos. Muitos gostam de condenar o protecionismo dos países desenvolvidos, o que é desejável, mas ignoram o que ocorre no próprio quintal.
Como uma das causas para o sentimento antiglobalização, Bhagwati destaca o temor de uma maior volatilidade dos preços e dos empregos com a maior abertura comercial. Porém, ele afirma que análises empíricas sugerem que a rotatividade no emprego não cresceu expressivamente nos Estados Unidos e no Reino Unido a despeito da globalização. Na verdade, esses países transportaram partes mais voláteis da economia, como a agricultura, para outros países que se beneficiam disso, por causa das suas vantagens comparativas, enquanto o foco maior em serviços garante menor volatilidade no emprego e na economia dos países desenvolvidos. É uma situação claramente de ganhos mútuos.
Muitos repetem automaticamente que a globalização aumenta a diferença entre ricos e pobres. Não obstante tal afirmação ser bastante questionável, esses críticos deveriam estar mais preocupados com o nível geral de riqueza, trabalhando para que a pobreza fosse reduzida em termos absolutos. A conclusão de Bhagwati sobre este ponto é contundente, quando ele diz que “pode-se concluir que o comércio mais livre esteja associado a um crescimento maior e que um crescimento maior esteja associado à redução da pobreza”. Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático, a pobreza baixou de cerca de 28% em 1978 para 9% em 1998, na China. São inúmeros exemplos que apontam na mesma direção: a globalização tem sido uma grande ferramenta para a diminuição da miséria no mundo.
Sobre as multinacionais, muitas vezes locomotivas da globalização, Bhagwati alerta que são responsáveis por uma gigantesca percentagem dos investimentos estrangeiros diretos nos países pobres, e que a reputação delas vale mais que o conceito de “tirar proveito” da frouxidão das leis muitas vezes presente nos países mais pobres. A questão do trabalho “explorado” vem logo à mente, mas o economista lembra que os salários devem ser ajustados de acordo com as diferenças de produtividade. Basta comparar os salários pagos pelas multinacionais com aqueles pagos pelas empresas locais de um determinado país pobre que fica claro a falácia dessa acusação de exploração. Afinal, os salários das multinacionais são quase sempre superiores aos oferecidos pelas empresas locais. Pesquisas apontam que este prêmio costuma ficar em 10% ou mais. Bhagwati conclui sobre esta questão: “Ao aumentar a demanda de mão-de-obra nos países hospedeiros, é praticamente certo que as multinacionais acabem por melhorar o nível em geral dos salários, aumentando, assim, a renda dos trabalhadores nesses países”.
Em relação à elevada carga horária, ele explica que essas longas jornadas costumam ser voluntárias, pois muitos jovens querem juntar dinheiro o mais rápido possível. Trata-se de uma opção, não de uma exploração. Não custa lembrar que muitos da classe média ou alta, mesmo em países ricos, trabalham voluntariamente várias horas por dia.
A presença dessas multinacionais acarreta também o que os economistas chamam de spillover, que seriam externalidades positivas criadas pelo aprendizado das técnicas, gerenciamento, práticas mais avançadas de gestão, enfim, toda a difusão de fatores que propiciam maior produtividade às empresas. Há uma verdadeira “corrida para cima” com a globalização, como não poderia deixar de ser, já que a competição doméstica tem o mesmo efeito em relação a uma situação de monopólio. Quanto menos concorrência, menos eficiência também. Eis um fato bastante lógico e empiricamente provado, como se pode atestar, por exemplo, comparando a riqueza da Coréia do Sul, comercialmente aberta, com sua miserável irmã do norte, fechada para o mundo.
Nas palavras do próprio autor: “O comércio liberal, como sempre insistimos, promove a prosperidade, encoraja a paz entre as nações e é um elemento indispensável da liberdade individual”. Essa mensagem precisa urgentemente ser transmitida mundo afora, principalmente nos países mais atrasados, que ainda abrigam enorme quantidade de jovens adeptos de um irracional sentimento antiglobalização. O conhecimento dos fatos precisa combater a doutrinação ideológica para que os países mais pobres possam surfar nessa imensa onda que é a globalização.
“O comércio exterior é o melhor antídoto contra o monopólio, principalmente nos países em desenvolvimento!” (Jagdish Bhagwati)
Uma das maiores autoridades em comércio internacional do momento, Jagdish Bhagwati coloca em detalhes seus argumentos em defesa da globalização no livro que carrega este título. Seu foco é a globalização econômica, e em sua opinião, a abertura comercial foi o “núcleo do milagre do Leste Asiático”. Divergindo de muitos outros liberais, entretanto, ele considera que a liberalização “apressada e imprudente” dos fluxos financeiros foi o núcleo da interrupção deste “milagre”. A seguir veremos os principais pontos expostos no livro.
Para começar, é importante frisar que a proteção industrial média nos países pobres ainda é bem maior do que nos países ricos. Muitos gostam de condenar o protecionismo dos países desenvolvidos, o que é desejável, mas ignoram o que ocorre no próprio quintal.
Como uma das causas para o sentimento antiglobalização, Bhagwati destaca o temor de uma maior volatilidade dos preços e dos empregos com a maior abertura comercial. Porém, ele afirma que análises empíricas sugerem que a rotatividade no emprego não cresceu expressivamente nos Estados Unidos e no Reino Unido a despeito da globalização. Na verdade, esses países transportaram partes mais voláteis da economia, como a agricultura, para outros países que se beneficiam disso, por causa das suas vantagens comparativas, enquanto o foco maior em serviços garante menor volatilidade no emprego e na economia dos países desenvolvidos. É uma situação claramente de ganhos mútuos.
Muitos repetem automaticamente que a globalização aumenta a diferença entre ricos e pobres. Não obstante tal afirmação ser bastante questionável, esses críticos deveriam estar mais preocupados com o nível geral de riqueza, trabalhando para que a pobreza fosse reduzida em termos absolutos. A conclusão de Bhagwati sobre este ponto é contundente, quando ele diz que “pode-se concluir que o comércio mais livre esteja associado a um crescimento maior e que um crescimento maior esteja associado à redução da pobreza”. Segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático, a pobreza baixou de cerca de 28% em 1978 para 9% em 1998, na China. São inúmeros exemplos que apontam na mesma direção: a globalização tem sido uma grande ferramenta para a diminuição da miséria no mundo.
Sobre as multinacionais, muitas vezes locomotivas da globalização, Bhagwati alerta que são responsáveis por uma gigantesca percentagem dos investimentos estrangeiros diretos nos países pobres, e que a reputação delas vale mais que o conceito de “tirar proveito” da frouxidão das leis muitas vezes presente nos países mais pobres. A questão do trabalho “explorado” vem logo à mente, mas o economista lembra que os salários devem ser ajustados de acordo com as diferenças de produtividade. Basta comparar os salários pagos pelas multinacionais com aqueles pagos pelas empresas locais de um determinado país pobre que fica claro a falácia dessa acusação de exploração. Afinal, os salários das multinacionais são quase sempre superiores aos oferecidos pelas empresas locais. Pesquisas apontam que este prêmio costuma ficar em 10% ou mais. Bhagwati conclui sobre esta questão: “Ao aumentar a demanda de mão-de-obra nos países hospedeiros, é praticamente certo que as multinacionais acabem por melhorar o nível em geral dos salários, aumentando, assim, a renda dos trabalhadores nesses países”.
Em relação à elevada carga horária, ele explica que essas longas jornadas costumam ser voluntárias, pois muitos jovens querem juntar dinheiro o mais rápido possível. Trata-se de uma opção, não de uma exploração. Não custa lembrar que muitos da classe média ou alta, mesmo em países ricos, trabalham voluntariamente várias horas por dia.
A presença dessas multinacionais acarreta também o que os economistas chamam de spillover, que seriam externalidades positivas criadas pelo aprendizado das técnicas, gerenciamento, práticas mais avançadas de gestão, enfim, toda a difusão de fatores que propiciam maior produtividade às empresas. Há uma verdadeira “corrida para cima” com a globalização, como não poderia deixar de ser, já que a competição doméstica tem o mesmo efeito em relação a uma situação de monopólio. Quanto menos concorrência, menos eficiência também. Eis um fato bastante lógico e empiricamente provado, como se pode atestar, por exemplo, comparando a riqueza da Coréia do Sul, comercialmente aberta, com sua miserável irmã do norte, fechada para o mundo.
Nas palavras do próprio autor: “O comércio liberal, como sempre insistimos, promove a prosperidade, encoraja a paz entre as nações e é um elemento indispensável da liberdade individual”. Essa mensagem precisa urgentemente ser transmitida mundo afora, principalmente nos países mais atrasados, que ainda abrigam enorme quantidade de jovens adeptos de um irracional sentimento antiglobalização. O conhecimento dos fatos precisa combater a doutrinação ideológica para que os países mais pobres possam surfar nessa imensa onda que é a globalização.
6 comentários:
Por sinal, a globalização tem criado "ilhas de prosperidade" em alguns países pobres. Creio que a partir de tais "ilhas" é possível que a prosperidade, juntamente com o conhecimento dos fatos, proporcione redução e talvez até a eliminação da miséria.
Olha Rodrigo muito interessante, porém estou lendo um livro que é preciso para a faculdade de Castells, não sei se ouviu falar "a sociedade em redes" e mostra um lado perverso da globalização entre várias críticas etc.
Estava sentindo falta de ver o lado liberal (na faculdade não tem nada liberal só críticas) e isso foi interessante, tratarei de ler o livro que mencionou.
Jagdish Bhagwati é daqueles autores que antes de ser já era... Tudo o que afirma já foi pensado antes... e não por ele.
Sr. Rodrigo, gostaria, se for possível, de entrar em contato. Meu e-mail é danielvgil@yahoo.com.br, sou representante dos alunos na Faculdade de Letras da UFRJ; organizo alguns debates e pensei no sr. para um evento que idealizo há tempo.
Aguardo ancioso
Daniel
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marcio22.blogspot.com
OK?
parece estar havendo confusão entre comércio exterior e globalização.
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