terça-feira, junho 30, 2009

Pergunta do Dia



Se Madoff pegou 150 anos de prisão pelo esquema fraudulento de pirâmide que criou, quantos anos o ex-presidente Roosevelt pegaria, se estivesse vivo, por ter assinado o Social Security Act em 1935, o maior esquema Ponzi de pirâmide do planeta: 15.000 anos?

segunda-feira, junho 29, 2009

Sai daí, Sarney!



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Acompanhar os escândalos dos nossos políticos exige uma dedicação integral de tempo. A produção de fatos imorais na política nacional é mais veloz do que a capacidade de escrita dos articulistas. A mais nova denúncia envolve o neto de Sarney, presidente do Senado que se diz vítima de "campanha midiática" por apoiar Lula. Em defesa do neto, Sarney apenas ressalta a qualificação do rapaz, que tem mestrado na Sorbonne e pós-graduação em Harvard. Pelo visto, se tiver um bom diploma, o nepotismo não é mais imoral.

Sarney representa tudo aquilo que há de pior no meio político, englobando quase todos os "ismos" negativos: corporativismo, nepotismo, paternalismo, fisiologismo, caudilhismo, populismo. Seu curral político, o Maranhão, é um dos estados mais miseráveis do País. Em economia, Sarney nos remete ao que existe de mais nefasto também: planos heterodoxos, congelamento de preços, fiscais lutando contra a inflação através do demagógico combate aos comerciantes, e a moratória da dívida externa.

Em suma, a "grande" trajetória política de Sarney, que para o presidente Lula o transforma numa pessoa "incomum", representa o fracasso nacional, o afastamento dos únicos "ismos" que prestam: o liberalismo, o federalismo e o capitalismo. Sarney é um dos ícones da concentração de poder em Brasília, do aumento asfixiante do governo. Não por acaso, Sarney e Lula são aliados: ambos são farinha do mesmo saco podre!

Confesso jamais ter lido algum livro de autoria do senador Sarney. Mas, com uma convicção apriorística, garanto que Sarney deveria se dedicar apenas ao seu talento literário. Maior estrago à nação do que causa atualmente seria impossível. Sai daí, Sarney!

sexta-feira, junho 26, 2009

As Cotas Racistas

Rodrigo Constantino, O GLOBO (26/06/2009)

“Os fatos são teimosos, e nossos desejos, nossas inclinações ou o imperativo de nossas paixões, quaisquer que sejam, não podem mudar o estado dos fatos e das evidências”. Com esta frase de John Adams, Thomas Sowell começa seu livro “Ação Afirmativa ao Redor do Mundo”, onde faz estudo empírico do efeito das cotas em vários países. O alerta vem à mente quando lemos alguns artigos em defesa das cotas que, não obstante as boas intenções dos autores, têm permitido que as paixões fiquem acima da frieza dos dados.

Esses autores têm utilizado estatísticas pontuais para mostrar que cotistas apresentam desempenho médio equivalente ao dos demais estudantes, além de menor taxa de evasão. Ora, levando a lógica ao extremo – de que permitir o acesso às vagas de alunos menos preparados mantém a média –, pode-se concluir que fornecer cotas para todos não iria prejudicar o padrão de qualidade das universidades. Ou seja, se os alunos com as piores notas fossem aceitos no lugar dos alunos com as melhores notas, as universidades não perderiam qualidade, o que é, evidentemente, uma conclusão absurda. A estatística pode ser a arte de torturar números até que eles confessem qualquer coisa.

Sowell levanta importantes questões em seu livro. Ele lembra que “os asiático-americanos são um claro embaraço para os que usam os argumentos costumeiros em defesa da ação afirmativa”. Afinal, este grupo costuma apresentar desempenho médio maior que o dos brancos, principalmente em matemática. No livro “Fora de Série”, Malcolm Gladwell mostra que fatores culturais podem explicar esta diferença. O fato é que os “amarelos” apresentam, na média, melhor desempenho. Por isso esse grupo étnico acaba ignorado nas estatísticas. Serão as maiorias brancas “vítimas” das minorias japonesas? É importante não confundir correlação com causalidade.

Outro erro comum é a utilização de casos específicos para provar uma regra. Por exemplo, citar alguns famosos beneficiados pelas cotas para afirmar a possibilidade de sucesso do modelo. Seria bastante fácil encontrar contra-exemplos. Mas apontar casos isolados de fracasso ou sucesso das cotas não prova nada. Em qualquer experimento desse tipo, alguns casos de sucesso sempre ocorrerão. O importante é verificar a tendência geral. E nesse caso, o resultado é negativo para as cotas, como demonstra Sowell. A redução da miséria entre negros americanos, por exemplo, foi mais acelerada antes da política de ação afirmativa do que depois. De 1967 a 1992, os 20% de negros mais pobres tiveram seus rendimentos reduzidos numa proporção duas vezes maior que seus equivalentes brancos. Eis o resultado quando se está arrombando as portas de entrada das universidades com base não no mérito, mas no critério da cor da pele.

Até aqui, restringi o foco ao aspecto da eficiência das cotas. Mas há um fator muito mais importante que não deve ser ignorado: o moral. Quando indivíduos passam a ser segregados com base na “raça”, concedendo-se privilégios para um grupo em detrimento de outro, o próprio racismo está sendo fomentado. Alguns autores acreditam que esta ameaça não tem sido expressiva no país, mas ainda não há dados suficientes para se ter uma perspectiva histórica. Esses efeitos levam tempo. O livro de Sowell deixa claro que a ameaça é significativa, e em alguns casos, como no Sri Lanka, acabou até em guerra civil. O próprio conceito de “raça” é uma criação humana, não um dado da natureza. Quando políticas do governo instituem o critério racial para separar os indivíduos, o racismo está sendo alimentado. Isso vai contra o sonho de Luther King, de um país onde as pessoas fossem julgadas “não pela cor da pele, mas pela firmeza do caráter”.

O último ponto a ser analisado é o argumento de “dívida social”. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que nem mesmo um filho pode herdar dívida líquida do pai, já que não tem culpa de seus erros. Mesmo assim, para ser minimamente justo, seria necessário julgar cada caso isolado, para saber se aquele indivíduo é herdeiro de um dono de escravos ou de um escravo, ou nenhum dos dois. Afinal, a cor da pele não prova nada, já que negros foram donos de escravos, como o próprio Zumbi, e nem todos os brancos eram donos de escravos. Portanto, quando dizem que muitos bolsistas do ProUni são descendentes de escravos, com base na cor da pele, é impossível saber se isto é ou não verdade. A probabilidade é que seja falso. E reparar uma injustiça passada criando uma nova injustiça está longe de ser um bom critério de justiça.

Deu no VALOR ECONÔMICO

quinta-feira, junho 25, 2009

Deu em O DIA

Rodrigo Constantino: Os juros que não baixam

Economista e membro do Instituto Millenium

Rio - Em sua última reunião, o Copom reduziu a taxa básica de juros (Selic) para 9,25% ao ano. Trata-se da menor taxa em mais de 20 e anos. No entanto, o consumidor não sente tanto impacto assim na hora de tomar financiamento.

Afinal, a taxa média dos cheques especiais, por exemplo, está quase no mesmo patamar da Selic, só que ao mês! Os usuários desta modalidade de crédito pagam mais de 100% de juros ao ano.

O que explicaria diferença tão gritante? São inúmeras causas. Em primeiro lugar, há pouca competição no setor.

Os seis maiores bancos do País, por exemplo, possuem 87% do total de depósitos. Os dois principais bancos estatais, Banco do Brasil e Caixa, concentram 40% dos depósitos totais, e cobram taxas similares ao restante. O governo é o maior banqueiro do País!

O excesso de burocracia e regulação dificultam a competição. Além disso, os impostos diretos que incidem sobre os empréstimos são elevados, chegando a quase 10% da taxa final. Para piorar, há elevada inadimplência, e a lei acaba protegendo o devedor.

A Serasa divulgou recentemente que os cheques sem fundo atingiram o maior nível dos últimos 18 anos. Muitos consumidores adotam comportamento irresponsável em relação ao crédito. Isso não ajuda na redução da taxa de juros.

Por fim, a oferta de poupança é bastante limitada no País, e o governo acaba demandando boa parte dela para financiar seus gastos crescentes. Com uma baixa oferta de poupança, e uma demanda voraz do governo por recursos, a taxa de juros para os consumidores acaba pressionada, pois sobra menos dinheiro para este fim.

Palestra sobre o processo inflacionário - Vídeo

Trecho da palestra no IEE/BH (editado pelo Ronnye), onde explico o processo inflacionário, mostrando que a inflação é sempre causada pelo governo, beneficiando seus aliados e prejudicando os mais pobres.

Eis o link para o vídeo no YouTube.

quarta-feira, junho 24, 2009

De Bastiat para Lula



Rodrigo Constantino

“Tributar pesadamente, tirando do mais capaz e do mais motivado para dar ao menos capaz ou menos disposto, em geral redunda em punir aqueles, sem corrigir estes.” (Roberto Campos)

Em mais um discurso verborrágico, o presidente Lula demonstrou seu completo analfabetismo econômico. O presidente disse: “Cada real que você der na mão de uma pessoa pobre volta automaticamente para o comércio, para o consumo e reativa a economia. Muitas vezes você dá R$ 1 milhão para uma pessoa, que coloca no banco, não faz nada. Só ele vai ganhar dinheiro. Na hora que você dá R$ 100 para cada pobre, em meia hora volta para o comércio. Nem que ele vá para um boteco tomar uma ‘canjebrina’ (termo nordestino para cachaça). Não fica no banco, não vai para derivativos”.

Que lógica impecável! Segundo o presidente, quando alguém poupa R$ 1 milhão e investe em algum fundo de banco, está mantendo o capital ocioso e somente ele se beneficia, enquanto que o gastador compulsivo, mesmo que de cachaça, está ajudando a economia, “fazendo a roda girar”. Aprendemos que o rabo é que balança o cachorro: o consumo é que permite a produção, e não o contrário. Lula, quando sair da presidência, já pode até mesmo concorrer ao Prêmio Nobel de economia, cujo recente vencedor defende teses semelhantes.

Em 1850, o francês Bastiat já havia escrito sobre aquilo que se vê, e aquilo que não se vê. Um bom economista deve ser capaz de enxergar os efeitos das medidas econômicas ao longo do tempo, e não se limitar ao imediatismo míope. A comparação entre dois irmãos herdeiros derruba a falácia praticada por Lula. Mondor e seu irmão Aristo, após repartirem a herança paterna, ficam cada um com cinqüenta mil francos de renda. Mondor pratica a filantropia: “Renova seu mobiliário uma vez por ano, troca suas carruagens todos os meses, as pessoas comentam sobre os métodos que ele usa para, engenhosamente, acabar mais depressa com o dinheiro. Enfim, ele faz, por comparação, empalidecer os personagens bons vivants de Balzac e de Alexandre Dumas”.

Aristo adotou um plano de vida bem diferente. “Se não é um egoísta, é, pelo menos, um individualista, pois ele racionaliza suas despesas, só procura prazeres moderados e razoáveis, pensa no futuro dos filhos e, para encurtar, economiza”. Mas ele é visto como um rico avarento pelos outros. Bastiat explica: “Esses julgamentos, nocivos à moral, estão baseados no fato de que há alguma coisa que impressiona os olhos: os gastos do irmão pródigo”. Só que “a sabedoria de Aristo é não somente mais digna, mas ainda mais proveitosa que a loucura de Mondor”.

Os felizes fornecedores dos luxos de Mondor representam aquilo que se vê. Não é tão fácil de se perceber, do ponto de vista do interesse dos trabalhadores, o que se tornam os rendimentos de Aristo. Mas todos esses rendimentos, até o último centavo, servem para dar emprego aos operários tanto quanto certamente os rendimentos de Mondor. Mas há uma diferença importante: “os gastos loucos de Mondor estão condenados a diminuir sempre e a chegar a um fim necessário. A sábia despesa de Aristo vai engordando de ano para ano”. A poupança de Aristo pode ser canalizada para investimentos produtivos. Os gastos de Aristo, feitos em parte por terceiros à distância, representam aquilo que não se vê.

Bastiat conclui: “É, portanto, falso afirmar-se que a poupança causa um real prejuízo à indústria. Sob esse ângulo, ela é tão benéfica quanto o luxo. Mas quão superior essa poupança se mostrará, se nosso pensamento, em vez de se prender às horas fugazes que passam, se detiver num espaço de tempo maior, mais longo! Assim, imaginemos que dez anos se passaram. O que se tornaram Mondor e sua fortuna? E a sua grande popularidade? Tudo se acabou! Mondor está arruinado! Longe de despejar sessenta mil francos, todos os anos, na economia, ele está vivendo provavelmente às custas da sociedade. Em todo caso, ele não faz mais a alegria dos fornecedores, não consta mais como protetor das artes e da indústria, não serve mais para nada diante dos trabalhadores e nem diante dos seus, que ele deixou em dificuldades”.

Por outro lado: “Ao final dos mesmos dez anos, Aristo continua não somente a pôr o seu dinheiro em circulação, mas continua aumentando seus rendimentos de ano para ano. Ele contribui para fazer crescer o capital nacional, ou seja, o fundo que alimenta os salários. E, como a demanda de trabalho depende da extensão desse fundo, ele concorre para o aumento progressivo da remuneração da classe operária. Se ele vier a morrer, deixa os filhos preparados para substituí-lo nessa obra de progresso e de civilização. Do ponto de vista moral, a superioridade da poupança sobre o luxo é incontestável. É consolador poder-se pensar que o mesmo se dá do ponto de vista econômico, para quem quer que, não se fixando nos efeitos imediatos das coisas, saiba levar suas investigações até os seus últimos efeitos”.

Em resumo, Bastiat teria uma lição tanto econômica como moral para ensinar ao presidente Lula, que enaltece o uso do dinheiro para consumo de cachaça, em vez de poupança. Tirar recursos dos poupadores para distribuir entre pobres “cachaceiros” é punir a virtude e premiar o vício. Não se deve esperar um comportamento adequado quando a poupança é punida e o consumo supérfluo é estimulado, ainda por cima com recursos de terceiros. Tirar a fortuna de Bill Gates e distribuir para “cachaceiros” criaria apenas mais um miserável no mundo. A postura do presidente é não apenas absurda do ponto de vista econômico, mas também imoral.

Para a leitura na íntegra dos Ensaios de Bastiat, segue o link.

terça-feira, junho 23, 2009

A Burca



Rodrigo Constantino

"Egoísmo não é viver como quiser; é pedir aos outros que vivam como alguém quiser que vivam." (Oscar Wilde)

Em recente discurso, Sarkozy disse que o uso da burca "reduz a mulher à servidão e ameaça a sua dignidade". Segundo ele, a burca "não é um sinal de religião, mas de subserviência" e não é "bem-vinda" na França. O líder francês ainda demonstrou apoio à criação de uma comissão parlamentar para analisar a proibição do uso da burca em lugares públicos no país. "Não podemos aceitar que tenhamos em nosso país mulheres presas atrás de redes, eliminadas da vida social, desprovidas de identidade", afirmou.

Eu concordo com Sarkozy no que diz respeito ao significado da burca: ela representa, de fato, uma cultura em que as mulheres são submissas. Não deixa de ser espantoso ver a quantidade de “relativistas culturais” que tentam amenizar as atrocidades ainda praticadas nos principais países islâmicos – onde o uso da burca não é nada grave comparado ao resto, em nome da “diversidade”. Já passou da hora de julgarmos de forma mais objetiva o que se passa nesses países, ainda muito atrasados em relação às principais conquistas da liberdade individual. Além disso, entendo a preocupação de Sarkozy com o crescimento da população islâmica na Europa em geral e na França em particular. Num modelo democrático, onde a liberdade pode ser solapada pela tirania da maioria, esse crescimento é sem dúvida um risco.

Não obstante, parece absurdo reagir a este perigo justamente atacando as liberdades individuais. E quando o governo resolve regular até mesmo as vestimentas das mulheres, isso significa que a intervenção estatal está num grau assustador. O governo não tem o direito de se meter nas escolhas pessoais sobre roupa. Não é crime usar a burca, não agride a liberdade de ninguém. Cada indivíduo é livre para escolher o que vestir. Hoje, o inimigo é a burca, mas nada garante que amanhã não seja o quipá dos judeus, o hábito das freiras ou uma camisa do Mises Institute condenando a opressão estatal. Sem um critério objetivo e isonômico, ficamos ao sabor das arbitrariedades momentâneas da maioria. Isso não é liberdade, mas ditadura da maioria.

Em For a New Liberty, o libertário Rothbard defende os direitos naturais de todos os indivíduos, mostrando que não há crime onde não há agressão a estes direitos. Que crime uma mulher está cometendo apenas ao usar uma burca? No livro, Rothbard ataca a visão utilitarista de que a “sociedade” tem direito de decidir algo com base no critério de benefício para o maior número de pessoas. Ele ilustra o absurdo disso através de um exemplo com redheads, supondo que esta minoria fosse vista como agentes do demônio por uma maioria. O extermínio desses redheads talvez trouxesse um benefício “social”, já que eles representam um grupo estatisticamente insignificante, e são detestados pela grande maioria. No entanto, seria claramente injusto eliminá-los com base neste critério utilitarista. Afinal, eles não cometeram crime algum, não agrediram a liberdade alheia. Somente os libertários calcados nos direitos naturais apresentam um critério universal de proteção a estas minorias.

Esses valores de liberdade individual encontraram maior eco justamente nos países ocidentais, após o Iluminismo. Seria uma infelicidade acabar com estes valores em nome da luta contra o atraso cultural islâmico. Os professores Ian Buruma e Avishai Margalit escreveram um livro no qual cunharam o termo “ocidentalismo”, explicado como o retrato desumano do Ocidente pintado por seus inimigos. Nele, os autores tentam explicar os motivos do ódio que leva alguns grupos a declarar guerra ao estilo de vida ocidental e tudo que ele representa. No livro, os autores defendem a idéia de que o combate a este “ocidentalismo”, que prega a destruição dos valores seculares ocidentais, não está no uso do mesmo veneno dos inimigos da sociedade aberta, mas sim nos próprios valores que fizeram do Ocidente uma civilização mais rica e livre. Eles dizem: “Não podemos permitir o fechamento de nossas sociedades como uma forma de defesa contra aquelas que se fecharam; do contrário, seríamos todos ocidentalistas e não haveria nada mais a defender”.

Os países ocidentais precisam defender seus valores liberais, dando o exemplo e contribuindo assim para o avanço nos países islâmicos. Não é proibindo as mulheres de usar burca que a França irá preservar seus valores. Não é atacando a liberdade individual que vamos preservar a liberdade. As muçulmanas devem abandonar suas burcas se assim desejarem. Não cabe ao governo impor isso a elas.

domingo, junho 21, 2009

O Petróleo é Deles - Vídeo



Vídeo onde faço um desabafo em relação ao fato de, em pleno século XXI, tantos idiotas úteis ainda acreditarem no discurso nacionalista de "o petróleo é nosso", feito por oportunistas que desejam blindar a estatal de críticas e investigação. O fato de o setor ser "estratégico" nada tem a ver com a necessidade de controle estatal. Argumento ainda que muitos países importadores de petróleo são ricos e desenvolvidos, enquanto vários exportadores do "ouro negro" são miseráveis e vivem sob regimes autoritários. O petróleo não é nosso. É deles! Dessa corja no poder e dos "amigos do rei", que exploram em benefício próprio a estatal.

sexta-feira, junho 19, 2009

Palestra sobre Moeda e Inflação - IEE/BH

Segue o link para minha palestra sobre moeda e inflação no IEE/BH.

A Cultura do Diploma



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A decisão do STF de acabar com a obrigatoriedade de diploma para exercer a função de jornalista gerou muita polêmica. Muitos jornalistas estão questionando porque cursaram seus anos de faculdade, se agora qualquer um poderá ser um jornalista, com ou sem diploma. Ora, o simples questionamento demonstra como vivemos na “cultura do diploma”, contrária à cultura da meritocracia. Quer dizer então que aqueles anos na faculdade tinham como meta somente o diploma, e não um aprendizado efetivo e útil?

A obrigatoriedade de diplomas não passa de uma reserva de mercado, típica de países corporativistas. O que importa é a qualidade do serviço prestado, a capacidade do profissional, e não o fato de ele ter ou não algum diploma. Ele poderia ser um brilhante autodidata. Se o investimento de tempo na universidade for rentável, ou seja, se o diploma realmente agregar valor, então ele continuará sendo demandado. Mas não há motivo algum para que o governo torne obrigatória a existência de um diploma. Isso apenas reduz a competição no setor, afastando possíveis profissionais competentes.

A prática pode ser uma escola mais eficiente que a universidade. Vamos deixar os consumidores decidirem. Quem teme a competição? Nos Estados Unidos e na Inglaterra não se obriga diploma para jornalistas, e creio que ninguém diria que o jornalismo nesses países é precário e incompetente. Além disso, resta perguntar: se para um poderoso Presidente da República não é exigido diploma algum no Brasil, por que deveríamos cobrar um para jornalistas?

quinta-feira, junho 18, 2009

Uma Conquista da Liberdade

Rodrigo Constantino

“A exigência de diploma de curso superior para a prática de jornalismo não está autorizada pela ordem constitucional, pois constitui uma restrição a efetivo exercício da liberdade jornalística.” (Presidente do STF, ministro Gilmar Mendes)

Com quase unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que o diploma de jornalismo não é obrigatório para exercer a profissão. A maioria dos ministros entendeu que parte do decreto-lei de 1969 era inconstitucional. O ministro Gilmar Mendes chegou a fazer uma analogia com a culinária: “Um excelente chefe de cozinha certamente poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima o Estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”. A obrigatoriedade de diploma nada mais é do que uma reserva de mercado garantida por lei. Derrubá-la, portanto, representa uma conquista da liberdade.

Bob Woodward conseguiu derrubar o presidente Richard Nixon com sua reportagem investigativa sobre o escândalo de “Watergate”. Woodward não tinha diploma de jornalismo. Ele estudou história e literatura inglesa, e enquanto considerava a opção de cursar direito, acabou conseguindo um emprego como repórter no The Washington Post. Mas pela lei brasileira válida até a decisão do STF, Woodward não poderia exercer a profissão de jornalista. Ele não seria considerado apto para a tarefa, por falta de um diploma específico. O mundo perderia um importante jornalista, por um motivo bobo. Existem vários outros casos assim.

Na verdade, muitas pessoas defendem este tipo de regulação estatal, como a obrigatoriedade de diplomas, por desconfiar da capacidade de auto-regulação dos mercados. Há pouca confiança na liberdade por parte desses indivíduos. Ora, quem deve decidir se alguém serve ou não para a função de jornalista, em última instância, são os consumidores. Não é preciso obrigar o uso do filtro universitário. Se a faculdade de jornalismo realmente agregar valor, ela será naturalmente demandada. Inclusive haverá concorrência entre elas, e por isso que um diploma numa boa faculdade não tem o mesmo valor que outro numa faculdade de “botequim”. Mas quem deve julgar isso são os próprios consumidores. Até mesmo os donos de veículos de imprensa dependem, no final do dia, da aprovação desses consumidores. Por isso eles são levados a se preocupar com a qualidade do serviço. E por isso os melhores jornalistas serão mais demandados, com ou sem diploma. É assim que deve ser: liberdade de escolha.

Isso não é válido somente para o jornalismo. Na verdade, qualquer profissão deveria funcionar assim. Essa idéia pode parecer muito radical à primeira vista, mas algumas reflexões mostram que não é o caso. E podemos usar uma das mais importantes profissões, que mexe com a vida das pessoas, para explicar: a medicina. Será que para exercer a função de médico deve ser obrigatório um diploma de medicina? Parece evidente que sim, mas não é tão simples como parece. Se entendermos que cada indivíduo deve ser livre para fazer o que quiser, contanto que não agrida a liberdade alheia, então devemos aceitar que ele é livre até para se prejudicar. E se ele deve ser livre para tanto, ele deve ser livre para escolher os meios que ele deseja atingir tal fim. Logo, se ele quiser fumar, beber, viver no ócio, ele deve ser livre para tanto. E se ele quiser arriscar uma “cura” para uma doença qualquer, através de médiuns, chás “milagrosos” ou até mesmo o Dr. Fritz, ele deve ser livre para isso. Ele não está prejudicando ninguém mais além dele próprio.

Como disse certa vez o ex-presidente americano Ronald Reagan, "os governos existem para nos proteger uns contra os outros; o governo vai além de seus limites quando decide proteger-nos de nós mesmos". Aceitando-se esta premissa razoável, então devemos aceitar também que cada um é livre para se tratar com o “médico” que quiser. O que não deve ser permitido, no entanto, é a fraude, ou seja, alguém alegar ter um diploma que não tem. Mas isso seria crime de qualquer jeito, pois é uma troca calcada na mentira. Mas, se o paciente souber que o “curandeiro” não possui diploma algum, e ainda assim desejar se submeter aos seus tratamentos, assinando um termo de responsabilidade por isso, ninguém deve ter o direito de impedi-lo. Ou tratamos os adultos como seres livres e responsáveis, que devem assumir as rédeas de suas vidas, ou vamos encarar os cidadãos como súditos incapazes que necessitam da tutela estatal para tudo. Esse é o caminho da servidão. Ser livre quer dizer ser livre para cometer graves erros ou correr riscos mortais até.

Logo, vimos que até mesmo no delicado caso da medicina não há necessidade legal de diploma, contanto que os casos de fraude sejam severamente punidos. O leitor pode se perguntar se buscaria um tratamento para uma grave doença com qualquer embusteiro que oferecesse uma cura milagrosa. Acredito que não. E por que então assumir que todos os outros são mentecaptos incapazes de exercer o mesmo tipo de julgamento? Não é uma postura arrogante? Devemos confiar mais na liberdade. Se partirmos da premissa que todos são idiotas facilmente manipuláveis, então não podemos ao mesmo tempo defender o sufrágio universal. A democracia seria incompatível com esta visão dos homens. Afinal, seriam esses mesmos incapazes que estariam escolhendo seus “protetores”. Como conciliar as duas coisas? Como defender a tutela paternalista do governo e a liberdade de escolha desses tutores ao mesmo tempo? Não faz sentido.

Em suma, a decisão do STF representa um passo em direção à liberdade. Mas ainda falta muito. Ainda temos reservas de mercado em várias outras profissões. Ainda temos alistamento militar obrigatório, que trata cidadãos como escravos do governo. Ainda temos voto obrigatório, um disparate numa democracia. E por aí vai. Mas hoje vamos celebrar essa conquista da liberdade.

quarta-feira, junho 17, 2009

Grande Paul Krugman, Nobel de Economia!



"To fight this recession the Fed needs more than a snapback; it needs soaring household spending to offset moribund business investment. And to do that, as Paul McCulley of Pimco put it, Alan Greenspan needs to create a housing bubble to replace the Nasdaq bubble." (Paul Krugman, writing in August of 2002)

Mas quem vai cobrar explicações do que essa turma escreve?
Alguém amanhã vai cobrar do Krugman as besteiras que ele defende hoje?
Bastaria acompanhar um pouco o histórico de previsões e recomendações desses keynesianos para nunca mais levá-los a sério. O problema é que muitos idolatram o fracasso... e sucumbem ao apelo à autoridade. Se o cara ganhou o Prêmio Nobel, então não preciso mais focar em seus argumentos e cobrar lógica deles! E todos querem saber o que o grande Krugman tem a dizer sobre como resolver os problemas dessa crise agora...

Seria cômico, não fosse trágico!

terça-feira, junho 16, 2009

Os Heróis do Frei



Rodrigo Constantino

“É sumamente melancólico - porém não irrealista - admitir-se que no albor dos anos 60 este grande país não tinha senão duas miseráveis opções: ‘anos de chumbo’ ou ‘rios de sangue’...” (Roberto Campos)

Em artigo publicado hoje em O GLOBO, Frei Betto tenta reescrever a História da esquerda atualmente no poder. Usando o recurso da “vitimização”, ele fala dos horrores da ditadura militar, como se aqueles grupos terroristas de esquerda realmente lutassem pela democracia. Frei Betto enaltece figuras como Carlos Marighella, Franklin Martins e Dilma Rousseff, guerrilheiros com fichas criminais bastante extensas.

Não obstante o fato de que os fins não justificam os meios (seqüestros, assaltos e ataques terroristas devem ser sempre condenados, independente da causa usada para justificá-los), devemos questionar quais fins esses comunistas almejavam. Afinal, Frei Betto, que também foi guerrilheiro, acha que os brasileiros devem a redemocratização a estas pessoas, enquanto elas, na verdade, lutavam para implantar no país um regime como o cubano, que até hoje é admirado por muitos deles.

E se tem uma coisa que não existe nem de perto em Cuba, essa coisa é justamente a democracia. Como disse Roberto Campos, “comparados ao carniceiro profissional do Caribe, os militares brasileiros parecem escoteiros destreinados apartando um conflito de subúrbio”. Os admiradores do ditador Fidel Castro não defendiam democracia alguma; muito pelo contrário. Fernando Gabeira, um desses guerrilheiros na época, chegou a confessar: "Estávamos lutando para substituir um sistema totalitário por outro sistema totalitário".

Vamos abrir todos os documentos da época da ditadura sim. Inclusive aqueles que mostram a verdadeira face desses que agora posam de paladinos da democracia, mas que sempre reverenciaram os regimes mais ditatoriais e nefastos que o mundo já viu.

sábado, junho 13, 2009

sexta-feira, junho 12, 2009

Cotas para Baixinhos



Rodrigo Constantino

“A menor minoria de todas é o indivíduo; aqueles que negam direitos individuais, não podem alegar serem defensores de minorias.” (Ayn Rand)

Em artigo hoje no jornal Valor Econômico ("Altura e desempenho no mercado de trabalho"), Naércio Menezes Filho mostra que a altura tem correlação com o salário: "Mesmo entre pessoas com o mesmo nível educacional, as mais altas ganham mais. Os dados mostram que 1% a mais de estatura entre os homens, eleva o salário em cerca de 2%". Mas o próprio autor reconhece que correlação pode não ser causalidade, lembrando que a explicação mais plausível é que “a altura das pessoas está refletindo, em parte, as condições sócio-econômicas de suas famílias na infância e até no ambiente uterino”. Ainda assim, ele afirma que “não se pode descartar a possibilidade de discriminação contra os mais baixos no mercado de trabalho, assim como ocorre com as mulheres e os negros”.

Creio que isso é o suficiente, no momento atual em que vive o país, para se criar um movimento em prol das cotas para os baixinhos. A primeira medida, entretanto, deve ser a mudança do termo, para se adaptar à era do politicamente correto, onde eufemismos predominam. Logo, “baixinho” não parece um adjetivo adequado, tampouco “nanico” seria desejável. A luta deve ser pelas cotas dos “verticalmente prejudicados”, assim como “negros” viraram “afro-descendentes”, mesmo que inúmeros descendentes da África possam ser brancos. Esses detalhes não vêm ao caso. O importante é criar um novo privilégio, pois essa é a demanda da mentalidade brasileira: o governo vai solucionar todos os males do mundo com uma canetada milagrosa. Baixinhos do mundo todo, uni-vos!

Qual será o argumento para condenar esse novo privilégio pela altura, se defendem a mesma medida por causa da cor? E naturalmente, não devemos parar aqui: os gorduchos deveriam se unir para reivindicar cotas também. Afinal, existe preconceito contra aqueles “com peso avantajado”. Os carecas, sem dúvida, merecem alguma compensação pela discriminação que sofrem. Não deve ser fácil ser um portador de “insuficiência capilar”. E por aí vai...

Ou entendemos que cada indivíduo, com suas características particulares, merece um tratamento igual perante as leis, ou abrimos espaço para todo tipo de privilégio arbitrário. A primeira postura é uma bandeira tipicamente liberal, que rejeita privilégios com base na cor, no credo, no sexo, na renda, na altura, no peso, etc. A alternativa é uma eterna luta por privilégios, onde indivíduos desaparecem, dando lugar a grupos coletivistas que selecionam uma das várias características da pessoa, e a usam como o fator predominante, ignorando o resto todo. O indivíduo deixa de ser quem ele é, e passa a ser um “negro”, ou um “baixinho”, ou um “careca”, pois essa específica característica passa a ser dominante, garantindo seu privilégio. Isso sem falar, evidentemente, que cada privilégio gera um discriminado, ou seja, todo tipo de cota fomenta a segregação com base na característica usada para o privilégio.

É nesse mundo que queremos viver? A única solução justa é a igualdade perante as leis, ou seja, abolir todo e qualquer tipo de privilégio, mantendo a isonomia das leis. Caso contrário, o caminho da servidão será inevitável.

quarta-feira, junho 10, 2009

A Democratização da Cultura



Rodrigo Constantino

“São os consumidores e não os empresários que determinam o que deve ser produzido.” (Mises)

O governo apresentou uma proposta de reforma para a Lei Rouanet, a lei de incentivo à cultura. A proposta é mais uma demonstração de que nada é tão ruim que não possa piorar. A essência da reforma, de forma resumida, é concentrar mais poder nas mãos do governo. A grande insatisfação por parte do ministro Juca Ferreira (o leitor sabia quem era o poderoso ministro da Cultura?) e demais membros do governo é a atual concentração de recursos provenientes dos incentivos fiscais no eixo Rio - São Paulo. Eles apelam para o termo mágico em moda, “democratização”, que no fundo quer dizer apenas mais governo e menos liberdade na hora de escolher os espetáculos preferidos.

Explico melhor: no livre mercado, os produtores, inclusive de eventos culturais, precisam atender a demanda dos consumidores. É por esta lógica que filmes de Hollywood conquistam tanto público, enquanto os arrastados filmes franceses, feitos para agradar os produtores “intelectuais” amigos dos burocratas poderosos, costumam ficar com salas vazias. É o público que manda, gostemos ou não de sua escolha. Como explicou o economista Mises, “a economia de mercado tem sido denominada democracia dos consumidores, por determinar através de uma votação diária quais são suas preferências”. A verdadeira democracia, portanto, é garantir a liberdade de escolha dos consumidores.

Quando o governo fala em “democratizar” a cultura, ampliando compulsoriamente o financiamento para o interior do nordeste, por exemplo, ele está afirmando que são os burocratas do governo que devem decidir onde investir, e não o próprio consumidor. Algum cineasta engajado do Acre receberá uma gorda verba para fazer um filme que ninguém quer assistir, provavelmente fazendo propaganda do próprio governo. O ministro ataca a “lógica do mercado”, que nada mais é do que a liberdade de escolha de cada um. A alternativa é o fascismo, com o foco voltado para o produtor, e não o consumidor. No fascismo, são os produtores influentes, amigos do rei, que mandam. Esse parece o caminho defendido pelo governo atual.

O cão não morde a mão que o alimenta. Quando as verbas culturais dependem da aprovação de algum burocrata poderoso, a liberdade cultural foi para o espaço. Será o mecenas quem decidirá o conteúdo do projeto. Na melhor das hipóteses, teremos projetos culturais de péssima qualidade, que o público não tem o menor interesse de ver. No caso mais provável, teremos uma máquina de doutrinação ideológica sendo utilizada pelo governo, com recursos provenientes dos nossos impostos. Basta ver que tipo de filme é produzido em Cuba. É a morte da cultura propriamente dita, que dá lugar a algo completamente diferente.

A vida do gênio Mozart ilustra bem a luta de um artista pela sua liberdade. Como diz Norbert Elias em sua biografia do músico, “Mozart lutou com uma coragem espantosa para se libertar dos aristocratas, seus patronos e senhores”. A decisão de Mozart de largar o emprego estável em Salzburgo significava o abandono de um patrono, tendo que ganhar a vida como um “artista autônomo”, vendendo sua obra no mercado. Era algo bastante ousado e inusitado na época, cuja estrutura social ainda não oferecia lugar para músicos ilustres e independentes. O risco assumido por Mozart era extraordinário. Ele antecipou as atitudes de um tipo posterior de artista, com confiança acima de tudo na inspiração individual. A reforma proposta pelo governo parece um retrocesso aos tempos anteriores a Mozart, onde o patrono dá as cartas.

Naturalmente, o mercado é eficiente em atender a demanda das massas. Existirão nichos para mercados de luxo, mas a grande recompensa vem para aqueles que conseguem satisfazer os desejos da grande maioria. Por isso o Big Brother Brasil consegue tanta audiência, enquanto uma peça de Shakespeare atende um público bem mais restrito. Entre Kafka ou Paulo Coelho, as massas optam pelo último. Essas escolhas incomodam muitos membros da elite, inconformados com os critérios de escolha da multidão. Mas a solução não é concentrar poder de decisão em algum “rei filósofo”. Não é possível impor de cima para baixo um apreço pela cultura. Forçar alguém que deseja escutar funk a bancar um concerto de música clássica é o caminho certo do desperdício de recursos públicos. E obrigar aqueles que admiram uma boa ópera a financiar documentários propagandísticos do governo é um grande abuso de poder, uma enorme injustiça.

A liberdade individual de escolha é a única forma justa de canalizar recursos para a cultura. E se as escolhas do povo serão “erradas” pela ótica da elite do governo, paciência. Somente a gradual educação fará com que o público em geral melhore seus padrões de gosto, lembrando sempre, porém, da máxima de gustibus non est disputandum. Gosto não se discute; apenas se lamenta!

terça-feira, junho 09, 2009

Morre ditador admirado por Lula



Morreu o ditador do Gabão Omar Bongo, que estava no poder havia 41 anos. O governo fechou as fronteiras e colocou militares na rua.

Depois da "aposentadoria" de Fidel Castro, camarada de Lula que passou o controle de sua ilha particular para seu irmão, Bongo era o ditador mais antigo no poder. E pasmem!, tinha a admiração do presidente Lula, que certa vez, em visita ao Gabão, disse que fora lá "aprender como ficar 37 anos no poder".

Alguém lembra?

Lula, PT, ditadores assassinos, tudo a ver!

domingo, junho 07, 2009

A Atualidade de Mencken



Rodrigo Constantino

“A democracia é a arte e ciência de administrar o circo a partir da jaula dos macacos.” (H. L. Mencken)

Henry Louis Mencken foi um iconoclasta difícil de ser reduzido a algum rótulo simplista. Chamado por alguns de “Nietzsche americano”, Mencken não poupava ninguém de sua ácida pena. Religiosos, democratas, poetas, artistas, todos eram ridicularizados por ele, que considerava o homem médio um grande idiota e covarde. A obra O Livro dos Insultos, que fora publicada em 1988 no Brasil, recebe agora uma segunda edição, com a seleção e tradução dos artigos por Ruy Castro. Trata-se de uma verdadeira metralhadora giratória, com especial valor na era do ápice da ditadura do politicamente correto. Apesar de escritos na década de 1920, seus artigos parecem bastante atuais, principalmente quando pensamos no caso brasileiro. Mas mesmo nos Estados Unidos, a idolatria que Obama despertou seria material farto para a ironia e desprezo de Mencken.

Vejamos, por exemplo, essa afirmação: “A civilização torna-se cada vez mais histérica e babona e, especialmente sob a democracia, tende a degenerar num mero bate-boca entre dementes. O único objetivo da prática política, por exemplo, é manter o povo alarmado (e, portanto, clamando por ser conduzido em segurança) por uma galeria interminável de capetas e papões, todos, claro, imaginários”. Como ler essas linhas e não pensar na histeria com o aquecimento global, que tomou conta da humanidade? Como ignorar o pânico freqüente com epidemias, como a SARS, a vaca louca, a gripe suína? Até mesmo a crise econômica é utilizada para alastrar pavor nos leigos, passando-se logo em seguida o chapéu dos impostos e concentrando mais poder nos governos. Num mundo habitado por covardes, os charlatões fazem a festa.

Os ataques de Mencken ao governo jamais perderão validade. Ele disse, por exemplo: “Todo governo, em essência, é uma conspiração contra o homem superior: seu objetivo permanente é oprimi-lo e manietá-lo”. Como ler isso e ignorar o que se passa no Brasil, onde a mediocridade é alçada ao patamar de deus? A meritocracia tem seus dias contados num país onde a amizade com os governantes vale mais que qualquer coisa para subir na vida, e onde características como a cor da pele, são determinantes para abrir as portas das universidades. Mencken acrescenta: “Para o governo, qualquer idéia original é um perigo potencial, uma invasão de suas prerrogativas, e o homem mais perigoso é aquele capaz de pensar por si próprio, sem ligar para os tabus e superstições em voga”. Experimentem fazer declarações contra o consenso da manada hoje em dia para ver a reação da turba! Se algo mudou desde os tempos de Mencken, com certeza não foi para melhor nesse sentido...

“Revoluções políticas quase nunca realizam nada de verdadeiro mérito; seu único efeito indiscutível é enxotar uma chusma de ladrões e substituí-la por outra”, escreveu Mencken. Se considerarmos a chegada do PT de Lula ao poder uma “revolução”, tais palavras não servem como uma luva? Nem mesmo todos os ladrões foram enxotados, pois muitos simplesmente mudaram de lado, e se aliaram ao novo governo. Os caudilhos nordestinos, antes alvos dos mais terríveis ataques morais dos petistas, agora são todos membros do governo, beijando as mãos do presidente Lula e seus camaradas. Para Mencken, “o governo ideal de qualquer homem dado à reflexão, de Aristóteles em diante, é aquele que deixe o indivíduo em paz – um governo que praticamente passe despercebido”. Mas ele era realista o suficiente para saber que esse ideal levará uns vinte ou trinta séculos para se concretizar, dependendo de homens tão covardes que necessitam do governo como uma espécie de pai.

Os ataques ao governo continuam: “Todo governo é composto de vagabundos que, por um acidente jurídico, adquiriram o duvidoso direito de embolsar uma parte dos ganhos de seus semelhantes”. No Brasil, essa “parte” já chega a praticamente metade de tudo gerado pelos indivíduos. Em um país onde o discurso patético de pagar impostos para “comprar cidadania” ainda encontra forte eco, o alerta de Mencken não poderia ser mais útil: “O homem inteligente, quando paga os seus impostos, não acredita estar fazendo um investimento prudente e produtivo de seu dinheiro; ao contrário, sente que está sendo multado em nome de uma série de serviços que, em sua maior parte, lhe são inúteis e, às vezes, até prejudiciais”. Num país onde o governo financia até vagabundos invasores de propriedade privada, como o MST, poderíamos dizer que Mencken foi bondoso demais em sua análise...

O objetivo do governo é o mesmo de todo parasita: extrair o máximo possível do hospedeiro. “Esses predadores constituem um poder constante sobre sua cabeça, sempre alerta para novas chances de espremê-la”, diz Mencken. E conclui: “Se pudessem, reduziriam-no à roupa do corpo. E, se deixam alguns trocados com ele, é apenas por prudência, assim como o fazendeiro deixa à galinha alguns de seus ovos”.

Para finalizar, demonstrando o caráter atemporal da percepção de Mencken, um sucinto resumo da situação atual brasileira: “Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive”.

sexta-feira, junho 05, 2009

Urubus e Políticos



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Existem duas espécies de animal que começam a circundar cadáveres ainda frescos: urubus e políticos. A tentação que um político sente de explorar tragédias alheias para benefício próprio é quase irresistível. São como urubus sobrevoando a carniça. Eles exploram da forma mais nefasta o sofrimento das pessoas, tentando cacifar dividendos políticos com isso. Com o trágico acidente do AirBus não poderia ser diferente.

O presidente Lula chegou a fazer uma propaganda da Petrobrás, que tem sido alvo de ataques com a tentativa de se instaurar uma CPI. Ele disse que “um país que acha petróleo a seis mil metros de profundidade pode achar um avião a dois mil”. Perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado! A presença do presidente na missa que ocorre hoje no Rio em homenagem às vítimas do acidente estava confirmada, mas o Palácio do Planalto avisou que Lula não irá mais participar do evento. Talvez seja medo de receber vaias, como aconteceu no Maracanã. Se for isso mesmo, faz sentido...

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, é outro que tem aproveitado a ocasião para aparecer. Tem feito mais declarações do que devia, tentando aparentar eficiência. O governo chegou a afirmar que tinha encontrado os destroços do avião, se precipitando de forma irresponsável, pois ficou provado depois que não era o caso. Enquanto isso, a dor dos parentes parece ser a última preocupação dos políticos, focados demais em extrair alguma vantagem eleitoral com a desgraça dos outros.

Deveriam, esses políticos no poder, se preocupar mais com as desgraças que podem ser evitadas, como o caso da enchente no Piauí que desabrigou mais de 30 mil pessoas. Por negligência do governo petista, famílias retornaram para a região achando que era segura, apenas para terem suas casas tragadas pela chuva. Mas isso não merece tanta atenção dos políticos, pois joga contra sua imagem. Fica cada vez mais difícil distinguir um político de um urubu.

quinta-feira, junho 04, 2009

A Alquimia do ‘Reflation’



Rodrigo Constantino

“There is no means of avoiding the final collapse of a boom expansion brought about by credit expansion. The alternative is only whether the crisis should come sooner as the result of a voluntary abandonment of further credit expansion, or later as a final and total catastrophe of the currency system involved.” (Ludwig von Mises)

A turma de Wall Street está feliz novamente. Os investidores celebram a recuperação das bolsas, principalmente dos mercados emergentes. Os pagadores de impostos foram “convidados”, sob a mira de uma bazuca, a emprestar trilhões de dólares aos bancos insolventes, às seguradoras irresponsáveis, às financiadoras hipotecárias populistas e até para as montadoras ineficientes (GM deveria significar agora Government Motors). A impressionante injeção de liquidez nos mercados, aliada à taxa de juros colocada artificialmente em zero, tem acarretado no “reflation” dos principais ativos. Muitos já começam a falar no fim da crise. Aliás, que crise?

Se ao menos as coisas fossem tão simples assim... Aqueles que depositam fé inabalável na capacidade de o governo gastar o suficiente para sair da crise estão eufóricos. A reação dos mercados, segundo acreditam, corrobora com tal crença. O poder da alquimia finalmente foi descoberto! Basta o governo assumir empresas quebradas, aumentar seus gastos e financiar a festa toda com a impressão de papel que não precisamos mais encarar os incômodos efeitos da ressaca. O governo, com seu toque de Midas, liga as impressoras da Casa da Moeda e transforma papel em ouro, ou capital. Não é preciso reduzir o consumo excessivo, poupar mais e enfrentar os ajustes necessários após uma fase de bonança artificial através do crédito fácil. Basta espalhar os “brotos verdes” – na verdade notas de dólares feitas com papel, que logo o crescimento sustentável será colhido. A realidade não funciona bem assim.

Qualquer crescimento sustentável deve estar calcado em investimentos feitos pela iniciativa privada e lastreados por poupança real. Quando temos uma crescente estatização da economia, com decisões de alocação de capital feitas por burocratas e políticos, e financiadas através da emissão de moeda, a prosperidade será apenas ilusória. A recessão pode até ser postergada, mas também será ampliada. Novas distorções irão ocorrer, e no futuro a conta a ser paga será ainda maior. Os preços distorcidos pela injeção de liquidez do governo vão dar sinais falsos aos empresários, que irão retomar projetos ruins de investimento, que deveriam ser simplesmente abandonados.

O foco será nas fases iniciais de produção, ou seja, os setores mais intensivos em capital serão os líderes da “recuperação” artificial. Apenas com o tempo essas medidas chegarão aos setores mais próximos do varejo, impactando o índice geral de preços. Essa defasagem do impacto nos preços finais causa a impressão de que a inflação não é um risco iminente. Quando ficar claro que não existe poupança de capital real suficiente para financiar todos os projetos, uma nova crise será inevitável, e provavelmente mais grave também. Esse é o preço de se combater os efeitos, e não as causas verdadeiras da crise. Querem acabar com a febre do doente manipulando o termômetro. Acham que a cura para o veneno é mais veneno ainda. Se os problemas foram gerados por excesso de crédito sem lastro, vamos usar o governo para estimular mais crédito ainda!

Como afirma o economista austríaco Mises na epígrafe, isso não funciona. O mensageiro da notícia ruim é sempre um estraga-prazeres, um chato. Mas a boa teoria econômica não pode ser substituída por wishful thinking, pois a realidade não é alterada por simples desejos. No extremo, o resultado da estatização da economia e da emissão descontrolada de moeda pode ser observado no Zimbábue atualmente. Claro que a comparação ainda é absurda, e destaco o “ainda”. Mas ela serve para dar uma idéia das conseqüências nefastas que este rumo representa. Obama não é Mugabe, e os Estados Unidos estão muito longe de ser o Zimbábue. Mas a crescente intervenção estatal na economia e a expansão monetária são sinais perigosos. Alguns acreditam que são drásticas, porém necessárias medidas temporárias, e que logo serão desfeitas se a economia se estabilizar. Mas poucas coisas são tão permanentes como medidas temporárias de governo. O avanço assustador do governo na economia durante a gestão Roosevelt pode ser sentido ainda hoje.

Em resumo, muitos estão dançando sob a música do “reflation”, sem perceberem que estão próximos demais de um precipício. O futuro do dólar está em xeque. Se a moeda ainda apresenta razoável estabilidade, isso se deve ao fato de que suas concorrentes estão mal das pernas também. Trata-se de um concurso de feiúra, onde o menos horroroso vence. A Europa vive uma crise enorme, com a falência do modelo de welfare state. Os principais governos estão muito endividados, a carga tributária já é elevada demais e a dinâmica das contas públicas é preocupante. A Ásia vive uma situação relativamente melhor, mas quem vai confiar toda sua poupança a governos ditatoriais como o chinês? Em uma canetada, tudo pode ir pelos ares. Portanto, o governo americano surfa a onda de sua credibilidade conquistada ao longo dos anos, agora cada vez pior. O império da lei e a maior liquidez têm garantido sobrevida ao dólar. Os investidores estão dando um voto de confiança ao governo americano. Até quando isso vai durar, ninguém sabe.

Mas uma coisa é certa: os problemas estão longe do fim nos Estados Unidos. Os keynesianos podem discordar, mas o fato é que a arte da alquimia ainda não foi descoberta. Inflar os preços dos ativos inundando os mercados com moeda de papel nunca foi solução real para recessões. E não será dessa vez também.