Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Segundo reportagem de O Globo, uma pesquisa sobre mudanças climáticas feita pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser) revelou que a maioria dos entrevistados acredita que o “maior desafio de todos os tempos” será a questão ambiental. Al Gore, que recentemente ganhou o Prêmio Nobel da Paz (o mesmo que o terrorista Arafat recebeu), é citado como um importante “divisor de águas” na formação de opinião sobre a suposta relevância do assunto. É no mínimo curioso que brasileiros, vivendo em um país com tanta miséria e violência, coloquem o clima como prioridade número um. O pânico incutido nos leigos através de uma linguagem de catástrofe iminente pode estar por trás desse estranho resultado. Entretanto, não é assim que se faz ciência ou se toma decisões racionais.
Do outro lado do oceano, os debates promovidos pelo Copenhagen Consensus Center, uma iniciativa de Bjorn Lomborg para discutir as prioridades globais no uso de recursos, mostraram que a grande maioria dos entrevistados coloca o combate à desnutrição e às doenças no topo da lista, seguido por saneamento e fornecimento de água. O clima ficou em último lugar. Uma matéria do jornal Valor hoje traz um pequeno resumo do novo livro de Lomborg, Cool It – Muita Calma Nessa Hora!, cuja leitura eu fortemente recomendo. O livro é justamente um antídoto contra o alarmismo muitas vezes infundado dos ambientalistas, e resgata o bom senso e a razão no debate sobre o clima. Devemos lembrar que os recursos são escassos, e por isso as prioridades precisam ser bem definidas.
O ponto de Lomborg é que os gastos bilionários propostos pelo Protocolo de Kyoto não geram resultados satisfatórios, e que outras prioridades teriam um resultado muito mais eficiente. Entre gastar US$ 350 bilhões para reduzir um pouco as emissões de CO2, por exemplo, ou US$ 27 bilhões para salvar 28 milhões de vidas nos próximos anos, como mostram os estudos de Lomborg, não parece haver muita dúvida do que deve ser prioritário.
Para os brasileiros pesquisados pelo Iser, no entanto, a questão climática parece mais importante. A única justificativa que encontro para isso está na postura religiosa que o tema passou a ser tratado. Há uma nova religião verde, onde seus seguidores abraçaram uma cruzada moral pelo salvamento do planeta. A sensação de pertencer a este grupo parece mais importante do que os resultados em si. Pensando bem, parece adequado a pesquisa ter sido feita pelo Instituto de Estudos da Religião...
6 comentários:
Só por curiosidade, o resultado dessa pesquisa não bate com nenhuma outra que eu tenha visto sobre o tema ...
Num pais onde bandidos como o "Padre" Lancelotti e "Pastor" Edir Macedo sao celebridades, um profetinha de ultima categoria como Al Gore "et caterva" certamente se dara muito bem, sendo celebrados por uma horda de analfabetos e de academicos espertalhoes.
O falecido George Carlin tem uma visao bastante humorada, mas lucida, dessa gentinha:
http://www.youtube.com/watch?v=eScDfYzMEEw
Al Gore é um retardado.
Mas eu achei estranho o Constantino resolver citar esse tal "Instituto de Estudos da Religião" que eu nunca ouvi falar.
Todas as pesquisas de opinião que eu tenha conhecimento, feitas por orgãos sérios, nunca mostraram esse quadro ai que o Constantino diz.
Essa semana mesmo acho que publicaram uma pesquisa no "Metro" (aquele jornalzinho gratuito) e meio ambiente não estava tão na frente assim.
Maurício, reclama com O Globo, pois eu apenas comentei a notícia que estava no caderno de Ciência hoje.
E lembre-se: foco nos argumentos!
Rodrigo
A causa ecológica cai como uma luva no modelo das religiões. Pois parte de pressupostos semelhantes, isto é, base científica questionável, resultados pouco ou nada mensuráveis, gera uma postura maniqueísta (ou você é a favor ou você quer acabar com a natureza), prega uma salvação. E mais ainda pois pode culpar ricos.
Não parece surpreendente que a pesquisa seja patrocinada por um instituto relioso.
Tandor diz que Al Gore é um retardado. Não creio, parece mais um espertalhão que usa a ecologia e o terrorismo ecologico para auto-promoção.
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