sexta-feira, julho 24, 2009

O Inferno das Boas Intenções



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Eu acredito na boa intenção de Frei Betto, assim como acredito que o presidente Lula realmente está preocupado com a justiça no caso Sarney, e não com seus próprios interesses. Sou um homem de fé. Dito isso, podemos julgar então os argumentos de Frei Betto no artigo “Fome de Justiça”, publicado hoje em O GLOBO, assumindo que ele realmente deseja combater a fome no mundo.

Frei Betto afirma que os famintos no mundo aumentaram “devido à expansão do agronegócio, cujas tecnologias encarecem os alimentos”. O leitor acompanhou a lógica? O aumento do agronegócio aumenta a fome! Ou seja, mais produção de alimentos produz mais fome. E os avanços tecnológicos aumentam os preços dos alimentos. Ou seja, se a agricultura utiliza máquinas modernas para produzir mais grãos por hectare, então isso aumenta os preços dos alimentos. Mais oferta = preço maior!

Para ele, a solução está na agricultura familiar, aquela que precisa de subsídios do governo para sobreviver. A Cargill e a Bunge representam o grande inimigo a ser combatido. Pá e enxada nas mãos de membros do MST, eis a solução para a fome no mundo! O Zimbábue de Mugabe que o diga...

Para não ser injusto com o Frei, ele ataca as políticas protecionistas e as barreiras alfandegárias dos países do G-8. Difícil é conciliar esse ataque ao mercantilismo com a defesa das bandeiras esquerdistas. Por que Bovè, ícone desse protecionismo, é adorado pelos esquerdistas do Fórum Social Mundial? Seria um caso de esquizofrenia?

O capitalismo liberal condenado pela esquerda é justamente o oposto do mercantilismo, e nos países mais capitalistas, a fome passou longe. Latifúndios, que deveriam ser um “crime de lesa-humanidade” para o Frei, assim como a “especulação dos preços dos alimentos” e a “apropriação privada da riqueza”, representam justamente a receita para o problema da fome. Frei Betto pretende acabar com a fome matando as galinhas dos ovos de ouro!

A esperança em um futuro melhor não seria vã, segundo Frei Betto, se aqueles que não passam fome tivessem “fome de justiça”. O problema, como fica claro, é que essa “fome de justiça”, sem um conhecimento adequado de economia, acaba produzindo mais fome ainda. O inferno está cheio de boas intenções. E eu acredito na boa intenção de Frei Betto...

11 comentários:

fejuncor disse...

Olhem esta notícia:

"Dívida pública cresce 3,33% em junho e vai a R$ 1,4 trilhão"

A dívida pública federal cresceu 3,33% em junho, em relação ao mês anterior, e alcançou o patamar de R$ 1,434 trilhão, segundo dados do Tesouro Nacional. O aumento da dívida se deve a uma operação de repasse de recursos ao BNDES. Com essa operação, o valor da dívida ficou acima dos R$ 1,397 trilhão registrados no final de 2008, mas se mantém dentro das metas do governo para esse ano.

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Leram bem para onde foi o dinheiro?

É sem dúvida um governo extremamente corrupto. A maior estrutura de corrupção do hemisfério ocidental. Perdão, Frei Betto. Ando meio descrente.

Gian disse...

Algumas, poucas, considerações sobre o tema baseado no que li sobre agricultura na minha vida.
Não é verdade que a agricultura mecanizada nos moldes aplicados no centro-oeste, o paradigma do agronegócio brasileiro, seja mais produtiva.
De fato se consegue mais retorno por hectare, em produto ou renda, de inúmeras outras maneiras, principalmente nas pequenas propriedades "tecnificadas", como dizem na geografia. É aí que a porca torce o rabo, como dizem no interior.
As pequenas propriedades não têm escala para atrair o interesse dos grandes grupos que controlam a distribuição, devido às grandes quantidades de recursos, principalmente na forma de mão-de-obra qualificada, necessários para implantá-las.
E os pequenos agricultores não têm, na média, conhecimento para aproveitar as possibilidades.
Nos raros locais onde há a conjugação da agroindústria e das pequenas unidades o sucesso vem, como nos sítios de Santa Catarina, responsáveis por grande parte da produção de suínos no país.
Mas, de todo modo, eu não vejo frei Betto defendendo uma maior integração dos pequenos agricultores ao mercado e sim o seu completo afastamento.

José Carneiro da Cunha disse...

Somando essa matérioa do O Globo com uma recente coluna no Correio Brasiliense, eu não acredito mais na boa inteção do Frei Betto!

Prezado Gian, os números de Mato Grosso e Goiás, assim como os dados da Conab, não apoiam seu ponto.

abs

José Carneiro

... disse...

A pobre diabo (com trocadilhos)...

"devido à expansão do agronegócio, cujas tecnologias encarecem os alimentos".

Quer dizer que um produto Industrial (ou vindo do Agronegócio) não é mais caro que um manufaturado, ou que provém da agricultura de "Subexistência" (...) É mas eu te entendo, a LÓGICA, é um ramo da filosofia de várias vertentes.

E até onde eu sei, e olha que eu não sou formado pela PUC, o agronegócio, segue uma linha toyotista de produzir alimentos, você provavelmente deve ter entendido o que eu quero dizer..Efim..

E também, longe da "lógica" o Frei Betto estar falando em uma reforma agrária, comum nos países com baixo índice de fome, e não muito comum nos países subdesenvolvidos, exemplo: Brasil...Olha o Lula não cumprindo uma promessa aí..(entre tantas)..

E por falar em Lula, quanto mais eu procuro não votar na Dilma em um segundo turno (e sinceramente espero não ter que fazer isso) mais, eu me deparo que Lógicas "Irrefutáveis".

Um abraço...(que significa dentro da minha lógica, apenas um abraço, tá)..

Fusca disse...

Mais uma vez acertou em cheio, resumindo a polêmica aos argumentos centrais e o ponto exato da contradição da visão retrógrada que domina nosso desgoverno e seus simpatizantes. Parabéns, Rodrigo!

Augusto Araújo disse...

Realmente é uma inversao de valores,

e há uns tres anos atrás quando a comida estva barata mas os produtores acumulavam uns tres anos de prejuizo o Frei Bostta nao falava nada

A cana e o eucalipto vieram como opçoes viáveis para manter os proprietarios rurais na atividade, de quebra os alimentos subiram um pouco sim, mas isto beneficiou os q se mantiveram na produçao de alimentos

Frei Bostta nao entende nada, ele apenas comunga aquela visao q transpor agronegócio para capitalismo no campo, e uma visao burra de que a revoluçao industrial se baseou na mao de obra barata q foi expulsa do campo por ocasiao dos cercamentos ingleses.

Tb culpar o agronegócio ou latifundio pela fome é o mesmo q alguém chegar na frente de uma montadora de carros (um latifundio) e vociferar contra aquela empresa culpando-a por ele nao possuir um carro

Ou seja, o problema nao é a ausencia do produto, mas sim do meio de se obte-lo: o dinheiro

é impressionante como tanta gente pensa ainda como o frei Bostta

Unknown disse...

Rídiculo, ele só quer sua fatia no bolo! Para ele os fins justificam os meios, no caso dele obter acesso aos bens, e a mamata petista!

samuel disse...

Um milagre do frei: fazer Rodrigo acreditar no inferno...onde estão as boas intenções.
pensadores do calibre do frei é que fizeram e fazem o nosso presidente aprender o que é esquerda...

Unknown disse...

Interessante o rol de palavrões... Frei Bosta pra lá presidente Mulla pra cá!!! Quando vão aprender a discutir idéias e não as pessoas?! Até o Rodrigo já deixou disso...(Usar de baixo escalão nos nomes, isso demonstra mais emotividade do que racionalidade) E com um tom bem mais sarcástico e irônico nos seus artigos fica até legal discordar ou concordar com ele...kkkkkk

André disse...

Esse Frei Beto só pode ter problema mental.

Aprendiz disse...

Tem problema sim, mas é de caracter.