Rodrigo Constantino, O GLOBO
Os liberais defensores do livre mercado são comumente chamados de “reacionários” ou de “fascistas” pela esquerda. O que nem todos sabem é que o fascismo sempre foi um casamento entre nacionalistas, sindicatos e grandes empresários, em uma simbiose totalmente antiliberal.
Para Robert Paxton, em “A anatomia do fascismo”, o programa fascista era “uma curiosa mistura de patriotismo de veteranos e de experimento social radical, uma espécie de “nacional-socialismo’”.
Donald Sassoon, em “Mussolini e a ascensão do fascismo”, mostra como o clientelismo, a mentalidade antiparlamentar presente na tradição socialista italiana, e um dos mais altos índices de sindicalização da Europa ajudaram a levar os fascistas ao poder.
O próprio Mussolini foi socialista, gostava de se identificar como “homem do povo” e se dizia um defensor da classe operária. Sua visão era extremamente coletivista, bem sintetizada na máxima: "Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado." Não existe nada menos liberal que isso!
Se há um “liberalismo” que realmente se assemelha ao fascismo, este é o dos “progressistas” modernos que usurparam o termo para pregar bandeiras estatizantes e coletivistas, como demonstra Johah Goldberg em “Fascismo de esquerda”. Mas este não guarda nenhuma relação com o liberalismo clássico, defensor do livre mercado e do indivíduo como um fim em si mesmo.
O capitalismo liberal defende a propriedade privada, a liberdade individual e a livre concorrência, inclusive universal (globalização). Se, por um lado, esse modelo é o melhor para a grande maioria dispersa, por outro ele gera desconforto em certos grupos organizados. Ninguém gosta de concorrência, ainda que ela seja essencial para o progresso.
É assim que algumas categorias se unem e, apesar de minoritárias, conseguem fazer um forte lobby para obter privilégios estatais. Suas vantagens são concentradas, e os custos são espalhados por toda a sociedade. Grandes empresários e sindicatos se juntam em busca de medidas que obstruem a livre concorrência, e tudo isso em nome dos “interesses nacionais”.
Tivemos recentemente um claro exemplo disso na questão dos portos. Qualquer um sabe que nossa infraestrutura é caótica, e impõe um pesado custo ao país em termos de competitividade. Mas, quando reformas tímidas para modernizar um pouco os portos foram propostas, a reação foi imediata. Modernizar os portos implica mais concorrência, e isso os sindicatos e os capitães da indústria nacional não aceitam.
Toda a retórica nacionalista serve somente para ocultar essa agenda de interesses que, no fundo, prejudica a população brasileira. Nossos portos, assim como estradas e aeroportos, estão em estado precário porque faltam investimentos e porque a gestão estatal é sempre terrível. Mas mexer nisso é comprar briga com as forças reacionárias.
O ideal, do ponto de vista liberal, seria privatizar de uma vez portos, estradas, ferrovias, bancos públicos, a Infraero e a Petrobras. A Companhia Docas do RJ, por exemplo, dá prejuízo acima de R$ 100 milhões por ano! Os escândalos de corrupção são frequentes. A reserva de mercado garante privilégios absurdos aos sindicatos. Os produtos chegam aos consumidores a preços maiores. A quem interessa isso tudo?
A Petrobras está em evidência também, pois o governo está destruindo a olhos nus a maior empresa brasileira. Seu uso político para fins partidários já fez com que dezenas de bilhões de reais evaporassem em seu valor de mercado. O país ainda precisa importar gasolina, e faltam recursos para os investimentos necessários. Quem ganha com isso?
Mas quando um liberal aponta esses fatos e apresenta seus argumentos em defesa das privatizações, ele é logo tachado de “reacionário” ou “fascista” pelos esquerdistas. Quem é reacionário: aquele que deseja modernizar a economia com mais concorrência ou aquele que luta pelo passado mercantilista? Quem é fascista: aquele que combate a nefasta aliança entre sindicatos e grandes empresários ou aquele que pede mais privilégios em nome do nacionalismo?
Um dos aspectos que facilitaram a ascensão fascista na Itália foi a total descrença na democracia, no Parlamento corrupto, envolto em escândalos de compra de votos dos deputados. Outro fator foi a inexistência de uma oposição organizada. Soa familiar?
Todo cuidado é pouco. O fascismo é uma ameaça real, como podemos ver na Venezuela e na Argentina. Antídotos contra ele são justamente a privatização e a concomitante redução do intervencionismo estatal na economia.
9 comentários:
Bonitão!
Isto sim!!!!!!!!!!
Um artigo perfeito que leva conhecimento apreensivel e desmascara a safadeza das lideranças e militancia socialista. Porem, o melhor é demonstrar a canalhice de uma midia parasitária, voltada para o usofruto dos favores que um Estado totalitário lhes pode prestar. Esta sim, uma luta de classes, a classe dos canalhas unidos e sem qualquer escrupulo em sua ambição por vida fácil, mesmo que ao custo de toda uma população efetivamente ESCRAVIZADA pelos novos senhores, uma nova oligarquia velha.
Artigo claro e irretocável, como sempre.
Parabéns Rodrigo!
Esse seu artigo veio a calhar.
Estive googleando umas coisas e acabei caindo num site de... integralista...
Sabe, né, aquela ideologia nacionalista lá da época do nazifascismo na Europa, que atualmente diz ser antinazi...
Pelo menos eles não mentem sobre sua ideologia daquele tempo na questão de ser anticapitalista.
os integralistas eram a favor da miscigenação, hj nazi tah muito ligado ao racismo e tal, no caso os integralistas n são, mas são estatolatras, nacionalistas, ou seja, anti liberais.
Ora, POR QUE NÃO SE QUESTIONA O FINANCIAMENTO DESTES MANIFESTANTES?
Estariam eles recebendo financiamento da velha KGB, do gov. Chinês, da Coréia do Norte, de Angola?
Ocorre é que agitadores desde muito tempo atras recebiam o "OURO de MOSCOU" para serem "comunistas" e muitos se enriqueceram com essa militância "pela igualdade material" tornando-se gostosamente desiguais ao extremo. Além do fato de filhinhos de papai milionário serem ativos militantes do socialismo e da igualdade material, embora persistindo milionários: familia Goulart (brizola atraves dela enriqueceu), de Tarso genro, Suplici, a tradicional familia de Marta, Jorginho Guinle e inúmeros artistas multi milionários que assim se tornaram militando pelo socialismo.
O fato é que os militantes "comunistas" recebiam dinheiro, armas e treinamento da URSS (tb via Cuba) e da China para fazerem a revolução socialista e implantar no brasil uma ditadura nos moldes cubanos, eram efetivamente agentes da KGB ou meramente mercenários comprados por por estas ditaduras socialistas que escravizam populações inteiras à sua nababesca hierarquia dominante/governante.
Estupidamente nunca se deu destaque ao fato dos "patrioticos ditadores democraticos" serem financiados, treinados e armados por governos socialistas, pela KGB e etc.. Essa é a maior falha: os defensores da liberdade igual para todos ficam constrangidos até de falarem a verdade, enquanto os mercenários do socialismo não se tombam ao pejo ao vociferarem asneiras até mesmo as mais desconexas. Esse berreiro, essa gritaria histérica infelizmente alicia imbecis que se querem exibir "bonzinhos com os pobres e abnegados, altruistas" a fim de se enquadrarem na arbitrária e confusa moral cristã (repleta de contradições) e ainda podem enriquecer recebendo verbas de governos escravocratas dirigidos por uma efetiva CLASSE DOMINANTE que impõe sua vontade àqueles que são forçados a trabalhar e ceder a maior parte dos frutos do seu trabalho ao governo PARA CUSTEAR O LUXO E A POMPA DOS "IGUALITÁRIOS" QUE SE ENRIQUECEM PELO PODER E NÃO PELO TRABALHO DE CRIAR, INVESTIR E PRODUZIR.
É REPUGNANTE que ainda EXISTAM PULHAS que DEFENDAM A ESCRAVIDÃO DE UNS PARA O DELEITE DE UMA CLASSE ORGANIZADA PARA O PODER e NÂO PARA O TRABALHO. UMA CLASSE ORGANIZADA E HIERARQUIZADA PARA A EXPLORAÇÃO E ESCRAVIZAÇÃO (sim, escravização=não só explorar mas submeter à vontade alheia para atender caprichos) DE POPULAÇÕES INTEIRAS ATRAVÉS DE UMA IDEOLOGIA QUE MANIPULA A ESTUPIDA VAIDADE HUMANA QUE NÃO APENAS DESEJA O USOFRUTO MATERIAL, MAS SOBRETUDO O USOFRUTO DO VALOR MORAL: assim, quem manipula a moral através da propaganda apossa-se das mentes estupidificadas pela vaidade acirrada, pela insegurança, pela autoestima baixa, PELO MEDO DAS COMPARAÇÕES TOMADAS COMO DESFAVORÁVEIS: vaidosos doentios querem ostentarem-se "as melhores pessoas" a qualquer custo, mesmo que se tornem "homens bomba" ou "revolucionários" remunerados como soldados de lideranças ideológicas para garantir uma hierarquia de SENHORES SOBRE OS IGUALMENTE ESCRAVOS DESTA HIERARQUIA COM UMA SUPERESTRUTURA IDEOLÓGICA.
A insuflação da inveja, da cobiça e do ciúme é a arma ideológica dos pulhas que se pretendem senhores sobre escravos submetidos a uma CLASSE GOVERNANTE. (É preciso saber usar as palavras, eles sabem usa-las e com elas seduzem os tontos: a ditadura da Alemanha Oriental era chamada de Republica Democrática, a China é Republica Popular, o totalitarismo socialista é dito Libertação, a classe dos que vivem do trabalho de criar, investir e organizar a produção é chamada de classe Dominante, a a Classe dos senhores da população é chamada de Representantes do povo e etc.. É preciso usar as palavras deles com a coêrencia que eles não possuem, com a realidade que eles através delas fraudam.
Complementando meu comentário anterior e o do Pedro Moron, aqui há alguns panfletos dos integralistas da época:
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/fascismoeantifascismo.html
Queria saber pprq esse tipo de pensamento fica abafado...e deixam ser abafado pela truculencia.... Desses q se dizem a favor do povo desses falsos..q vociferam contra uma menina q quer um debate em seu pais..q acham q liberal ou liberalismo e uma ofensa qnd na minha opiniao e o caminho desde q pavimentemos um caminho pelo menos a um nivel escolar para os menos afortunados...e pela meritocracia
Rodrigo, muito bom artigo. Sugiro um livro inteiro sobre "A quem não interessa o Liberalismo". Mostrando quanto grupos minoritário se organizam para garantir privilégios e acabam prejudicando a sociedade como um todo e tambem àqueles que se diziam a proteger. A lista dos detratores é imensa de professores à estivadores, de empresários a políticos, de pastores à bicheiros.
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