Milton Simon Pires
Racionalização - Processo de justificar, pelo raciocínio,
um comportamento qualquer depois de realizado, atribuindo-se-lhe outros motivos
que não os reais.
Por não poder conceber os motivos reais por trás
do comportamento de seu amado, a moça promove uma racionalização, ao afirmar
veementemente: "Ele não ligou porque está trabalhando até tarde".
Comecei o texto assim, com um “copiar e colar” de um tal de
dicionário informal da internet, para dizer que é exatamente isso que a
imprensa brasileira começou a fazer agora com as manifestações. É impressionante
ver que se criou um certo tipo de “narrador de manifestação” - alguém que
começa com “como é bonito ver as pessoas exercendo seus direitos” e
termina com “são uns poucos vândalos que estragam esse momento democrático
atirando pedras nos policiais”..
Pelo amor de Deus, até quando vai esse tipo de comentário
imbecil? Até quando esses “gênios” da Globo News, Band e outras “empresas de
comunicação” vão continuar com a idéia de que estão transmitindo algo que tenha
regras? Não é preciso ser um especialista para entender um mínimo daquilo que
se chama de “psicologia de multidão” - uma ciência que para LBB, a Legião
Brasileira de Bobalhões, deve ser nova. Entendessem um mínimo a respeito
daquilo que falam e chegariam à conclusão de que um movimento assim não é um
desfile de escola de samba, que ele não tem inicio, meio e fim, e que o
comportamento de todas, isso mesmo seus idiotas, de todas as
pessoas é imprevisível! Multidões não são times de futebol, não podem
ser “analisadas” ao vivo pelo Galvão Bueno, e não existem “destaques” nelas
para se analisar. A violência intrínseca de 120.000 pessoas nas ruas de São
Paulo consiste exatamente em 120.000
pessoas nas ruas de São Paulo! Não interessa o que elas vão fazer nem se a
motivação é justa. Não interessa nem ao leitor saber aqui se sou contra ou não
ao direito das pessoas se manifestarem. 120.000 pessoas caminhando pelo meio da
rua numa cidade do tamanho de São Paulo ou qualquer outra grande capital
brasileira é, em si, algo perigoso e violento por natureza. Qualquer um que já
esteve em algo assim sabe que as pessoas mais corajosas e fortes tornam-se
covardes e fogem da polícia ao mesmo tempo que mocinhas de colégio se
transformam em demônios – fiz um cursinho de psicologia pela internet nesse
final de semana e aprendi isso - legal, né?
Enquanto a “ficha não cair” e o próprio Brasil não apreender
sequer a interpretar o que está sentindo não há mérito algum em “psicólogos de
televisão” serem contra ou a favor daquilo que está acontecendo. Já disse em
texto anterior o que penso estar ocorrendo, já disse que sou fanaticamente
contra, apontei quem são os responsáveis,
e defini quais seus objetivos. Hoje a ideia foi outra – mostrar que a
imprensa do “país tropical e abençoado por Deus” não sabe nem como narrar os
fatos e mistura um sentimento de “Festa
da Democracia” + “desfile de escola de samba” + “catástrofe natural” numa prova
evidente de racionalização e numa “manifestação”, se me permitem o trocadilho,
mais do que clara de que o país não se conhece...
3 comentários:
Não só o Brasil não se conhece como não entende a alma humana. Como bem disse o autor, massas são imprevisíveis, perigosas. Brasileiro sempre foi meio lunático, mas agora já se tornou perigosíssimo, porque massas diferentemente de, por exemplo, os profetas hebreus do Antigo Testamento que atuavam sozinhos e muitas vezes cuspiam e com razão contra o povão, é próprio das massarocas a sede de sangue, a busca por bodes expiatórios, verdadeiras racionalizações para o pecado humano, a culpa humana que estão nelas mesmas e não só em seus alvos.
JOÃO EMILIANO MARTINS NETO
Acabei de ouvir e ler alguma coisa da Sabatina com os Gênios do Passe Livre... Por Deus, preciso de um engove.
Ainda bem que aqui e no blog do Reinaldo Azevedo consigo ter sobriedade e coerência já que não aguento mais ouvir esses jornalistazinhos e nem esses debilóides do MPL
Texto perfeito, assino embaixo.
Só acho que a ficha não cair....
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