segunda-feira, junho 12, 2006

O Governo dos Banqueiros



Rodrigo Constantino

A retórica vazia sempre foi um instrumento usado pelo PT para a conquista de votos dos mais ignorantes. A criação de bodes expiatórios era freqüente, alterando o alvo de acordo com as necessidades do momento. Até mesmo a culpa da inflação, um efeito monetário causado pela irresponsabilidade do governo, já foi atribuída à “ganância dos empresários”, afrontando a inteligência do mais simples dos eleitores. Mas um grupo em particular sempre foi alvo preferido dos petistas: os banqueiros. Estes eram praticamente o próprio Lúcifer encarnado, pela ótica do partido. Creio ser útil então verificarmos como esses “demônios” se saíram durante a gestão Lula.

A média do retorno sobre o patrimônio líquido de quatro grandes bancos brasileiros, o Itaú, Bradesco, Unibanco e Banco do Brasil, foi de 21,7% em 2002, ano em que Lula assumiu a presidência. No final de 2005, esta média já havia saltado para 28,9%. No primeiro trimestre de 2006, esse retorno médio, acumulado em 12 meses, estava em 30,4%. Em resumo, esses bancos, representativos de todo o setor, apresentavam retorno médio próximo de 20% quando Lula foi eleito, e agora passam dos 30% de retorno sobre patrimônio líquido. O lucro líquido desses quatro bancos somou R$ 7,4 bilhões em 2002, pulando para R$ 16,8 bilhões em 2005. Um crescimento de 125% em apenas 3 anos. O resultado do primeiro trimestre de 2006 anualizado é ainda mais espetacular, projetando um crescimento de 215% sobre 2002. Nada mal para um setor que era visto como a raiz dos males da nação pelo partido que agora ocupa o poder.

Obviamente que aqueles que tentam ocupar o espaço deixado pelo PT acusam Lula de “neoliberal” por conta disso. O P-SOL, da senadora Heloísa Helena, é apenas o PT de ontem, nada mais. Em vez de explicar as causas desse elevado retorno financeiro, esses populistas preferem apenas atirar em fantasmas inexistentes. Acusam o próprio PT de partido dos banqueiros – o que de fato parece ser – mas oferecendo falsos remédios para o problema. Afinal, mergulhar nos reais motivos desta situação levaria à constatação de que as medidas necessárias são opostas àquelas pregadas pela esquerda radical.

A elevada taxa de juros, que acaba beneficiando o resultado dos bancos, não é causa dos problemas, mas conseqüência. Ela não pode ser decretada arbitrariamente pelo governo, pois depende da oferta e demanda do mercado. É um termômetro que indica a febre, não o vírus que cria os sintomas. A “solução milagrosa” que a esquerda prega costuma ser apenas quebrar esse termômetro, como se assim a febre pudesse desaparecer num passe de mágica. Nada mais fantasioso. Como quase toda cura, esse problema exige esforços verdadeiros, remédios amargos. Sua principal causa está nos elevados gastos públicos, sem perspectiva de redução à frente. Uma dívida interna superior a um trilhão de reais, um rombo previdenciário crescente e explosivo, uma carga tributária absurdamente elevada, a ausência de um império da lei, enfim, um completo fracasso do modelo estatal, totalmente inchado e ineficiente.

Entendendo onde reside a raiz do mal, fica mais fácil compreender porque a esquerda prefere tratar do tema de forma tão superficial, acusando os bodes expiatórios de sempre. Afinal, ela defende mais do veneno que causa os males, em nome da “justiça social”. De forma esquizofrênica, a esquerda condena os efeitos mas pede mais do veneno que permite tais efeitos perversos. Querem que as sanguessugas curem a leucemia.

De fato, o governo Lula é mesmo o governo dos banqueiros. Vimos como o lucro dos bancos cresceu durante sua gestão. Mas nada disso deve-se à suposta guinada de Lula ao “neoliberalismo”, que passou mais longe do Brasil que Plutão da Terra. O governo Lula é o governo dos banqueiros justamente porque não atacou as causas verdadeiras das astronômicas taxas de juros. Para tanto, teria que adotar inúmeras reformas liberais, visando à redução do tamanho do Estado. Teria, em outras palavras, que dar, de fato, uma guinada rumo ao liberalismo!

2 comentários:

Anônimo disse...

O pior é que até membros do governo acreditam que basta vontade para os juros cairem.

Manchete de matéria de hoje do Globo Online: "PT quer taxa de juros real abaixo de 8% num segundo mandato".

Ao mesmo tempo, os gastos publicos explodem...

Continuam não entendendo a relação de causa/consequencia entre gastos publicos e juros.

Anônimo disse...

Baixar juros por decreto é usar o Banco Central de forma eleitoreira. O PT quer taxa de juros real nesse patamar visando benefícios que nada tem a ver com a estabilidade ecconomica.

Só que quer fazer isso sem pensar nas consequências que terá sobre a economia. O PT e o governo Lulla não aprendem mesmo. é a velha confusão entre o partido e o estado tão comum entre os esquerdistas.

Intervêem de forma catastrófica na economia e ainda jogam a culpa nos banqueiros ou nos "córruptos(com acento forte no ó)de alto luxo" como diz a esquerdista raivosa de Alagoas.

Por isso que é tão essêncial a independência do Banco Central.