Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
sexta-feira, agosto 25, 2006
Casas de Espuma
Rodrigo Constantino
“Paradoxical as it may seem, the starting point for crises and depressions may be found in abundance rather than in scarcity, whether of money or capital.” (Burton)
O setor de casas nos Estados Unidos ganhou maior destaque na mídia internacional recentemente, com indicadores que podem estar apontando para o estouro da “bolha” imobiliária – ou “espuma”, como disse Greenspan. O setor, que tem sido considerado a locomotiva da economia global, puxando o crescimento dos países emergentes, pode estar cansando. Quais os efeitos dessa possível virada ninguém sabe ao certo. Melhor, entretanto, estar prevenido para tempos mais complicados a frente.
Do lado mais pessimista, abrigando vários analistas, o economista-chefe do Morgan Stanley, Stephen Roach, tem sido um dos que mais alardeia uma reação mais drástica por conta da queda no setor de casas dos EUA. Ele lembra que o preço das casas americanas atingiu um pico de 27 anos em 2005, e ainda estava subindo 20% no primeiro trimestre deste ano em 53 áreas metropolitanas pelo país. O estoque de casas não vendidas tem aumentado consideravelmente, subindo 40% em 12 meses terminados em julho para casas existentes e 22% para novas casas. Os preços médios ainda têm se mostrado resilientes, no entanto. Mas Stephen Roach acredita ser apenas uma questão de tempo para que desabem.
Os investidores já acusam o golpe, e 15 empresas de construção nos Estados Unidos perderam, no total, US$ 27 bilhões de valor de mercado desde o começo do ano, uma queda de 34%. Desde o pico, as ações dessas empresas caíram, na média, 44%. Segundo Roach, o setor de construção tem sido responsável por 0,5 ponto percentual ao ano no crescimento do PIB americano, e deverá subtrair algo como um ponto percentual nos próximos anos. Fora isso, há o efeito riqueza que a alta nos preços das casas gera. Pelos dados do Federal Reserve, o mercado de hipotecas sacou mais de US$ 700 bilhões no primeiro semestre de 2006, em termos anualizados. Trata-se de um enorme estímulo ao consumo. Roach estima que esse efeito riqueza tem sido responsável por mais 0,5 ponto percentual de crescimento econômico, devendo retornar para zero agora, ou mesmo cair no território negativo.
Em resumo, a economia americana, que vem crescendo 3,2% ao ano nos últimos 3 anos, poderá migrar para uma taxa mais próxima de 1% de crescimento, o que não chega a ser uma recessão, mas poderá causar um bom estrago nos mercados financeiros. O impacto nas demais economias poderá ser grande também, posto que os americanos são responsáveis por 70% do déficit comercial no mundo, ou seja, os consumidores americanos são os grandes compradores dos produtos exportados por todos os países. Nem todos compartilham dessa visão mais negativa, por diversas razões. O Goldman Sachs, por exemplo, considera que a dinâmica interna da Ásia irá permitir que a região atravesse razoavelmente ilesa esta correção americana. Outros analistas não chegam a ser tão pessimistas nem mesmo no que diz respeito ao setor de casas nos Estados Unidos, considerando que a “espuma” é mais localizada em certas regiões, e que a queda nos preços será bem gradual, sem maiores estragos para a economia.
A bolha imobiliária americana – se é que ela de fato existe – irá mesmo estourar em breve? Caso isso ocorra, qual será o verdadeiro impacto no resto do mundo? São perguntas de um trilhão de dólares, e ninguém sabe ao certo as respostas. O que sabemos, até agora, é que este tem sido um importante setor para o crescimento global, que por sua vez está em patamares bastante elevados. Os países emergentes, como o Brasil, têm surfado uma enorme onda favorável por conta disso. Os indicadores macroeconômicos melhoraram, o preço das commodities subiram, as exportações deslancharam. Será que esse cenário benigno irá perdurar por muito mais tempo? Parte dessa resposta depende justamente do setor de casas nos Estados Unidos. Afinal, os pilares são sólidos ou tratam-se apenas de casas de espuma? Façam suas apostas – e apertem os cintos!
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6 comentários:
Leia na Veja: Humberto (PT) é indiciado vampiro 25/08/2006 12:03
a Polícia Federal pediu o indiciamento de HUMBERTO COSTA como membro da máfia dos vampiros - esquema de superfaturamento de hemoderivados desarticulado pela PF em 2004.
Leia amanha na revista VEJA em todas as bancas do pais!
+ Vampiro
+ Sanguessuga
+ Mensalão
LULA + HUMBERTO
É RUIM PARA O BRASIL
É PIOR PRA PERNAMBUCO
* espalhe esta notícia //
se isso acontecer mesmo, terá chegado o momento em que iremos descobrir quais são os fundamentos que sutentam o crescimento economico(???????) de alguns países emergentes, notadamente o Brasil.
Veremos se tem fundamentos ou se tudo não passou de uma conjuntura internacional favorável. Bem....sabemos a resposta mas como precisamos "ver para crer".....
espero que não aconteça, pois não sou de forma alguma adepto do "quanto pior, melhor" mas, se ocorrer, só vai acontecer já passado o período das eleições quando o molusco estiver reeleito.lamentavelmente......
Rodrigo,
Os pilares estão podres, sim. E o culpado por tudo isto já abandonou a orquestra há algum tempo... isso mesmo, "o maestro", senhor Greenspan... O maestro dos juros baixos e crédito fácil proporcionados pela inflação monetária e a disposição de países exportadores em comprar títulos do governo americano.
Eu estou acompanhando essa estória há algum tempo e espero o pior. A China está começando a repassar aumentos das commodities nos preços, gerando inflação de preços nos EUA - core inflation, o numerozinho mágico inventado pelos próprios economistas do governo.
Depois de uma década de juros artificialmente baixos - e consequente expansão monetária - eles agora precisam aumentar os juros para conter a inflação. Em um país já avistando a recessão, a pressão política sobre o FED será enorme. Mas aí vem o golpe de morte: se eles não aumentarem os juros, o dólar desvaloriza. Bancos centrais da Ásia possuem trilhões de dólares de reservas, e levariam um calote fenomenal se o dólar passar a ter inflação de preços de 5-10% ao ano. Mas aí, é claro, eles não vão esperar ir tudo por água abaixo: vão sair vendendo seus estoques de dólares, comprando bens indexados em dólar, e aumentando ainda mais a inflação nos EUA.
Rodrigo,
Os pilares estão podres, sim. E o culpado por tudo isto já abandonou a orquestra há algum tempo... isso mesmo, "o maestro", senhor Greenspan... O maestro dos juros baixos e crédito fácil proporcionados pela inflação monetária e a disposição de países exportadores em comprar títulos do governo americano.
Eu estou acompanhando essa estória há algum tempo e espero o pior. A China está começando a repassar aumentos das commodities nos preços, gerando inflação de preços nos EUA - core inflation, o numerozinho mágico inventado pelos próprios economistas do governo.
Depois de uma década de juros artificialmente baixos - e consequente expansão monetária - eles agora precisam aumentar os juros para conter a inflação. Em um país já avistando a recessão, a pressão política sobre o FED será enorme. Mas aí vem o golpe de morte: se eles não aumentarem os juros, o dólar desvaloriza. Bancos centrais da Ásia possuem trilhões de dólares de reservas, e levariam um calote fenomenal se o dólar passar a ter inflação de preços de 5-10% ao ano. Mas aí, é claro, eles não vão esperar ir tudo por água abaixo: vão sair vendendo seus estoques de dólares, comprando bens indexados em dólar, e aumentando ainda mais a inflação nos EUA.
Rodrigo,
Os pilares estão podres, sim. E o culpado por tudo isto já abandonou a orquestra há algum tempo... isso mesmo, "o maestro", senhor Greenspan... O maestro dos juros baixos e crédito fácil proporcionados pela inflação monetária e a disposição de países exportadores em comprar títulos do governo americano.
Eu estou acompanhando essa estória há algum tempo e espero o pior. A China está começando a repassar aumentos das commodities nos preços, gerando inflação de preços nos EUA - core inflation, o numerozinho mágico inventado pelos próprios economistas do governo.
Depois de uma década de juros artificialmente baixos - e consequente expansão monetária - eles agora precisam aumentar os juros para conter a inflação. Em um país já avistando a recessão, a pressão política sobre o FED será enorme. Mas aí vem o golpe de morte: se eles não aumentarem os juros, o dólar desvaloriza. Bancos centrais da Ásia possuem trilhões de dólares de reservas, e levariam um calote fenomenal se o dólar passar a ter inflação de preços de 5-10% ao ano. Mas aí, é claro, eles não vão esperar ir tudo por água abaixo: vão sair vendendo seus estoques de dólares, comprando bens indexados em dólar, e aumentando ainda mais a inflação nos EUA.
ABCT explica...
http://www.mises.org/story/672
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