sábado, agosto 19, 2006

O Legado de Walt Disney



Rodrigo Constantino

"We are not trying to entertain the critics; I'll take my chances with the public.” (Walt Disney)

Filho de um fazendeiro pobre, Walt Disney começou a trabalhar muito cedo. Gostava de desenhar, e costumava antropomorfizar os animais. Tinha o espírito empreendedor americano em altíssimo grau, e com 20 anos já tinha sua própria empresa, que falira – o que não o impediu de tentar novamente. A história de Walt Disney mistura-se com o desenvolvimento da indústria de entretenimento americana. Seus valores pessoais, tais como o individualismo e a importância da família, revelaram-se ingredientes fundamentais para o sucesso da nação mais rica do planeta.

Disney chegou na Califórnia em 1923, levando apenas US$ 40 no bolso. Ele teve muita dificuldade para encontrar trabalho na indústria cinematográfica, chegando a ter que pegar dinheiro emprestado até mesmo para comer. Mas tratava-se da terra das oportunidades, e de um indivíduo persistente e batalhador. Com a ajuda do irmão e de uns poucos assistentes, e com parcos recursos no bolso, seus trabalhos foram conquistando espaço pouco a pouco, e agradando o público. Disney respeitava o que era demandado pela audiência, um princípio básico que muitos, ainda hoje, ignoram, achando que as preferências podem e devem ser criadas na marra, de cima para baixo. Disney teve que se adaptar e mudar sua maneira de fazer desenhos. Chegou também a afirmar que competiu sua vida inteira, não sabendo como se sairia sem ela. Novamente, mais um conceito básico do capitalismo liberal, tanto ignorado pelos que condenam a competição, não reconhecendo que é ela que possibilita o progresso constante e a satisfação dos consumidores.

O grande divisor de águas na carreira de Disney foi sua famosa criação, o Mickey Mouse. No auge de sua popularidade, em 1933, o camundongo recebeu 800 mil cartas de fãs, um recorde jamais alcançado. Observou-se que o Mickey era uma espécie de auto-retrato de Disney, e este, de fato, chegou a afirmar que o Mickey Mouse era um símbolo de independência. Em seguida ao sucesso de Mickey, para adicionar som às animações – algo que Disney considerava fundamental para o avanço da indústria – foi gasto todo o dinheiro que os irmãos Disney tinham juntado até então, e tiveram ainda que vender o carro do pai. O primeiro desenho de Mickey com som sincronizado foi exibido no início de 1928. O desenho animado sonoro havia sido inventado, um exemplo fantástico de criatividade, além do nascimento de uma nova forma de arte. O mundo não seria mais o mesmo.

Walt Disney colocava a excelência antes de qualquer outra consideração e o estúdio gerava poucos lucros, apesar do sucesso retumbante, já que eram automaticamente reinvestidos no negócio – em novas tecnologias e na contratação dos melhores artistas. Além dos desenhos, Disney concebeu a idéia de um parque, desenvolvido em torno de um tema. A primeira Disneylândia foi inaugurada em 1955, na Califórnia. Fora isso tudo, o próprio Walt Disney treinou pessoalmente mais de mil artistas.

Como no meio artístico a ideologia comunista sempre fez mais vítimas, a empresa de Disney não ficou imune a tal pressão. Entretanto, ele recusou-se de forma obstinada a permitir que sua empresa promovesse o coletivismo ou os valores socialistas. A tensão surgiu, culminando numa greve em 1940 cujo objetivo era forçar Disney a fazer desenhos com propaganda pró-comunista ou fechar o estúdio. Por sorte dos espectadores em particular e do mundo em geral, os comunistas não tiveram sucesso. Mas o resultado disso foi o lamentável fato de escritores de esquerda tentarem demonizar a figura de Walt Disney, tanto em vida como postumamente. Mas como o próprio disse na frase da epígrafe acima, não eram os críticos o alvo para entretenimento da Disney, e sim o público. Este agradece!

Atualmente, a Disney segue sua trajetória de sucesso, com vendas anuais perto dos US$ 30 bilhões e empregando milhares de funcionários, além de levar a fantasia para milhões de lares no mundo. A obra teve começo pelas mãos de um empreendedor individualista, que encontrou um ambiente de razoável liberdade para poder lutar pelos seus ideais. Disney e América, uma combinação fantástica entre criatividade e liberdade. Eis o legado de Walt Disney.

8 comentários:

Blogildo disse...

Por sinal, Paul Johnson considera Disney superior a Picasso no que tangue a criatividade. E pensando bem, Walt contribuiu muito mais para a arte do que o Pablo.

Excelente artigo!!!

Rodrigo Constantino disse...

Picasso é adorado pelos esquerdistas. Foi ele quem criou a litografia da pomba, que se eternizou como símbolo da paz. Paradoxalmente, fez isso como presente para... Stalin, o maior assassino de todos! Picasso recebeu o "Prêmio Lenin da Paz". Nada mais contraditório que usar Lênin e paz na mesma frase. Picasso foi do Partido Comunista. Eis o ídolo dos "intelectuais" esquerdistas. Já Walt Disney é visto como um "reacionário babaca". Dureza...

Anônimo disse...

É isto. A mentalidade predominante no Brasil não é a da livre iniciativa. Durante décadas aprendemos que a função do Estado é empregar as pessoas, fazer a economia funcionar e acabar com as desigualdades sociais. Hoje, apesar da falência do Estado e da dívida que herdamos, os políticos ainda insistem nesta tese. E pagamos caro por isto. No Brasil, Disney teria desistido logo no início, ou falido pouco tempo depois. Livre-iniciativa aqui é palavrão...

Henrique disse...

Isso me fez lembrar um desenho de Disney, atualmente banido, mostrando "Como se faz um nazista".
E mostrava uma criança desde o nascimento; seus pais escolhendo um nome da lista de nomes permitidos pelo Governo, o pequeno Hans indo pra escola e sendo educado que os fracos devem ser eliminados, mostrando como as fábulas infantis foram modificadas segundo o credo nazista...

Mostrei esse desenho pra um amigo meu e sabe o que ele me disse? "Pena que hoje os Estados Unidos é que são assim".

Só pude suspirar... não queria perder o amigo.

Anônimo disse...

Bem lembrado Freeman, Disney nÃo se curvou aos socialistas mas fez filmes de propaganda contra o nazismo como esse que você descreveu - e que é bem desolador - e um outro defendendo o esforço de guerra americana - completamente assustador, com tanques marchando na tela e a mensagem : precisamos dos seus impostos.

Disney foi um inovador incrível. MAs não podemos esquecer também do empreendedorismo do Maurício de Souza, que apesar de ter nascido no Brasil conseguiu, na devida proporção que o nosso capitalismo está para o deles, realizar feito semelhante.

nenhum disse...

Só um detalhe: o divisor de águas de Disney não foi a criação do Mickey Mouse, foi a criação do primeiro desenho animado com som, o Steamboat Willie. Até então, os desenhos animados do ratinho eram fracassos comerciais.

Anônimo disse...

O interessante é ver o "esforço" que a Disney exerce para evitar que seu principal personagem caia no domínio público. Isso inclusive influenciando membros do legislativo e suspostamente os subornando! Depois eles vem falar em liberdade...

BopBaDopBop disse...

acredito que tanto picaSSO QUanto Diseney colaboraram de imensidão pelo desenvolvimento da arte e gravura da história e sequer devia-se haver tais tipos de comparação já que não viveram no mesmo tempo seria como comparar Beatles com Metallica ,ou seja cada um a seu tempo e com suas influências.nO ENTanto temos 2 heróis
que concerteza fizeram o que foram destinadas e que queriam ARTE