terça-feira, junho 08, 2010

Ajustes Necessários

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O governo de Angela Merkel anunciou cortes de quase US$ 100 bilhões nos gastos, além da demissão de 15 mil funcionários públicos. A gravidade da situação na Europa não permite mais a farra das cigarras. É chegada a hora de ajustes dolorosos, porém necessários. Trata-se do encontro entre a ilusão do welfare state com a realidade das leis econômicas. Estas medidas anunciadas ainda são tímidas frente ao desafio econômico da região. Os países do euro precisam de reformas que flexibilizem o mercado de trabalho e acendam uma luz no fim do túnel em relação aos gastos explosivos dos governos, principalmente no que tange à previdência social. Isso tudo sem jogar suas economias numa depressão. Resta saber se os líderes serão capazes de encarar tais desafios.

Como David Brooks resumiu no The New York Times, em uma tradução livre: “Se você for eleito presidente ou primeiro-ministro em praticamente qualquer país no mundo desenvolvido de hoje, você se depara com o mesmo conjunto de desafios: reduzir o déficit nacional, sem estancar uma recuperação frágil; aparar o estado de bem-estar social e aumentar os impostos enquanto ainda financia as coisas que levam ao crescimento de longo prazo; tentar aprovar medidas brutalmente dolorosas num momento em que os eleitores não confiam nos seus líderes; fazer isso num momento em que a política está polarizada e uma centena de diferentes grupos de interesse tem a capacidade de bloquear as mudanças. As chances de que os líderes mundiais serão capazes de fazer estas coisas com sucesso estão entre baixas e nulas”.

Os países desenvolvidos vivem momentos delicados, enquanto os emergentes surfam uma onda ainda favorável. No Brasil, a economia cresceu 9% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, a maior taxa já registrada no país, segundo o IBGE. Entretanto, alguns pilares deste crescimento acelerado são insustentáveis, pois dependem de estímulos artificiais do governo. Se não desejamos ser amanhã a Grécia de hoje, devemos realizar ajustes enquanto o vento joga a favor. O governo precisa cortar com muito mais determinação seus gastos, demitir pessoal, abandonar o estímulo estatal ao crédito, e fazer as reformas estruturais, com prioridade para a trabalhista, tributária e previdenciária. Ainda há tempo para evitar o pior. O complicado é saber quem vai ser capaz de fazer tais ajustes necessários.

11 comentários:

João disse...

Parou de escrever nO Globo?

Rodrigo Constantino disse...

Não, João, apenas troquei a semana. Terça que vem tem artigo meu, e agora com mais espaço.

Anônimo disse...

A dívida pública da Grécia é de uns 700 bilhões. A do Brasil é de 2 trilhões. É verdade que o Brasil tem mais território, mais população e maiores recursos naturais. Mas...

VIRIATO disse...

Com todo respeito ,o desastre econômico na Europa n é conseqüência dos Governos liberais de Direita q antecederamm os Governos atuais..?
Na Espanha, ´Portugal , Grecia todos antecederam governos de direita irresponsaveis q quebraram seus paises, q o bomba financeira explodiu agora

fejuncor disse...

Que desastre econômico? Você acha que alguém está passando fome na Europa? Desastre econômico é o Haiti, a Somália, a Eritréia. Na Europa eles ficaram sem fichas para jogar Banco Imobiliário. Usaram fichas demais.

Ora desastre econômico...

Rodrigo Constantino disse...

fejuncor, não subestime o sofrimento das massas na Europa. O desemprego entre jovens chega a 30% em alguns casos. Explodiram o governo!

Beto Monteiro disse...

Sr. Rodrigo
Gostaria de lembrá-lo de sua bela ideia de tranformar o Brasil em uma verdadeira federação, adicionando como importantes a meu ver, as reformas, a do sistema representativo, e peço licença para sugerir o que acredito ser o mais urgente para o Brasil hoje, que é o voto facultativo e distrital puro até para vereadores, estes apenas, sendo desobrigados de filiação partidária, ainda, ressuscitar a cláusula de barreiras assassinada pela heloisa helena e cristovam buarque, e descanso compulsório e não remunerado de quatro anos para todos os políticos dos cargos executivos e seus nomeados ao final do mandato público.
Respeitoso abraço
Beto Monteiro
Londrina

fejuncor disse...

Rsrsrs imagina, mas daí a dizer que ela está indo para o buraco? Nossa. Como eu estou desinformado...

Comparo essa visão aquela da “queda do império" yankee. Nos EUA a taxa de desemprego dada hecatombe imobiliária e tal chegou a bater nos 9% e alguma coisa por um breve período até jazer em pouco mais de - para eles - assustadores 5%, com todo o alarde da crise financeira, recessão e etc. No Brasil, onde todos festejam um dos melhores momentos da economia brasileira na história, os desempregados nessa mesma época findam nos 14,2% da População Economicamente Ativa (PEA). Agora que deu até uma caída maiorzinha atingindo provisoriamente a “menor marca da série histórica” uns 8%.

Contudo, para o senso comum eles estão na fossa nós é que vivemos a bonança.

Corruptocracia: Roubar é poder! disse...

Efeito Orlof, a Grécia é o Brasil, amanhã:

A Grécia teve grandes prejuízos com a crise econômica, no entanto essa dívida é acima de tudo um reflexo de seguidos governos populistas e corruptos, sem dúvida.

Esses governos arruinaram as contas públicas do país. As Olimpíadas de Atenas, em 2004, também contribuíram para essa crise: inflaram a folha do funcionalismo em centenas de milhares de servidores e custaram duas vezes mais do que o previsto. A estimativa é que no ano que vem a dívida da Grécia seja de 121% do PIB, ou € 295 bilhões (cerca de R$ 750 bilhões). O limite da União Europeia é de 60%.

tombado disse...

Uma candidatura a presidente da república para propor tais reformas de governo Beto; Você aceitaria? Estas seriam suas prioridades?

fejuncor disse...

Quanto a ele não sei, mas eu aceitraria. Só para extinguir a união federal e dar liberdade aos estados. Com a extinção da união, as economias cresceriam automaticamente uns 30%. E cerca de 1 trilhão de reais deixariam de ser roubados dos brasileiros, imediatamente.