Deu no jornal Valor Econômico:
Centrais pedem mais conteúdo nacional em peças
Por Thiago Resende, Lucas Marchesini e Francine De Lorenzo | De Brasília e de São Bernardo do Campo
Dirigentes das seis principais centrais sindicais do país propuseram ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que o setor automotivo eleve o chamado conteúdo local das partes e peças nacionais usadas na produção de veículos. O presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, defende a elevação, de 8% para 21%, no índice atualmente em vigor. "Estamos questionando a nacionalização de peças porque o setor automotivo hoje tem 8% de exigência. Nós queremos aumentar esse número. Nossa proposta é que o conteúdo local chegue a 21%", afirmou. O governo, segundo o sindicalista, aceitou negociar a reivindicação das centrais sindicais. Mas, para ele, esse é um processo "lento".
O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, explicou que, no cálculo de conteúdo nacional "como um todo", pode ser considerado até o gasto com publicidade no país. "Não queremos apenas ser apertador de parafuso e montador de peça. Queremos discutir projetos de política industrial", disse.
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Pouco depois, no mesmo jornal, consta a seguinte matéria:
UE estuda protecionismo nas compras do governo
Por Alex Barker e Joshua Chaffin | Financial Times, de Bruxelas
As autoridades da União Europeia (UE) receberão novos poderes para adotar medidas de retaliação contra países que se recusarem a dar às empresas europeias um acesso justo aos contratos governamentais, segundo um plano de reformas formulado por Bruxelas (sede da UE).
A iniciativa poderá gerar tensão nas relações com a China e provocar acusações de protecionismo dos parceiros comerciais.
A proposta, que deverá ser divulgada amanhã, pretende fortalecer o poder dos negociadores da UE que tentam derrubar as barreiras enfrentadas por empresas europeias desejosas de obter contratos governamentais em mercados emergentes, como a China.
Mas o plano de criar poderes para autoridades da UE de recusar propostas de fornecimento procedentes de empresas provenientes de mercados fechados provocou um debate acalorado na Comissão Europeia, lançando os liberais em termos de comércio exterior contra os que defendem uma política mais forte de "reciprocidade".
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Comento: Em momentos de crise, erguer barreiras protecionistas parece uma "solução" atraente para políticos com visão míope. Na década de 1930, esse foi um dos fatores que aceleraram o agravamento da depressão americana. O Smoot-Hawley Tariff Act representou um ícone protecionista na até então liberal economia americana, desencadeando uma escalada protecionista generalizada. Hoover assinou a lei mesmo com mais de mil economistas escrevendo uma carta aberta onde tal medida era duramente condenada. A medida se mostrou catastrófica, e retaliações ocorreram no mundo todo. As importações americanas caíram mais de 40%.
O governo Dilma está avançando a passos largos nesta direção caótica. Diante de tanta estupidez econômica, resta apenas a ironia como arma. Para quem ainda não leu, segue a minha petição nacionalista, em nome da ABPCO (Associação Brasileira dos Produtores de Coisas Obsoletas), que foi publicada no jornal O Globo. É rir para não chorar!
Um comentário:
Isso me lembra um filme: "No tempo das Diligências" (1939). De volta às carruagens, ou melhor, às carroças.
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