Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
Após
negar com veemência que iria mexer na poupança, o governo Dilma mudou (e
complicou) as regras de remuneração desta opção popular de investimento. A
partir de agora, a remuneração da poupança depende da Selic. O governo tomou
esta medida para poder seguir com a trajetória de queda dos juros. Como a
poupança, isenta de imposto, tornara-se mais competitiva que os fundos DI, que
aplicam nos títulos públicos indexados à taxa Selic, o governo se viu forçado a
mexer na poupança para não perder o mercado que financia seus títulos.
O
resumo da coisa toda, de forma simplificada, é o seguinte: o cenário externo
abriu uma janela de oportunidade para que países como o Brasil reduzam os
juros, atraindo poupança externa para fechar a conta. O governo tem aproveitado
esta janela com vontade, e já derrubou a taxa Selic para 9% ao ano. Os
“spreads” bancários continuam elevados, por vários motivos estruturais, então o
governo resolveu impor sua redução por meio dos bancos públicos, que
correspondem a 40% do mercado. Mas agora o limite para quedas maiores dos juros
está na concorrência com a poupança. Nova marretada para permitir taxa menor.
Só
há um pequeno detalhe nesta cruzada do governo contra os juros: o risco
inflacionário. É verdade que o quadro mundial, com países desenvolvidos pagando
taxa de juro real negativa, permite esta “ousadia” (irresponsabilidade) do
governo por algum período. Mas o governo não fez uma única reforma estrutural
que aumentasse a produtividade do país, tampouco reduziu seus gastos para
permitir o aumento de oferta da poupança doméstica.
Logo,
todo o crescimento de crédito, que tem sido acima de 15% ao ano por vários
anos, não encontra lastro nos fundamentos econômicos. Quando a economia ameaça
desaquecer, o governo resolve então injetar mais crédito de forma artificial,
sendo que a inflação já se encontra acima do centro da meta, que por sua vez já
é bastante elevada. Para um povo consumista como o nosso, isso é um convite
para financiamentos arriscados. A inadimplência, mesmo com todo mundo empregado,
já começa a subir de forma preocupante.
Enquanto
o cenário externo seguir favorável a países emergentes com vastos recursos
naturais, a farra poderá continuar sem grandes impactos negativos. Mas não se
enganem: uma bomba-relógio está sendo montada, uma bolha creditícia está sendo
inflada pelo próprio governo. Quando ela estourar, lembrem-se de que não foi culpa
dos bancos, do mercado ou do capitalismo, mas sim de um governo que deseja
estimular o crescimento econômico no curto prazo com medidas artificiais em vez
de fazer o duro dever de casa das reformas.
12 comentários:
Desculpe minha ignorância, mas porque tal medida irá gerar inflação??
E porque pode gerar uma bolha??
Na linha do que foi perguntado acima, na sua opiniao quais sao os varios motivos estruturais que fazem os bancos privados manterem os spreads tao altos?
Os principais gargalos são:
- infraestrutura capenga;
- mão de obra desqualificada;
- previdência explosiva;
- leis trabalhistas anacrônicas;
- carga tributária escorchante;
- ELEVADOS GASTOS PÚBLICOS, como principal causa que leva a tudo isso, reduzindo a oferta de poupança doméstica.
Como o governo não faz o dever de casa com reformas estruturas para melhorar tais gargalos (custo Brasil), ele depende apenas da redução da taxa de juros na marra (artificial). Com o tempo, isso vai produzir inflação.
O spread é alto por vários motivos, entre eles:
- baixa competição;
- inadimplência elevada;
- insegurança jurídica para arresto de bens dos inadimplentes;
- compulsório alto demais;
- cunha fiscal;
Não se mexeu em nada disso. Uma vez mais, o governo quis mudar os fundamentos por decreto. Não funciona.
E os meios de comunicação estão em coro divulgando a redução da taxa de juros para a realização do sonho do brasileiro: a casa própria.
Acho que já vi esse filme em algum país do norte...
Rodrigo esta farra dura mais uns cinco anos?
PROFESSOR Constantino. Permita-me colar aqui o trabalho do perito na pagina http://www.paesdebarrosassociados.com.br/juros/ccbancaria/reengenharia_sistemas/acarlos_quest01.pdf A colagem vai para o comentário seguinte
Colagem em sequencia do anterior
...Este signatário manifesta parcialmente sua concordância com a resposta
prestada pelo D. Perito Judicial, pois, mesmo que não haja elementos nos Autos,
este assunto poderia ser verificado no Departamento de Estudos e Pesquisas-
DEPEP, no site Banco Central do Brasil (Juros e Spread Bancário no Brasil), onde
informa resumidamente que o spread é composto de:
- Despesa Administrativa;
- Impostos Indiretos (+ CPMF);
- Inadimplência;
- IR/CSLL; e
- Lucro do Banco.
Resposta Reformulada pelo Perito do Juízo: Para melhor esclarecer o
quesito formulado, o perito diz nesta oportunidade concordar com o comentário
acima, quanto à composição do SPREAD, acrescentando a seguir, como é
distribuída percentualmente a captação de recursos, chegando a lucro final do
Banco.
No entendimento do Quesito pelo perito, o “spread” DE UM BANCO BRASILEIRO é
composto de CAPTAÇÃO, RISCO, IMPOSTO e MARGEM DO BANCO e o
COMPULSÓRIO, é como a seguir
HIPóTESE: O BANCO CAPTARIA DINHEIRO DE OUTROS BANCOS OU DE
CLIENTES PAGANDO EM VOLTA DE 12,0% ªª
CAPTAÇÃO
12,0%
ANTES DE EMPRESTAR, INCLUI NA TAXA DE JUROS O RISCO DA
OPERAÇÃO (Inadimplência): 19,0%ªª
RISCO
19,0%
NO CALCULO TAMBEM SERÁ EMBUTIDA A CARGA FISCAL E TRIBUTÁRIA
DIRETA NÃO REPASSÁVEL, REPRESENTANDO 9,0%ªª DA OPERAÇÃO.
IMPOSTO
9,0%
A MARGEM PARA O BANCO É DE 35,0%ªª, (Despesas administrativas,
IR/CSLL, Impostos Indiretos e Lucro do Banco).
MARGEM DO BANCO
35,0%
O EMPRÉSTIMO CHEGA AO TOMADOR À TAXA DE 96%ªª
1,12*1,19*1,09*1,35 = 1,9612 (-) 1,00 = 0,9612
ou,
TAXA DA OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO: 96%ªª
Ficou faltando apenas o COMPULSÓRIO.
QUANTO É O COMPULSÓRIO ATUALMENTE?
Se não me engano está em 40%.
Com esse compulsório a taxa de empréstimo do Banco sobe a
O EMPRÉSTIMO CHEGA AO TOMADOR À TAXA DE
1,12 1,09 1,35 1,4 2,307312 1,307312 130,73
ou,
TAXA DA OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO: 130,73%ªª
Prof Constantino. DELETAR A ANTERIOR E COLOCAR ESTA QUE É A CORRETA:
capt risco impsto margB cplsr
1,12 1,19 1,09 1,35 1,4
TAXA DA OPERAÇÃO DE EMPRÉSTIMO: 174,57%ªª
O Banco trabalhando com 0% de margem, O BCB abrir mão do compulsório, e o estado e município abrir mão de todos seus impostos, fica
Ao mês fica
% a.a. % a.m.
33,28 0,33 0,024 2,42
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