Abaixo
segue a justificação para o Projeto de Lei 3722/12 do deputado Rogério Peninha
Mendonça (PMDB/SC), que disciplina as normas de aquisição, posse, porte e
circulação de armas de fogo e munições em território nacional. Eu li o projeto na íntegra, e trata-se de uma boa lei. Ainda tem muitas restrições ao direito de possuir uma arma, mas não sei se deve ser diferente, especialmente em um país como o Brasil. A Lei representa um avanço e tanto frente ao modelo atual, que praticamente desarmou, a despeito da vontade dos brasileiros, toda a população inocente, facilitando a vida dos bandidos. Se você concorda com o direito individual de legítima-defesa, então ajude a divulgar este projeto e a pressionar o Congresso.
Justificação para PL 3722/12
A
regulamentação sobre armas de fogo no Brasil atualmente tem sede nas
disposições da Lei n. 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o chamado Estatuto do
Desarmamento, norma jurídica que foi concebida sob a ideologia do banimento das
armas de fogo no país. Contudo, desde sua promulgação, a dinâmica social
brasileira tem dado provas incontestes de que a aludida Lei não se revela em
compasso com os anseios da população, muito menos se mostra eficaz para a
redução da criminalidade no país, a impingir sua revogação e a adoção de um
novo sistema legislativo.
A
par do grande impacto que causaria na sociedade brasileira, o Estatuto do
Desarmamento ingressou no mundo jurídico sem a necessária discussão técnica
sobre seus efeitos ou, tampouco, sua eficácia prática para a finalidade a que
se destinava: a redução da violência. Fruto de discussão tênue e restrita ao
próprio Congresso, sua promulgação ocorreu bem ao final da legislatura de 2003,
ou, como identifica o jargão popular, no “apagar das luzes”.
Muito
mais do que uma norma técnica no campo da segurança pública, a Lei n.
10.826/2003 é uma norma ideológica. Através dela, se modificou significativamente
a tutela sobre as armas de fogo no Brasil, passando-se a adotar como regra
geral a proibição à posse e ao porte de tais artefatos, com raríssimas
exceções. Toda a construção normativa se baseia nessa premissa, ex vi das
disposições penais que nela se incluem, coroadas com o teor de seu art. 35,
pelo qual, radicalmente, se pretendia proibir o comércio de armas e munição em
território brasileiro. Este dispositivo teve sua vigência condicionada à
aprovação popular, por meio de referendo convocado na própria norma para outubro
de 2005.
Realizada
tal consulta, a proibição foi rejeitada pela população brasileira, com
esmagadora maioria de votos, num total de quase sessenta milhões, marca
superior às alcançadas pelos presidentes eleitos pelo voto democrático.
Naquele
exato momento, a sociedade brasileira, expressamente consultada, externou seu
maciço descontentamento para com a norma, repudiando veementemente a proibição
ao comércio de armas no país e, por conseguinte, toda a estrutura ideológica
sobre a qual se assentou a construção da Lei n. 10.826/2003.
Muitas
são as razões que podem justificar o resultado do referendo. A maior delas, sem
dúvida, foi a constatação prática de sua ineficácia na redução da criminalidade. Em todo o ano de 2004
e nos dez meses de 2005, período em que as restrições à posse e ao porte de
arma vigoraram antes do referendo, mesmo com forte campanha de desarmamento, na
qual se recolheu aproximadamente meio milhão de armas, os índices de homicídio
não sofreram redução. Em 2003, de acordo com o “Mapa da Violência 2011”, estudo
nacional mais completo disponível sobre o assunto, ocorreram no Brasil mais de
50 mil homicídios, número semelhante ao verificado em 2004 e não divergente dos
registrados nos anos seguintes.
Não há dúvida de que tais fatos foram observados na prática
da vida social, onde basta a leitura de jornais ou a audiência à TV para se
tomar conhecimento do que ocorre à nossa volta. O resultado não poderia ser
outro, pois, se a norma não se mostrava eficaz para a redução da violência, não
haveria razão para que a população abrisse mão do seu direito de autodefesa.
E desde então os números, tecnicamente analisados, somente
comprovam isso.
Após a promulgação do Estatuto do Desarmamento, o comércio de
armas de fogo e munição caiu noventa por cento no país, dadas às quase
intransponíveis dificuldades burocráticas que foram impostas para a aquisição
desses produtos. Dos 2.400 estabelecimentos especializados registrados pela
polícia federal no ano 2000, sobravam apenas 280 em 2008.
Essa drástica redução, comemorada de forma pueril por
entidades desarmamentistas, não produziu qualquer redução nos índices de
homicídio no país, pela simples e óbvia constatação de que não é a arma
legalizada a que comete crimes, mas a dos bandidos, para os quais a lei de nada
importa.
Voltando aos números do Mapa da Violência, desta vez em sua
edição mais recente, edição 2012, tem-se que, dos vinte e sete estados
brasileiros, os homicídios, depois da vigência do estatuto, cresceram em nada
menos do que vinte. E onde não aumentaram, possuem comum o investimento na
atuação policial, como os programas de repressão instaurados no Estado de São
Paulo e a política de ocupação e pacificação do Rio de Janeiro, mas
absolutamente nada relacionado a recolhimento de armas junto ao cidadão.
Emblemática é a comparação direta entre os Estados que mais
recolheram armas e os índices de homicídio. Nas campanhas de desarmamento,
Alagoas e Sergipe foram os campeões em recolhimento de armas. Desde então, o
primeiro se tornou também o estado campeão de homicídios no país e, o segundo,
quadruplicou suas taxas nessa modalidade de crime.
Não bastasse isso, com a sociedade desarmada, os jornais e
noticiários hoje estampam diariamente o crescimento na criminalidade geral, com
roubos indiscriminados, arrastões em restaurantes e invasões a residências,
demonstrando que a certeza de que a vítima estará desarmada somente torna o
criminoso mais ousado. Aliás, os números mais recentes da polícia de São Paulo
mostram um assustador crescimento nos índices de latrocínio em residências,
evidenciando que os criminosos não só passaram a invadir muito mais os lares do
cidadão, mesmo com ele e sua família dentro, como também, impiedosamente,
passaram a assassiná-los naquele que deveria ser o seu reduto de segurança, o
lar.
E não só no Brasil se confirma a total ineficácia de
políticas de desarmamento na redução da criminalidade. A própria ONU, mesmo
sendo a “mãe” da tese de desarmamento, através do mais amplo e profundo estudo
já realizado sobre homicídios em âmbito global – o Global Study on Homicide
– United Nations Office on Drugs and Crime –, pela primeira vez na História
reconheceu que não se pode estabelecer relação direta entre o acesso legal da
população às armas de fogo e os índices de homicídio, pois que não são as armas
do cidadão as que matam, mas as do crime organizado, em face das quais, como se
disse, a lei não tem relevância.
O mesmo estudo ainda identifica exemplos em que, se relação
estatística houver entre os dois fatos, esta será inversamente proporcional,
com locais em que a grande quantidade de cidadãos armados é concomitante a
baixíssimos índices de violência.
Na mais recente decisão de um governo sobre o assunto, o
Canadá abandonou um sistema implantado há catorze anos para o registro de todas
as armas longas do país, tornando-o, a partir de agora, dispensável,
simplesmente porque se comprovou, com a experiência prática, que as armas do
cidadão não come-tem crimes. É o mundo evoluindo no tratamento do assunto,
mesmo em nações que um dia foram exemplos globais do ideal desarmamentista.
O desarmamento civil, portanto, é uma tese que, além de já
amplamente rejeitada pela população brasileira – o que, por si só, já bastaria
para sua revogação –, se revelou integralmente fracassada para a redução da
violência, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo em que implantada. Ao
contrário, muito mais plausível é a constatação de que, após o desarmamento,
muito mais cidadãos, indefesos, tornaram-se vítimas da violência urbana. Considerados
o resultado do referendo, em outubro de 2005, e todos os supervenientes estudos
que sobre o tema se promoveram, natural se esperar que a norma brasileira de
regulação das armas de fogo sofra radical modificação, para que seus termos
passem a traduzir legitimamente o anseio popular e os aspectos técnicos hoje
dominantes no campo da segurança pública. Se o Brasil rejeitou o banimento das
armas e essa ideia não trouxe qualquer melhoria para a população, não há
qualquer sentido em se manter vigente uma legislação cujos preceitos decorrem
de tal proibição.
A proposta que ora se apresenta visa corrigir essa distorção
legislativa, oferecendo à Sociedade Brasileira um novo sistema regulatório,
baseado, não na já rejeitada e fracassada ideia de simples desarmamento, mas na
instituição de um controle, rígido e integrado, da circulação de armas de fogo
no país.
Pela proposta ora posta em discussão, permite-se o acesso do
cidadão brasileiro aos mecanismos eficazes para sua autodefesa, conforme
vontade por ele expressamente manifestada, e, ao mesmo tempo, se possibilita ao
Estado controlar com eficácia, a fabricação, a comercialização e a circulação
de tais artefatos, podendo identificar e punir com rapidez qualquer eventual
utilização irregular que deles se faça.
É fundamental registrar que não se está propondo a liberação
indistinta da posse e do porte de armas de fogo, muito longe disso. O que a
norma pretende é conciliar a manifesta vontade popular, a técnica prevalente na
questão da segurança pública e o controle do Estado sobre a circulação de armas
de fogo e munições no país.
Além disso, a proposta consolida dispositivos normativos já
existentes em normas regulamentares, compilando-os em diploma legal único,
permitindo seja empregado com um novo conceito, passível de identificação como
verdadeiro “Estatuto de Regulamentação das Armas de Fogo”.
É neste propósito que
apresento aos nobres pares a presente proposta, certo de contar com seu melhor
entendimento nesta contribuição para o aperfeiçoamento do nosso ordenamento
jurídico.
5 comentários:
E o PT é irredutível no desarmamento da população. É de se pensar a origem do verdadeiro pavor que eles têm ao armamento dos cidadãos.
Desarmamento só serve para deixar a população vulnerável aos bandidos comuns e aos bandidões do Estado. Divulgarei o citado projeto.
Bom projeto. Bem mais condizente com a realidade.
Meus cumprimentos ao deputado Rogério Peninha Mendonça. E tomara que este projeto seja aprovado.
Gostei do projeto, é compatível com a realidade do país como disse o Rodrigo. Não tem o menor cabimento por exemplo uma pessoa que mora em zona rural não ter uma arma para se defender.
Mas sou cético em relação à aprovação. O PT em geral odeia a classe média (a antiga). Acho que toda vez que um restaurante ou condomínio sofre arrastão em SP um militante petista fala pro outro "bem feito para esses burguesinhos concentradores de renda" ou coisa do tipo.
Imagine dois brasileiros: um é paraplégico e outro não, mas cada um tem uma cadeira de rodas. Num belo dia entra o Governo e lança uma campanha nacional para tirar as cadeiras de rodas de circulação, pagando alguns reais em troca.
Quem você acha que vai entregar a sua? É óbvio que é a pessoa que não a utiliza. E foi assim com o desarmamento: o Governo desarmou justamente a parte da população que não vê urgência ou necessidade de utilizar armas de fogo no seu dia a dia. E manteve, consequentemente, o restante da população armada.
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