Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
Sexta-feira,
dia de buscar notícias boas para esse comentário. Eu poderia falar da
entrevista do ministro Guido Mantega na Globo News, com Miriam Leitão, mas isso
seria depressivo demais. Vimos um ministro com voz embargada, na defensiva,
mentindo descaradamente, jogando a culpa de seus fracassos para bodes
expiatórios, e negando os problemas existentes na economia. Não! Vamos falar de
coisa boa!
O
Congresso aprovou, finalmente, a lei que permite biografias não autorizadas no
Brasil. Ainda falta tramitar pelo Senado e ser sancionada, mas é um ótimo
começo. É absolutamente ridículo vetar o direito do escritor de escrever sobre
alguma figura pública sem a sua autorização. Até porque biografia autorizada
não é biografia; é propaganda. Biografia que se preza é sempre não autorizada,
para ser o mais imparcial possível.
Nelson
Motta escreveu em sua coluna de hoje no jornal O Globo sobre o assunto, relatando que já sofreu na pele com essa
lei absurda. Como ele diz, seguindo essa lógica tosca, “não teríamos biografias
nem de Hitler, bastaria seus herdeiros reivindicarem seus direitos no Fórum do
Rio de Janeiro”.
Como
disse Walter Block em seu provocativo e excelente livro Defendendo o Indefensável: “É
fácil ser um defensor da liberdade de expressão quando isso se aplica aos
direitos daqueles com quem estamos de acordo”. As pessoas, especialmente
aquelas que são figuras públicas, precisam entender que seus atos lhes
pertencem, mas não a opinião que os outros têm desses atos. A nossa reputação
pertence aos demais, ao público.
Aquilo que for difamatório e mentiroso
deve ser julgado, punido se for o caso, e suspenso. O ônus da prova cabe a quem
acusa. Mas para isso já existem leis. O que é absurdo é proibir alguém de
emitir opiniões ou relatar fatos comprovados sobre pessoas famosas. Isso é
patético.
Viviane Mosé, no programa “Liberdade de
Expressão” da CBN, defendeu a lei atual, pois cada um deveria ter o direito de
contar sua própria história. Falso! Cada um que conte a sua versão, mas que
outros gozem da mesma liberdade. A fama é uma faca de dois gumes. Não dá para
ter apenas o bônus. Entrou na chuva é para se molhar.
Temos o direito de ler opiniões
críticas e relatos não autorizados sobre a vida das celebridades, dos
políticos, das pessoas famosas. Nos Estados Unidos isso é a coisa mais comum do
mundo. Celebremos esse avanço, que já vem muito tarde, aqui no Brasil. Quem não
deve, não teme.
Para finalizar, cito Thomas Sowell: “Você
não pode impedir que as pessoas digam coisas ruins sobre você; tudo que você
pode fazer é transformá-los em mentirosos”. Não é mesmo, Luis Nassif? Não é
verdade, Paulo Henrique Amorim?
12 comentários:
Precisamos agora escrever a "biografia não autorizada do Brasil". A história que nos é contada é absurda, baseada em mitos latino americanos como teoria da dependência e imperialismo. Uma historiografia baseada na "síndrome de vira-lata" que bem identificou Nelson Rodrigues.
Só podemos chegar a algo próximo à realidade mediante muitas "biografias não autorizadas" do mesmo personagem.
As chamadas biografias, a algumas centenas de anos, eram publicadas sobre pessoas mortas. E só muito (mas muito) recentemente tem o perfil de divulgar algo sobre alguém ainda em vida.
O escritor tem toda a liberdade de escrever sobre qualquer um e qualquer coisa, e divulgar se quiser e mais, pode ainda cobrar por isso. Mas tem que entender que terão consequências sobre isso.
Se o escritor quiser, pode fazer algo mais científico, com publicação livre de custos(ou seja, sem fins comerciais) e provavelmente terá mais sucesso com as leis já existentes.
Ainda sim, se o escritor quiser, e por não obter autorização e, por isso, não obter informações de fontes mais próximas aos investigados, poderia escrever na forma de teoria, ou ainda como ficção.
A primeira não autorizada será do Serra.
Valendo uma caixa de cerveja.
Muito bom o post, gostei da noticia.
Mas é um caso serio, né? Como se já não bastasse os artistas/famosos, terem seus trabalhos defendidos por direitos autorais(o que eu concordo em partes...), ainda querem proibir as pessoas de escreverem suas biografias. Tomara que a lei seja sancionada logo!
Caro Rodrigo Constantino,
Não sei se dentre a sua vasta formação intelectual formada através de diversos livros (reparo que você cita grandes filósofos como Voltaire, Adam Smith, Karl Popper) você alguma vez leu a respeito da bibliografia do famigerado Senador e Ex-Presidente da República José Sarney.
Digo isso porque existe duas versões do Sarney: A da jornalista Regina Echeverria (Sarney a biografia)e a versão do também jornalista Palmério Dória (honoráveis bandidos).
Bom, eu li a do Palmério Dória.Posso dizer que resumidamente o livro é um ataque a reputação do referido senador do princípio ao fim. Em nenhumm momento, eu vi alguma exaltaçãoa alguma suposta qualidade de José Sarney. Ou seja, ele é praticamente um diabo na visão de Palmério Dória.
Não li a bibliografia da Regina Echeverria. É um livro extenso (624 páginas).Porém,li algo a respeito em algumas resenhas. E o que vi é uma crítica ferrenha ao livro que coloca o senador como um cidadão venerável (na visão dos leitores).
Essa bibliografia foi a autorizada pelo senador. Ou seja, na visão dele,a história contada por Regina Echeverria é a verdadeira.
E você? Qual é a verdade para você?
Esse exemplo ilustra minha posição a respeito das bibligrafias (concordando com seu artigo). Se a história de alguém pertencer a própria pessoa, periga a história da humanidade ficar bem deturpada.
Parabéns pelo artigo.
Caro Rodrigo Constantino,
Não sei se dentre a sua vasta formação intelectual formada através de diversos livros (reparo que você cita grandes filósofos como Voltaire, Adam Smith, Karl Popper) você alguma vez leu a respeito da bibliografia do famigerado Senador e Ex-Presidente da República José Sarney.
Digo isso porque existe duas versões do Sarney: A da jornalista Regina Echeverria (Sarney a biografia)e a versão do também jornalista Palmério Dória (honoráveis bandidos).
Bom, eu li a do Palmério Dória.Posso dizer que resumidamente o livro é um ataque a reputação do referido senador do princípio ao fim. Em nenhumm momento, eu vi alguma exaltaçãoa alguma suposta qualidade de José Sarney. Ou seja, ele é praticamente um diabo na visão de Palmério Dória.
Não li a bibliografia da Regina Echeverria. É um livro extenso (624 páginas).Porém,li algo a respeito em algumas resenhas. E o que vi é uma crítica ferrenha ao livro que coloca o senador como um cidadão venerável (na visão dos leitores).
Essa bibliografia foi a autorizada pelo senador. Ou seja, na visão dele,a história contada por Regina Echeverria é a verdadeira.
E você? Qual é a verdade para você?
Esse exemplo ilustra minha posição a respeito das bibligrafias (concordando com seu artigo). Se a história de alguém pertencer a própria pessoa, periga a história da humanidade ficar bem deturpada.
Parabéns pelo artigo.
Albatroz, ler qquer coisa sobre Sarney causa náuseas. Só de ler o início de seu comentário já tenho meu estômago embrulhado. Desculpe, mas vai arrumar outra coisa pra fazer.
Desculpe-me caro anônimo,
Mas ler sobre políticos é algo que eu considero fundamental para a formação intelectual de qualquer cidadão. Pois através da busca da verdade desses indivíduos é que podemos votar melhor a fim de melhorar o nosso país que tem um potencial enorme, mas é dirigido com pessoas de caráter bem duvidoso.
*.*dirigido por
Lutero em uma das teses dele afixadas na porta da Schloßkirche em 1517 na Alemanha, diz que a vida do cristão deve ser de arrependimento e penitência. Por isso, eu como cristão que sou apóio essa lei a tramitar no Parlamento de meu Brasil, a qual autoriza biografias não autorizadas. Que as pessoas aceitem Jesus no Brasil para suportarem com sobretudo amor à verdade, transparência e sinceridade a dor e a delícia de serem e fazerem o que são e fazem.
JOÃO EMILIANO MARTINS NETO
Prezado Rodrigo
Ainda que excepcional notícia, isso seria uma finta, tipo libera de um lado e controla do outro, ou deliberada rasteira no tão "famigerado" controle social da mídia?
Rodrigo:
Sugiro uma próxima postagem sobre a recém-falecida Margareth Tatcher e o que ela significou para o pensamento liberal.
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