sexta-feira, junho 21, 2013

A volta de Meirelles

Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

Circulam rumores de que Henrique Meirelles seria chamado de volta para o governo, dessa vez para o lugar de Guido Mantega. O Ibovespa chegou a cair 4% nesta quinta-feira, e depois reverteu a forte queda e terminou em território positivo, basicamente por conta desses boatos. Faz sentido? Muda alguma coisa?

Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que nossos problemas são estruturais. O modelo desenvolvimentista, que a própria presidente Dilma defende, esgotou-se. Como sempre acontece, aliás, pois ele é insustentável. O governo foi negligente com a inflação, o crédito, principalmente dos bancos públicos, cresceu demais, as contas públicas se deterioraram muito, e a fatura desses erros todos chegou.

Demitir Mantega e colocar alguém como Meirelles em seu lugar, que goza de credibilidade nos mercados, sem dúvida seria uma importante sinalização de que, ao menos, a presidente acordou para a realidade. Só mesmo no setor público tanta incompetência, como a dessa equipe econômica, pode continuar impune. Mas a pergunta relevante é: Meirelles poderia agir de forma independente?

Afinal, entre as medidas necessárias no curto prazo, estão um choque na taxa de juros, para conter a inflação e ancorar novamente as expectativas, e fechar os cofres públicos, realizando um forte aperto fiscal. Alta de juros e corte de gastos, em véspera (antecipada) de eleições? A presidente banca o risco? Com milhares nas ruas protestando contra “tudo que está aí”, sentindo os efeitos dos erros do governo?


Complicado. O mais provável, pelo visto, é o governo tentar ganhar tempo até as eleições, administrando seu fracasso. Resta saber se ele chega até lá...

4 comentários:

Unknown disse...

administrar fracasso é a especialidade do estado

Carlos disse...

Rodrigo, vc previu a inflação, está prevendo uma bolha financeira e agora (com mais curto prazo) está prevendo uma stasis na política econômica perigosíssima...o que pensa da situação do país pós-copa/eleição?

Tiago Leitão disse...

Constantino, até ontem eu torcia para que as consequências da má política econômica da Dilma aparecessem antes da eleição.

Minha esperança era que tais efeitos ajudassem ela a perder a reeleição.

Agora, por outro lado, imagino que com mais quatro anos de PT/Dilma, ficaria mais claro para a população que o mal resultado econômico é de responsabilidade do próprio PT.

Talvez fosse um preço a se pagar para que a população se conscientizasse contra esse partido.

Ricardo disse...

Rodrigo, todos sabem que o Mantega só continua aí, não porque ele é um economista genial, nas concepções petistas, mas porque ele é o melhor laranja que existe. Quem manda na prática é a Dilma. Ele só assina. Quanto a isso não resta dúvida.

Imaginar que a Dilma vai dar autonomia a um Meirelles da vida, ou imaginar que o Meirelles vai aceitar ser o novo laranja, me parecem duas hipóteses bastante improváveis.