Eu tenho sido um grande crítico da ditadura velada do politicamente correto, pois considero essa uma das maiores ameaças à liberdade nos tempos modernos. Uma patrulha ideológica, de gente "do bem", acredita que deve filtrar toda a linguagem, as imagens, tudo em nome do "bem-geral". São almas sensíveis que descobriram o poder que têm e querem moldar o mundo à sua imagem acovardada. Em nome da diversidade e da tolerância, essa gente quer tudo igual e não tolera nada diferente.
Por isso é bem-vinda a manifestação de Walcyr Carrasco na revista Época, em artigo justamente sobre o tema. Ele, que é autor da principal novela da TV Globo no momento, sabe muito bem como é a pressão da patrulha politicamente correta. É uma turma organizada, que em nome das "minorias" deseja pautar tudo, controlar tudo. Isso é um perigo! Seguem trechos do artigo de Walcyr Carrasco:
Vivo numa democracia. Como escritor, é difícil ter certeza disso. Acho que todo artista em algum momento teve a mesma sensação. Pessoas comuns também. A proibição em torno do que deve ser ou não falado é de lascar. As crianças são usadas como pretexto para proibições que nada têm de democráticas. Existe o veto claro, por meio de leis batalhadas pelas ONGs que se dizem bem-intencionadas. Mas também o realizado por grupos, professores e até pais de alunos que, eventualmente, criam situações constrangedoras para os mestres.
[...]
Professores cedem à pressão. Escolhem livros que não ofereçam riscos de reclamação. Da mesma maneira, o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe colocar as crianças em situações constrangedoras. Aqui no Brasil, seria impossível filmar O exorcista, já que a menina possuída pelo demônio vive situações de violência. Outro dia, estive num debate em que, como sempre, a televisão foi duramente atacada.
– Como vocês podem mostrar situações de violência? E as crianças?
Resolvi falar das histórias de fadas:
– Joãozinho e Maria são abandonados pelos pais numa floresta. Atraídos pela bruxa má, Maria se torna escrava doméstica e Joãozinho é preso em cárcere privado, para engordar. Será, então, devorado pela bruxa. Engana a canibal e mostra um ossinho de frango no lugar do dedo, para fingir que continua magro. Finalmente, ela resolve assá-lo. Com a ajuda de Maria, Joãozinho empurra a bruxa para dentro do forno. Apoderam-se de suas riquezas e voltam para os pais, que os recebem felizes.
[...]
As ONGs e os defensores do politicamente correto se apoiam em questões que julgam ser objetivas. Dividem o mundo entre bom e mau. Confundem o que é complexo com o nocivo. Mesmo a Cinderela, tão querida do público infantil, não pode passar por uma interesseira, que se casa baseada no status do príncipe? Hummm... mas a questão é que esse é um conto de formação, que novamente lida com a rejeição e a existência de qualidades intrínsecas ao ser humano, aquelas que sobressaem mesmo quando negadas. O inconsciente não funciona como uma receita de bolo, em que determinados ingredientes levam aos mesmos resultados. É um sistema complexo e simbólico. Vivenciar a realidade por meio da ficção é uma preparação para a vida adulta e para este mundo, que não anda nada fácil.
[...]
Estruturar o mundo por meio do politicamente correto é criar proibições que afetam as obras artísticas. Mais que isso, as relações com as crianças. De que adianta criá-las numa redoma, se o mundo lá fora está cheio de lobos maus e um dia será preciso enfrentar alguns deles?
Antes eu achava que o “politicamente correto”era apenas uma grande bobagem. É mais sério: tornou-se um exercício de controle, travestido de boas intenções. Sob a capa de democrático, revive anseio por um mundo autoritário e, por que não dizer, fascista.
5 comentários:
Transcrevo uma frase que o Padre Paulo Ricardo postou no twitter:
"A primeira tentação com a qual o demônio tenta qualquer um que começou servir melhor a Deus chama-se: respeito humano"
São João M. Vianney
Desculpe o off post,mas gostaria se possivel,que vc escrevesse um artigo mostrando em um eventual país governado por liberais,como seria a distribuiçao de energia e gás em livre concorrencia,barateando preços e aumentando eficiencia.Porque existem 4 operadoras de telefonia celular brigando por clientes,ao mesmo tempo que somos obrigados a aceitar o monopólio da Light e Ceg aqui no Rio de Janeiro.Esta é uma dúvida que sempre surge em discussao de amigos.Um abraço.
O politicamente correto cria atrocidades como "Não Atirei o Pau no Gato" e a proibição da obra 'racista' do Monteiro Lobato para crianças.
De tudo, o mais absurdo é o politicamente correto de Monteiro Lobato.
O comunista de antigamente sendo massacrado pelos comunistas-fascistas de hoje.
Politicamente correto é a maneira mais sórdida de calar as vozes democráticas.
Uma coisa é racismo que pode, e deve, ser combatido. Outra coisa é se aproveitar de uma determinada situação para calar os demais.
Ofender índios, homossexuais e negros é uma coisa.
Outra coisa é tentar quebrar debates como: índio, igual todo brasileiro, deve pagar imposto; que cotas raciais são por si só discriminatórias (com o negro - que já é tido como inferior intelectualmente e por isso deve ter cotas - assim como com o branco, excluindo-o deste privilégio e ferindo agressivamente o artigo 5º da Constituição Federal); que homossexuais assassinados são seres humanos como os milhares que morrem assassinados e não uma classe especial que deve ter privilégios do estado....e por aí se vai.
Não calar frente à ditadura do politicamente correto é resistir a uma das mais covardes formas de opressão.
Olha, sinto muito, mas precisa ser realmente muuuuuuuuuito estúpido para ser politicamente correto.
Sempre que posso, faço escracho deste bando de copiadores de personalidades para que então consigam exercer sua dominação.
Eu faço absoluta questão de ser politicamente incorreto e ridicularizar os "corretos".
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