quarta-feira, julho 03, 2013

Contabilidade nada criativa

Rodrigo Constantino

O editorial do GLOBO de hoje toca em ponto importante, que venho destacando faz algum tempo: a insistência desse governo em maquiar a contabilidade como se fosse capaz de enganar os agentes do mercado. O que tenho dito é que os malabarismos da equipe econômica fariam um mágico de festa infantil ruborizar diante de tamanho amadorismo. 

Se ao menos fosse obra digna de um David Copperfield, poderíamos ter algum respeito pela inteligência maligna; mas nem isso é possível. São trapalhões da pior espécie, com má intenção e incompetentes. O resultado é um clima de estupefação nos mercados. Os investidores coçam as cabeças incrédulos: como pode o governo ser tão patético?


O editorial, de forma mais suave, mas com conteúdo firme, vai ao ponto:



Ao persistirem nessa prática, as autoridades econômicas não conseguirão convencer quem quer que seja da seriedade da política fiscal no Brasil. Não é por conservadorismo ou simples antipatia ao governo Dilma que as críticas à política fiscal se acumulam.
A inflação está em patamar perigoso, no topo da meta que o Banco Central tem a missão de alcançar (6,5%). O xadrez da economia mundial está passando por um momento de mudanças expressivas, com os Estados Unidos voltando a atrair capitais, enquanto a China perde fôlego.
Nesse quadro, os mercados financeiros se agitam, e as economias que estiverem em posição mais fragilizada podem sair chamuscadas. O risco de a inflação fugir ao controle, em tal conjuntura, não é desprezível, por pressão da desvalorização da moeda nacional. E isso sem que o país consiga sair da armadilha do baixo crescimento.
É uma questão tão séria que o Banco Central resolveu adotar, internamente para avaliação dos rumos da economia, uma metodologia que acompanha a evolução das receitas e despesas do setor público sem levar em contar essas receitas e despesas extraordinárias, incluindo as resultantes da “contabilidade criativa”. Fica difícil entender porque o governo insiste em dar tantos tiros no pé.

Até quando esse governo vai insistir nessa malandragem infantil? Só vai parar quando a economia afundar de vez? Essa contabilidade não tem nada de "criativa"; ela é velha conhecida de todos, e ao insistir nela, o governo grita ao mundo que não tem condições ou maturidade para lidar com a situação crítica em que vive o país.  

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