Fonte: O GLOBO |
Rodrigo Constantino
Deu no GLOBO: A frota exclusiva de sete helicópteros para atender o governador Sérgio Cabral, seu vice, Luiz Fernando Pezão, além de secretários e presidentes de autarquias do estado, vale hoje R$ 49,8 milhões. A estimativa é feita com base no valor do seguro de cada uma das aeronaves usadas pelo primeiro escalão. Essa frota é quase do mesmo porte da utilizada por bombeiros (dois helicópteros), PM (cinco), Polícia Civil (dois) e Secretaria de Saúde (um).
Dos sete aparelhos do primeiro escalão, três foram comprados no governo Cabral. O mais caro é o Agusta, que está estimado em R$ 19,6 milhões e foi adquirido em 2012. Outro, EC135, foi comprado em 2009 e vale R$ 11,9 milhões. Nesta quarta-feira, o governo decidiu repassar aos bombeiros uma das suas aeronaves, modelo Esquilo (R$ 1,2 milhão).
Além de Cabral, que usa os helicópteros para levar a família e babás para Mangaratiba, onde tem casa, como revelou a revista “Veja”, o vice-governador e o presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB), usam as aeronaves para chegar às suas casas. Pezão costuma ir para Piraí de helicóptero, enquanto Melo já utilizou um para chegar a Saquarema. Em nota, a assessoria de Pezão diz que o uso da aeronave é prerrogativa do cargo, pois o vice “vem de uma cidade do interior”.
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Comento: Diz o velho ditado que o olho do dono engorda o boi. O que isso quer dizer é que somente o escrutínio de quem paga a conta, de quem está com o seu na reta, é que permite o bom uso dos recursos. Quando lidamos com o dinheiro da "viúva", há uma tendência sempre maior ao relaxamento, ao uso indevido para fins pessoais. Como nas quatro formas de gasto descritas por Milton Friedman, quando usamos o dinheiro dos outros conosco, nos preocupados com o destino dele, e quase nunca com seu custo.
Claro que fatores culturais ou legais exercem influência também. O mesmo GLOBO mostra, logo abaixo da matéria sobre as "estripulias" de Cabral, que deputados e ministros suíços andam de ônibus ou trem. Helicóptero, só quando não tiver outro jeito e passar por um processo prévio de autorização. Cultura faz diferença. E punição caso for pego abusando dos recursos públicos também.
Esse caso nos remete ao livro Barbarians at the Gate, de Bryan Burrough e John Heylar, que conta o incrível caso de debacle da RJR Nabisco, empresa que chegou a ficar entre as 20 maiores dos Estados Unidos. Enquanto corporação, com seu capital pulverizado e sem um dono específico, a empresa acabou se tornando um instrumento de vida nababesca para seus executivos. Li o livro há muitos anos, mas lembro de trechos impressionantes, justamente sobre a gigantesca frota de aeronaves da empresa.
Ela tinha um hangar que intimidava o da Coca Cola, bem ao lado. Fora isso, tinha uma sede altamente suntuosa, repleta de luxo importado. O risco de principal é comum em corporações. Os acionistas, milhões espalhados sem concentração, acabam em conflito de interesses com os executivos, que têm interesse em expandir seus ganhos e mordomias.
Mas no setor privado, mais cedo ou mais tarde, isso tem um custo elevado. Os acionistas sentem no bolso, e acusam o golpe. Oliver Stone, o comunista que idolatra Fidel Castro, retratou em seu clássico filme Wall Street a figura pejorativa do especulador que pretende lucrar com o corte dessa ineficiência nas empresas. Era Gordon Gekko, na brilhante atuação de Michael Douglas, ridicularizando uma empresa que gastava milhares de dólares para fazer memorandos de um lado a outro. Seu principal discurso ficou famoso ao afirmar que "ganância é bom".
Sim, é a ganância, o desejo de lucrar, que faz com que acionistas não tolerem abusos com os seus recursos! Mas o problema aumenta quando falamos de governos, pois eles não quebram: eles quebram o povo! E nós, os "acionistas" do estado, não temos o devido controle sobre seus gastos. Podemos mitigar o problema exigindo maior transparência, contando com o fundamental papel da imprensa (por isso os autoritários, como os petistas, querem sempre controlar a imprensa), e punindo quem for pego abusando.
Mas a falha é estrutural, vem do próprio mecanismo de incentivos. Por isso mesmo precisamos reduzir ao máximo os recursos que transitam pelo setor público. O governo deve ficar restrito às suas funções básicas. Quanto menos impostos arrecadar, menor a quantidade de tentações que aparecem.
Por fim, vamos lembrar que todos esses merecidos ataques a Sérgio Cabral podem ajudar a candidatura de alguém pior em todos os aspectos, que é o petista Lindbergh Farias, ele também acusado de falcatruas e ligado ao PT, o mais corrupto de todos, líder do mensalão. Alguém acha que "Lindinho" abriria mão do luxo todo que o estado fornece com o nosso dinheiro?
5 comentários:
Rodrigo,
Você acha que uma eventual candidatura de Marcelo Freixo seria melhor que Lindbergh Farias ou Sérgio Cabral?
Eder Ferraz
Freixo?
http://www.youtube.com/watch?v=oIFlvciq42o
Rodrigo, por que você não faz uma radiografia do presente e do passado dos candidatos ao governo do Estado ?
Pezão, Lindberg, Garotinho, Beltrame...
Não conheço o Marcelo Freixo, mas qualquer opção é melhor que Pezão, Lindberg ( VAGABUNDO SAFADO ), Garotinho e Beltrame.
PT, PARTIDO DA ÉTICA E DA MORAL.
FORA LULA, FORA DILMA, FORA PT.
Tropeçando na própria incompetência, Sérgio Cabral vem, ao longo de sua carreira política, acumulando derrotas que muitas vezes passam despercebidas. No quesito malandragem não resta dúvida de que Cabral é um dos mais espertos. Porém, em se tratando de estratégias que não sejam imediatistas, o sujeito comete erros políticos primários, principalmente por conta de sua prepotência. Nos faz lembrar o caso do ‘insuperável’ transatlântico inglês, com a qual ‘nem Deus podia’ segundo seus próprios construtores navais. E que se transformou no maior naufrágio da história. No Rio de Janeiro está acontecendo algo parecido com o caso do luxuoso transatlântico. Navegando com a soberba de construtor naval inglês, o Titanic do governador já tem dia e hora marcados para afundar.
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