Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Em agosto de 2010, o presidente do Fed, Ben Bernanke, sinalizou novos estímulos para a economia. Nascia o QE2, a segunda rodada de estímulos monetários, que totalizou US$ 600 bilhões. Além disso, a taxa de juros foi mantida em praticamente zero no período todo, e agora o Fed já disse que assim ela permanecerá até meados de 2013, pelo menos.
Por outro lado, o governo Obama não quis saber de corte de gastos. Ao contrário, quase que não sai acordo para subir o teto do endividamento justamente porque o presidente não quer reduzir os gastos sociais insustentáveis do governo. Para piorar, sua retórica é totalmente contra os negócios, a regulação tem sido crescente e arbitrária e Obama ainda insiste em taxar mais os “ricos”, espantando investidores.
Com este manual keynesiano, o que a dupla dinâmica Bernanke e Obama conseguiu? O desemprego segue acima de 9%, a economia está ameaçando entrar em nova recessão, e o S&P 500 está voltando para o mesmo patamar que estava à época do QE2. Os bônus em Wall Street podem até ter sido salvos, mas parece que os estímulos não foram tão bons para o Main Street. Já o ouro subiu outros 50%, e já vale $ 1.800 por onça troy, expondo a descrença generalizada no dólar.
Mas parece que nada é suficiente para despertar os keynesianos de seus sonhos de alquimia. Se tanto estímulo não está funcionando, então é preciso aumentar a dose! Paul Krugman está alucinadamente implorando por isso. Ele pediu também uma bolha imobiliária para curar o crash da internet em 2001. Insanidade, já ensinava Einstein, é fazer tudo igual e esperar resultados diferentes.
Os insanos estão no poder. Não passa pela cabeça-de-bagre dessa gente uma única questão: será, talvez, que este modelo pode estar eventualmente errado, e o remédio está causando mais doença ainda?
9 comentários:
Estímulos monetários não adianta quando há incertezas no mercado. Keynes já dizia isso. Os gastos do governo foram para salvar bancos e as empresas. Isso não dinamiza a economia e não gera empregos, só evita o pior. O Obama deveria fazer um pacote de investimentos públicos que gerem empregos. E o Obama queria priorizar os cortes nas despesas militares antes dos cortes sociais. Vc acha que gastos na defesa são mais sustentáveis do que gastos sociais ? Os gastos militares equivalem a 24% do orçamento(folha de sp). Vc não acha exagerado esse número ?
Prezado Rodrigo,
também concordo com você em relação as atuais políticas Keynesianas inocuas quanto a recuperação da economia americana.
Contudo, como evitar os excessos provocados pelos mercados desregulados, principalmente os financeiros?
Me parece um dilema: livre mercadoX intervenção.
Atenciosamente.
Marcelo
O artigo postado por Rodrigo na inicial do Blog de hoje procura RESPONDER aos dois comentaristas que me precederam.
Alexandre: "Os gastos do governo foram para salvar bancos e as empresas. Isso não dinamiza a economia e não gera empregos, só evita o pior."
Pq o dinheiro dos pagadores de impostos, que não têm NADA A VER com a crise criada pelo governo, têm que salvar bancos e empresas privadas?
E esse "pior" a que tu te referes só seria um "pior" a curto prazo. No médio/longo prazo, essas medidas causam mais danos do que solucionam.
Marcelo: "como evitar os excessos provocados pelos mercados desregulados, principalmente os financeiros?"
Quem provoca os excessos nos mercados (em quaisquer mercados) é o próprio governo, interferindo na economia e gerando incentivos equivocados aos investidores.
Que incentivo um grande banco tem para tomar cuidado com seus investimentos se sabe que, caso tudo dê errado, o governo usará o dinheiro do contribuinte para salvá-lo?
Bancarrota faz parte do sistema - mais do que isso, é saudável para o sistema.
Kleiton
Também concordo que é um absurdo em ajudar bancos e empresas com dinheiro público. Mas se não houvesse essa ajuda, o sistema financeiro parava. A crise começou exatamente porque deixaram o Lehman Brothres quebrar. Começou um pânico no mercado financeiro e o interbancário parou. Os bancos desconfiavam um dos outros. É injusto mas não havia saída. No caso das empresas, como deixar a GM e a Chrysler quebrar ? A indústria automobilística é um dos símbolos do capitalismo americano. É politicamente inviável deixar essas duas montadoras quebrar. É injusto usar dinheiro público ? Vc está correto. Mas não tinha outro jeito. O resultado dessas ajudas foi um aumento brutal da dívida pública. A ajuda aos bancos levou o déficit na Irlanda a 32% !!! Um absurdo ! Mas fazer um ajuste fiscal durante a recessão, é bastante complicado.
Alexandre
Na verdade, ao contrário do que tu dizes, "tem outro jeito" sim. Só que esse outro jeito envolve ações impopulares que causarão recessão no curto prazo, mas que no médio e longo prazo resultarão num crescimento sustentável e responsável.
"A crise começou exatamente porque deixaram o Lehman Brothres quebrar". Na verdade, a crise começou quando FannieMae e FreddieMac (instituições garantidas pelo governo) começaram a estimular hipotecas subprime. Num mercado racional, sem incentivos perversos do Estado, poucos bancos (nenhum, eu diria) assumiriam o risco de uma hipoteca subprime.
"É politicamente inviável deixar essas duas montadoras quebrar". Como eu disse, são medidas impopulares que só darão resultado no médio ou longo prazo. Mas os políticos atualmente pensam só no prazo de 4 anos, portanto medidas impopulares não são muito bem aceitas...
Kleiton
" a longo prazo todos estaremos mortos" como dizia Keynes. Mas entendo sua indignação, compartilho com ela e acho justa. Mas infelizmente existem os "grandes demais para quebrar".
A longo prazo estaremos todos mortos. A senha para a irresponsabilidade. Guess what? O longo prazo chegou, e EU estou vivo, pagando pelos erros dos keynesianos que só pensavam no presente, no carpe diem.
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