Rodrigo
Constantino
Deu no GLOBO: Milhares
de portugueses foram às ruas neste sábado, pedindo a renúncia do governo cujas
políticas de austeridade na opinião deles exacerbam a recessão no país. “Fora
governo” e “Contra a exploração e o empobrecimento” eram algumas das frases dos
manifestantes, no ato convocado pelo principal sindical nacional, a Central
Geral dos Trabalhadores de Portugal (CGTP).
- Temos de fazer o
que for possível para nos livrar desse governo — disse o secretário-geral da
entidade, Armênio Carlos.
Na opinião dos
manifestantes, as medidas de austeridade “punem os pobres, mas beneficiam os
ricos”. O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho era chamado de “ladrão” pelos
manifestantes, entre eles servidores públicos, desempregados e aposentados.
- Viemos a Lisboa dizer ‘chega’.
O governo está cortando tudo, até as pensões —disse Antônio Amoreira, da cidade
do Porto.
Pesquisa
publicada neste sábado no jornal “Público” mostra que 57% dos portugueses
desejam a dissolução do Parlamento e novas eleições.
As medidas de
austeridade anunciadas no início de maio geraram revolta no país, entre elas a
aposentadoria só aos 66 anos, e não aos 65 como hoje, o corte de 30 mil
empregos no funcionalismo e a redução da carga horária (e dos salários) de
funcionários públicos de 40 horas semanais para 35 horas.
A economia
portuguesa recebe desde maio de 2011 um pacote de € 78 bilhões da União
Europeia, mas em troca o governo se comprometeu a tomar medidas de austeridade.
Neste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) português deve encolher 2,3%. O
desemprego, por sua vez, deve chegar ao recorde de 18,2%.
Comento: Entendo o sofrimento de nossos queridos patrícios,
mas tomem muito cuidado com os sindicatos e com os funcionários públicos. Eles
estão a manipular a opinião pública, revoltada com a situação ruim, mas sem a
devida compreensão dos problemas. Não adianta culpar os ricos, tampouco é certo
transformar o conceito de austeridade em palavrão. O inchaço do governo é o
grande responsável pelos problemas, e não é possível ignorar isso para sempre.
A escolha dura que os portugueses têm a fazer é sofrer agora e garantir um futuro
melhor para os filhos e netos, ou postergar os ajustes necessários e ampliar a
dor futura. Fingir que não existe tal escolha é escolher a segunda opção. Os
sindicatos vão celebrar no primeiro momento, preservando suas regalias; os
funcionários públicos vão continuar gozando de privilégios; o desemprego não vai
aumentar no curto prazo. Mas tudo depois será muito pior, com mais desemprego
ainda, mais recessão, mais sofrimento. Que os colegas de Portugal saibam tomar
a decisão acertada e evitar o sensacionalismo dos políticos demagogos e dos
sindicatos poderosos.
13 comentários:
Estou em Évora/Portugal e essa crença nos sindicatos, nos socialistas e até nos comunistas é muita intensa aqui, pelo que percebo. Há muitas placas de propaganda do partido comunista espalhadas pela cidade e, diariamente, vejo carros alugados pela CGTP a fazer propaganda. Tenho medo que a esquerda entre novamente no poder! Essa é a melhor altura para eles propagarem as suas mentiras. Infelizmente, não vejo muitas vezes o PSD e o CDS, que são os partidos "de direita", responderem à altura.
Faz muita falta, assim como faz no Brasil, um partido explicitamente liberal.
Desculpa fugir do assunto da notícia, mas não achei outro local para falar de uma notícia que colocarei aqui.
Olha o retrocesso que querem fazer no Brasil:
http://oglobo.globo.com/pais/partidos-querem-criar-410-novos-municipios-no-pais-8499847
Um povo que não tem cultura de empreendedorismo vai querer isso mesmo, privilégios pra políticos e funças. Parece uma terra que eu conheço bem.
Rodrigo
Segue a opinião de parente meu que mora em Portugal:
O Rodrigo Constantino está a falar de uma situação que desconhece. Ele tem razão ao alertar o pessoal para o perigo representado pelas raposas dos sindicatos e dos funcionalismo público, mas erra feio ao achar que este governo está a praticar a austeridade. Os gastos continuam a subir, os impostos aumentaram e o défice continua num nível insustentável, contribuindo para aumento de uma dívida que foi a causa da crise que vivemos. Os cortes que têm sido feitos só atingem os sectores politicamente mais fracos e não compensam a subida de gastos no geral. Quanto aos contratos leoninos assinados pelos governos anteriores, feitos sob medida para agradar o empresariado que vive do erário público, nada foi feito. O problema de Portugal não se resolve dentro do quadro oferecido pelo regime. É preciso algo mais drástico e isso passará pela saída da união europeia e do euro.
Caro Rodrigo Constantino,
Não se pode chamar de austeridade uma política que consiste no seguinte:
1 - Aumento de impostos num quadro de opressão fiscal.
2 – Continuação do massacre legislativo e da intervenção do estado na vida pessoal.
3 – Cortes de gastos cosméticos, para inglês ver, que não compensam a subida dos mesmos no geral.
4 – Manutenção dos privilégios da classe política e das corporações e bancos que vivem do erário.
5 – Subordinação cada vez maior à socialista união europeia.
O resultado da política seguida, que ainda por cima aumentou a razão da subida da dívida pública portuguesa (posso provar isso com fontes e números), não fosse o pacote de ajuda, não é difícil de ser imaginado. Os juros disparariam para níveis acima dos que estavam no momento da intervenção e a nação seria obrigada a declarar a moratória e renegociar a dívida.
Dentro do quadro da intervenção, o que se pode esperar é que os juros vão se manter em níveis relativamente baixos até o momento em que o pacote seja insuficiente para esconder a realidade: o estado português gasta absurdamente mais do que pode e já não pode confiscar mais dos sectores productivos sob pena de intensificar um depressão que em verdade começou há quinze anos, o que vai levar a uma crise política muito grave.
Os meninos do actual governo socialista (mas com discurso liberal) podem alegar que não têm força política para fazer os cortes necessários, mas isso é mentira. Os portugueses estão dispostos a aceitar qualquer sacrifício, mas desde que ele seja compartilhado por todos. Enquanto a classe política não der o exemplo, se limitando a confiscar ainda mais sem nada dar em troca, é óbvio que continuaremos a viver o cada um por si que vivemos, com cada grupo querendo pedir mais para si. O exemplo vem de cima e o exemplo desse governinho é que dá uma aura de legitimidade aos gafanhotos dos sindicatos da função privada e pública.
Saudações do outro lado do Atlântico.
Não conheço a realidade de Portugal, por isso não vou comentar.
Rodrigo, vim aqui para lhe fazer uma pergunta ou um pedido: tem algum post no teu blog com bibliografia liberal recomendada? Caso não tenha, onde posso conseguir? Ou tu podes sugerir algumas leituras? é bem difícil para um curioso e novato como eu descobrir o que ler sobre Liberalismo. Claro, Marx e autores socialistas qualquer professor de ensino médio sabe indicar. Sobre Liberalismo: nada!
Sim, posso ler teus livros, mas também quero os clássicos.
Aguardo
A austeridade está aprofundando a recessão e não está melhorando as contas públicas. Será a solução ?
Rody Cáceres
Com relação a lista que pedes, o próprio Rodrigo já fez uma publicação a respeito, segue:
http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2010/11/liberalismo-em-12-livros.html
http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2010/11/leituras-para-se-tornar-um-liberal.html
Espero que lhe ajude, a mim ajudou muito !
Fabio Nascimento
Valeu, Fábio! Vou me interar.
Liberalismo = Individualismo.
Rodrigo, falta em Portugal é a cobrança do imposto sobre grandes fortunas e auditoria nos bancos para saber como o dinheiro da UE foi desviado para meia dúzia de espertos banqueiros e "investidores". O resto, é conversa de liberais egoístas.
'Rodrigo, falta em Portugal é a cobrança do imposto sobre grandes fortunas']
Esses robin Hood nunca se cansam...por mais que a realidade mostre que essas coisas nunca funcionam
Se for cobrar mais impostos dos ricos, eles vão procurar outro lugar pra morar, óbvio.Olhe a frança e aquele ator que virou russo...
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