terça-feira, julho 02, 2013

A Fiesp é vermelha

Rodrigo Constantino

Eu tenho dito e repito: quem tem Fiesp não precisa de USP! A cada artigo novo de Benjamin Steibruch, fica mais evidente que tanto faz se é ele, Delfim Netto, Beluzzo ou até o Mantega escrevendo: a mensagem é basicamente a mesma. O governo deve estimular a economia com mais gastos e redução dos juros. A receita "desenvolvimentista" dessa turma é a responsável pelos problemas atuais que estamos vivendo, mas eles fingem que nem é com eles...

Steinbruch reforça seu pedido por mais gasto na última coluna da Folha:

Não tenho a intenção de discutir as reivindicações dos manifestantes. Há, porém, na maioria delas uma clara demanda de aumento de gastos públicos. A suspensão do reajuste das tarifas de ônibus em muitas cidades, principal conquista do movimento até agora, assim como a melhoria do transporte, da saúde e da educação apontam nessa direção.
Não é necessariamente ruim essa demanda, ainda que ela se choque frontalmente com a austeridade fiscal cobrada hoje do governo. O gasto público, corretamente direcionado para investimentos e para áreas sociais constitui um propulsor da economia.

É verdade que, em meio à cacofonia das ruas, havia demandas esquerdistas por mais gasto público sim. Mas essa não é a principal bandeira das manifestações, que incluem ataques contra a corrupção e outros slogans de cunho moral. O que o povo pede são melhores gastos públicos, ou seja, um senso de prioridade diferente por parte do governo. Em vez de arenas bilionárias, mais metrô, por exemplo. Em vez de trem-bala, hospitais decentes.

Isso nada tem a ver com a bandeira keynesiana abraçada por esses economistas e empresários que celebram mais gastos públicos, pois isso estimularia a demanda agregada que, por sua vez, incrementaria a produção nacional e geraria mais emprego e renda. A crença nessa ilusão é justamente o que nos trouxe aqui, com contas públicas deterioradas e uma lamentável situação de estagflação: baixo crescimento e elevada inflação.

O empresário ainda tenta, imitando o próprio Lula, dar um jeito de concluir que essas manifestações todas são resultado do sucesso dos últimos anos. Ele diz:

Internamente, uma grande massa teve aumento de renda, aprendeu a gostar do país em que vive e se acostumou a ter orgulho de ser brasileiro - milhares de trabalhadores foram repatriados. Agora, essa massa quer mais. Quer infraestrutura, saúde, educação, transporte eficiente, combate à corrupção.

Patriotismo despertado pelo sucesso da economia, eis o resumo que faz Steinbruch do quadro atual. Eu discordo totalmente, claro. Aquele crescimento era artificial, insustentável, e a conta está chegando. Junte-se a isso a questão da corrupção escancarada e da impunidade, e temos um barril de pólvora. O PT plantou essas sementes podres, e agora está colhendo seus frutos. 

Benjamin Steinbruch aplaudia a gestão antes, gostava do veneno que produziu os males, e agora se faz de desentendido, e demanda mais veneno ainda. Eu tenho dito e repito: quem tem Fiesp não precisa de USP. A Fiesp é vermelha.

3 comentários:

Francisco Amado disse...

Como esse acontecimentos me lembra o livro a Revolta de Atlas. Parece que Ayn Rand visitou o Brasil de alguma forma e retornou para sua época e escreveu o Livro.
Só falta encontrar John Galt.

Anônimo disse...

Rodrigo,

acredito que a crise de representatividade passa não só pelos partidos políticos, como por entidades de classe ou sindicatos, como a Fiesp.
Para quem é empresário em SP, a Fiesp não representa absolutamente nada além de um prédio bonito na avenida paulista, o pagamento de contribuição patrimonial e o SESI/SENAI. Sem contar o uso desta classe pelo sr. Skaf, eterno candidato.
Do mesmo modo, os sindicatos não representam mais os trabalhadores destas indústrias (salvo casos isolados).

É hora de reflexões

Anônimo disse...

Ah, não foi ele. Foi o Roger Agnelli.