quinta-feira, março 23, 2006

McLanche Infeliz



Rodrigo Constantino

Pressionado pelo Ministério Público Federal, o McDonald's concordou em passar a vender o brinquedo que acompanha o McLanche Feliz sem a necessidade da compra do sanduíche. A ação do MP ocorreu após o recebimento de reclamações de “pais que se sentiam obrigados a comprar o lanche quando seus filhos queriam apenas o brinquedo”, segundo notícia da Folha Online. Mais uma demonstração de que o Estado se mete onde não deve, algo típico de países socialistas.

Ora, pais que se sentem obrigados a satisfazer as vontades dos filhos já mostram algo de muito estranho. Achei que bastava dizer “não” para os fedelhos. Ao menos é assim que tento educar minha filha, impondo limites. Além disso, o McDonald’s não é uma loja de brinquedos, e os utiliza justamente como forma de promoção, para aumentar as suas vendas. Várias empresas utilizam tal estratégia de marketing. Brinde vendido não é mais brinde! Mas ao que parece, estamos num país onde cada mínimo detalhe do negócio deve ser aprovado pelos burocratas.

A reportagem explica a razão por trás da medida: “A preocupação da Procuradoria é evitar que principalmente o público infantil seja estimulado ao consumo por meio desse tipo de promoção”. Agora sim, tudo faz sentido! Consumo é mesmo coisa de Lúcifer, e o ideal seria que ninguém consumisse nada. Complicado seria gerar empregos e sustentar os burocratas que “pensam” assim sem o pecaminoso consumo.

Diante da completa falta do que fazer desses burocratas, e do grau assustador de ingerência estatal nos negócios, restou-me apenas uma dúvida cruel: o que vai ser do Kinder Ovo?

9 comentários:

Anônimo disse...

Cara... se você quer reclamar, reclame da lei. Vá reclamar ao deputado que propôs a lei. Porém, enquanto ela existir, o MP ou qualquer outro órgão ou pessoa pode exigir que ela seja cumprida. Eu também sou absolutamente contra a intromissão de qualquer governo no comércio, porém, as empresas utilizam muitos métodos que contrariam determinadas leis.
Concordo plenamente com o MP, neste caso.

Concordo também com a explicação “...o público infantil seja estimulado ao consumo por meio desse tipo de promoção”.
Se publicidade não influenciasse nas nossas decisões, não se gastaria tanto dinheiro com elas.
Nós somos adultos e conseguimos refletir sobre uma propaganda... as crianças não conseguem.

Eu só gostaria que você postasse aqui no seu blog qual a lei que o MP utilizou para barrar a venda conjunta dos produtos - você deve ter este dado, já que, provavelmente, não escreveria algo sem conhecimento.

Obrigado.

Pedro P disse...

Bruno, está completamente errado quando diz "Vá reclamar ao deputado que propôs a lei", você acha então que ninguém tem o direito de reclamar de algo em seu blog? você acha que um único cidadão honesto conseguirá alguma mudança reclamando com um deputado?
O que eu imagino que Constantino tenha objetivado com esse artigo é mostrar mais uma vez os erros de nossos governantes, para que os leitores compreendam que estamos no caminho da servidão e precisamos mudar de rota.

Rodrigo Constantino disse...

As crianças não compram sozinhas o lanche. Os pais frouxos, que não sabem dizer "não" e estão criando monstrinhos mimados, é que se consideram "obrigados" a comprar o lanche. Não gostou da promoção do Mc? Ok, direito de qualquer um. Que não compre mais ali. Lanche no Bob's!

Anônimo disse...

Uma coisa é consumir, outra coisa é consumir junk food.

Consumo em excesso, seja de hamburgers, roupas ou CDs é ruim para o pobre consumidor, que se individa para se "adequar" a sociedade consumista e fútil.

Se a poupança interna brasileira fosse um pouco mais alta, talvez o Juros não estaria na casa em que está.

Anônimo disse...

Nunca havia analisado esse fato por tal ponto de vista... é realmente pertinente.

Anônimo disse...

As pessoas têm liberdade para escolher se vão comer junk food ou não, quanto às crianças cabe aos pais ensina-las a não seguir tudo que a sociedade impõe e ensina-las do mal que o fast food pode causar se consumido em excesso.

Isso é o Estado se intrometendo naquilo que é responsabilidade dos pais.

Camafunga disse...

Concordo plenamente com o comentário acima, no que diz respeito a educação infantil, entretanto, isso não tira a responsabilidade da vinculação de um lanche nutricionalmente desaconselhável a crianças a objetos de apelo infantil, tanto que a própria Disney esta desfazendo contrato com a Macdonalds no sentido de resgate de imagem.

Anônimo disse...

tem uns promotores que são umas piadas. Querem impedir o incentivo ao consumo justamente facilitando a compra de um boneco de plastico do Shrek ? Piada pronta !

Adriano disse...

O que passa a ser considerado brinquedo? Precisa ser de plástico? Se for comestível passa a ser permitido?

Ora, isso mostra que a intromissão é completamente circunstancial. Chegará na Páscoa e os ovos infantis passarão a ter brinquedos de marzipã, de caramelo e outros ingredientes poucos saudáveis.