terça-feira, julho 18, 2006

Os Intocáveis



Rodrigo Constantino

Em A República, Platão fala do anel de Gyges, que tornaria aquele que o veste invisível. Quem respeitaria as regras com tal poder? Que tipo de imperativo moral interno este usuário teria que ter para não sucumbir à tentação de abuso desse poder?

Na história, podemos facilmente aprender que não é razoável contar com este autocontrole. Indivíduos que acumularam poder em demasia normalmente abusaram dele. O poder corrompe – eis um fato. Por isso que civilizações avançadas encontraram meios para limitar a concentração de poder e adotaram um império da lei. As leis devem ser isonômicas, válidas igualmente para todos, buscando assim evitar a arbitrariedade dos governantes. Infelizmente, esta não é, nem de perto, a realidade brasileira. Aqui os governantes concentram poder demais, de forma arbitrária. Seus amigos ficam acima das leis, impunes, enquanto os inimigos sofrem o rigor de leis mal interpretadas, possível pelo excesso de ambigüidade delas.

Isso explica porque 32 criminosos do MLST foram soltos. Eles haviam sido presos após invadirem e depredarem o Congresso, chegando a mandar um segurança para o hospital. Além desses baderneiros receberem verbas federais milionárias, contam com o apoio do governo para ficarem acima das leis. O líder do movimento, Bruno Maranhão, é amigo pessoal do presidente Lula e ligado ao Partido dos Trabalhadores. Segundo os procuradores, o juiz que ordenou a liberação desses criminosos teria recebido documentos da Ouvidoria Agrária Nacional, ligada ao governo federal. Ao que tudo indica, essa turma do MLST, acusada de formação de quadrilha e lesões corporais graves e leves, está livre por pressão do próprio governo, que deveria ser o maior guardião da lei. E ainda chamam isso de “movimento social”. Nenhum país pode dar certo dessa maneira.

A impunidade é, provavelmente, o maior mal que assola nossa nação. Os “mensaleiros” não só andam soltos por aí, como muitos serão candidatos novamente. Delúbio Soares, Marcos Valério, José Dirceu, Waldomiro Diniz, nenhum desses está preso. O crime compensa. Os governantes vestiram o anel de Gyges. São invisíveis perante as leis. São intocáveis!

Um comentário:

Verbi Gratia disse...

Rodrigo,

Dá só uma olhadinha no cafofo em que mora o sem-terra Bruno Maranhão:

Cafofo do Bruno

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Forte abraço.