segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Resposta a Olavo



Rodrigo Constantino

Meu artigo sobre o fanatismo religioso, inspirado em Voltaire, despertou passionais reações, como era de se esperar. Seguidores do filósofo Olavo de Carvalho, em uma comunidade do Orkut, preferiram me xingar de adjetivos tão chulos que não vem ao caso repeti-los. Nivaldo Cordeiro escreveu um artigo também me atacando, como o título deixa claro: “O Bestialógico do Constantino”. Mas não atacou meus argumentos. Após algum tempo só de agressões na comunidade do Olavo, resolveram chamar o próprio “mestre”, e foi quando ele entrou também me agredindo, e apelando à autoridade o tempo todo, apenas repetindo que era impossível debater com um ignorante como eu. Agora, resolveu responder através de um artigo no seu site, o qual pretendo comentar brevemente aqui.

Antes disso, entretanto, creio ser útil para o leitor ter uma noção melhor do tipo de reação de Olavo, que garantiu não ter reagido de forma emocional, citando algumas de suas frases direcionadas à minha pessoa: “Pare de blefar, moleque idiota”; “Não dá para discutir com o ignorante completo”; “Será bom para mostrar aos demais que tipo de lixo falante é esse pirralho desprezível”; “É esse o merda que quer me ensinar a debater?”; “Não odeio uma casca de banana quando escorrego nela, nem um bostinha metido a intelectual quando o mando de volta para a escolinha maternal”. Esta é a postura adequada de um filósofo? Enquanto isso, Olavo diz que Karl Popper não é referência séria para a filosofia. Faz sentido. E não custa lembrar que fui colunista do Mídia Sem Máscara por muito tempo, site de Olavo. Estranho ele oferecer tanto espaço para um “bostinha”. Mas eis o efeito na mudança de opinião que a religião pode gerar.

Olavo disse que responderia aos absurdos históricos levantados por Voltaire, mas não o fez. Em seu lugar, preferiu desqualificar o autor, afirmando que sua obra é considerada por muitos um embuste. As citações de Voltaire, abordadas em meu artigo, permanecem sem resposta. Por exemplo: é ou não é questionável se Moisés de fato existiu? O que falam sobre ele não parece pura fantasia? Não existiam histórias similares na Arábia, que podem ter influenciado a dos judeus? Davi não cometeu mesmo os crimes citados? Não existe um Evangelho que poderia levar a crer que Jesus era filho de Mirja numa relação adúltera? É falso que consta um milagre atribuído a Cristo de expulsar os demônios para porcos numa região onde não existiam porcos? É mentira que os Evangelhos hoje considerados apócrifos eram citados pelos primeiros padres? Seria mentira que os exorcizados eram pessoas mais ignorantes e humildes, como ocorre hoje na Igreja Universal? Voltaire mente ao falar sobre o período de Diocleciano, onde os cristãos não foram perseguidos, ao menos no começo, e ainda criaram uma rica igreja? Constantino matou ou não sua própria mulher? Consta ou não nos relatos da Igreja como foi feita a escolha dos Evangelhos aceitos no Concílio de Nicéia? Enfim, quais das citações históricas de Voltaire são absurdas? Olavo não diz. Apenas desqualifica a obra inteira, sem especificar onde residem os erros.

Olavo discorda veementemente da minha afirmação de que a ciência pede para ser desafiada e refutada, como justamente ensina Popper, enquanto a religião costuma mandar aceitar com fé sem muitos questionamentos. Ele diz: “Desde os seus primórdios, a religião cristã sempre se abriu à discussão, como o evidenciam os escritos dos primeiros padres, quase todos eles compostos em resposta aos críticos da nova fé ou a divergências internas quanto ao seu significado”. Alguém consegue mesmo sustentar que é absurda a afirmação de que a ciência, mesmo com seus erros, é mais aberta às críticas que a religião? Alguém consegue imaginar cientistas em geral agindo da mesma forma que os crentes religiosos? É mesmo preciso responder essa inversão “olaviana” de que a religião é que pede críticas e questionamentos enquanto a ciência exige fé e boca calada?

Olavo não chega a defender a Inquisição, mas luta com afinco para justificá-la e reduzir suas atrocidades, afirmando que era normal ter um índice de livros proibidos (não vejo isso na ciência) e que heresia “significa uma doutrina não católica ou anticatólica pregada dentro da Igreja por alguém que continua a intitular-se membro dela e a desfrutar da sua proteção”. Ou seja, nada demais! Alguém consegue imaginar um cientista indo para a fogueira por questionar a teoria do “Big Bang”? Olavo diz: “Em termos quantitativos, a perseguição religiosa no Ocidente cristão não tem comparação possível com a sangueira desmedida inaugurada pela Revolução Francesa”. Ora, eu condeno ambos! Os jacobinos não têm qualquer semelhança com os verdadeiros liberais. Seus crimes inocentam os da Igreja? Notei que os aliados de Olavo insistiam o tempo todo em atrelar o ateísmo ao comunismo, e sempre que as barbaridades da Igreja vinham à tona, bastava acusar os ateus de crimes mais bárbaros ainda. Não creio que uma coisa justifique a outra, tampouco é razoável alguém associar todos os ateus aos comunistas. Os comunistas foram bárbaros porque eram comunistas, não por serem ateus. Essa falácia é tão absurda quanto condenar toda a fé religiosa por causa de Bin Laden. Dois pesos, duas medidas.

Por fim, Olavo diz que é possível debater o assunto religião somente com a mesma erudição dele, e profundo conhecimento. Pergunto então: por que tantos crentes são ignorantes? Esses sabem das coisas e podem debater o assunto? Na verdade, não importa o grau de leitura, certas perguntas podem e devem ser feitas por qualquer leigo, e merecem resposta. Se estas não existem, então o melhor é admitir a ignorância, mesmo com tanta erudição. Por exemplo: Jesus foi mesmo Deus em pessoa? Ora, como esperam provar isso? Se era o Messias, por que não podemos levar suas palavras ao pé da letra? Deus iria desejar confusão entre os homens, já que a ambigüidade de suas mensagens geraram tantas fações distintas de sua seita? Se existem diferentes interpretações para a Bíblia, então não é apenas a razão humana que irá determinar o correto? Como explicar as contradições do “livro sagrado” sem usar o livre-arbítrio humano? É crível que uma virgem realmente deu a luz a um filho de Espírito Santo? Fazer este tipo de questionamento não exige doutorado de teologia, apenas bom senso. E parece muita presunção assumir que a resposta é conhecida. Eis a postura de fanáticos. Os muçulmanos fundamentalistas também têm certeza de que encontraram a única verdade sobre o assunto. E ai de quem discordar...

Meu único interesse com o tema religioso é mantê-lo no seu devido lugar, ou seja, na esfera pessoal, no foro íntimo de cada um. Pois fé é algo subjetivo. E o perigo começa justamente quando alguns pensam que é algo objetivo, e que basta umas leituras para resolver de uma vez por todas as questões que atormentam a humanidade desde os primórdios. É uma perigosa arrogância. Como disse Mises, o Liberalismo limita sua preocupação exclusivamente com objetos desse mundo, enquanto o reino da religião é de outro mundo. Liberalismo e religião podem conviver lado a lado, pois o liberal proclama tolerância para qualquer crença religiosa. Isso leva à paz, que fica ameaçada justamente quando os crentes começam a tratar um tema tão subjetivo assim com presunçosa objetividade, alegando que apenas os ignorantes não enxergam as roupas do imperador. A reação passional de muitos admiradores de Olavo, e do próprio, apenas corrobora com isso. Foi uma grande decepção. Ainda que esperada, de certa forma. Como muitos sabem, Olavo já foi comunista. Pelo que me parece, ele trocou o deus, mas não mudou o fanatismo.

70 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo, gosto tanto de você como do Olavo.....errr....mas reconheço que este último deixa-se perder pela paixão! :o)

Perdoe o fogo santo do irmão!


Ahahahah...


Desculpe a brincadeira, seu blog é ótimo.

Abs.

Anônimo disse...

Rodrigo, não perca seu precioso tempo discutindo religião com fanáticos ignorantes.

Religião é tão importante para o Brasil quanto futebol e carnaval. É o conforto das massas.

Acho legal se ter fé, mas qualquer tipo de fanatismo religioso é deplorável, fruto de uma sociedade ignorante e excluída intelectualmente.

Não há mais motivos para ser ignorante quando se tem Internet.

Recomendam a todos que vejam isso daqui:

http://www.youtube.com/watch?v=q7BQKu0YP8Y

Anônimo disse...

Rodrigo

Cabe atrelar o ateísmo ao comunismo e ao fascismo sim, pois são frutos de quem tem mentalidade atéia.

O que vc está defendendo afinal o liberalismo ou o ateísmo ?

Parece ser o último pelo seus textos. Porém para negar a mortandade das doutrinas atéias, vc agora diminui a amplitude do conceito que te interessa.

Mais. Porcos deviam existir Palestina, pois a parábola do filho pródigo tb faz referência a porcos. e não há nenhum milagre em questão a ser observado em parábolas.

Como um judeu ia contar estórias com porcos se eles não existissem ?

Outra coisa. Vc por acaso já vasculhou as contstações que foram feitas a Voltaire ? Por que não nos informa sobre isso ?

Anônimo disse...

Metade das pessoas acreditam em médiuns e paranormais. Outra grande parte acreditam no milagre da santa na janela. E outra parte acreditam em papai noel e coelhinho da páscoa.

Por que um médium não pode incorporar um espírito de um japonês e parapsicografar em Japonês !!!!??? Sim, vão falar que já fizeram isso. Eu também já vi um cara levitar a uma altura de 1km e voltar lentamente.

Ter fé e humildade é importante. Há algo acima de nós, com certeza, mas um pouco de lucidez sempre cai bem...

Anônimo disse...

O Olavo não é a última palavra em nenhum assunto,você tenta desqualificar os que o criticam colocando todos no mesmo saco:olavianos
Reafirmo que você não sabe nada sôbre a história das religiões,suas interpretações literais da Bíblia são risíveis,lembram-me as patacoadas de Robert Graves,que buscava a origem de todos os mitos em fenômenos naturais e exteriores.
Você já anotou uma sequência longa de seus próprios sonhos,ao longo de anos,
e buscou entendê-los com seu tôsco racionalismo?Você tem idéia do que são
os SÍMBOLOS,do que seria uma leitura simbólica e não literal de textos religiosos?Você já estudou a Mecânica,
Ilya Prigogine,a Teoria do Caos,você tem idéia dos caminhos da Alta Ciência
e não de um determinismo vulgar que se passa por ela?Você é capaz de estudar
a fundo os mitos,crenças,e as altas religiões sem vomitar em cima do texto?
Se não o consegue é porque não consegue
se libertar da ditadura de seu próprio racionalismo estreito.Repito que o seu
tom inflamado trai,neste assunto,um emocionalismo que nega a sua pretensa racionalidade;em psicologia isto chama-se enatiodromia.Religião trata de coisas EXTRACONSCIENTES e que são tratadas com uma linguagem adequada a elas.Amadureça e apareça,seja mais humilde e não agrida gratuitamente
os outros.
Você está testando os cristãos, esbofeteando-os para testar se eles dão a outra face para ser também esbofeteada?Eu adverti ontem que o Olavo e o Nivaldo iam revidar,isto mostra que sua interpretação literal da Bíblia é um furo n'água.

Anônimo disse...

Com a palavra : Olavo de Carvalho.

"Como Rodrigo Constantino (Rodericus Constantinus Grammaticus, aquele do “entre mim”) prometeu me ensinar a debater e exigiu que em vez de observações soltas eu produzisse um comentário linear ao seu artigo sobre Voltaire e a Igreja, disponho-me aqui a fazer isso, em capítulos, levando até o fim o exame dos seus argumentos (digamos que o sejam), mas advirto que não considero esse empreendimento, de maneira alguma, um debate de opiniões. Não há debate entre o conhecimento e a ignorância. Constantino está excluído de qualquer discussão séria sobre assuntos religiosos ou filosóficos por seu absoluto despreparo e sua confiança cega em chavões populares, que ele toma como portadores de certezas indiscutíveis ao ponto de que a simples ameaça de contestá-las lhe causa espanto e indignação, como é típico do provinciano ao ver desafiadas as crenças usuais do seu meio limitado.

O propósito dessas linhas não é de maneira alguma debater com Rodrigo Constantino, mas apenas mostrá-lo aos leitores como anti-exemplo, como amostra de tudo o que não é e não deve ser um estudante. Se por acaso ele tiver a presunção de se alçar à condição de meu debatedor, terei o direito de exigir que minha análise de seu artigo seja também examinada linha por linha, impugnada afirmação por afirmação, com provas e exemplos históricos. No mínimo esse meu professor de arte dialética deveria estar informado de que a regra mínima do debate honesto reside na igualdade de exigências de parte a parte. Qualquer coisa que ele venha a me objetar, e que não se apresente com todos os rigores formais de um comentário linear será rejeitada desde logo como desconversa e mera expressão de sentimentos irracionais. Digo isso porque nas páginas da comunidade “Olavo de Carvalho” no orkut ele simplesmente esfarelou a conversa, atirando para todos os lados ao mesmo tempo, misturando como doido todos os níveis de significado e até apelando ao recurso porco do bombardeio de perguntas em desordem (estratagema 7 de Schopenhauer), além de impugnar como argumentum ad hominem a minha alegação de sua ignorância do assunto, provando assim ignorar também o sentido do termo latino a que apelava. Aqui não aceitarei essas impertinências. Para maior facilidade do referido, bem como dos demais leitores, numero os parágrafos do seu texto, bem como os do meu comentário.

TEXTO

1. “Muitos acham que religião não se discute, mas eu não concordo. Afinal, o tema é sagrado apenas para os que assim o consideram, e estes não têm o direito de exigir dos demais o mesmo tratamento de reverência.”

COMENTÁRIO

1.1. Desde os seus primórdios, a religião cristã sempre se abriu à discussão, como o evidenciam os escritos dos primeiros padres, quase todos eles compostos em resposta aos críticos da nova fé ou a divergências internas quanto ao seu significado. É absurdo que alguém entre num debate sobre o cristianismo ignorando o dado mais elementar da sua história, isto é, que a nova religião não surgiu como uma doutrina pronta, mas como fato de ordem espiritual e histórica, só adquirindo forma doutrinal aos poucos e, precisamente, ao fio das discussões internas e externas. Mais tarde, foram os filósofos cristãos que desenvolveram ao máximo a arte da discussão dialética (disputatio), o que seria uma extravagância inexplicável se não apreciassem a prática do debate, seja entre si, seja com os filósofos judeus e muçulmanos. Isto são fatos tão abundantemente comprovados pela História que não deveria ser necessário insistir neles se o presente estado de teratologia cultural brasileira não fizesse brotar por toda parte palpiteiros arrogantes que ignoram tudo dos assuntos que pretendem discutir. (V. NOTA no fim deste tópico.) Em todo caso, um bom sumário da evolução das discussões medievais encontra-se em Alois Dempf, La Concepción del Mundo em la Edad Media (Madrid., Editorial Gredos). Por fim, resta considerar que, ao longo da História, talvez nenhuma outra comunidade tenha produzido tantos debatedores e polemistas admiráveis como a comunidade cristã, de Sto. Tomás até Donoso Cortés, Newman, Chesterton, Bloy, Veuillot, Bernanos e os nossos Leonel Franca e Gustavo Corção entre outros inumeráveis, o que permaneceria um enigma incompreensível se fosse próprio da religião cristã furtar-se ao debate.

1.2. Quem excluiu a religião do campo dos debates racionais foi, em primeiríssimo lugar, o próprio Voltaire. Suas opiniões quanto a esse ponto antecedem e preparam o dogma positivista que veta a discussão de tudo o que não esteja ao alcance dos cinco sentidos. Como deísta, ele acreditava que existe um Deus criador e bom, mas que nada mais se poderia saber a respeito, sendo inúteis e perniciosas não só as investigações dos teólogos mas todas as especulações de Spinoza, Leibniz, Wolff e outros, às quais ele não opunha argumento nenhum mas apenas a chacota fundada numa interpretação caricaturalmente pueril dos textos. O próprio Voltaire confessava não entender as doutrinas desses filósofos, mas atribuía isso à insensatez intrínseca dessas doutrinas e não à sua própria falta de tirocínio filosófico, fazendo da inépcia a virtude suprema do intérprete e reprimindo em seus leitores o desejo mesmo da investigação filosófica.

1.3. O passo seguinte nessa “proibição de perguntar”, como a chamou Eric Voegelin, foi dado por Immanuel Kant, logo imitado pelo positivismo comteano e seus sucessores diretos ou indiretos. Isto pode ser conferido em qualquer manual de história da filosofia. Kant foi o inventor da oposição radical moderna entre “fé” e “conhecimento”, que bloqueava automaticamente a possibilidade da discussão racional dos fundamentos da religião.

1.4. Por fim, Max Weber, um herdeiro intelectual do positivismo, consolidou o muro de separação entre “fatos” e “valores”, tornando estes últimos o objeto de puras escolhas individuais, externas ao debate racional.

1.5. Rodrigo Constantino já começa, pois, o seu artigo com uma brutal inversão, ao atribuir à religião e não aos seus críticos modernos a iniciativa de excluí-la do rol dos assuntos debatíveis. É um erro medonho, elementar e bárbaro, mas não posso imputá-lo à malícia genuína, pois nenhum malicioso seria tolo o bastante para proclamar, com ares de tanta certeza, uma bobagem tão facilmente impugnável.

NOTA ao parágrafo 1

O direito à livre expressão de opiniões implica, da parte dos possíveis ouvintes, o direito de não lhes prestar a mínima atenção. O direito à expressão não é a mesma coisa que o direito à atenção pública. Este, por sua vez, é proporcional à sinceridade do interesse pelo assunto, a qual se mede facilmente pelo tempo e pela seriedade concedidos ao seu estudo. Isso quer dizer, sumariamente, que o ignorante das bases elementares de uma discussão não tem, moralmente, nenhum direito a solicitar e menos ainda a exigir a atenção do público, muito menos em pé de igualdade com aqueles que dedicaram sua vida inteira ao estudo do tema. Rodrigo Constantino, que ignora tudo da história da Igreja, bem como da história da Filosofia, e tenta compensar seu vácuo de conhecimentos ciscando às pressas informações numa fonte tão incerta quanto a Wikipedia, não tem nenhum direito à minha atenção ou à atenção de qualquer leitor sério ao opinar sobre essas matérias. Não o reconheço como interlocutor, não o considero qualificado nem mesmo para ser meu aluno, de vez que lhe faltam o senso da sua própria ignorância e o simples pressentimento de que os assuntos em que opina têm atrás de si uma tradição milenar de estudos, sem o acesso à qual é impossível até mesmo a informação perfunctória sobre o “satus quaestionis”. Não acredito que ele seja totalmente desonesto, apenas monstruosamente inculto e presunçoso. O único direito que lhe reconheço nesta questão é o de calar a boca antes de se expor a uma humilhação completa que talvez ele não seja capaz de aproveitar como lição útil.

TEXTO

2. “Acredito que a crença religiosa dogmática é a maior inimiga da liberdade, e por isso creio que o tema não só pode como deve ser debatido sob a luz da razão.”

COMENTÁRIO

2.1. A idéia da liberdade, no sentido moderno de livre escolha individual, só surgiu no mundo como um dogma da Igreja. No mundo antigo era um conceito totalmente desconhecido. Nos países islâmicos ainda é ignorado e não faz sentido em face da prevalência da doutrina da predestinação.

O que se entendia como liberdade no mundo greco-romano era a simples capacidade de agir com base no poder individual (força física, propriedades, escravos, exército particular), o que naturalmente implicava a distinção entre os cidadãos livres e os demais.

A idéia da liberdade como um elemento constitutivo da natureza humana e portanto como um direito natural de cada pessoa independentemente de sua condição social e de suas propriedades foi uma novidade absoluta trazida ao mundo pela religião cristã. Foi com base nessa idéia que a Igreja combateu e finalmente aboliu a escravatura romana. (NOTA) Hoje todos desfrutam desse direito como se fosse uma obviedade conhecida desde o começo dos tempos, e não uma árdua descoberta que teve de lutar contra a incompreensão de toda uma estrutura mental consolidada por hábitos milenares.

2.2. Ortega y Gasset já dizia que os principais inimigos da cultura são os “señoritos satisfechos” que desfrutam do legado da civilização sem ter a menor idéia de como foi conquistado e, por ignorância das condições que o geraram, acabam por destruí-lo.

Suprimam o dogma cristão da liberdade humana e, em poucos anos, ideologias fundadas em hipóteses científicas (ou, se quiserem, pseudocientíficas) eliminarão toda liberdade civil, argumentando que os seres humanos são bichinhos programáveis sem a menor necessidade ou possibilidade de exercer a liberdade. Essas ideologias não surgiram só no campo nazista ou comunista, mas florescem abundantemente no campo cientificista-materialista ocidental.

2.3. Mesmo supondo-se que o dogma cristão fosse inimigo da liberdade humana, continuaria sendo um exagero pueril rotulá-lo “o maior” deles. Só para exemplificar, tomemos o período tido como de maior opressão religiosa no Ocidente, da fundação da Inquisição em 1232 até sua extinção em 1834, e comparemos com os regimes totalitários modernos.

2.3.1. Ao longo de toda a sua existência, o tribunal teve inimigos poderosos e foi abertamente criticado na Igreja, sobretudo nos círculos mais próximos do papa. Vocês conseguem imaginar um ministro de Hitler fazendo discursos contra o Holocausto, ou um assessor de Stalin condenando publicamente o Gulag?

2.3.2. Todo processo de heresia seguia um trâmite regular. Apresentada a acusação, o tribunal delegava um inquisidor para que fosse pessoalmente buscar o acusado e discutisse com ele, até à exaustão, os pontos suspeitos de heresia. A discussão podia se prolongar por muitos anos, e o inquisidor deveria conhecer o pensamento do acusado em todos os seus detalhes. No processo contra Pedro Abelardo, por exemplo, o inquisidor escolhido foi S. Bernardo de Clairvaux, por ter estudado as suas obras e por ser seu amigo de infância. A condenação só vinha quando o próprio acusado se obstinava até o fim em manter suas opiniões, a despeito de todas as tentativas de persuadi-lo do seu erro. Vocês conseguem imaginar semelhantes escrúpulos nos tribunais da Revolução Francesa, onde o intervalo entre a acusação e a decapitação era de semanas ou dias?

2.3.3. “Heresia” significa uma doutrina não católica ou anticatólica pregada dentro da Igreja por alguém que continua a intitular-se membro dela e a desfrutar da sua proteção. As doutrinas de outras religiões, ou apresentadas explicitamente como não católicas, não eram passíveis de processo por heresia. O objetivo desses processos não era eliminar o pensamento divergente, mas apenas manter a unidade interna da própria Igreja (NOTA). Enquanto os heresiarcas eram processados, os livros dos pensadores judeus e muçulmanos não apenas continuavam a circular livremente mas eram estudados e debatidos nas universidades e tidos em alta conta pelos filósofos cristãos. Vocês são capazes de imaginar o Partido Comunista da União Soviética punindo apenas os seus dissidentes internos e deixando circular livremente nas universidades os livros de Alexis de Tocqueville, Friedrich von Hayek, Ludwig von Mises?

2.3.4. A necessidade de preservar a unidade da Igreja era algo mais do que mero auto-apego de um grupo doutrinal. A Igreja era o principal fator unificador da civilização européia, então sob o ataque constante dos muçulmanos, unificados, do seu lado, pela religião islâmica. A fragmentação da Igreja tornaria a Europa indefesa contra os muçulmanos, e por este motivo, não por “fanatismo dogmático”, as heresias foram condenadas exatamente como hoje o seriam os crimes de alta traição num país em guerra. O que quer que pensemos dos métodos usados pela Inquisição, assim como dos abusos criminosos que não deixaram de ser cometidos em seu nome, não há como negar que, sem a sua ação, o desmembramento da Igreja e a ocupação da Europa pelos muçulmanos seriam praticamente inevitáveis. Hoje o nosso Rodericus Constantinus Grammaticus se chamaria Al-alguma coisa e, sob a vigilância da polícia religiosa, guardaria suas idéias voltaireanas para si mesmo, sob pena de decapitação. É uma delícia poder desfrutar dos benefícios da civilização ocidental e cuspir no túmulo daqueles que os fizeram chegar até nós.

2.3.5. Em termos quantitativos, a perseguição religiosa no Ocidente cristão não tem comparação possível com a sangueira desmedida inaugurada pela Revolução Francesa. Segundo a pesquisa histórica recente (v. Henry Kamen, The Spanish Inquisition), a mais temível das inquisições, a espanhola, executou no máximo vinte mil pessoas ao longo de quatro séculos, ao passo que a Revolução Francesa fez dez vezes mais vítimas em menos de um ano. E seria imbecil atribuir a sangueira revolucionária apenas aos jacobinos. Os girondinos, dos quais os liberais modernos se apresentam como herdeiros ideológicos, foram os primeiros a pregar a matança como panacéia revolucionária para os males da França.

2.3.6. Apresentar pois o dogmatismo religioso como “o maior inimigo da liberdade” é apenas forçar a linguagem para criar do nada uma impressão de realidade. É um peido verbal que se espalha no ar para lançar sobre os circunstantes a culpa pelo mau cheiro.

NOTA ao parágrafo 2.1

No sistema romano, os escravos não podiam ter família nem propriedades. As relações sexuais eram coletivas para que os escravos não soubessem quem eram seus pais, não tendo portanto nem mesmo a possibilidade de disputar a herança de objetos de uso pessoal.



TEXTO

3. “Foi o que fez Voltaire, o ‘Pai do Esclarecimento’, segundo Karl Popper. Em seu livro O Túmulo do Fanatismo, Voltaire liga uma metralhadora giratória, mas munida com sólidos argumentos, contra o fanatismo religioso.”



COMENTÁRIO

3.1. O livro chama-se Examen important de milord Bolingbroke ou le tombeau du fanatisme. Foi escrito por volta de 1736 e publicado em 1767. Seus “sólidos argumentos” históricos são de cabo a rabo plagiados da Histoire critique du Vieux Testament, de Richard Simon (1678). Na época de Voltaire, essa obra já havia sido submetida a exames críticos devastadores, (Jacques-Bégnine Bossuet, Défense de la Tradition et des saints Pères, 1693, e La Politique tirée de l’Écriture sainte, 1709 ; Antoine Calmet, Dictionnaire historique et critique de la Bible,1722-1728). Voltaire omite as objeções apresentadas por esses autores, saltando sobre o status quaestionis e repetindo as acusações de Simon (sem citar a fonte) como se fossem a última palavra no assunto. Isso mostra, no mínimo, que ele tinha consciência de estar escrevendo apenas para uma platéia popular, alheia às investigações eruditas e à verificação de fontes, podendo, pois, permitir-se as maiores barbaridades sem grande risco de ser contestado. Que, passados dois séculos e meio, esse pastiche irresponsável seja por sua vez citado como fonte fidedigna, é algo que só pode acontecer na periferia do mundo, num ambiente provinciano alheio à vida intelectual civilizada. A crítica anti-religiosa de Voltaire já foi bem estudada e o consenso geral dos historiadores é que ela vale apenas pela virulência do sarcasmo, não pelo conteúdo histórico ou filosófico, constituído na maior parte de invencionices e sofismas cujo ridículo o estudante treinado reconhece à primeira vista, como por exemplo o de que todo cristão é egoísta porque cuida da salvação da sua alma em vez de fazer o bem aos outros. Voltaire, embora fosse uma inteligência menor, tinha o próprio gênio em tão alto conceito que chegou a proclamar : « Jesus precisou de doze homens para construir o cristianismo ; eu provarei que basta um só para destruí-lo. » A resposta dos tempos foi implacável. « Para nós, hoje, a sua obra em conjunto já não existe », conclui Otto Maria Carpeaux na História da Literatura Ocidental. Sobram uns poucos contos, que ainda fazem rir, e o Éssai sur les Moeurs, que dá testemunho do nascimento da sensibilidade histórica européia sem lhe acrescentar propriamente nada. Principalmente da sua crítica à religião resta muito pouco : « O antipascaliano Voltaire morreu para sempre.» Carpeaux, é claro, não previa o advento de Rodrigo Constantino.

3.2. O livro de Voltaire não é contra « o fanatismo », mas contra a religião cristã e a judaica em si mesmas. Constantino usa o termo « fanatismo » porque segue a moda de rotular de fanáticos todos os crentes de qualquer religião que seja – um truque semântico destinado a lançar sobre os cristãos e os judeus a culpa do que os radicais islâmicos fazem contra eles. Significativamente, Constantino usa o mesmo rótulo infamante para qualificar a minha pessoa, malgrado o fato patente de que, na rápida discussão à qual ele se referia, eu não defendesse nenhum artigo-de-fé de religião nenhuma e sim apenas a exigência da informação culta em debates a respeito. Não havendo portanto limites para a abrangência do termo « fanático », devo concluir que ele não significa nada além da confusão de maus sentimentos que Rodrigo Constantino nutre por certas pessoas.

* * *

NOTA: ainda sobre a liberdade de opinião

Pela lógica mesma do princípio de liberdade de expressão, há uma diferença entre a mera expressão de opiniões privadas num círculo de amigos e a opinião alardeada em público por alguém reconhecido como "opinion maker". No primeiro caso, a liberdade só é limitada pelas conveniências sociais e pela reação do grupo. O segundo implica algumas obrigações incontornáveis. A mais importante delas pode ser resumida assim: Nenhum formador de opinião tem o direito de tomar partido desta ou daquela corrente de idéias sem conhecer previamente, e com igual extensão, as demais correntes em disputa sobre o mesmo ponto. Isto é assim porque as idéias não existem no ar, puras e isoladas, mas fazem parte de uma trama social de discursos que se entrechocam, se complementam, se reforçam e se neutralizam, seja simultaneamente, seja na sucessão dos tempos. É só da visão abrangente desse conjunto que se obtém a clara percepção do sentido de cada uma delas.

O cidadão privado, sobretudo jovem, tem todo o direito de ler um livro isolado, entusiasmar-se pelas idéias do autor e sair apregoando num círculo pessoal a sua veracidade final e imbatível, sem a menor consciência do que outros disseram a respeito dos mesmos pontos ou diretamente contra essas idéias.

O formador de opinião não tem esse direito, pois ao fazer isso estará transmitindo a seus leitores e ouvintes uma visão deformada e falsa. O sentido e importância das idéias não pode depender da casualidade de um sujeito ter lido um livro e não outro, ou outros. O sentido e a importância das idéias depende do seu lugar na trama integral da cultura e, mais ainda, do seu lugar na história dos debates a respeito do mesmo tema. O formador de opinião que defende idéias soltas, sem o conhecimento desse contexto, é na verdade um deformador, um produtor de crenças aberrantes e sem sentido.

Rodrigo Constantino entusiasmou-se por um livro sem ter a menor idéia de que esse livro ocupa um lugar bem determinado, e abaixo de modesto, já não digo na história da filosofia, onde não ocupa nenhum, nem no da ciência das religiões, onde é solenemente ignorado, mas no campo bem mais limitado da mera polêmica religiosa e anti-religiosa. Esse lugar é o de um plágio vagabundo de obras só um pouquinho mais sérias. Mesmo no conjunto de obras do autor – Voltaire –, o livro mencionado está entre os mais datados e superados pelo tempo, não só pela constatação do plágio mas porque o avanço posterior dos estudos de história e ciência das religiões tornou absolutamente inaceitáveis as interpretações pueris que ele faz dos textos bíblicos.

Ao brandir esse livro como argumento anti-religioso para impressionar uma platéia que sabe ainda menos que ele, Rodrigo Constantino provou ser apenas um charlatão, com o atenuante de ser um charlatão inconsciente, já que ignora as regras mais elementares do debate cultural e nem mesmo ouviu falar da obrigação de informar-se sobre o status quaestionis antes de sair alardeando, como argumentos fulminantes, velhas bobagens a que jamais algum estudioso de religiões deu a mínima importância.

A confusão que ele cria com isso é ainda mais danosa porque, nas condições atuais do Brasil, a consciência do que é um debate cultural e de quais as suas exigências estruturais desaparece velozmente do horizonte de visão da massa estudantil, reduzido a dimensões exíguas pela pobreza do repertório oferecido pelas universidades e pela mídia.

A necessidade de conhecer o status quaestionis, por exemplo, é completamente ignorada por professores universitários e articulistas de jornal. Quando a mencionamos, entendem que é mera exigência pedante, sem importância prática para o entendimento da matéria em debate, quando ela é na verdade o único meio possível de obter esse entendimento.

Dessa ignorância resulta um efeito pior ainda, que é o hábito geral de raciocinar a partir de meras palavras e suas definições nominais, sem ter em conta o abismo que pode haver entre essas formas dicionarizadas e as realidades correspondentes no mundo dos fatos. As discussões tornam-se assim meros arranjos de frases que, quando bem sucedidos, são aceitos como persuasivos e verdadeiros ante quem desconheça a substância da matéria em debate, pois quem a conhece sabe que esses improvisos verbais passam longe de uma verdadeira discussão do assunto.

O resultado geral é uma barbárie verbosa e oca, na qual toda discussão séria se torna impossível e mesmo a prova mais detalhada e substantiva só pode prevalecer se por acaso vier a suscitar também admiração como feito de retórica.

Não é um acaso que, nesse ambiente, o próprio entendimento do que sejam "razão" e "ciência" se torne inviável, e as palavras correspondentes, reduzidas a estereótipos, sejam brandidas como símbolos de autoridade na defesa de ódios e preconceitos totalmente irracionais.

Quando Rodrigo Constantino menciona entre as "críticas embasadas" que encontrou do livro de Voltaire a afirmativa de que "os judeus são um povo de ladrões" ou de que o objetivo de todos os grandes santos, místicos e profetas fundadores de religiões é "dominar e enriquecer quanto puderem", ele chafurda na mais baixa irracionalidade no instante mesmo em que imagina personificar a razão e a ciência.

A miséria da sua falta de consciência de si é tão deplorável, tão patética, que eu preferiria nada dizer a respeito, só consentindo em dizer alguma coisa porque sei que essa miséria é contagiosa e temo pelo futuro de seus leitores."

Anônimo disse...

Facilitando o acesso:

O BESTIALÓGICO DO CONSTANTINO
09/02/2007

"O artigo de Rodrigo Constantino (“O túmulo do fanatismo”) que circulou amplamente na Internet, de tão bestialógico nem merecia um olhar de atenção. Olavo de Carvalho, numa das comunidades do Orkut, já desancou devidamente a peça e quem tiver interesse no assunto pode buscar naquele site o longo argumento do filósofo. Eu me disponho aqui a comentar apenas dois pequenos trechos por causa das mentiras ridículas que Constantino, um autor supostamente liberal, deveria ter notado. Mentir inconscientemente é pior do que fazê-lo de forma consciente. Vamos ao primeiro trecho:

“Muitos acham que religião não se discute, mas eu não concordo. Afinal, o tema é sagrado apenas para os que assim o consideram, e estes não têm o direito de exigir dos demais o mesmo tratamento de reverência. Acredito que a crença religiosa dogmática é a maior inimiga da liberdade, e por isso creio que o tema não só pode como deve ser debatido sob a luz da razão”.

“Acredito que a crença religiosa dogmática é a maior inimiga da liberdade”., escreveu ele. Não é, nunca foi. Dois são os maiores inimigos da liberdade, hoje como no passado: o primeiro, apelidado na Bíblia de Beemoth, é a massa insana e feroz, a falta de uma Ordem sem a qual é impossível se construir a civilização; o segundo é o Leviatã, outra metáfora bíblica que fala do Estado Absolutista, que tiraniza a humanidade desde que foi fundado.

Tanto a anomia desembestada pré-Impérios como a tirania imperial só puderam ser superadas pela religião revelada. A própria liberdade é uma dádiva da Revelação. Eric Voegelin, no Order and History, demonstra isso cabalmente. Então atribuir às religiões, especialmente ao judeo-cristianismo, o caráter de “maior inimigo da liberdade” é uma mentira atroz, um atestado de ignorância e uma má fé inconsciente de quem não sabe o que diz.

Vamos ao outro trecho:

“Os horrores da religião, nem de perto, são monopólio da Igreja Romana. Esta ganhou em quantidade de crimes apenas porque teve riquezas e poder por mais tempo. Os horrores do Islã são amplamente conhecidos, e Maomé mesmo foi um guerreiro empedernido. Ainda hoje os fanáticos muçulmanos trazem o terror ao mundo civilizado. Alguns podem acusar o ateísmo pela barbárie recente do comunismo, mas eu diria que o comunismo não deixa de ser uma seita religiosa, calcado na fé dogmática e totalmente contra a razão e a tolerância, que pede o debate e o questionamento. Marx é o Jesus dos comunistas, e se a religião é o ópio do povo, o marxismo é a cocaína”.

Outra mentira e outra inconsciência abominável, ignorância pura e simples. Os grandes crimes da História estão concentrados na modernidade – precisamente quando os valores da Tradição são abandonados em nome da razão – e seu desdobramento político em Estados laicos e ateus produziu as maiores guerras de todos os tempos, os maiores morticínios, o Holocausto judeu, os massacres dos comunistas que ceifaram mais de cem milhões de mortos. É estúpido atribuir ao catolicismo, como ele o faz, o título de campeão de prática de crimes. Não: são os ateus, os liberais assim como os comunistas, os verdadeiros campeões, simplesmente porque praticam o relativismo moral sob o qual tudo é permitido e a vida humana fica desssacrilizada e sujeita aos instrumentos de morte inventados na modernidade, da guilhotina à câmara de gás, da forca ao paredão.

Rodrigo é mentiroso e ignorante na matéria religiosa. Deveria se ater aos temas em que pode contribuir positivamente para o debate. Aqui ele pisou na bola."

$ disse...

Excelente postura Rodrigo. Olavo de Carvalho se revela um pensador pequeno - a despeito de toda sua erudição.

Ao corajoso anônimo que disse "Cabe atrelar o ateísmo ao comunismo e ao fascismo sim, pois são frutos de quem tem mentalidade atéia." - comunismo e fascismo são fruto do coletivismo, da irracionalidade. Da mesma fonte que a religião - qualquer que seja.

A fé não é a fonte da ética. A fé torna a ética impossível - exceto quando banida do âmbito do relacionamento humano. Daí um país que separa a igreja e o Estado ser um país livre, enquanto todos os estados religiosos da história foram (e são)tirânicos.

Anônimo disse...

Em resposta a $

Dizer apenas que comunismo e fascismo são fruto do coletivismo não ajuda em nada, não se explica nada.

Um ateu implanta um sistema genocida que mata milhões de judeus, o que vcs fazem ? Mudam o termo. ele não é ateu. È coletivista. Ora é ateu do mesmo jeito. Como é que vcs explicam isso ? Em pouco tempo da história ateus terem matado tanta gente ? Tem que se posicionar tb, caramba !

Se o rodrigo quer respostas e refutação as indagações Voltaire , pq vcs tb não fazem o mesmo ?

Anônimo disse...

Para mim a discussão já tinha acabado muitos posts atrás quando Constantino desonestamente omitiu-se de reconhecer os 120 milhões de mortos em nome do humanismo iluminista ateu no séc XX. Como é desonesto e não reconhece esse número catastrófico, para mim nenhuma outra discussão é necessária além, é claro, do puro prazer de reduzir a sua erudição à do plebeu ignaro e piolhento (copiando Nelson Rodrigues).

Rodrigo Constantino disse...

A insistência em condenar todo ateísmo por conta do comunismo não chega a ser patética, pois para tanto precisaria melhorar muito!

Recado que mandei para Olavo, já esperando que os "olavetes" iriam celebrar minha "fuga":

Olavo, não haverá respostas além deste último artigo. O "debate" está encerrado aqui, para mim. Vc venceu. Refutou cada argumento meu, não deixou uma única pergunta sem resposta objetiva, nem mesmo aquela sobre a divindade de Jesus, não apelou à autoridade, não praticou ad hominem, não derrubou espantalhos e deu uma verdadeira aula de honestidade intelectual. Aprendi muito. Muito mesmo. Parabéns.

Anônimo disse...

Vamos simplificar minha gente metida a besta.

Olavo de Carvalho possui uma gramática e um português de dar inveja a qualquer advogado, mas sua objetividade e praticidade cansam até o mais zen dos leitores.

Vamos direto ao ponto meus amigos. Acho que o que o Rodrigo quiz dizer não foi que Religião não existe, mas que é algo sem qualquer tipo de embasamento científico.

Que Jesus existiu, que ele foi uma pessoa maravilhosa e importante para o mundo, que os apóstolos existiram, que a religião existe e tem papel importante na sociedade, isso ninguém discute.

Cada um escolhe o seu grau de fé ou até mesmo fanatismo.

O que pode ser discutido, e isso vai cair na vontade e na fé de cada um em acreditar no inexplicável (DOGMA), são os milagres e a condiçao divina (divina = o próprio Deus, senhor do universo, criador de tudo, etc) de Jesus.

Alguns acreditam que uma mancha num vidro de janela é um milagre. Outros acreditam que é apenas um fenômeno normal causado pela incidência de luz e calor numa mancha de água. Mais ou menos como achar formas em nuvens. Quem está certo? O que acredita num milagre ou o que acredita numa mancha qualquer que por coincidência ficou parecida com uma santa? (Lembre-se que existem 500 milhões de janelas no mundo, ou seja, é plenamente normal que algumas vão ter manchas parecidas com alguma coisa!)

A resposta é que ambos estão certos. Somos livres para acreditar em qualquer coisa e ninguém pode nos dizer que estamos errados!

Alguns vão dizer que o milagre de Jesus de transformar água em vinho foi na verdade "o milagre da diluição do vinho na água! (e da sede e do paladar apurado dos ali presentes)". Outros vão dizer que acreditam que houve realmente um milagre, mesmo não tendo estado lá para provar o vinho.

Anônimo disse...

A questão é simples:

1. Constantino contesta o Cristianismo, Olavo não admite.
2. Olavo não admite, Constantino não se conforma.

Que diferença faz se o inconformado é o Olavo ou o Contantino?

Feita a pergunta, segue a resposta: NENHUMA.

Anônimo disse...

Rodrigo,não sei se você reconhece que
"pisou na bola" ao adentrar num assunto
que toca no SENTIDO DA VIDA,algo que a Ciência Materialista/Racionalista Ocidental nunca explicará a contento pois CADA SER HUMANO É ÚNICO e portanto foge,como uma totalidade única,do empirismo e das amostragens científicas.Você,de novo,tasca a pecha de "olavetes" em quem o critica,mas o fato é que,no plano filosófico ao menos,a derrota foi brava.Estude mais o assunto e lembre-se:se você vivesse num país islâmico a esta hora já estaria nos Campos Elíseos.Liberdade individual,goste você ou não disso,só
existe nos países de tradição cristã .

Anônimo disse...

É absurda a afirmação de Olavo de Carvalho de "que a Igreja combateu e finalmente aboliu a escravatura romana". Isso não passa de proselitismo religioso travestido de erudição. O Baixo Império Romano, quando a Igreja, paulatinamente, tornou-se a religião dominante, é também o período no qual a escravidão entrou em grave crise no mundo antigo, sendo substituída por várias formas de trabalho compulsório e dependente, em especial o colonato, no qual os camponeses (muitos dos quais ex-escravos) recebiam lotes de terra dos grandes latifúndios, entregando parte da produção. A escravidão teria acabado com ou sem o Cristianismo. É interessante notar que na parte oriental do império, onde o cristianismo era mais forte e enraizado, a escravidão jamais foi a forma de trabalho dominante. Já no Ocidente, em que o latifúndio escravista fez sua fortuna, os camponeses (entre eles, muitos ex-escravos) formavam o setor da população mais resistente ao cristianismo em todo o império, daí "pagão" (de pagus, camponês). A par disso, a tentativa de colocar no mesmo saco o "ateísmo" (prefiro chamar de humanismo secular) e o coletivismo é uma prova de desonestidade intelectual. Vários liberais eram (e são) ateus, e o coletivismo não passa de uma forma mais perversa de religião. O comunismo é uma religião em tudo, com seu "povo escolhido" (os operários), seu "pecado original" (a propriedade), seu "apocalipse" (a revolução) e seu "paraíso" (o comunismo). Além disso, a tal "liberdade individual", por ele identificada ao cristianismo, já estava plenamente desenvolvida pelos filósofos estóicos. Muita erudição, de fato. Para se tornar ciência só falta a honestidade...

Anônimo disse...

Saderes & Olavos, faces da moeda ideológica – 12 – 02 – 2007 -- C. Mouro

Ideologias são tão pródigas em asneiras que refuta-las todas é empreitada para “heróis da paciência”. Mas não se deve deixá-las imbecilizar legiões invocando uma “anuência silenciosa” como prova de suas “verdades”. Ideológicos almejam calar todas as críticas, verdadeiro pitiburros ideológicos, prontos para ataques bestiais, sem argumentos, sempre deturpadores, mentirosos e fofoqueiros.
Ora, por que não querem críticas ao cristianismo, se criticam o socialismo?
Fidel Castro cala a crítica ao socialismo em Cuba, querem o mesmo aqui para a religião? ...quem teme a crítica sabe que não tem razão.
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Religiosos dizem que “comunismo” é coisa de ateu, afirmando ser Marx ateu, embora por vezes também o afirmem satanista envovido em cultos macabros. ...mas que raio de ateu é este que crê em misticismos?
...só imbecis, coletivos ou individuais, aceitam isso. ...hehehe! Ah! os carolas... ...não se emendam.
Porém, muito antes de Karl Marx, O FERVOROSO CRISTÃO CATÓLICO Thomas More também inventou seu comunismo, escrevendo “Utopia” para defender a idéia. Inclusive T. More muito se inspirou em Platão. Sendo tal livro uma proposta cheia de absurdos e atrocidades, pois More explicou o funcionamento de tal. ...E THOMAS MORE É SANTO, louvado por católicos, carolas inclusive, que o chamam “grande humanista”; e também por esquerdistas.
Os essênios eram judeus comunistas, com uma doutrina comunista.
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Caracoles! Fascismo ateu??? ...não me consta que Mussolini fosse ateu, embora não fosse um cristão fanático como Hitler (como claro em seu livro). Mesmo porque tinha ótimas relações com a Igreja. Aliás, opunham-se ao marxismo ateu, embora, como faz a Igreja, tivessem muitos pontos em comum, exceto o ateísmo. Eram socialistas adversários ferrenhos das idéias liberais (sentido libertárias), que foram abafadas por confiarem na oposição da Igreja ao marxismo. Esta Igreja que exercitava a simbiose com os marxistas, além de enrabichar-se com demais socialistas. Muitas foram as autoridades religiosas e padrecos marxistas em todos lugares, incentivando o “belo socialismo”.
....É mais fácil crer que K. Marx foi protagonista da “teoria do bode” para uma Igreja decadente. Se foi isso, deu certo. Já que a oposição Marx-Igreja foi oxigênio para ela, que acabou enrabichada com o marxismo ao fazê-lo palatável para os fiéis. Afinal política visa o Poder, o resto é trairagem ao rebanho.
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MAS VEJAMOS AGORA OUTRA QUESTÃO:

Um lugar comum dos cristãos é alegar que não se deve entender a bíblia ao pé da letra. Embora estes mesmos cristãos costumem invocar os dez mandamentos como algo a favor de sua religião. Mesmo que neles não conste um que diga “não escravizarás o teu semelhante”.
Então eu pergunto: devemos interpretar os 10 mandamentos ao pé da letra???
Quando o Jesus recomenda “ama a teu próximo como a ti mesmo”, devemos interpretar ao pé da letra ou não?
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Quanto ao que segue, devemos interpretar ao pé da letra? .como interpretaremos isso, se o tal deus fez os mandamentos “não matarás” e “não roubarás”: (confirmem a integra na bíblia)
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I Samuel 15:2 Assim diz o Senhor dos exércitos: (...)3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que tiver; não o poupes, PORÉM MATARÁS HOMENS E MULHERES, MENINOS E CRIANÇAS DE PEITO, bois e ovelhas, camelos e jumentos.
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Isaias 13:13 Pelo que farei estremecer o céu, e a terra se movera do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira. (...)15 Todo o que for achado será traspassado; e todo o que for apanhado, cairá à espada. 16 E SUAS CRIANÇAS SERÃO DESPEDAÇADAS PERANTE OS SEUS OLHOS; AS SUAS CASAS SERÃO SAQUEADAS, E AS SUAS MULHERES VIOLADAS.
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Deuteronômio 2:31 Disse-me, pois, o Senhor: Eis aqui, comecei a entregar-te Siom e a sua terra; começa, pois, a te apoderares dela, para possuíres a sua terra por herança. 32 Então Siom nos saiu ao encontro, ele e todo o seu povo, à peleja, em Jaza; 33 e o Senhor nosso Deus no-lo entregou, e o ferimos a ele, e a seus filhos, e a todo o seu povo.
34 Também naquele tempo lhe tomamos todas as cidades, e FIZEMOS PERECER A TODOS, HOMENS, MULHERES E PEQUENINOS, NÃO DEIXANDO SOBREVIVENTE ALGUM; 35 somente tomamos por presa o gado para nós, juntamente com o despojo das cidades que havíamos tomado.
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Deuteronômio 3:3 Assim o Senhor nosso Deus nos entregou nas mãos também a Ogue, rei de Basã, e a todo o seu povo; de maneira que o ferimos, até que não lhe ficou sobrevivente algum.
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Deuteronômio 20:10 quando te aproximares duma cidade para combatê-la, apregoar-lhe-ás paz. 11 SE ELA TE RESPONDER EM PAZ, E TE ABRIR AS PORTAS, TODO O POVO QUE SE ACHAR NELA SERÁ SUJEITO A TRABALHOS FORÇADOS E TE SERVIRÁ. 12 Se ela, pelo contrário, não fizer paz contigo, mas guerra, então a sitiarás, 13 e logo que o Senhor teu Deus a entregar nas tuas mãos, PASSARÁS AO FIO DA ESPADA TODOS OS HOMENS QUE NELA HOUVER; 14 PORÉM AS MULHERES, OS PEQUENINOS, OS ANIMAIS E TUDO O QUE HOUVER NA CIDADE, TODO O SEU DESPOJO, TOMARÁS POR PRESA; (...) 16 Mas, das cidades destes povos, que o Senhor teu Deus te dá em herança, NADA QUE TEM FÔLEGO DEIXARÁS COM VIDA; 17 antes destruí-los-ás totalmente: aos heteus, aos amorreus, aos cananeus, aos perizeus, aos heveus, e aos jebuseus; COMO SENHOR TEU DEUS TE ORDENOU;
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Números 31:14 E indignou-se Moisés contra os oficiais do exército, (...) 15 e lhes disse: Deixastes viver todas as mulheres? 16 Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram que os filhos de Israel pecassem contra o Senhor no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor. 17 AGORA, POIS, MATAI TODOS OS MENINOS ENTRE AS CRIANÇAS, E TODAS AS MULHERES QUE CONHECERAM HOMEM, deitando-se com ele. 18 MAS TODAS AS MENINAS, QUE NÃO CONHECERAM HOMEM, deitando-se com ele, DEIXAI-AS VIVER PARA VÓS.
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Levitico 20:1 Disse mais o Senhor a Moisés:
8 Guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico.
9 Qualquer que amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto; (...)
10 O homem ... que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera.
11 O homem que se deitar com a mulher de seu pai (...); ambos os adúlteros certamente serão mortos;(...).
12 Se um homem se deitar com a sua nora, ambos certamente serão mortos (.)
13 Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; (...).
14 Se um homem tomar uma mulher e a mãe dela, é maldade; serão queimados no fogo, tanto ele quanto elas, para que não haja maldade no meio de vós.
15 Se um homem se ajuntar com um animal, certamente será morto; também matareis o animal. 16 Se uma mulher se chegar a algum animal, para ajuntar-se com ele, MATARÁS a mulher e bem assim o animal; certamente serão mortos; (...)
....................................................
22 Guardareis, pois, todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, E OS CUMPRIREIS; a fim de que a terra, para a qual eu vos levo, para nela morardes, não vos vomite.
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Sobre o NOVO TESTAMENTO, mais politicamente ardiloso, julgo-o mais nocivo, fica para o próximo comentário.

Abraços
C. Mouro

Catellius disse...

Sugiro que visite meu blog, o Pugnacitas

É só alguém fazer curso de filosofia para se definir como filósofo. Olavo de Carvalho não é filósofo, em primeiro lugar.
Sobre a filosofia - amor à sabedoria, que é irmã do conhecimento, temo que o cristianismo foi seu grande inimigo.

Sobre a Biblioteca de Alexandria: Nenhum site que visitei responsabiliza os árabes, incluindo o Catholic Encyclopedia, que culpa pelo incêndio final o patriarca cristão Teófilo, contemporâneo ao imperador-caçador-de-filósofos Teodósio, embora afirme que não existam provas definitivas. Na maioria dos sites a culpa pelo incêndio recai mesmo sobre o imperador cristão Teodósio, que foi o tal que extinguiu a liberdade de culto no Império Romano, fechou escolas filosóficas, matou e exilou filósofos, queimou milhares de rolos sobre astronomia, filosofia, medicina, etc. Justiniano, outro imperador cristão, anos mais tarde fechou a Antiga Academia de Atenas, fundada por ninguém menos do que Platão, queimou livros e expulsou os filósofos neoplatônicos para a Pérsia.

E ainda há quem diga que os cristãos são os responsáveis por preservar a literatura clássica... Esqueceram de mencionar os árabes de Córdoba (omíadas, do Egito e outros), que também tinham cópias de Arquimedes, Apolônio, Euclides, Ptolomeu, Pitágoras, etc. Os cristãos fizeram interpolações criminosas nos textos, muitas das quais só foram suprimidas após os escritos serem confrontados com traduções fiéis feitas por árabes como Averróis.

Se Savonarola (teocrata florentino) tivesse destruído quase todas as pinturas européias mantendo as obras mais significativas nas igrejas e em museus como o do Vaticano, haveria quem creditasse à Igreja Católica a preservação da arte profana renascentista...

Um fato interessante é que o vergonhoso Index Librorum Prohibitorum durou até 1966 e incluía livros de Sartre, Voltaire, Balzac, Giordano Bruno, Descartes, Copérnico, Schopenhauer, Nikos Kazantzakis (autor de Zorba, o Grego), Kant, e muitos outros. Como era de se esperar, Mein Kampf, de Hitler, nunca foi incluído no Index. Até a década de 60, nos locais de maioria católica, de Quebec à Polônia, os livros desses autores eram difíceis de ser encontrados em livrarias e bibliotecas, pois raramente eram publicados e o clero criava entraves para traduções e importações, o que nos mostra mais uma vez que obscurantismo e cristianismo (catolicismo) sempre andaram de mãos dadas...

Abraços
Catellius

Anônimo disse...

Nivaldo Cordeiro e Olavo são dois velhos carolas que tentam justificar sua emoção com uma suposta "sobriedade intelectual" que não existe.

É triste saber que num país com tão poucos direitistas, ainda uma grande parcela siga essa corrente doentia tanto quanto o comunismo.

Anônimo disse...

"Um ateu implanta um sistema genocida que mata milhões de judeus, o que vcs fazem ? Mudam o termo. ele não é ateu. È coletivista."

Puta lógica!!! Engraçado... a ICAR matou milhares, fanáticos religiosos mataram e matam milhões, o que fazem os religiosos? Mudam o nome: não são os "verdadeiros fiéis"... Ora! Ninguém é o que parece ser, então??? A religião sempre levou à morte, assim como milhões de religiosos também se pautaram pela paz. Qual é o marco diferencial? A AÇÃO. Há religiosos e ateus que matam em nome de suas crenças e há os que se recusam a fazê-lo. Definir o pior pela fé (ou ausência da mesma) é tão objetivo quanto afirmar que um empresário é liberal só por defender o capitalismo (ainda mais tendo os estados protecionistas existindo às pencas por aí com suas parcerias oligopolísticas igualmente).

O que é certo ou errado não se define por idéias ou palavras, mas por atitudes. Sou ateu e anti-comunista, mas para um cérebro de abacate podre olaviano, serei eu um paradoxo. Parece que o picareta da filosofia, com erudição inversamente proporcional ao senso lógico, esqueceu de alguns velhos (e ainda bons) artigos em que definia o marxismo (e por extensão o comunismo) como uma RELIGIÃO!!!

Esquecimento sintomático da caduquice ou conveniência pérfida de um pastor de uma nova seita que necessita de um apocalipse de ocasião para angariar fiéis ...e fundos.

Um conselho, caro Constantino, esqueça o velho. Ele já morreu e esqueceram de enterrar.

O Direitista disse...

Religião e ateísmo em um sentido estrito (ou seja, a crença na inexistência de Deus) não são incompatíveis. No budismo, por exemplo, não existe Deus, mas nem por isso o budismo deixa de ser uma religião.

Embora os comunistas neguem em princípio qualquer religião, o que fazem é defender a sua própria, que é uma religião gnóstica. Tenho minhas suspeitas de que vocês, liberais ateus, não fazem alguma coisa parecida. Mas preciso estudar mais o assunto antes de discutir isso...

Anônimo disse...

Cattelius disse:
"Sobre a filosofia - amor à sabedoria, que é irmã do conhecimento, temo que o cristianismo foi seu grande inimigo."
AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!!!
Esse cara tá falando sério?! Só tenho um conselho pra dar pra vc: VÁ ESTUDAR.

Anônimo disse...

Prezado Constantino;
Não sou religioso, nem estou aqui para defender qq religião, apenas a liberdade da crença religiosa. Também devo adverti-lo de que sou um liberal. Peço, por isso, que leia com atenção ao que direi, pois meu texto expõe algumas contradições intrínsecas ao teu discurso e a exposição das mesmas pode lhe ser útil para entnder a querela com Olavo. Vejamos:
"Jesus foi mesmo Deus em pessoa? Ora, como esperam provar isso?"
Essa pergunta por uma prova chega a ser pueril. O crente não necessita de prova. A fé é, por definição, um salto epistemológico mais alto que a razão. Se houvesse prova de qq milagre ou dogma religioso, este não seria mais um dogma, mas sim objeto de ciência. Não interessa ao crente questionar isso. Quem melhor trata desses temas é Pascal. Na obra "pensamentos" há um capítulo chamado 'dos milagres' ou algo parecido. Ali ele fala que o milagre é o que é por ser inverossimil. Fosse verossimil, seria rotineiro e sendo rotineiro, nao seria milagre. O objeto da religião (para os leigos) é, por definição, aquilo que foge da normalidade. Só os crentes vêem Deus na natureza e na constância do mundo. Os ateus (ou "os infiéis" para os religiosos) não trabalham com a mesma 'matriz de realidade': trabalham só com o mundo físico, com a matéria - e com os registros que dela foram feitos. Me reservo de entrar no mérito da questão, com uma pequena ressalva: a primeira garantia do liberalismo deve ser o da liberdade de crença irrestrita, pois a racionalidade religiosa (uma espécie de razão "soft") é o átomo do individualismo. Até o eu, o indivíduo, a pessoa, etc. são posteriores à consciência mesma que alguém tem de si. Essa consciência mesma de si (o "eu penso" cartesiano) é já um pensamento, uma percepção, de espécie religiosa. E é, ao mesmo tempo, base do liberalismo. É nesse sentido que a críitica de Olavo é crucial para vc. A ciência como produto da intersubjetividade (um parto kantiano) é o início da "ditadura do coletivo". Será que vc não percebeu que o mundo popperiano é um mundo de comunismo epistemológico? Quem dita o que é científico não é a consciência livre do cientista, com base no que ele experimentou, mas sim a comunidade científica que aceita ou não aquele experimento, aquela metodologia, como critério. (Ninguém descobre a verdade no mundo científico, apenas coloca uma teoria que vence, momentaneamente, o debate.)

Entramos aqui no maior problema de seu pensamento quanto à religião: tu dizes que o problema da religião se dá quando ela se diz objetiva e não subjetiva. O religioso trata a objetividade de sua religiosidade de forma "soft", não "hard". Já os cientistas e os ateus não. Sua realidade é objetiva. Ou eu posso duvidar da lei da gravidade? Se eu fizer isso, a comunidade científica (e até Rodrigo Constantino) rirão da minha cara.. dirão que estou equivocado. Isso reflete sua pretensão velada de objetividade ao mundo conceitual que os cientistas elegeram como objetivo. Isso não é errado. Cada um proclama um mundo, uma realidade para viver. Se não o faz, não deveria nem levantar da cama. Todos o fazem, alguns sabem disso, outros não. Você apenas supõe seu mundo mais objetivo que o mundo dos religiosos - e ignora essa suposição.

"Liberalismo e religião podem conviver lado a lado, pois o liberal proclama tolerância para qualquer crença religiosa. Isso leva à paz, que fica ameaçada justamente quando os crentes começam a tratar um tema tão subjetivo assim com presunçosa objetividade, alegando que apenas os ignorantes não enxergam as roupas do imperador."

COm base nessa citação de seu texto, me diga: vc não parte de uma pressuposta objetividade do liberalismo? Quem, então, arroga-se objetivo com mais força? O defensor de um sistema de crenças subjetivo que expressa a face objetiva desse sistema sem proclamá-lo como um sistema de organização político necessário (o religioso) ou o defensor de um grupo de teses que parte de um fundo tão metafísico quanto a religião e que, no entanto, o coloca como um necessário sistema político (liberal)?

Por fim, solicito que me diga em que local e data foi assinado o contrato social cujo mito nos relata John Locke?

A pergunta é tão patética quanto a pergunta pela prova da divindade de Jesus. Mas nesse quesito o religioso leva uma vantagem sobre o liberal: a pergunta por uma prova é iminentemente racionalista e foge portanto á coerência interna do sistema religioso. Já a pergunta pela origem do contrato social "narrado" (entre aspas, por favor!!) por John Locke, esta sim, é perfeitamente coerente com as exigências que fazes para com o pensamento religioso, afinal, vc quer embasar narrativas em fatos. "Moisés existiu?" E o contrato social de Locke, existiu?

São duas "verdades metafísicas". Escolha você qual é a melhor para viver. Eu já escolhi a minha (e é a verdade liberal) e sou coerente com sua lógica interna. Se você tb quer ser (visto que tb escolheu a verdade metafísica liberal), pratique a mesma coerência e 1) ou pare de pedir provas objetivas de fatos religiosos ou 2) desista do liberalismo e submeta-se a qq outro materialismo. Mas não se esqueça que, mesmo dentro dele, ainda há resquício de metafísica e, com ele, a nulidade da pergunta por objetividade.

Anônimo disse...

ah, mais uma coisa: Voltaire é sofrível como base de discussão sobre religião, pelo simples fato de que ele bate em fatos - o que é pífio, se considerares o que falei acima.

se aceita uma dica, leia "a essencia do cristianismo", de Feuerbach. nele vc encontra uam crítica espiritual consistente à religiosidade. Não que eu a aceite (ela tem os seus furos), mas ao menos vc estará falando a mesma linguagem que os interessados no tema: o da realidade espiritual. Se permanecer na linguagem de Voltaire ou na objetividade, vc não atingirá nada. Se me disseres no entanto que o problema é justamente esse (o de que se é pra discutir religião fora disso não se deve discutir justamente por ser uma área subjetiva), bom, então vc estará corroborando o que eu disse anteriormente: o de que vc pressupõe objetividade maior para suas crenças do que para a crença dos outros e cais no erro que denuncias no religioso.
Deixo um cordial abraço de um constante leitor (mebro de tua comunidade no orkut) bem como meu e-mail à disposição para qq resposta ou pergunta.
tiagomneumann@yahoo.com.br

O Fantasma de Bastiat disse...

O Olavo "surtou" de vez...
O homem precisa urgentemente de tratamento psiquiátrico!

Anônimo disse...

Anselmo,

Meu filho.

Onde eu disse que um religioso nunca matou ninguém na história ?
Neguei este fato ? Fugi ao debate ?
Não, mas vcs....hummm..

Então, marxista é coletivista e marxismo é uma religião para vcs...rs

Que bom ! Vcs estão criando definições próprias às palavras.

O liberalismo tb é uma religião ?

Tb poderia ser segundo seu entendimento, ou eu poderia ampliar o significado do termo assim.

Mais português, meu filho. Mais português !

Anônimo disse...

Adoro o Olavo... o cara me faz rir muito. Falou, falou, falou... e não respondeu objetivamente as questões levantadas pelo Constantino.

Eu adoro estes fanáticos religiosos e as Olavetes... são bárbaros! Uma trupe de humor!

Anônimo disse...

Engraçado como Olavo patenteou todo o seu desprezo pelo Rodrigo, mas mesmo assim conseguiu usar quase todo o seu querido manual de patifaria intelectual de Scopenhauer contra ele e por fim dedicou um artigo enorme em seu site.

Anônimo disse...

Para contrapor ao termo "olavete" proponho o termo "rodriguete",aqueles que defendem o que Rodrigo diz como se fosse a verdade última.Os ateus,que diferencio de agnósticos equilibrados, estes tendo o bom senso de não fazer de suas CRENÇAS uma arma contra aquilo que não compreendem,são partidários de uma TEOLOGIA ATEÍSTA(Mircea Eliade) e tão fanáticos como os piores islamitas
na luta contra os alicerces da Civilização Ocidental.Mas esta discussão já rendeu o que poderia,de um lado os fundamentalistas olavianos e religiosos,de outro os também fundamentalistas rodrigueanos,ateus e ultraracionalistas.O bom senso,a civilidade,a racionalidade equilibrada
foram expulsos da refrega.

Anônimo disse...

Ontem a noite apresentei uma parte de um seminário sobre gestão da reputação e acho que, de acordo com Olavo Carvalo, estou capacitado a falar sobre isso.

Olavo Carvalho teria feito melhor se apenas se limitasse a discutir sem entrar no mérito de seus titulos. Seu índice de reputação comigo caiu para quase zero, demonstrando que, infelizmente, um homem de seu calibre e experiência, vivendo no exterior, não conseguiu absorver a humildade presente nos VERDADEIROS sábios quando dizem que não saberão nunca de tudo e admitem que podem estar enganados, sendo esta a razão pela qual debatem com respeito a outra parte e não se apóiam em títulos, dando "carteiradas" como a que ele deu no Constantino.

Olavo, nem sempre gostamos do que lemos ou do que os outros fazem, mas é o direito deles fazerem coisas que só refletem em suas vidas. Eu não sou cristão, acredito em Deus. Nunca encontrei um padre ou qualquer pessoa que me explicasse sem recorrer ao famoso "Dogma", que usando a tecla SAP significa "acredite e é só.. no proof whatsoever".

Eu comparo as religiões e pego só o que me faz sentido. Se eu vou queimar no inferno na concepção de muitos, então é problema meu e não de vocês.. se sua salvação depender de me converter, então nos veremos com o capeta. Garanto que o Deus em quem eu acredito, e a minha concepção é muito particular, não mexe um dedo sobre nada do que acontece nesse mundo, mas com certeza dá subsídios para que todos encontrem o que precisam através do trabalho e do aprendizado.

Eu acredito nas pessoas, mas acredito que todos nós somos capazes de fazer o mal. Acredito nisso com minha experiência pessoal: eu choro em ver a miséria sem saída de alguns lugares no mundo e até aqui no interior no Nordeste do Brasil, mas me deixem 30 minutos com um estuprador ou alguém que tivesse arrastado meu filho em um carro e te garanto que eu também seria capaz de ter idéias fantásticas sobre como tortura-los com muita dor.. assim são as pessoas: matam pelos filhos ou em situação de perigo.

Talvez eu seja um bostinha tio Olavo, mas um bostinha equilibrado, um bostinha que sabe reconhecer não ter todas as respostas e que, ao contrário do senhor, um "Perfeito Idiota Latino Americano", com sua parede de títulos e sua cara de professor malvado, não percebeu a verdadeira essência dos comentários aqui propostos, que em nada denigrem as religiões mas sim seu viés fanático.

O senhor, como habitante de um país em guerra contra o fanatismo de uma religião, "should know better then this".. se não é justo julgar todos os muçulmanos por causa de um grupo de fanáticos, também não se pode julgar um artigo de um homem iluminado em meio a um mar de ignorância. Iluminados são os que questionam. Graças a Deus/Alá/Javé ou a qualquer Deus que você queira chamar, nós existimos. Sem nós, o senhor já teria sido queimado por uma fogueira ou não existiria esse país aonde o senhor vive hoje, os Estados Unidos da América e seus Mayflowers.

Anônimo disse...

Caramba ! O nível de vcs é muito baixo. Muito baixo mesmo..rs

Pensei que vcs ateus fossem melhores...rs

Inté !

Anônimo disse...

Os grandes idiotas que acham que uma overdose de cultura lhes dá o status de donos da verdade não merecem maiores considerações, mas, como Olavo de Carvalho já teve um lugar entre minhas leituras, eu ouso ensaiar alguns comentários sobre aquele que hoje se acha acima do bem e do mal. Obviamente eu não tenho a quantidade de informação do ilustre filósofo e nem pretendo adqüirir esse lixo reciclado que ele costuma vomitar sobre seus interlocutores. O rei da cocada preta acha que quem não conhece Aristóteles de trás para frente não está a altura de um debate.

A verborragia de Olavo às vezes assusta, mas espremendo, com muita paciência, não sai nem o "cogito, ergo sum". Alguns sobreviventes do palavrório sem propósito dão validade a esse primeiro dogma olavístico que afirma que palavras em excesso enganam até aos mais esclarecidos.

É notório que qualquer resposta de Olavo, normalmente começa com a desqualificação do oponente, citando despreparo, falta de conhecimento ou até mesmo defeitos físicos, como se cultura ou beleza física fossem parâmetros de inteligência. Eu mesmo poderia ter iniciado meu comentário chamando-o de covarde desdentado, mas não o fiz por achar que tais atributos são irrelevantes para o assunto. Isso que ele faz não passa de uma tentativa de intimidação que faz babar seu séquito, afugenta os fracos e provoca os fortes. E fica registrado aqui o segundo dogma do olavismo: desqualificar os interlocutores para ganhar a discussão.

Como qualquer reles mortal, o recurso das meias-verdades é usado e abusado por Olavo. Um exemplo está na sua afirmação que "A idéia da liberdade como um elemento constitutivo da natureza humana e portanto como um direito natural de cada pessoa independentemente de sua condição social e de suas propriedades foi uma novidade absoluta trazida ao mundo pela religião cristã. Foi com base nessa idéia que a Igreja combateu e finalmente aboliu a escravatura romana.". Aonde está a tal "idéia da liberdade", quando Padre Antônio Vieira afirmou aos escravos que “É melhor ser escravo no Brasil e salvar sua alma que viver livre na África e perdê-la.”? Parece que aqui no Brasil, só para citar um exemplo, as coisas não funcionavam como Olavo descreve. Os padres daqui, para se beneficiarem das ofertas papais de direito moral e religioso para a captura e comercialização dos negros africanos, foram responsáveis por grande parte desse comércio. A própria defesa dos índios foi um jogo cínico da Igreja para que aumentasse o tráfico de negros, pois este rendia muito mais para a Igreja. Aonde está a tal "idéia da liberdade"?

É o terceiro dogma: use meias-verdades porque a maioria não conhece a parte que é meia-mentira.

Parece também que um dos "grandes debatedores" incensados por Olavo não concordava muito com sua idéia de que "Todo processo de heresia seguia um trâmite regular. Apresentada a acusação, o tribunal delegava um inquisidor para que fosse pessoalmente buscar o acusado e discutisse com ele, até à exaustão, os pontos suspeitos de heresia.", porque Tomás de Aquino dizia que “É muito mais grave corromper a fé, da qual vem a vida da alma, que falsificar dinheiro, pelo qual a vida temporal é sustentada. Logo, se falsificadores e outros malfeitores são imediata e justamente executados pelos príncipes temporais, com muito mais justiça podem ser hereges, assim que denunciados, não apenas excomungados mas também mortos.” Como é que o ilustre filósofo pode defender a idéia da tolerância nos processos de heresia se ele cita entra seus preferidos um defensor da execução sumária dos réus?

Será que alguém pode usar como argumento de defesa da Inquisição uma estatística (duvidosa) sobre execuções e compará-la à Revolução Francesa? Olavo acha que pode, e para isso se faz de bobo ao ignorar as circunstâncias completamente diversas entre um fato e outro, além de se esquecer também que os homicídios cometidos pela Inquisição não se limitaram à execuções de hereges e que nem tampouco é correto afirmar que todos os processos de heresia ocorreram segundo trâmites tão severos na observância dos direitos dos réus, conforme fala o filósofo.

Como se vê, Olavo, se não perdeu o juízo, perdeu a chave da porta. Nem sequer em uma discussão simples e, segundo o próprio, suscitada pelo livro de um autor que só fala besteiras - Voltaire - e desenvolvida por um ignorante - Rodrigo -, o filósofo fala coisa com coisa, dando uma demonstração explícita da sua demência. Mentiras, meias-verdades, xingamentos, presunção, vaidade e confusão mental são, há tempos, companheiras inseparáveis de Olavo de Carvalho, que ainda se sustenta à custa de uma meia dúzia de fiéis encarregados de disseminar seus absurdos para quem tem paciência. Gente séria, faz tempo que desistiu de argumentar com o dono da última palavra, por reconhecer que os lampejos de inteligência, que outrora já eram raros na cabeça de OC, abandonaram-no definitivamente, o que o transformou em um mero atravessador de lixo reciclado.

O que se continua vendo por aqui, apesar do auxílio luxuoso de um filósofo, são manifestações epidêmicas de delirium tergiversator, que deixam todas as indagações sem respostas objetivas. E que não me venham falar em fé porque o Mestre Palrador já cansou de afirmar, em priscas eras, que o conhecimento é superior à fé.

Anônimo disse...

Bem, no VT o deus apóia ostensivamente a escravidão. Logo, não é no VT que o cristianismo condena tal coisa. Mas no NT, que eu me lembre, não há uma condenação à escravidão, mas também anuência explícita para com ela.
Dizer que o cristianismo aboliu a escravidão nem mesmo é meia verdade, é uma inteira mentira. Pois que o que disso sucedeu foi a escravidão geral aos donos do Poder, mudando a palavra de escravos para servos, com pouca diferença. Pois se antes escravos sob tutela, depois escravos apenas explorados como servos.
Fora isso, antes de JC os estóicos já contestavam a justiça da escravidão, opondo-lhes argumentos. Aliás, consta-me que os estóicos desfrutassem de prestigio dentre o povo, daí que o cristianismo apropriou-se de uma parte com algumas adaptações até prejudiciais.
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Mas o melhor é ir na fonte saber o que fala sobre a escravidão, quanto a combate:

I TIMÓTEO 6:
1 Todos os servos que estão debaixo do jugo considerem seus senhores dignos de toda honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. 2 E os que têm senhores crentes não os desprezem, porque são irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que se utilizam do seu bom serviço, são crentes e amados. Ensina estas coisas.

I Pedro 2:
18 VÓS, SERVOS, SUJEITAI-VOS COM TODO O TEMOR AOS VOSSOS SENHORES, NÃO SOMENTE AOS BONS E MODERADOS, MAS TAMBÉM AOS MAUS. 19 Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente. 20 Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.

Tito 2:
9 exorta os servos a que sejam submissos a seus senhores em tudo, sendo-lhes agradáveis, não os contradizendo10 nem defraudando, antes mostrando perfeita lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus nosso salvador. (**)

Levitico 25:
44 E QUANTO AOS ESCRAVOS OU ÀS ESCRAVAS QUE CHEGARES A POSSUIR, das nações que estiverem ao redor de vós, delas é que os comprareis.45 Também os comprareis dentre os filhos dos estrangeiros que peregrinarem entre vós, tanto dentre esses como dentre as suas famílias que estiverem convosco, que tiverem eles gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.46 E deixá-los-eis por herança aos vossos filhos depois de vós, para os herdarem como possessão; desses tomareis os vossos escravos para sempre; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não dominareis com rigor, uns sobre os outros.
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Sobre defeitos físicos que desqualificam, talvez o Olavo pudesse se inspirar nisso (...hehehe!):
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LEVÍTICO 21: 16 Disse mais o Senhor a Moisés:
17 Fala a Arão, dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, por todas as suas gerações, que tiver defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 18 Pois nenhum homem que tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, 19 ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, 20 ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado; 21 nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. 22 Comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo; 23 contudo, não entrará até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto tem defeito; PARA QUE NÃO PROFANE OS MEUS SANTUÁRIOS; porque eu sou o Senhor que os santifico.

Abraços
C. Mouro

Anônimo disse...

Mouro:
Isso me lembra um curioso episódio:

Laura Schlessinger, conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos, tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone. Recentemente, perguntada sobre a homossexualidade, a locutora disse que se trata de uma abominação, pois assim a Bíblia o afirma no livro de Levítico 18:22. Um ouvinte escreveu-lhe, então, uma carta que vou transcrever:

“Querida Dra. Laura:
Muito obrigado por se esforçar tanto para educar as pessoas segundo a Lei de Deus. Eu mesmo tenho aprendido muito no seu programa de rádio e desejo compartilhar meus conhecimentos com o maior número de pessoas possível. Por exemplo, quando alguém se põe a defender o estilo homossexual de vida eu me limito a lembrar-lhe que o livro de Levítico, no capítulo 18, verso 22, estabelece claramente que a homossexualidade é uma abominação (Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação) (Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles). E ponto final. Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas concretamente e sobre a forma de cumprí-las:

1) Gostaria de vender minha filha como serva, tal como o indica o livro de Êxodo, 21:7. Nos tempos em que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado? (Se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos)

2) O livro de Levítico 25:44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que a senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir escravos canadenses? (E quanto aos escravos ou às escravas que chegares a possuir, das nações que estiverem ao redor de vós, delas é que os comprareis)

3) Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Lev. 18:19, 20:18 etc.). O problema que se coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? Tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas e outras se sentem ofendidas. (Se um homem se deitar com uma mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a nudez, descobrindo-lhe também a fonte, e ela descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão extirpados do meio do seu povo)

4) Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro de Êxodo 35:2 claramente estabelece que quem trabalha nos sábados deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida? (Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, sábado de descanso solene ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho será morto)

5) No livro de Levítico 21:18-21 está estabelecido que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu preciso de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus? Será que se pode abrandar um pouco essa exigência? (Pois nenhum homem que tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada, ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado; nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus)

6) A maioria dos meus amigos homens tem o cabelo bem cortado, muito embora isto esteja claramente proibido em Levítico 19:27. Como é que eles devem morrer? (Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem desfigurareis os cantos da vossa barba)

7) Eu sei, graças a Levítico 11:6-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que eu jogo futebol americano, cujas bolas são feitas com pele de porco. Será que me será permitido continuar a jogar futebol americano se eu usar luvas? (a lebre, porque rumina mas não tem a unha fendida, essa vos será imunda; e o porco, porque tem a unha fendida, de sorte que se divide em duas, mas não rumina, esse vos será imundo. Da sua carne não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; esses vos serão imundos)

8) Meu tio tem uma granja. Ele deixa de cumprir o que diz Levítico 19:19, pois planta dois tipos diferentes de sementes no mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes, a saber, algodão e poliéster. Além disso, ele passa o dia proferindo blasfêmias e se maldizendo. Será que é necessário levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-lo? Não poderíamos adotar um procedimento mais simples, qual seja o de queimá-lo numa reunião privada, como se faz com um homem que dorme com a sua sogra, ou uma mulher que dorme com o seu sogro (Levítico 20:14)? (Guardareis os meus estatutos. Não permitirás que se cruze o teu gado com o de espécie diversa; não semearás o teu campo com semente diversa; nem vestirás roupa tecida de materiais diversos) (Se um homem tomar uma mulher e a mãe dela, é maldade; serão queimados no fogo, tanto ele quanto elas, para que não haja maldade no meio de vós)

Sei que a senhora estudou estes assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado novamente por recordar-nos que a Palavra de Deus é eterna e imutável. "

Anônimo disse...

Você foi HUMILHADO e ponto final.

Anônimo disse...

Alguém disse que a igreja não terminou com a escravidão, porque continuou existindo trabalho compulsório. Ora, existe trabalho compulsório até hoje. Se você não trabalhar, você morre de fome porque não tem dinheiro. A mesma coisa no período citado. A Igreja conseguiu trocar o trabalho escravo por algo melhor.

Anônimo disse...

Observo, em primeiro lugar, que sua resposta não obedece à exigência fundamental do debate, exigência que Olavo de Carvalho lhe fez com a máxima clareza e sem nenhum traço do “fanatismo” que você diz enxergar – ou talvez finja enxergar – na resposta do grande erudito. A tergiversação insolente desta exigência travestida em resposta superior é um traço saliente que bem revela a forma mentis do pretenso liberal e defensor da razão Rodrigo Constantino. Em segundo lugar, confesso-lhe meu espanto e admiração com o comentário no qual você sugere que Olavo não mereceria uma resposta sua e se rende – uma performance tétrica das mais lamentáveis – à superior erudição do seu contendor. Rodrigo, meu rapaz, a resposta de Olavo não está completa e você bem sabe disso. Ao retirar-se do debate você se exime de refutar os futuros argumentos do adversário alegando falsa modéstia. É uma palhaçada pueril. Negaceios com ar de modéstia são truques erísticos óbvios e simplórios, e estão catalogados no livrinho do Olavo sobre erística, livro cuja leitura recomendo-lhe vivamente. E não se trata de anúncio comercial, meu caro defensor da iniciativa privada. É receita médica.

No caso, o antídoto se encontra na página 172, estratagema nº 31, sob o título, perfeitamente adequado a seu caso, de incompetência irônica. Segundo Schopenhauer, o contra-ataque mais usual é a demonstração cabal da inépcia do charlatão, isto é, “dar-lhe a coisa tão mastigada que ele nolens volens tenha que entendê-la e fique claro que ele, no princípio, em realidade não entendeu nada” de modo a transformar a confissão insincera em realidade patente. O comentário analítico de Olavo segue precisamente o conselho do mestre de Danzig.

Outra coisa que eu noto, não sem certa hilariedade, é a petulância de alguns dos seus comentaristas. Parecem não considerar Olavo de Carvalho digno do respeito e admiração deles, sem suspeitar que esta admiração, talvez, não seja prêmio dos mais invejáveis.

Mais uma coisa, argumenta ad hominem não se confundem com sarcasmos. Como leitor aplicado de Voltaire – o mestre da ironia ligeira - você deveria saber distingui-los, não acha?

Quanto ao conteúdo do seu texto, bem como o da sua resposta, devo admitir que não são tão ruins quanto me disseram. Se me sobrar tempo nestes dias, analiso-o eu mesmo. Não quero que você se sinta atacado injustamente, menino. Nem quero birra e mal-criação, ouviu?

Finalmente, gostaria de lhe desejar boa noite. Sonhe com os anjos, caro ateu. Saudações cordiais,

Reuchlin

Waldemar M. Reis disse...

Prezado Constantino,

É com admiração que testemunho sua bravura num debate inteiramente inútil por diversos motivos, os quais, para não me estender demasiado em enumerá-los, separo em duas classes: pessoas erradas e métodos inadequados.

Ao menos com respeito ao Olavo você já formou opinião mais adequada do que aquela que disse nutrir até há pouco. Também eu o admirei, mas por pouco tempo, digo, por duas ou três matérias suas na revista Bravo, creio que ainda nos anos 90. Tinha como razoáveis também dois panfletos seus, dos tempos em que ensinou astrologia, versando - se não me falha a memória - sobre o modo de estruturar o conhecimento na Idade Média.

É precipitado afirmar que ele, Olavo, nada conhece, mas faz tempo tive recusado artigo que enviei para o Observatório da Imprensa, creio que por demonstrar, por intermédio da análise de alguns de seus textos de então, sua progressiva loucura: se não fosse esse o caso, concluí, decerto o 'filósofo' continuava, no meu entender, como membro privilegiado de alguma célula comunista encarregada de contra-informação (sabe-se o quão importante essa atividade é na esfera da política em geral). De muito tempo para cá que os seus textos vêm tendo a clara função de confundir. Do contrário, estarão sendo mesmo a expressão cristalina de pouco equilíbrio mental.

Como eu dizia, não é que ele nada saiba: seu problema é como utiliza o que pensa saber, particularmente no assunto filosofia (na política suas teses não passam de piadas que surtiriam o devido efeito nas mãos de alguém com melhor humor). É bastante ler algumas de suas páginas sobre Descartes para se ter uma idéia da confusão que faz. Sua amizade com o saber tem todos os sinais da perfídia, como se utilizasse o amigo como anteparo, para não o vermos, Olavo, como de fato é.

Respeitante ao tópico método, trago...

convido a quem interessou a matéria a saber como continua no blog Textos Públicos e a gentilmente reproduzir ali o seu comentário

Anônimo disse...

Como se não bastasse o próprio, Olavo de Carvalho ainda manda um moleque de recados travestido de intelectual. A técnica é a mesma do patrão: desqualifica mas não responde nada. E já que o estafeta fala tanto em erística e diz até que foi resumida por seu chefe em um "livrinho", ela continua presente, atuante e cada vez mais platônica. Abandonaram de vez as verdades para trabalhar única e exclusivamente em função da vitória nos debates.

Além de tudo, o sujeitinho petulante, aliás predicado comum aos da seita olaviária, se acha engraçado. Risu inepto res ineptior nulla est.

Waldemar M. Reis disse...

Quero ainda manifestar o meu entusiasmo com os comentários, muito a propósito, do Fróes. Nota 10 para sua refutação da pessoa do Olavo de Carvalho: na mosca!

Anônimo disse...

"Não vejo o que possa haver de tranqüilizante e anestésico num jogo onde a maior possibilidade é a de que o jogador termine no inferno" Olavo de Carvalho.

Sem comentários.

Anônimo disse...

Caro Rodrigo,

Pareceu-me que você atacou apenas o Olavo e não seus argumentos. De fato ele foi severo ao xingá-lo destes nomes que você mesmo expôs. Mas na altura de sua resposta oficial o mesmo ocorreu em escala irrisória.

Sugiro de fato que comente em breve a resposta dada pelo O. de C., pois fico com a impressão de sua patente fraqueza perante aquele, e perante o conhecimento histórico do que você se propôs a comentar.

Grande abraço,

ITALO MARSILI

Anônimo disse...

E por falar em humilhação...

Olavus sofismaticus
.
Em Rodericus Constantinus Grammaticus, o anti-estudante ou: O Homem do Mim, OC diz:

“1.4. Por fim, Max Weber, um herdeiro intelectual do positivismo, consolidou o muro de separação entre “fatos” e “valores”, tornando estes últimos o objeto de puras escolhas individuais, externas ao debate racional.”

Não há nenhum, mas nenhum mesmo, demérito em categorizar alguém como “herdeiro intelectual do positivismo”. Sei que OC não sugere isto, mas apenas faço a observação que entendo pertinente. Não confundamos positivismo em termos científicos – ou o neopositivismo mais aprimorado – com o positivismo do proselitismo político comteano... Quanto ao “muro de separação” entre fatos e valores é verdade, mas uma verdade parcial. Para quem leu Economia e Sociedade e sua obra de metodologia A Ação Social (que não conheço tradução para o português), verá que o sociólogo (muito superior a tantos filósofos) não propunha a separação entre indivíduos que analisam fatos e indivíduos que têm valores. A própria idéia é equivocada, pois outros dois conceitos pertinentes, a racionalidade estratégica, quando uma ação é induzida por um fim pragmático, realizável (uma ação no mercado, p.ex.) e racionalidade substantiva em que se age guiado por valores (não vou roubar, pois é pecado) não estamos falando de indivíduos que operam diferentemente, mas de um só. Ocorre que ninguém é 100% econômico, por mais liberal que se diga (o próprio A. Smith endossava a moral como pré-condição para o funcionamento do mercado) e nem 100% não utilitarista. As duas coisas existem concomitantemente e em “estado impuro”.

Para sanar esta aparente dicotomia, Weber dispunha do recurso do tipo ideal – que não é um ideal a ser atingido -, mas sim tipos que só existem como modelos ou parâmetros de análise. Exemplificando: a Revolução Iraniana em 1979 foi um típico caso de dominação carismática (diferente da Racional-Legal e da Tradicional) em curso? Sim, mas não só, pois em menor escala, havia o endosso dos bazzarim, homens de mercado iranianos que desejavam a revolução mais para a expropriação de ativos estrangeiros que, necessariamente, para “acocarem” em direção a Meca. Eles até poderiam dizer que o objetivo era outro, ideológico, mas sociologia não mede intenções e sim ações.

Pra que confundir com conceitos que nunca se verificam plenos na realidade, então? Por que a própria realidade é mimetizada, não é cristalina, a + b e pronto, com causalidade visível e plenamente detectável. No curso da história, o grande pensador já apontava para outro recurso metodológico, que era diferenciar em causas imediatas e mediatas. Existe a “gota d’água” que deflagra um processo, um tiro em algum arquiduque, mas que uma guerra subseqüente não teria ressonância não fosse as causas mais distantes, mediatas.

Parece simples, mas o que OC tenta dizer é que “as puras escolhas individuais”, i.e., os valores não são racionalizáveis em um debate. Pura ignorância. Nada disto, não senhor. Weber só cabe em uma frase deturpadora se o intuito claro do “dialético” é a desinformação a qualquer custo para vencer um debate... sem ter razão.

Até a falta de honestidade intelectual ou a mais básica falta de conhecimento é racionalizável e tem nome. A saber, picaretagem.

OBS: Para quem quer conhecer Weber realmente, despoluído de assertivas falhas e enunciados mentirosos de “filósofos”, sugiro Crítica e resignação de Gabriel Cohn.

...

Weber é... fazer uma obra colossal e dizer que trata-se de um estudo de caso, limitado e parcial. Como, humildemente, ele sugere que seja seu A ética protestante e o espírito do capitalismo.

Humildade intelectual que não é falsa modéstia, mas consciência do que significa a busca do conhecimento em suas múltiplas determinações. Portanto, quem busca nele um anti-Marx que apenas substitui o motor dialético da história (forças produtivas x relações de produção) pelo ingrediente cultural, no caso, a religião, se decepcionará. Nada do que afirmou ou descreveu é causalidade final ou última, mas apenas parte de um processo cuja apreensão é incompleta.

Anônimo disse...

Como se não bastasse o próprio, Olavo de Carvalho ainda manda um moleque de recados travestido de intelectual. A técnica é a mesma do patrão: desqualifica mas não responde nada.

Vindo de quem vem...

Anônimo disse...

Em Roma, como os romanos (sem duplo sentido, por favor). Mas as olavetes são ridículas tentando imitar o estilo do Mestre Palrador, assim como ele o é, tanto que às vezes tenho dúvidas quanto a autoria dos comentários devido à quantidade de besteiras assimiladas por elas. Ou será que por vezes é o próprio Olavo - ou O. de C., como gosta de ser cultuado - travestido de pau-mandado?

Acordem, escravos da logomaquia. Pensem com suas próprias cabeças e esqueçam um pouco vosso mestre. Verão que são capazes de andar sem as muletas da presunção e de digerir conhecimento sem indigestão. Afastem-se da droga da cultura decorada e evitem a overdose de lixo reciclado. Verão que a vida é bela e que viver bem é a melhor vingança.

Anônimo disse...

Cansa-me ter de explicar coisas tão óbvias a pessoas que normalmente as entenderiam sem qualquer dificuldade. Mas, não vou me furtar a dar estas explicações, mesmo sabendo que provavelmente surtirão efeito inverso do pretendido.

Froes, observar que a resposta de Constantino não obedece à exigência básica do debate não é propriamente um insulto. É uma observação simples e evidente. Reclamar dos trejeitos de modéstia de Constantino ao abandonar o debate, furtando-se aos possíveis argumentos que mais tarde sejam colocados por seu adversário, tampouco é um insulto. É uma reclamação bem justa. Chamar-me, por outro lado, de “moleque de recados” mandado por Olavo de Carvalho (não sei de onde você tirou esta idéia) é uma mentira ridícula. E como tal, um insulto. Outros insultos são: olavete, pau-mandado, escravo da logomaquia, cultura decorada, lixo reciclado etc.

Nada mais tenho a dizer contra você, de vez que suas duas mensagens contra mim se resumem a reclamações irritadas contra a técnica de “desqualificação” de um sujeito que você desqualifica chamando-o de “moleque de recados travestido de intelectual”. Como você parece dominar esta técnica melhor do que eu, a única coisa a fazer neste caso é curvar-me, com sincera modéstia, ante sua superioridade manifesta.

Finalmente, quanto ao trecho onde você ameaça fundir a minha pessoa com a pessoa de Olavo, sinto em desapontá-lo. Não sou Olavo de Carvalho. Meu estilo de escrita só se assemelha ao de Olavo em dois pontos bem específicos: a predominância pelas frases longas e o gosto pela adjetivação opulenta. No resto, nada mais. Estas duas qualidades, porém, não bastam para constituir uma cópia, e sequer influência, pois já as tinha antes de conhecer Olavo de Carvalho. Para que você não continue a falar bobagens, sugiro-lhe a leitura de dois autores: Leo Spitzer e Karl Vossler. São os fundadores da ciência que trata destas coisas: a estilística.

Anselmo, não precisa despejar sobre nossas pobres cabeças “olaviárias” sua vasta erudição weberiana. Olavo não despreza Weber, mas, muito pelo contrário, lhe concede um lugar altíssimo no panteão dos estudos sociológicos e filosóficos. Reproduzo trecho de Olavo:

“Assim como o primeiro tipo tem algo do poeta ou do oráculo, e o segundo do artista plástico, o perfeito respeitador dos fatos, sem deixar de ser filósofo, aproxima-se antes do modelo do cientista empírico. É Max Weber. Weber meteu na cabeça um problema -- o das relações entre economia e moral religiosa -- e, na tentativa de resolvê-lo, criou instrumentos intelectuais que perfazem, no fim das contas, toda uma filosofia das ciências. Se jogarmos a sua obra fora e dela só conservarmos os seus escritos de epistemologia e método, eles já bastarão para fazer dele um astro de primeira grandeza. Mas, acumulando fatos em cima de fatos e indo buscá-los nos registros de todas as civilizações ao alcance das suas fontes, ele ampliou de tal modo a área de sua investigação que, tendo lançado inicialmente uma hipótese, morreu sem ter chegado a saber exatamente se era verdadeira ou falsa. Mas seu legado incompleto é precioso. Ele deixou-nos algo mais que um problema e um método. Deixou-nos um exemplo de probidade intelectual levada até o extremo do auto-sacrifício.”

Sua crítica a afirmação de Olavo é tão equivocada e passa tão longe do ponto que, realmente, não sei nem o que dizer. Toda a algaravia sobre protestantismo, tipo ideal, humildade, positivismo e blá, blá, blá funda-se numa incomprensão do que foi lido. Olavo não está dizendo que tipos ideais são reais e nem está contestando a validade geral do método de Weber. Ele apenas nota que, como herdeiro intelectual do positivismo, Weber excluiu os valores do debate racional a fim de preservar a famosa “neutralidade axiológica”, herança positivista. Qualquer manual de sociologia lhe dirá o mesmo.

Como havia prometido, vou responder tudo, pouco a pouco, com o requinte do pormenor. Meu primeiro comentário não vai, porém, contra o texto de Constantino em si, mas antes contra as argumentações capciosas de alguns de seus entusiastas. Para que a resposta não se obscureça, procurarei respeitar ao máximo a ordem dos argumentos. Os argumentos repetidos serão respondidos uma única vez de modo a não multiplicar desnecessariamente as objeções. Nuances entre argumentos de conteúdo similar serão, na medida do possível, observadas na minha resposta. Por fim digo-lhes o seguinte: se não concordarem com minhas razões, espero ao menos que, como sinceros e apaixonados “defensores da razão”, exultem com esta minha admirável demonstração de “racionalidade”.

“Rodrigo, não perca seu precioso tempo discutindo religião com fanáticos ignorantes. Religião é tão importante para o Brasil quanto futebol e carnaval. É o conforto das massas. Acho legal se ter fé, mas qualquer tipo de fanatismo religioso é deplorável, fruto de uma sociedade ignorante e excluída intelectualmente.”

Observo, desde logo, que o emprego da palavra fanático para qualificar quem pretende discutir alguma coisa é uma extravagância semântica bastante surpreendente. Fanatismo, que eu saiba, é manifestação de ódio cego, totalmente avesso a discussões e a debates racionais. Ora, podem-se alegar muitas coisas contra Olavo de Carvalho – eu mesmo alego algumas bem graves – mas supô-lo avesso a debates racionais é risível. O comentário dele ao texto de Constantino nada mais é do que um mostruário de argumentação racional (com teses históricas e considerações filosóficas), a despeito de todos os sarcasmos maciços a la Tertuliano que alguns teimam em confudir com argumenta ad hominem, mas que, no máximo, podem ser reprovados no campo das boas maneiras. Pode-se considerá-lo um debatedor mal-educado, talvez. Eu o considero. Mas irracional ele não é de maneira alguma. E ignorante, menos ainda. Seus argumentos não são inatacáveis, mas reconhecê-los como argumentos racionais é uma necessidade intrínseca a quem não deseje, simplesmente, furtar-se ao debate com insultos bobinhos.

“A fé não é a fonte da ética. A fé torna a ética impossível - exceto quando banida do âmbito do relacionamento humano.”

A fé religiosa, de fato, não é fonte da ética. Contudo, dizer que a fé torna a ética impossível é uma afirmação tão obviamente mentirosa que, se não fosse um sintoma da época, sequer mereceria ser impugnada no campo da argumentação racional. Bem, muitos religiosos possuem uma vida exemplar e não me ocorre que eles supendam a sua fé (uma espécie de suspension of belief religiosa, imagino) ao relacionar-se com as demais pessoas. Sugerir ainda que homens religiosos quando vêem sua religião contestada reagem invariavelmente com fanatismo – e que, portanto, a presença da fé atrapalha os relacionamentos - é uma tolice a toda prova. A existência dos Gustavo Corção, Chesterton, Bloy e tantos outros – todos eles argumentadores brilhantes – é por si só um desmentido a esta idéia. Ademais, é fácil encontrar exemplos de homens cuja fé em nada impede de estenderem generosamente sua amizade a pessoas de outras crenças ou mesmo atéias.

“O comunismo é uma religião em tudo, com seu "povo escolhido" (os operários), seu "pecado original" (a propriedade), seu "apocalipse" (a revolução) e seu "paraíso" (o comunismo). Além disso, a tal "liberdade individual", por ele identificada ao cristianismo, já estava plenamente desenvolvida pelos filósofos estóicos. Muita erudição, de fato. Para se tornar ciência só falta a honestidade...”

Analogias podem ser estabelecidas entre objetos de gêneros distintos. Pode-se, por exmplo, invertendo a brincadeira do comentarista, dizer que o ilumismo ateu, cientificista e materialista é também uma religião. Os cientistas personificariam o clero, a casta sacerdotal responsável pela transmissão dos saberes da comunidade; o pecado original seria a irracionalidade; o apocalipse seria o tão celebrado “fim da história” do liberal Fukuyama; e, finalmente, o paraíso a realização da utopia de uma sociedade onde a ignorância religiosa fosse inteiramente substituída pelas luzes da ciência. Ora, utopias científicas deste feitio existiram e são bem conhecidas (Comte e Condorcet, pelo menos, têm até hoje alguns leitores devotos). Entretanto, o “humanismo secular” não é uma religião. E não o é precisamente porque analogias como as estabelecidas por mim não bastam para delimitar o gênero de um objeto.

A respeito da liberdade individual dos estóicos, falarei mais tarde quando me sobrar tempo, bem como sobre os demais tópicos listados.

Obs: Vou viajar nestes dias e provavelmente as objeções prometidas vão demorar bastante. Mas, não se enfureçam. Elas virão. Virão acompanhadas inclusive, para a satisfação dos críticos de Olavo, de uma crítica minha às idéias do filósofo. Saudações,

Reuchlin

Anônimo disse...

Reuchlin,

Então os "manuais de sociologia" estão redondamente errados, pois Weber não defendia a "neutralidade axiológica", mas a OBJETIVIDADE DA PESQUISA o que é algo, substancialmente, distinto.

Se quiser e estiver aberto a, te explico. Mas, sem emocionalismos. Ao contrário do "mestre do palavrão filosófico", gosto de divergências.

Anônimo disse...

Primeiro, meu caro estafeta, eu não defendi Constantino quando critiquei a argumentação do seu Mestre Palrador, até porque Rodrigo tem estofo suficiente para fazer isso sozinho. Fui suficientemente claro. Em segundo lugar, não me interessam suas "frases longas" nem sua "adjetivação opulenta" copiadas de O. de C. porque aqui não é lugar de análises de estilos. Em terceiro lugar, se Leo Spitzer e Karl Vossler são os gurus estilísticos da sua seita, vou é fugir deles.

Aliás, por que será que a citação de nomes é tão importante para vocês? Será que usam algum tipo de aferição de inteligência baseado na quantidade de autores que conseguem papaguear?

Estamos todos, desde já, ansiosos por sua volta e agradecidos por tantas concessões que faz ao derramar suas palavras sábias por aqui, quando lhe sobra tempo. Aproveite o carnaval para decorar mais alguns saberes e muitos nomes de autores. Faça uma boa viagem e... adeus.

Anônimo disse...

Parabéns ao Constantino pela coragem e pela postura no seu último comentário.

Obrigado ao Olavo pela aula e ao Constantino pela oportunidade da meditação.

Fora disso, vergonha são as moscas que entraram quando a janela permaneceu aberta. Não leram e não entenderam nada... como disse o Constantino, "acabou".

Anônimo disse...

Mais "superioridade"
.
Sobre Rodericus Constantinus Grammaticus 2, OC diz:

"NOTA ao parágrafo 4.1. - O número de cristãos evangélicos no mundo cresce à base de 8 por cento ao ano, enquanto o de muçulmanos cresce 2 por cento e o de ateístas menos de 1 por cento (v. David B. Barrett & Todd Johnson, World Christian Trends, Ad 30-Ad 2200: Interpreting the Annual Christian Megacensus. William Carey Library, Send the Light Inc., 2003). Estes dados jamais foram divulgados na grande mídia."

Assim como a pequena mídia olaviana e do MSM também não divulgará que
(1) os evangélicos crescem na mesma medida em que muitos saem das fileiras católicas desiludidas com a ICAR;
(2) que os 2% de muçulmanos representam mais em termos absolutos que o total de evangélicos ao ano;
(3) a comparação correta deveria ser de cristãos contra muçulmanos, já que estes correspondem a um grupo genérico, também dividido internamente;
(4) e que ateus são mais facilmente encontrados em sociedades urbano-industriais, i.e., países desenvolvidos. Por que será???

Estatística é que nem calcinha
...Mostra muito, mas esconde o essencial.

Já dizia Roberto Campos, um liberal de verdade.

Waldemar M. Reis disse...

Silêncio! A mais eloqüente das respostas. Eis o que de si tem recebido os comentários que apus aos seus textos, Rodrigo. Salvo uma ou duas menções do Fróes (a primeira, desabonadora, e a outra, se de fato dirigia-se ao que escrevi, é coisa que só verficando entre as linhas é possível saber), nada mais se disse sobre minhas sugestões.

A eloqüência do silencioso, não custa lembrar, está no fato de deixar campo excessivamente amplo às especulações do seu interlocutor. Como nos paradoxos de Luis Buñuel em O Fantasma da Liberdade e de George Lucas em THX... (não recordo a cifra que completa o título), ambos tendo por mote o aprisionamento, a vítima do silêncio de outrem está fadada a um tipo de exasperação, o de ter de escolher o significado desse gesto em meio a um conjunto incalculável, se não infinito, de soluções eqüiprováveis, sendo muito a propósito, pois, que vem o ditado: 'quem cala, consente'.

Semelhante argumento, entretanto, não é capaz de pôr termo em toda sorte de mutismo: assim como certas réplicas deselegantes, a total e renitente ausência de resposta só pode ter um significado, sobre o qual, sugere a cortesia, é melhor calar. Desse modo, como quando um 'não quer, dois não...' conversam, passo a reservar meu tempo para atividade mais proveitosa.

Isto não significa que resistirei a eventualmente abrir uma ou outra página de comentários aos textos deste blog. Afinal tenho interesse em me inteirar do modo como os debates têm curso nos mais diversos espaços abertos a esse fim. Só não me disponho mais a, com o mesmo empenho, colaborar com meus comentários neles, haja vista o quão trabalhoso é o trâmite de senhas etc para quem se recusa a debater anonimamente e tem por recompensa o eloqüente silêncio. Além do mais, sou falto de importantes recursos argumentativos muito em voga nestas páginas, pois procuro pautar minhas disputas apenas sobre o quanto ignoro, preferindo perguntar-me acerca das razões disto ou daquilo ser como é, ou mostrar como as entendo, maneiras essas de preencher, com as observações alheias, as lacunas que sequer percebo em minhas sistematizações. Fora isto, sinto-me no direito de argumentar somente sobre bases mínimas, mas solidamente estabelecidas, sendo-me impraticável o equilíbrio sobre noções demasiado movediças.

Enfim, tudo que tenho a dizer através da Internet, seja sobre as idéias que encontro aqui ou em qualquer outra parte, permanecerá nas páginas cujos endereços é fácil achar. Deixo meus votos de perpétua e acalorada disputa e fortes abraços.

Anônimo disse...

Waldemar, não sei se a mensagem sobre réplicas deselegantes foi endereçada em parte a mim, mas, pelo menos, temos um gosto em comum: O Fantasma da Liberdade é absolutamente perfeito.

Anônimo disse...

Ricardo,

As réplicas deselegantes, um dos tópicos de minha derradeira mensagem, não se referiam às suas. Uma destas, a primeira de que fui tema, classifiquei como 'desabonadora'. Só. No mais, vide outras intervenções em que me congratulei com suas opiniões, em particular aquelas sobre o Olavo de Carvalho.

Concordo com você: não tenho estilo, mas um cacoete. Por isso creio merecer, quando muito, alguma tolerância por parte de quem suspeite haver algo de sólido em meio a tanta fumaça. No entanto, longe estou de praticar e, naturalmente, de transigir com essa onda de imposturas assolando a imprensa como um todo e apossando-se das almas mais crédulas, por inexperientes, para perpetuar sua insensatez. Tenho apreço pelo debate e estou seguro de nele nada de mim estar-se expondo à menor invectiva dos debatedores mais precipitados, uma vez que estão em cena, como em qualquer jogo, as peças, as quais, no caso das controvérsias, já vêm de per si imbuídas como que de moto próprio, ou das próprias estratégias, cabendo-nos assim observá-las sob os diversos ângulos que nos propiciam os lugares em que nos dispomos e em seguida confrontar o que se observou de modo a tentar uma noção mais precisa de como se comportam.

Quanto a Buñuel, foi (ou é) sorte de febre acometendo muitos de nossa geração. Por isso serei mais afoito do que você: o que, em Buñuel, não é absolutamente perfeito?

Anônimo disse...

Olha que eu sou o que poderia ser chamado de ateu, mas o texto do Olavo humilha você, Rodrigo. Dá pra perceber claramente quem tem cultura e quem não tem. Você não leu nem 1/4 das obras que fazem críticas ao Voltaire. Só defendeu Voltaire porque ele diz coisas que fazem sentido para aquilo que você defende aqui no seu blog. Chega a ser até constrangedor observar a diferença na erudição de cada um. Se prepare melhor, Rodrigo. Um abraço.

Anônimo disse...

Mais um que se deixa enganar pelo palavrório oco de O. de C.. Eu diria até que é mais um analfabeto funcional que lê sem digerir. A cascata de Olavo está cheia de contradições e falsidades facilmente identificáveis por qualquer um com QI de ameba para cima e, no entanto, ainda tem gente que se emprenha pela a agressividade verborrágica do Mestre Palrador.

Eu pergunto: para quê ler obras que criticam Voltaire quando se pode lê-lo e fazer seu próprio julgamento? É aí que reside o segredo de Olavo e seu séquito. São meros decoradores de nomes e obras a se vangloriar da papagaiada de textos alheios. E continuo a bater na mesma tecla: cultura até que engana, mas não pode nunca ser confundida com inteligência.

Um conselho aos ecolálicos: leiam muito, mas limitem-se a Paulo Coelho. É bem mais fácil de decorar.

P.S.: Waldemar, obrigado pela atenção. E eu só perguntei sobre as réplicas porque tenho reconheço não ser muito simpático quando as coisas não me agradam.

Abraços

Anônimo disse...

Tem um "tenho" a mais no PS.

Anônimo disse...

Esse negócio de anônimo comentar já está dando no saco. Chegou ao cúmulo de um deles ter que dizer: "Eu sou o anônimo das 5:28 PM"... Tenham paciência! Atribuam-se números, pelo menos, para que ninguém se perca nos comentários.

Outra coisa incomodativa é a quantidade de analfabetos funcionais, incapazes de ler um texto como um todo, que se atêm a frases pinçadas e as interpretam das maneiras mais escalafobéticas possíveis. Eu até gostaria de saber quantos entre os comentaristas já leram Voltaire. Será que chega a 10%? Acho que não. No entanto todos se acham no direito de dar palpites sobre o que não conhecem, além de se emprenharem pelo palavrório de Olavo de Carvalho, que, em uma crítica cheia de falsidades, contradições e meias-verdades, tenta desabonar o texto de Rodrigo que até pode não ser um primor para quem não tem as mesmas convicções, mas que, sem dúvida, resume as idéias de muitos que não usam a cabeça apenas como separador de orelhas.

Anônimo disse...

Desculpem, o comentário era para outro artigo.

Anônimo disse...

Hummmm...

Então, quem acredita que Jesus nasceu da Virgem Maria e que era Deus em carne é fundamentalista...

Bem, para ser cristão é essencial acreditar nisso. Daí, segundo você, todos os cristãos são fundamentalistas.

Ô "cientista", a falta de prova da existência de um fato não prova a inexistência deste fato.

Luiz

Anônimo disse...

Rodrigo, vc me decepcionou. Sua réplica foi um desastre!

Anônimo disse...

Rodrigo,
eu ainda não li a resposta que os seguidores de Olavo afirmam que foi “brutal” aos seus artigos.

Talvez um dia leia (tenho os links), mas não tão cedo, por absoluta falta de tempo. Gosto do estilo dele, mas reprovo o uso de termos escatológicos e algumas ironias com sobrenomes.
Ultimamente, ando de mal com OdeC por causa de um artigo, e até hoje ele ainda não me enviou resposta.

Portanto, entenda o que vou colocar adiante como respostas minhas, não a todas as questões, mas somente as de meu interesse...

1. é ou não é questionável se Moisés de fato existiu? O que falam sobre ele não parece pura fantasia?
Continua sendo questionável, mas não pelos motivos levantados por Voltaire.
Não se apresentou, como em outros casos, alguma confusão (intencional ou não) de nomes, ou mesmo a evidência de uma criação exclusivamente literária.
Os céticos, Voltaire à frente, jamais apresentaram qualquer demonstração cabível, salvo a alegação que os eventos extraordinários que acompanharam sua existência histórica eram incompatíveis com a observação do real, e daí deduziram que também poderiam rejeitar a existência de Moisés – o que aliás também fizeram em relação a Rômulo, Buda, Jesus Cristo e até Pôncio Pilatos (cuja existência teve recentemente comprovação arqueológica, que é a mais importante de todos).

Observa-se claramente que esse é um caso em que o ceticismo avançou em uma área que não lhe dizia respeito. Ou seja, o ceticismo de Voltaire tomou para si um papel que lhe cabia, como juiz de causas até então ignoradas pelo conhecimento científico disponível.
Os céticos subverteram o princípio da dúvida (“dubitando ad veritatem venimus”) e o transformaram em nada mais que um novo dogma. Enalteceram o primado da dúvida para em seguida, muito rapidamente, esmagá-la apenas para dissipar a persistência do incerto (insuportável para o positivismo, mas inerente ao método científico).

O resultado é que, hoje em dia, não só a existência de Moisés é considerada bastante provável, como também se admite até mesmo a de Abraão.

2.Não existiam histórias similares na Arábia, que podem ter influenciado a dos judeus?
Se existissem árabes na mesma época da compilação de Moisés, talvez.
Mas nessa época, o deserto era habitado por tribos semitas (hoje arabizadas) tão próximas aos hebreus que seria ilógico afirmar que os primeiros copiaram dos segundos, ou vice-versa.
O próprio Alcorão tem histórias similares à da Bíblia. Os árabes criam no Paraíso, de Adão, de Caim e Abel, da Dilúvio, da Torre...
Se os judeus copiaram dos árabes então teremos que admitir que só poderiam ser conversas extremamente longas. Porém, quanto à autoria, é justo que caiba ao povo mais antigo. Sorry...

3.Davi não cometeu mesmo os crimes citados?
Cometeu sim.
E é por isso que Davi não teve o direito de construir o Templo: “Não edificarás casa ao meu nome porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue” (I Cron 28.3)

Em nenhum ponto da Bíblia se contesta que Davi cometeu pecados e tinha as mãos manchadas de sangue inocente, mesmo tendo sido mais fiel que os reis que o sucederam, inclusive Salomão, que teve esse privilégio.

4.Não existe um Evangelho que poderia levar a crer que Jesus era filho de Mirja numa relação adúltera?
Não existe.
Essa história consta em um escrito talmúdico, o “Sefer Toldos Jesu”, escrito séculos depois dos Evangelhos e com o objetivo de injuriar o cristianismo. Logo, não foi escrito por uma variante de variante de seguidores de Jesus, e sim por seus opositores, judeus.

Porém, se Voltaire acha o Sefer Toldos mais crível (afinal, por ser compatível com os limites da observação da realidade), podemos concluir que os judeus (aos quais Voltaire não tinha nenhuma consideração) conseguiram obter plenamente seu objetivo. E o cético Voltaire, diante de certos assuntos, revela uma forte tendência para a credulidade.

5.É falso que consta um milagre atribuído a Cristo de expulsar os demônios para porcos numa região onde não existiam porcos?
Segundo os Evangelhos, esse milagre aconteceu na Galiléia.
A Galiléia, ao contrário da Judéia, era uma região em que, sim, poderiam existir porcos, já que o estabelecimento do judaísmo naquela parte era relativamente recente (época dos macabeus) e certamente parcial. Logo, existiam populações que criavam porcos para seu consumo de carne.

6.É mentira que os Evangelhos hoje considerados apócrifos eram citados pelos primeiros padres?
Nem todos os escritos apócrifos são considerados heréticos. A maioria deles é até correta do ponto de vista ortodoxo, mas por algum motivo não foram considerados inspirados. Como a temática deles é muito parecido, podemos admitir sem medo que foram excluídos apenas pelo fato de seus eventos já se encontrarem nos quatro canônicos, não sendo necessária a sua inclusão.

Contudo, é certo que os primeiros padres não se serviram de citações dos Evangelhos heréticos, salvo com a intenção de criticá-los.

7.Seria mentira que os exorcizados eram pessoas mais ignorantes e humildes, como ocorre hoje na Igreja Universal?
O Novo Testamento não atenta à condição social ou intelectual daqueles que tinham demônios expulsos.
O que ocorre hoje na Igreja Universal é uma simbiose com crenças espíritas e afro-brasileiras, em que esta se porta como aquela que combate as práticas dessas últimas, englobadas comumente como feitiçaria.
O termo “encosto”, por exemplo, não pertence a nenhuma tradição teológica do protestantismo, mas a Igreja Universal se propõe a combatê-lo com a Bíblia.

O que é perfeitamente admissível é que os exorcismo da Universal atinjam proporcionalmente o mesmo quadro social e intelectual amparado pelo espiritismo e cultos afro.

8.Voltaire mente ao falar sobre o período de Diocleciano, onde os cristãos não foram perseguidos, ao menos no começo, e ainda criaram uma rica igreja?
Mente, e mente descaradamente.
Aliás, no artigo “O Túmulo do Fanatismo” não consta que a perseguição se deu somente após algum tempo (como realmente aconteceu). Foi somente após a correção de um certo professor Cajaíba que foi corrigida essa idéia grotesca.
A perseguição anti-cristã movida por Diocleciano e Galério, a última, foi nada mais que a mais intensa de todas, com 10 a 15 mil mortos, muito maior que Nero ou Domiciano.

Quanto a criar uma igreja rica, vamos convir historicamente que isso só seria possível a partir de Constantino (já que o Édito de Diocleciano não se preocupa com confiscos, e sim com a queima de livros sagrados).
Ou será necessário convocar o Cajaíba para nos esclarecer mais uma vez?

9.Constantino matou ou não sua própria mulher?
Não apenas a mulher, mas também um filho e alguns parentes próximos.
Isso os autores cristãos jamais esconderam, como também seu desprezo pelas questões doutrinárias cristãs e até sua recusa em ser batizado, até a hora da morte, e sob as mãos de um bispo ariano, Eusébio.

Tecnicamente, portanto, Constantino (o imperador, não o Rodrigo) morreu fora da graça da Igreja.
Curiosamente, Voltaire morreu dentro.

10.Consta ou não nos relatos da Igreja como foi feita a escolha dos Evangelhos aceitos no Concílio de Nicéia?
Essa lenda não consta nos Anais do Concílio de Nicéia.
É evidente, porém, que essa lenda foi criada, mas sua atribuição a Nicéia é totalmente impróprio, já que este concílio não cuidou desse caso.

Aliás, jamais poderiam ser centenas (já que se admitem, no máximo, uns 40 evangelhos).
Além disso, desde Irineu de Lyon (que morreu em 180) os Pais da Igreja já tinham limitado apenas os 4 evangelhos que são hoje os canônicos, dois séculos antes de Nicéia.

11.Enfim, quais das citações históricas de Voltaire são absurdas?
Acredito que depois dessas últimas respostas (e mais aquela carta referida pelo professor Cajaíba) não reste muito da credibilidade de Voltaire em termos de história.
E olha que xinguei ninguém...

Concluindo,
Convenhamos que é perfeitamente aceitável que uma instituição particular (como no caso da Igreja) vete alguns livros contrários à sua doutrina ou que não aceite professores que contrariem seus postulados.
Aceitável ou não, isso faz parte da liberdade, e impor que uma instituição particular tenha que aceitar ensinos contrários a ela tem mais a ver com intolerância que com debate de idéias.

Seria o mesmo que exigir que os evangélicos comprem o Livro dos Espíritos, ou que os centros kardecistas tenham obras de Edir Macedo apenas para satisfazer um conceito fútil de tolerância.

A Ciência (tomando como caso concreto as universidades) não precisa criar esses vetos e limitações, e até é aconselhável que suas bibliotecas reunam escritos de caráter não-científico ou de autores de opiniões contrastantes. No entanto, não pensem que a Aradia de Leland estará no mesmo nível de Keith Thomas ou Alan MacFarlane.
Há, evidentemente, um índex oculto de livros que não devem ser considerados, ao lado de outros que formam uma espécie de canon do cientificamente aceitável. A diferença é que esse canon científico é extremamente maleável, e o que hoje é considerado correto amanhã poderá ser derrubado pela própria ciência.
A própria Igreja cometeu um erro milenar ao apropriar-se do “canon” de Aristóteles como o conjunto da verdade real, mas o cientificismo hoje não se afasta muito do preconceito medieval quando tem seu próprio “canon” moderno, obstruindo a investigação científica.

Quanto à responsabilidade sobre as atrocidades do século XX, concordo perfeitamente que é exagerado atribuí-las ao ateísmo (o que seria uma injustiça com os ateus liberais, que nada têm a ver com isso).

Se, entre as numerosas vítimas do comunismo, se encontravam muitos padres, isso se deve unicamente ao anti-clericalismo presente dentro do marxismo, cuja semente nasce precisamente em Voltaire.

Omar disse...

Rodrigo, falar sobre religião sempre é algo perigoso, por isso não acho legal essa sua postura de se colocar como vítima, bastava que vc respondesse à acusação desse senhor, pulando a parte do vitimismo.
Abraços, vou te linkar.

Anônimo disse...

Caro Rodrigo,

Nem conhecia o seu blog e vi só por cima o seu ranca-rabo com o Olavo. O que eu acho é que essa historia de contrapor fé e ciência é uma grande besteira. Um cientista honesto olha para o mundo físico a sua volta, faz medidas, descobre relações de causa e efeito and that´s all. Os desonestos acham que o simples fato de entenderem de mecânica quântica os torna detentores de um conhecimento absoluto e que nada está fora do alcance da inteligência humana. São, no fundo, sujeitos vaidosos. A boa notícia é que esses caras, como personagens do BBB, passam. O que realmente importa já entrou no terceiro milênio de sua existência e, se aqui e ali dá sinais de recuo, em outro lugares avança com um ímpeto avassalador. O Catolicismo é Eterno. Feliz Natal a todos e que a humildade do de um Deus que se faz Menino seja exemplo para todos nós.

Anônimo disse...

Caros senhores:

Durante a vida de uma pessoa, camadas e mais camadas de idéias e interpretações da realidade vão se sobrepondo na mente do indivíduo, de tal forma que uma camada atual apresenta muita correlação com a camada interior.

Hoje, por exemplo, após muito esforço de minha parte, consegui identificar as diversas camadas de pensamentos que foram gradativamente construindo o meu ego ou senso de realidade.

É impressionante como uma interpretação infantil da realidade vai se transformando em uma visão de mundo subjetiva que por sua vez, já na adolescência, vai criando uma nova visão de mundo mais ou menos compatível com a anterior e assim por diante.

Nessa minha viagem interior descobri no núcleo de todo o processo um grande ódio aos meus pais que, pela culpa e medo que causavam, foram moldando minha personalidade num sentido bonachão (bom até a fraqueza) e covarde.

Eu sempre me envergonhei de ser como eu era mas faltavam-me a dialética tão necessária à reformulação de minhas emoções e interpretações da realidade.

Através da Psicologia desenvolvi essa dialética interior e felizmente aqui estou eu contando como funciona a mente de uma pessoa.

No caso de Olavo de Carvalho, provavelmente ele sentiu muito ódio ou dele ou do pai dele o que lhe provocou muita culpa no passado.

Essa culpa, após a sua fase de revolta esquerdista, contra os ditames do pai, fez com que o mesmo se alinhasse à extrema-direita na tentativa desesperada de se reconciliar com o pai interiorizado em seu super-ego.

O problema dessa solução racional é que ela não resolve o problema mas apenas faz o indivíduo fugir do mesmo e achar que resolveu todos os problemas de sua vida.

Para que de fato surta efeito o processo dialético faz-se mister que as emoções estejam presentes e, para tanto, dada a destrutividade e periculosidade dessas emoções para o indivíduo, aconselha-se procurar um profissional para isso.

Quando se fala da religião de forma racional e contundente provoca-se em Olavo de Carvalho uma reação emocional pois a religião é a única forma que temos para justificar nossos pais e perdoá-los pois ela, de certa forma, age em nosso super-ego, justificando-o e dando razão ao pai.

Oras, numa cultura e sociedade patriarcalistas, onde a obediência ao pai produz tantos resultados positivos, realmente é um perigo para o indivíduo se voltar contra o pai.

Eu só consegui entender o que é felicidade e viver de bem com a vida quando consegui emocionalmente perdoar o meu pai internalizado na forma de um super-ego.

Consegui através de minha experiência de vida e de meus sucessos não só dar razão a ele mas também sentir que o pai internalizado foi o melhor que uma pessoa em minhas condições poderia ter tido.

Por isso, sempre desconfiem das pessoas que fazem da pena o seu ganha-pão. A vida é muito simples para se ficar teorizando-a a não ser que seja para se ganhar dinheiro.

Abraços.

Anônimo disse...

Caros senhores:

Realmente o Olavo de Carvalho deu um show de erudição no pobre coitado do Constantino.

Eu não vejo em que a religião nos priva da liberdade já que há muito tempo não temos tido obrigação nenhuma de frequentá-la.

Dizer que a religião é a maior inimiga da liberdade é remontar à nossa infância quando queríamos brincar e nossas mães nos obrigavam a frequentar igreja contra a nossa vontade.

Parabéns Constantino! Você conseguiu levar uns bons puxões de orelha do pai da matéria. Foi tratado como um moleque que só porque manja "prá caraio" de economia pode sair falando de tudo por por aí.

Eu sei o quanto nos doía física e moralmente na infância os puxões de orelha e surras que tomávamos de nossos pais.

O que nos restava naquela época era apenas conformarmo-nos com a situação e tentarmos não mais despertar a ira de nossos pais em relação a nós.

Entendo que em matéria de religião há muitos traumas infantis que nos impedem de enxergar as verdades por trás dos fatos pois bastou falar que é religião para torcermos o nariz e pararmos de prestar atenção no indivíduo.

Vou dizer mais ainda. Em minha família nuclear meu pai era ateu e minha mãe religiosa. No final das contas o alicerce moral de minha família era minha mãe e não meu pai que se dependesse dele não estaria nem aí com ninguém.

Passei boa parte de minha vida sentindo-me culpado por não conseguir ser como eu achava que meu pai queria e por não conseguir ser como eu achava que minha mãe queria.

Quando eu, aos 28 anos de idade, li Allan Kardec foi como uma revelação em minha vida vinda do Alto. Senti dentro de mim uma felicidade que não é desse mundo porque finalmente havia conseguido unir dentro de mim duas pontas aparentemente irreconciliáveis: o racionalismo de meu pai que chegava às raias da sem-vergonhice e a religiosidade de minha mãe que lhe emprestava uma aparência nobre e digna por mais insignificantes que fossem suas obras.

Nesse dia eu senti-me nas nuvens e tornei-me um devorador voraz da literatura espírita.

Por isso, caro Rodrigo, eu não levo muito a sério esses questionamentos religiosos da juventude pois consegui resolver em minha vida as questões morais oriundas de tudo isso.

Você precisará se abrir mais em relação a esse ponto pois você toma partido religioso a partir do momento em que você se posiciona contra a religião.

Não pense que você se libertou de sua educação religiosa só porque a desprezou. Eu também desprezei a minha e tive que aceitar a religião como um excelente justificador de nossa moral.

Sem essa justificação eu me sentiria idiota por ser bonzinho, inteligente, comportado, num mundo onde a irracionalidade de milhões impera e quer conquistar o poder.

Certa vez um sujeito me abordou no ônibus numa atitude tão folgada e sem-educação que eu lhe disse que não o conhecia e não conversava com estranhos segundo minha mãe ensinou.

Como eu queria me safar do incômodo que o sujeito me causou sem apelar para a violência eu me saí com essa, justificando minhas escolhas usando-me de minha mãe e isso com 43 anos de idade.

Feliz é a pessoa que adere ao bem e para justificá-lo cultiva uma religião que o torna invulnerável aos ataques dos outros que teimam em atacá-lo para tirá-lo de seu melhor.

A religião é um escudo contra o assédio das trevas que adora nos indagar por que não bebemos, por que não fumamos, por que somos anti-sociais, por que não isso, por que não aquilo, etc.

O religioso simplesmente responde à essas questões com a máxima:- Porque sou crente, oras, bolas. Se eu não fosse até faria tudo isso mas como temo meu pai que está nos Céus eu não faço isso.

Quando um religioso se sai com essa ele não está fazendo apologia religiosa ou fazendo propaganda de sua fé e sim, caindo fora dessas discussões que não levam a nada, usando-se de sua condição de crente, afinal, não é todo mundo que tem a cultura e a energia de um Olavo de Carvalho para perder horas e horas defendendo suas escolhas individuais na vida das pessoas que querem mandar nela e em sua vida, tornando-a dependente de algum vício socialmente aceito.

Por isso, caro Rodrigo, procure conhecer as coisas a fundo antes de enfrentar um Olavo de Carvalho, assim como você fez com a Economia sobre a qual discursa brilhantemente.

Abraços.

Everardo disse...

Olavo de Carvalho não é levado a sério no mundo intelectual, mas consegue arrebanhar incautos que pagam as suas contas. Suas cópias descontextualizadas dão ara de erudição a uma "obra" inepta, confusa, sem fundamento e ainda por cima, resultante de uma "pescaria" em textos alheios. Plágios feitos por um especialistas em disfarçá-los.

Anônimo disse...

Não deixe de crer nas demais notas de dinheiro só porque algumas são falsas, viu ?

Pense nisso!

Ou você ..."já está queimando todas as notas"... só porque a maioria dos professos cristãos crêem em doutrinas pagãs fundidas a partir do 4° século com Connstatino , um pagão, que nem cristão era, que criou a trindade em 325 EC ? ..e assim por diante...

heim ?

Já está queimando todas as notas de dinheiro só porque algumas são falsas..??

Landin disse...

Rodrigo, parabens pela réplica. O Olavo de fato peca quando exarceba seu fanatismo religioso. Tenho enorme admiração pelo velho professor, mas vc sem duvida alguma é provido de sabedoria geral equilibrada e de uma respeitada educação, em muito superiores às dele. Posso tranquilamente e sem receio algum tipifica-lo como o melhor especialista da area economica no BRasil e tambem um debatedor no campo filosofico invejavel. Parabens pelos seus escritos e boa sorte em toda sua trajetoria de vida.

Joao Labrego disse...

Apesar de eu admirar o Olavo de Carvalho e outros nomes do direitismo nacional, fica-me difícil conciliar a religiosidade desses mesmos nomes com a sabedoria demonstrada por eles.

Tenho a impressão que muitos dos homens sábios de nosso tempo atribuem de alguma forma ao regime militar e à religião, a necessária repressão dos instintos humanos para que estes se sublimassem em conhecimento e amor à verdade.

Nada mais falso do que isso pois conheço muita gente que nem sofreu repressão no passado e hoje goza de uma boa vida além de bastante sabedoria.

É claro que segundo Freud, o indivíduo mediano numa sociedade repressiva tende a sublimar seus instintos transformando-os em manifestações culturais de outra espécie e cada vez mais requintadas.

Já numa sociedade liberal o indivíduo mediano não sente necessidade de reprimir seus instintos e por isso atinge um grau mediano de requinte cultural o que para ele já está de bom tamanho.

Oras, será que Olavo de Carvalho, Reinaldo de Azevedo e até mesmo Rodrigo Constantino existiriam tal qual os conhecemos hoje se não fosse um pouco ou bastante repressão no passado, seja por parte de seus pais ou da sociedade?

Talvez sim, talvez não.

Hoje estamos vivendo o tempo do "pode tudo" em oposição ao tempo do "não pode nada".

Vamos ver no final em que isso vai dar e se estamos formando cidadãos ou marginais.

Existem coisas que ainda é prematuro especular.

Anônimo disse...

Sou novato no seu blog por isso não falarei muito.De momento e ele pede urgencia a direita liberal esta sendo verrida,massacrada pelos donos do poder ! Vale a pena essa briga? nossos inimigos não são outros nesse momento?
Um abraço!!
AMADEU @amadeumetal

Anônimo disse...

Rodrigo, acho que alguém precisava mesmo peitar esse carola fanático. agora, sugiro que não perca mais seu tempo porque não se ganha nada discutindo com fanáticos - eles agem como hordas. são tão perniciosos quanto um fanático comunista/nazista.

Faust