quarta-feira, março 14, 2007

Filhos de Gandhi



Rodrigo Constantino

“O jeito mais fácil de terminar uma guerra é perdê-la.” (George Orwell)

Basta mencionar o nome Gandhi para que automaticamente muitos se lembrem do pacifismo como um meio para um fim nobre, que é a paz. “Olho por olho e o mundo acabará cego”, eis o resumo da doutrina gandhiana. Em muitos aspectos, essa doutrina remete aos ensinamentos de Cristo, que teria dito no famoso Sermão da Montanha: “Ouviste o que foi dito: olho por olho e dente por dente; Eu, porém, te digo que não resistas ao mau; mas se alguém te bater na tua face direita, oferece-lhe também a outra”. Em resumo, jogar fora a lex talionis e responder à violência com amor. O próprio Gandhi afirmara que “Cristo é a maior fonte de força espiritual que o homem até hoje conheceu”. E para ele, “a força de um homem e de um povo está na não-violência”.

Tudo isso parece, sem dúvida, muito bonito e nobre. Normalmente, aquele que propaga tais ideais adquire um ar de nobreza, de boa alma imbuída das mais belas virtudes. Quem poderia ser contrário à paz? Ocorre que a paz é uma finalidade, e existem diferentes meios para alcançá-la. Nem sempre o meio pacífico será o melhor. Muitas vezes será necessário, no mundo real, combater violência com violência, ou pelo menos com a ameaça de seu uso. Seria preciso combinar com o inimigo antes a estratégia de paz e amor. Afinal, para o pacifista retribuir chumbo com rosas, é crucial que ele esteja vivo acima de tudo. Mortos não costumam reagir a estímulo algum.

George Orwell foi, enquanto jornalista, bastante realista. Em um artigo de 1948, chamado A Defesa da Liberdade, expressou sua opinião resumida sobre os métodos políticos de Gandhi, tendo como base o livro Gandhi e Stalin, de Louis Fischer: “Gandhi jamais lidou com um poder totalitarista. Lidava com um despotismo antiquado e um tanto vacilante, que o tratava de um modo razoavelmente cavalheiresco e lhe permitia a cada passo invocar a opinião pública mundial”. Ele continua: “É difícil reconhecer como sua estratégia de greve de fome e desobediência civil poderia ser aplicada em um país onde os oponentes políticos simplesmente desaparecem e o público nada ouve além do que lhe permite o governo”. Ou seja: se Gandhi obteve algum sucesso com seu pacifismo romântico, isso se deveu ao fato de ser a Inglaterra do outro lado. Fosse um Stalin, por exemplo, e Gandhi seria apenas mais um mártir, um cadáver perdido numa pilha incontável. Não é preciso ficar na especulação: Dalai Lama adotou uma postura similar e isso nunca impediu que o povo tibetano fosse dizimado pelos chineses.

Um ano após o artigo de Orwell, Pablo Picasso estaria criando uma litografia para o cartaz do Congresso Mundial da Paz em Paris, que eternizou a pomba como símbolo dos pacifistas. Paradoxalmente, o evento era financiado pelos assassinos de Moscou. Picasso foi simpático ao comunismo, e chegou a ser agraciado com o Prêmio Lênin da Paz. Desconheço contradição maior que utilizar Lênin e paz na mesma expressão. Os comunistas sempre fizeram muita propaganda pela paz, enquanto na prática foram sempre sua maior inimiga. Tentavam monopolizar os fins para não terem que debater os meios, e desta maneira, todos que não compartilhavam dos seus slogans românticos eram belicosos ou assassinos em potencial. Foi assim que os comunistas franceses exortaram os soldados a abandonar seus postos poucas semanas antes de Hitler invadir a França. Oferecer a outra face para alguém como Hitler é o caminho certo para a destruição.

Ainda hoje nota-se que muitos seguem os passos de Gandhi, sempre reagindo com discursos lindos quando a escalada da violência é brutal. Basta dar carinho que os psicopatas assassinos poderão virar bons samaritanos. A impunidade permanece e o convite ao crime fica irresistível para os delinqüentes. Assim, os filhos de Gandhi saem às ruas com suas camisetas brancas na cruzada pela paz, já que cruzadas costumam valer mais pelo sentimento de bem-estar que incutem nos seguidores que pelos resultados práticos concretos. Os criminosos agradecem. Olho por olho, e a humanidade acabará cega. Olho por rosas, e somente uma parte da humanidade acabará cega: a parte boa.

20 comentários:

Macário.. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Reproduzir é o bastante, não há o que acrescentar:


" Normalmente, aquele que propaga tais ideais adquire um ar de nobreza, de boa alma imbuída das mais belas virtudes."
Assim, os filhos de Gandhi saem às ruas com suas camisetas brancas na cruzada pela paz, já que cruzadas costumam valer mais pelo sentimento de bem-estar que incutem nos seguidores que pelos resultados práticos concretos.


"Desconheço contradição maior que utilizar Lênin e paz na mesma expressão. Os comunistas sempre fizeram muita propaganda pela paz, enquanto na prática foram sempre sua maior inimiga. Tentavam monopolizar os fins para não terem que debater os meios, e desta maneira, todos que não compartilhavam dos seus slogans românticos eram belicosos ou assassinos em potencial."


Abraços
C. Mouro

Anônimo disse...

Aproveito aqui para discordar de um destes tais de conservadores que lamenta o "lado negativo" da liberdade de expressão. Afinal, ele o vê negativo por deficiencia própria. Eu sempre vejo positivo, desde que para todos os lados. Pois assim ode-se debater e expor razões para que se julgue.
Somente quem sabe que o julgamento ante o esclarecimento lhe será prejudicial, somente quem se vale de mentiras e deturpações teme o desmascaramento destas e, logicamente, vê um "lado negativo" na liberdade igual para todos. Pois deseja apenas maior liberdade para si e seus pares ideológicos, ansioso por calar os divergentes, seja com camaras de tortura, fogueiras, gulags ou etc.. Querem mesmo é calar vozes contra as quais nõa têm argumento.
...será isso comum a todos os ditos conservadores???
...se for não há mesmo diferença entre eles e os socialistas.

Eu só vejo lado positivo na liberdade, desde que igual para todos.

Abraços
C. Mouro

João Emiliano Martins Neto disse...

Olá Constantino, muito bom esse seu post. De fato, a paz é um fim e se preciso for chumbo grosso contra o inimigo, paciência. Inclusive os falsos cristãos não podem nem sequer evocar a figura excelsa do Salvador Jesus Cristo, pois Ele mesmo expulsou à base de chibatadas os vendilhões do templo. São Paulo chamou os cristãos judaizantes de cães e condenou o homossexualismo de forma bastante peremptória. Por isso que defendo que devemos nos deixar interpretar pela Bíblia e não ter a vã pretensão do caminho inverso. O homem é imperfeito deve-se deixar guiar e ser filho de Deus o Pai Criador.


C. Mouro, com relação ao lado negativo da liberdade creio que a intenção dos conservadores honestos é apenas a de manter a boa ordem, a segurança e a prudência, enfim, condições necessárias para que a mesma liberdade ocorra sem se tornar escravidão.


ABRAÇOS.

Anônimo disse...

Como surgiu este homossexualismo aí no meio? É cada uma. Poderia ter-se falado de tantos pontos. Engraçando como a psicologia mostra que batemos na tecla que mais nos intimamente incomoda. Os motivos: só com terapia. Ô ato falho!

João Emiliano Martins Neto disse...

Olá Ezequiel, apenas citei a homossexualidade como algo combatido pelo importante líder cristão Paulo de Tarso não com rosas, mas com a baioneta do verbo inflamado.

ABRAÇO.

Anônimo disse...

Na Índia,o índice de criminalidade é muito baixo,não obstante a existência de muito mais pobreza e contrastes sociais do que no Brasil,o que desmente os que pretendem justificar os criminosos nestes termos.

Por isso,o discurso pela paz, de Gandhi,pode até ser pertinente lá,mas não aqui,quando se trata de criminalidade.

Anônimo disse...

Constantino,

Não gosto muito de algumas "inserções", digamos, da Fernanda Young, mas veja se esta não cabe muito bem:

Para quem me odeia

Eu te amo. E não seria metade do que sou sem você, juro.
É seu ódio profundo que me dá forças para continuar em frente, exatamente da minha maneira.
Prometa que nunca vai deixar de me odiar ou não sei se a vida continuaria tendo sentido para mim.
Eu vagaria pelas ruas insegura, sem saber o que fiz de tão errado.
Se alguém como você não me odeia, é porque, no mínimo, não estou me expressando direito.
Sei que você vive falando de mim por aí sempre que tem oportunidade, e esse tipo de propaganda boca a boca não tem preço.
Ainda mais quando é enfática como a sua - todos ficam interessados em conhecer uma pessoa que é assim, tão o oposto de você.
E convenhamos: não existe elogio maior do que ser odiado pelos odientos, pelos mais odiosos motivos.
Então, ser execrada por você funciona como um desses exames médicos mais graves, em que "negativo" significa o melhor resultado possível.
Olha, a minha gratidão não tem limites, pois sei que você poderia muito bem estar fazendo outras coisas em vez de me odiar - cuidando da sua própria vida, dedicando-se mais ao seu trabalho, estudando um pouco.
Mas não: você prefere gastar seu precioso tempo me detestando.
Não sei nem se sou merecedora de tamanha consideração.
Bom, como você deve ter percebido, esta é uma carta de amor.
E, já que toda boa carta de amor termina cheia de promessas, eis as minhas:
Prometo nunca te decepcionar fazendo algo de que você goste. Ao contrário, estou caprichando para realizar coisas que deverão te deixar ainda mais nervoso comigo.
Prometo não mudar, principalmente nos detalhes que você mais detesta. Sem esquecer de sempre tentar descobrir novos jeitos de te deixar irritado.
Prometo jamais te responder à altura quando você for, eventualmente, grosseiro comigo, ao verbalizar tão imenso ódio. Pois sei que isso te faria ficar feliz com uma atitude minha, sendo uma ameaça para o sentimento tão puro que você me dedica.
Prometo, por último, que, se algum dia, numa dessas voltas que a vida dá, você deixar de me odiar sem motivo, mesmo assim continuarei te amando. Porque eu não sou daquelas que esquece de quem contribuiu para seu sucesso.
Pena que você não esteja me vendo neste momento, inclusive, pois veria o meu sincero sorrisinho agradecido - e me odiaria ainda mais.

Com amor, da sua eterna. Fernanda Young.

Um grande abraço,
Helena.

Anônimo disse...

Em resumo, jogar fora a lex talionis e responder à violência com amor.

pra mim, qm gosta de "amor" e porrada eh mulher de vagabundo
q lindo esse pacifismo

Juliano VL disse...

qual é a desse pessoal com os viados? Meu deus do céu, que fixação anal desses conservadores!!

Anônimo disse...

Prezado Constatino,

Acredito que há alguma redução na interpretação que você faz da passagem em que Cristo abole o "olho por olho". O pacifismo de Gandhi, aliás, tem muito pouco a ver com o pacifismo de Cristo. A idéia que o cristianismo abole não é a de violência, mas a de vingança. São coisas bem distintas. O uso da violência, da coação, é e sempre foi um elemento necessário para a manutenção da ordem, qualquer ordem, mínima ou máxima. Quanto ao "dar a outra face", a idéia segue a mesma linha. O objetivo de "dar a outra face" é desmascarar o adversário com sua própria (dele, adversário) mentira. É mostrar a sua tolice. É por isso que, ao contrário do que muita gente pensa, não há incongruência entre o "dar a outra face" e expulsar os vendilhões do templo debaixo de porrete.

Abs.

Anônimo disse...

Eu li várias histórias interessantes sobre a vida de Mahatma Gandhi ("Mahatma", do sâito "A Grande Alma") foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução, mas creio que aquele foi o seu papel naquele momento, atingindo o objetivo da Índia sem derramar sangue como uma guerra violenta. Gandhi ajudou a libertar a Índia do governo britânico, inspirando outros povos coloniais a trabalhar pelas suas próprias independências e em última análise para o desmantelamento do Império Britânico e sua substituição pela Comunidade Britânica (Commonwealth). (fonte: Wikipédia)

O princípio do satyagraha, freqüentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade", também inspirou gerações de ativistas democráticos e anti-racistas, incluindo Martin Luther King, portanto, este não teve a sorte como o Gandhi e logo foi assassinado, assim poderá não ter sorte aqueles que foram citados neste artigo.

Obs.: Repudio qualquer forma de discriminação, quanto ao homossexalismo citado nos comentários acima, quem seguiu ao pé da letra a biblia, digo... as religiões antigas, foram responsáveis por tantos assassinatos e crimes cometidos contra esses e tantas outras discriminações, chega de HIPOCRISIA, pois já vi muitos cristãos cheio da verdade, inclusive casados , traindo sua esposa até com outros homens, homossexuais reprimidos, usando o nome de Deus e o evangelismo para serem donos da verdade, oras... precisaremos de mais um milênio para progredir um pouco mais, e se realmente existir inferno, esses sãos os verdadeiros satanás.
Wal Águia

Anônimo disse...

A violência não é, nunca foi e jamais será uma maneira eficiente de se encontrar a paz....em hipótese alguma....acreditem....isto é uma verdade sem opostos!!!
Tudo vai passar....mas estas palavras não passarão!!!
Bj a todos...homens e mulheres....s/ preconceito!!! :-)

Anônimo disse...

Constantino,

Você não tem a menor idéia do significado de "dar a outra face". Se ainda defende a lei de Talião, não passa de um pior que selvagem, pensando que tudo só pode ser resolvido na porrada.

Anônimo disse...

Constantino,

Talvez você esteja certo, afinal, os indianos, muito religiosos, estão muito longe de bater os recordes brasileiros de criminalidade: 1.1 por 100 mil contra mais de 50 no Brasil, que se sentem orgulhosos de serem sem caráter.

Anônimo disse...

Caro Rodrigo:
Deparei-me com este blog e gostei muito. Parabéns. Gostaria de deixar um comentário a respeito desse artigo, Filhos de Gandhi,que achei por demais interessante. Tanto pelo brilhantismo de suas exposições, como pelo oportunismo do teor. Embora não discorde frontalmente de suas colocações, considero que seja preciso entender tanto o que Cristo falou como a pregação de Gandhi num contexto maior. O que ambos preconizaram foi a melhoria do ser humano, através do amor. Com isso entendiam que o mundo poderia ser melhor, o que parece correto! Então, na essência, estão certos. No entanto, é evidente que na guerra que se trava hoje, especialmente nas grandes cidades brasileiras, isso já não se aplica mais. É preciso dar respostas a altura do mal que a violência faz. Porém, não poderemos justicar a violência como meio para alcançar a paz. Dai seria a paz de quem? A do Bush que mata em nome de Deus? Argh!!! A sociedade precisa, deve, tem que ser dura com os promovedores da violência. Mas, ao mesmo tempo, precisa voltar-se para dentro de sí mesma e ver o que está errado. Por que existe esse tipo de problema? Numa sociedade justa e equilibrada, será que existiria? Então não cabe responsabilisar só o "outro" como agente da violência. Nós também o somos e, portanto, não somos a solução e sim parte do problema. Por isso devemos promover a discussão necessária para encontrar a solução. Só matar bandidos não vai resolver. Aumentar o efetivo policial,mais armamento, mais policiamento são indispensáveis. Mas se a outra parte não for avaliada, continuaremos a gerar pessoas violentas e matá-las e a aumentar o policiamento e assim por diante. Isso é a mudanças para o bem, para a paz, que Cristo e Gandhi propuseram. Precisamos compreender isso e aplicar no nosso dia a dia. Se cada um de nós melhorar nesse aspecto, a sociedade tenderá a melhorar como um todo.
Paz para todos!

Anônimo disse...

Combater a violência com violência é mais um meio de permanecer vivo do que assegurar a paz.

Anônimo disse...

"São Paulo chamou os cristãos judaizantes de cães e condenou o homossexualismo de forma bastante peremptória."

Se essa frase contém preconceito anti-homossexual, contém também preconceito anti-cristão-judaizante. O autor do post citou São Paulo apenas para mostrar que o conceito de "dar a outra face" não foi defendido da maneira que Rodrigo Constantino citou, a passividade perante os adversários não faz parte dele, como já foi explicado.

"Combater a violência com violência é mais um meio de permanecer vivo do que assegurar a paz"
Combater a violência com qualquer coisa que não seja violência é mais um meio de não permanecer vivo do que qualquer outra coisa. Não glorifico a violência, muito pelo contrário, amo a paz. Mas acreditar que "se um não quer, dois não brigam" é inocência demais. Embora o dito popular esteja certo até determinado ponto: "se um não quer, dois não brigam: um deles bate e o outro apanha".
Abraço!
~José

Anônimo disse...

Amigos, muito bom ter descoberto este cantinho.
Tendo lido e refletido sobre todas as opiniões, gostaria de acrescentar algo mais.
Quando Jesus (e aqui me permitam citá-lo como vocês o fizeram) disse: "Não se arranca o jôio pois que em o fazendo correis o risco de arrancar também o trigo. Tratai o trigo para que quando vir o seifador, colherá as espigas e colocará fogo ao joio que ficar."
Longe, aqui, a qualquer menção filosófica-religiosa sobre o fogo do inferno. Não. é que nos foi dado o mal, junto com o bem para que em comparando as reações más ou boas fizessemos a nossa "escolha". O que seria do mel se não ouvesse o limão?
Naturalmente, não temos que ser omissos ante o mal. O que temos que buscar, isto sim, é a forma da difusão do bem e em consequência a extinção do outro.
Falamos, lemos, opinamos, aceitamos e investimos sobre mais presídios, mais polícia, pena de morte etc. E esquecemos o principal: mais colégios, mais instrução, mais moral.
Não permitimos mais entrar Deus em nossas escolas, expulsamo-Lo de nosso convívio. E depois nos perguntamos: "Que Deus é esse que permite um 11 de Setembro?"... crianças sendo mortas em escolas...
Certamente Ele nos responderia: Não me deixam entrar mais nas escolas, nem em suas vidas?
Tergiversamos sobre os efeitos. Esquecemos as causas. Plantamos espinhos e queremos colher flores.
Gratos pela oportunidade.
Paulo (Fortaleza-CE jpchinel@terra.com.br

Anônimo disse...

Ótimo texto.
Acabou com Direitos Humanos (a ONG), pacificismo e anti-intervencionismo americano numa machadada só.