sexta-feira, janeiro 11, 2008

O Retorno da Telebrás



Rodrigo Constantino

A Oi, antiga Telemar, fez uma proposta de quase R$ 5 bilhões pela compra do controle da Brasil Telecom. A megaoperadora resultante dessa fusão, caso ela ocorra, será controlada pelos grupos Andrade Gutierrez e Carlos Jereissati. O dinheiro para parte da compra seria proveniente do BNDES, e os fundos de pensão iriam aumentar suas fatias também. Para a operação sair, faz-se necessário um decreto presidencial alterando o Plano Geral de Outorgas, que não permite aos mesmos acionistas deter o controle de duas concessionárias. O governo já tornou público seu desejo de ver uma grande operadora nacional atuando com sócios estratégicos. Parece que vai conseguir isso, ou seja, o retorno da Telebrás. A operação é um escândalo do começo ao fim.

Em primeiro lugar, pouco deveria importar a nacionalidade dos sócios. O que os consumidores querem é bom serviço, possível com competição no livre mercado. Essa vontade declarada do governo de ter uma empresa nacional grande é ranço nacionalista, do mesmo tipo que já pariu a Lei da Informática, mantendo o país na era jurássica da tecnologia. Em segundo lugar, os sócios estratégicos em questão atuam no setor de construção civil e shopping center, respectivamente. Nenhum deles é player tradicional de telecomunicações. Em terceiro lugar, é uma afronta o modelo de controle dessas empresas, com uma estrutura de ações preferenciais e ordinárias que permite o controle votante com uma ínfima parcela do capital total.* Em quarto lugar, choca ver um decreto presidencial feito sob medida para uma transação, sendo que a isonomia no livre mercado fica prejudicada, já que outros grandes players, como o mexicano Carlos Slim, não podem desfrutar da mesma vantagem. Em quinto lugar, se fosse realizado um leilão, com qualquer empresa livre para fazer uma oferta, com certeza o valor seria maior, e os acionistas minoritários da Brasil Telecom receberiam mais pelo seu direito de tag along. Por fim, a aquisição ser feita com dinheiro do BNDES fecha de vez o esquema simbiótico entre governo e empresários "amigos do rei".

São estas coisas, vistas por muitos leigos como exemplo do capitalismo liberal, que perpetuam uma péssima imagem deste. A compra da Brasil Telecom pela Telemar, bem ao gosto do governo Lula, ansioso para resgatar a falecida Telebrás, não tem nada de capitalismo liberal. Está muito mais para mercantilismo, o câncer que assola este país. Não custa lembrar que foi a Telemar que transformou Lulinha, o filho do presidente, num milionário da noite para o dia!

* A holding Telemar Participações controla 53,8% das ações ordinárias da Tele Norte Leste Participações, mas somente 17,9% do capital total. Cada um dos grupos mencionados controla 10,3% da Telemar Part. A Tele Norte Leste Part., por sua vez, detém 81,9% do capital da Telemar, a operadora. Logo, através de uma conta simples, vemos que cada grupo em questão controla somente 1,5% do capital total da operadora (10,3% de 17,9% de 81,9%). Em outras palavras: colocando somente 1,5% do capital no negócio em si, esses grupos mandam na empresa!

2 comentários:

André Barros Leal disse...

Como Ayn Rand disse em seu livro "Capitalismo, um ideal desconhecido", o monopólio é algo impossível de ser atingido em uma economia de livre mercado. o mesmo somente pode se instalar se houver algum tipo de conivência ou participação do governo.

Imagine qual seria o tipo de atendimento no call center de uma empresa como essa Nova Telebras... "bom dia, por favor aguarde o tempo que NÓS acharmos necessário, afinal, você não tem escolha a não ser contratar nossos serviços."

Anônimo disse...

...É bom lembrar que A. Gutierrez era de quem cuidou muito bem da filhota Lurian em Paris...

Que beleza heim? ...mas por que razão um empreiteiro faz tal mimo a um sindicalista?
...claro que com o PT ganharam dinheiro, ganha-se a maioria das obras em locais petistas e etc..
Isso é que é planejamento de longo prazo? ...ou já na época se construia o maior corruPTo que o feudo bananéio já viu?

Aliás, meio mudando de assunto, E. Lobão era aquele jornalista que o Gal Geisel (totalitário nacional socialista fascista) transformou em politico - era braço do crápula que destruiu o país.

Montou uma nova "aristocracia" politiqueira-corrupta e totalitária, uma nova máfia no controle do Estado. Era um estrategista de primeira, talvez o único nas FAs bananeiras. Daí sua liderança e domínio pleno ..só o S. Frota ousou, o único homem nas FAs.