Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
sexta-feira, maio 28, 2010
O Exterminador do Futuro
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que o “presidente” (sic) Serra está tentando ser o “Exterminador do Futuro da política externa”, pois o candidato tucano levantou suspeitas de cumplicidade entre o governo boliviano e o tráfico de drogas. A candidata petista Dilma endossou as duras críticas, alegando que esta não é a postura de quem pretende ser um “estadista”. Ser um estadista, para essa turma, é manter fraternais laços de amizade com o que há de mais podre na política internacional.
A Bolívia é a principal fonte da cocaína que entra ilegalmente no Brasil. Sobre isso, nenhuma palavra do governo Lula. Seu presidente, Evo Morales, defende abertamente os cocaleiros. Claro, não tenho porque acreditar que a produção de folha de coca tem algum destino ilegal. Saci Pererê mesmo me contou que é tudo usado apenas para mascar. O fato de que a exportação ilegal de cocaína aumentou bastante desde que Morales chegou ao poder tampouco mereceu algum comentário. A agência antidrogas americana (DEA) foi expulsa do país pelo governo boliviano, mas isso também não foi alvo de preocupação do governo Lula. O alvo escolhido foi Serra, que colocou o dedo na ferida.
Na verdade, Morales é um “companheiro”, um aliado da revolução “bolivariana” liderada pelo caudilho Chávez. São todos eles sócios no Foro de SP, criado justamente por Marco Aurélio Garcia e companhia. Será esta a verdadeira razão da reação tão desesperada do “ministro do B” do Itamaraty? Será que a “diplomacia” com a Bolívia é da mesma natureza que o relacionamento que Brizola tinha com os traficantes das favelas cariocas? Garcia chamou Serra de “Exterminador do Futuro” da diplomacia brasileira. Mas se for para exterminar esta “diplomacia” conivente com caudilhos, ditadores e traficantes, então deve ter nosso total apoio!
terça-feira, maio 25, 2010
Cinema nacional nas escolas
O Senado acaba de aprovar um projeto de lei que vai obrigar as escolas públicas do país a terem sessões mensais de filme brasileiro. A proposta do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) foi apreciada em caráter terminativo na Comissão de Educação, Cultura e Esporte e agora segue para a Câmara dos Deputados, antes de ser sancionada pelo presidente. Se a lei for colocada em prática, as unidades de ensino básico do país terão que separar pelo menos duas horas por mês da grade extra-curricular para exibições do cinema nacional.
"O ideal era que naturalmente os brasileiros demandassem seu cinema, mas, como a gente vive num país em que a indústria cinematográfica tem muita dificuldade de se afirmar e muitos filmes nem chegam a ser lançados, mecanismos como essa lei podem ajudar a reverter essa situação", ressalta o senador.
Traduzindo: se não há demanda efetiva pelos filmes nacionais, então o governo deve IMPOR sua oferta goela abaixo dos pobres alunos indefesos, que preferiam ver Homem de Ferro e Robin Hood. Resta saber porque cargas d`água o "ideal" seria uma demanda natural por cinema nacional. Eu penso que o ideal seria a demanda natural por cinema BOM, independente da sua nacionalidade...
O Proselitismo dos Pelegos
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
“As cinco centrais sindicais cujos dirigentes planejam declarar apoio conjunto à pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, preparam uma plataforma eleitoral polêmica para ser aprovada em 1º de junho, durante a primeira conferência nacional da classe trabalhadora, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. O esboço do documento contém mais de 270 diretrizes. Entre elas, o direito irrestrito de greve, inclusive para servidores públicos, a descriminalização do aborto e de atos dos movimentos sociais e de luta pela terra, e a ampliação da tributação direta sobre propriedade, lucros e ganhos de capital”. Eis o começo da matéria em O Globo hoje.
Os grandes sindicatos no Brasil se transformaram em máquinas de pelegos desde a Era Vargas. De lá para cá, nada mudou. Alguns oportunistas continuam falando em nome do interesse dos trabalhadores, mas agindo à contramão deste. Enquanto isso, os líderes sindicalistas concentram muitos privilégios. A simbiose desses sindicatos com o governo favorece poucos no topo da hierarquia sindical, sempre à custa dos trabalhadores, do povo em geral. Esta simbiose é uma clara herança do fascismo. Nossas esquerdas sindicalistas adoram acusar os liberais de fascistas, mas não fazem idéia de como são eles os mais parecidos com os seguidores de Mussolini. Parecem ligar a metralhadora giratória em frente a um espelho!
Se os sindicatos realmente atendem as demandas dos trabalhadores, então vamos logo acabar com o imoral imposto sindical, que toma na marra um dia de trabalho de cada um dos trabalhadores formais do país. Esta fonte de arrecadação compulsória repassa dezenas de milhões de reais aos grandes sindicatos. Em contrapartida, os líderes das centrais sindicais fazem esta campanha escancarada para a candidata governista. Nada contra a liberdade de expressão. Que os sindicalistas apóiem quem acharem melhor. Mas não com o meu dinheiro! Não financiados com nossos impostos! Se o sindicato é bom para os trabalhadores, que estes tenham total liberdade de escolha quanto à adesão e contribuição.
Homem de Ferro: em defesa da propriedade
"Você quer minha propriedade? Você não pode tê-la. Mas lhe fiz um grande favor: Consegui privatizar a paz mundial. Entregar a roupa do Homem de Ferro seria entregar-me, o que equivaleria a uma servidão vil." (Tony Stark, no Senado americano, negando a pressão de um senador corrupto macomunado com um concorrente da indústria de armas, que desejavam tomar a armadura do Homem de Ferro em nome da "segurança nacional")
O Dia da Liberdade
Rodrigo Constantino, O Globo
Esta semana se comemora o chamado “dia da liberdade de impostos”, quando paramos de trabalhar para sustentar o governo e começamos finalmente a trabalhar para o consumo próprio. O Instituto Millenium e outras entidades realizam eventos em várias cidades com a venda de combustível pela metade do preço – como seria sem os impostos. Entra governo, sai governo, e a carga tributária parece ter apenas uma direção: ladeira acima.
O brasileiro não é tratado como cidadão de verdade, mas como súdito de Brasília. Nos Estados Unidos, mesmo com o maior aparato militar do planeta, o “dia da liberdade” é celebrado em meados de março. Os americanos são forçados a trabalhar bem menos que os brasileiros para sustentar seu governo. Isso para não falar das diferenças na qualidade dos serviços prestados. Temos impostos escandinavos, mas serviços africanos.
Além de sermos obrigados a labutar até o fim de maio apenas para pagar impostos, nós acabamos tendo que pagar tudo em dobro, pois os serviços básicos de educação, saúde e segurança são caóticos. Entregamos praticamente a metade do que ganhamos a fundo perdido. O uso efetivo do nosso dinheiro acaba nos destinos mais nefastos: farra das ONGs e dos sindicatos; invasores do MST; “mensalão” e demais formas abundantes de corrupção; esmolas para a compra de votos dos pobres; ministérios totalmente inúteis; regalias para marajás; pensões para ex-terroristas; subsídios do BNDES para os “amigos do rei”; etc. São muitos privilégios, muitas bocas para alimentar com as grandes tetas estatais.
Como agravante, há um eufemismo ridículo ao nos chamarem de “contribuintes”. Imposto, como já diz o nome, nos é imposto. Não se trata de uma contribuição voluntária. Não somos “contribuintes” de nada, mas pagadores de impostos. Nos Estados Unidos é mais transparente: taxpayer. Antigamente a situação era menos nebulosa, e não escondiam a natureza do ato. Os romanos coletores de impostos iam com suas espadas cobrar o imposto devido. Hoje, a essência do ato permanece a mesma, e o governo usa a ameaça de coerção para obter os impostos. Mas disfarça isso com o uso do termo “contribuinte”, como se fosse do nosso interesse entregar quase a metade do que ganhamos para os corruptos em Brasília. Nada mais falso.
Outro problema no Brasil é o próprio desconhecimento acerca de quanto é pago de imposto. Saber quanto efetivamente pagamos em cada produto deveria ser um direito básico de qualquer um. No Brasil, entretanto, isto não ocorre, pois inúmeros impostos permanecem ocultos no preço final. Existem dezenas de impostos, tributos e taxas no país, que incidem de forma indireta nos produtos. A quem interessa manter o povo na ignorância desses fatos? Claro que apenas os consumidores de impostos se beneficiam, enquanto todos os pagadores de impostos, incluindo os mais pobres, pagam a conta sem saber sua real magnitude. Isto é imoral.
Não obstante os escorchantes impostos, o custo do excesso de governo é ainda maior na prática, por conta da burocracia que cria dificuldades para vender facilidades ilegais depois. Colocando tudo isso no papel – os impostos, o custo da burocracia, as regulações, e a necessidade de pagar novamente por educação, saúde e segurança privadas – não parece absurdo constatar que trabalhamos quase três trimestres do ano apenas para sustentar o peso de um governo obeso e ineficiente.
Será que ainda há chance de o bom senso prevalecer, e serem adotadas reformas estruturais de drástica redução do governo? Afinal, somos súditos ou cidadãos livres?
Esta semana se comemora o chamado “dia da liberdade de impostos”, quando paramos de trabalhar para sustentar o governo e começamos finalmente a trabalhar para o consumo próprio. O Instituto Millenium e outras entidades realizam eventos em várias cidades com a venda de combustível pela metade do preço – como seria sem os impostos. Entra governo, sai governo, e a carga tributária parece ter apenas uma direção: ladeira acima.
O brasileiro não é tratado como cidadão de verdade, mas como súdito de Brasília. Nos Estados Unidos, mesmo com o maior aparato militar do planeta, o “dia da liberdade” é celebrado em meados de março. Os americanos são forçados a trabalhar bem menos que os brasileiros para sustentar seu governo. Isso para não falar das diferenças na qualidade dos serviços prestados. Temos impostos escandinavos, mas serviços africanos.
Além de sermos obrigados a labutar até o fim de maio apenas para pagar impostos, nós acabamos tendo que pagar tudo em dobro, pois os serviços básicos de educação, saúde e segurança são caóticos. Entregamos praticamente a metade do que ganhamos a fundo perdido. O uso efetivo do nosso dinheiro acaba nos destinos mais nefastos: farra das ONGs e dos sindicatos; invasores do MST; “mensalão” e demais formas abundantes de corrupção; esmolas para a compra de votos dos pobres; ministérios totalmente inúteis; regalias para marajás; pensões para ex-terroristas; subsídios do BNDES para os “amigos do rei”; etc. São muitos privilégios, muitas bocas para alimentar com as grandes tetas estatais.
Como agravante, há um eufemismo ridículo ao nos chamarem de “contribuintes”. Imposto, como já diz o nome, nos é imposto. Não se trata de uma contribuição voluntária. Não somos “contribuintes” de nada, mas pagadores de impostos. Nos Estados Unidos é mais transparente: taxpayer. Antigamente a situação era menos nebulosa, e não escondiam a natureza do ato. Os romanos coletores de impostos iam com suas espadas cobrar o imposto devido. Hoje, a essência do ato permanece a mesma, e o governo usa a ameaça de coerção para obter os impostos. Mas disfarça isso com o uso do termo “contribuinte”, como se fosse do nosso interesse entregar quase a metade do que ganhamos para os corruptos em Brasília. Nada mais falso.
Outro problema no Brasil é o próprio desconhecimento acerca de quanto é pago de imposto. Saber quanto efetivamente pagamos em cada produto deveria ser um direito básico de qualquer um. No Brasil, entretanto, isto não ocorre, pois inúmeros impostos permanecem ocultos no preço final. Existem dezenas de impostos, tributos e taxas no país, que incidem de forma indireta nos produtos. A quem interessa manter o povo na ignorância desses fatos? Claro que apenas os consumidores de impostos se beneficiam, enquanto todos os pagadores de impostos, incluindo os mais pobres, pagam a conta sem saber sua real magnitude. Isto é imoral.
Não obstante os escorchantes impostos, o custo do excesso de governo é ainda maior na prática, por conta da burocracia que cria dificuldades para vender facilidades ilegais depois. Colocando tudo isso no papel – os impostos, o custo da burocracia, as regulações, e a necessidade de pagar novamente por educação, saúde e segurança privadas – não parece absurdo constatar que trabalhamos quase três trimestres do ano apenas para sustentar o peso de um governo obeso e ineficiente.
Será que ainda há chance de o bom senso prevalecer, e serem adotadas reformas estruturais de drástica redução do governo? Afinal, somos súditos ou cidadãos livres?
segunda-feira, maio 24, 2010
O Preço da Água
Rodrigo Constantino
A revista The Economist desta semana tem uma matéria de 16 páginas sobre a água, o recurso mais valioso do planeta. No editorial da revista, constam algumas medidas (abaixo) que poderiam melhorar o equilíbrio entre oferta e demanda. Cerca de 70% do uso da água ocorre na agricultura, que conta com grandes subsídios do governo em vários países. Por este motivo, há muito desperdício e ineficiência no seu uso. A água tem muito valor, mas preço baixo, pois não há mercado livre para este bem. Eis a principal mudança necessária para maior preservação e uso racional da água no planeta.
"Although the supply of water cannot be increased, mankind can use what there is better—in four ways. One is through the improvement of storage and delivery, by creating underground reservoirs, replacing leaking pipes, lining earth-bottomed canals, irrigating plants at their roots with just the right amount of water, and so on. A second route focuses on making farming less thirsty—for instance by growing newly bred, perhaps genetically modified, crops that are drought-resistant or higher-yielding. A third way is to invest in technologies to take the salt out of sea water and thus increase supply of the fresh stuff. The fourth is of a different kind: unleash the market on water-users and let the price mechanism bring supply and demand into balance. And once water is properly priced, trade will encourage well-watered countries to make water-intensive goods, and arid ones to make those that are water-light."
A destruição da Venezuela
Deu no Valor:
Chávez corre risco com estagflação na Venezuela
Enrique Andrés Pretel, Reuters, de Caracas
24/05/2010
A receita socialista que o presidente Hugo Chávez aplica para enfrentar as distorções econômicas na Venezuela ameaça aprofundar a estagflação no país e pode afetar a sua popularidade, meses antes das eleições legislativas.
O alarme disparou neste mês, quando o dólar atingiu cotação recorde em relação ao bolívar venezuelano no mercado paralelo, apesar do controle cambial, e a inflação acelerou-se para 5,2% no mês de abril, apesar do controle de preços. Em meio a isso, há crescentes casos de desabastecimento de produtos alimentares básicos.
Chávez culpa primeiramente o capitalismo pelos problemas e, em seguida, aplica o princípio básico de seu socialismo do século XXI: mais Estado e menos mercado, por meio de regulamentações, estatizações e expropriações.
"O maldito capitalismo. É preciso atingi-lo, é preciso atingi-lo aqui, é preciso atingi-lo lá, atingi-lo pela identidade, pelo céu da boca. Por todos os lados, é preciso atingir o capitalismo", insiste Chávez, que assegura que seu modelo não tenta imitar o de seu amigo Fidel Castro.
E ele atingiu. O governo outorgou na semana passada ao Banco Central o controle do mercado alternativo de divisas, deixando de fora as casas de câmbio, uma vez que o dólar paralelo serve de referência para algumas importações e essa cotação incide nos preços ao consumidor. Além disso, expropriou uma filial da empresa mexicana de alimentos Gruma e relançou seu programa de alimentos subsidiados.
Para analistas, a resposta de Chávez ao que denomina uma "conspiração econômica" aquecerá ainda mais os preços, reduzirá a produção nacional e agravará a crescente desconfiança na economia do país, que faz parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e está atolado numa recessão desde 2009.
Economistas assinalam que as distorções geradas na "transição ao socialismo" foram lubrificadas pelos cinco anos de bonança petroleira, mas que com a queda da receita com o petróleo, o sistema começa a ranger.
"Os controles de câmbio sempre terminaram com uma grave crise na balança de pagamentos, inflação, desvalorização e contração da economia", afirmou Asdrúbal Oliveros, da empresa local Econanalítica. "Essa foi a experiência com os dois [controles] anteriores e este parece que vai pelo mesmo caminho."
Entre 2004 e 2008, o país registrou entrada recorde com as exportações de petróleo, que muitos criticam por ter sido diluída em imensos gastos sociais com matizes eleitoreiras, em vez de ter sido direcionada a um plano de desenvolvimento industrial para atacar o tradicional modelo rentista venezuelano e os problemas estruturais da economia.
Embora o preço médio do petróleo tenha chegado a US$ 72 neste ano, cerca de 25% a mais que em 2009, os recursos parecem insuficientes para cobrir todas as frentes de gastos abertas pelo líder esquerdista.
"As autoridades estão lutando contra os sintomas, não contra a causa", afirmou o analista Boris Segura, do RBS.
Muitos preveem que as autoridades econômicas tentarão colocar panos quentes quando as novas regulamentações cambiais agravarem o problema - com emissões de títulos de dívidas internacionais ou leilões de dólares - como fizeram para relaxar o controle de preços quando algum artigo fica escasso.
O presidente, no entanto, apesar da possibilidade de retrocessos pontuais no curto prazo, que Chávez chamaria de "estratégicos", tem clareza quanto a seu objetivo. É previsível que aumente o risco político com mais controles da economia, mais leis "socialistas" e mais expropriações de empresas pelo Estado.
"É preciso ir acelerando, mas de maneira progressiva, como quem acelera um veículo [...] Quando alguém acelera, precisa tomar precauções. Há combustível suficiente? Qual o estado da estrada, para poder acelerar?
Há uma curva ou é uma reta?", exemplificou o líder bolivariano recentemente.
Na mira do presidente estão os bancos, aos quais ele ameaça com intervir há semanas caso não concedam mais crédito; as casas de câmbio, que poderiam ter de fechar se ele considerar que continuam especulando; e as grandes empresas de alimentos do país, às quais acusa de reter produtos para elevar os preços.
Mas, com aprovação inferior a 50% pela primeira vez desde 2003, Chávez pisa em terreno perigoso, após ter investido muito de seu capital político para levar adiante em janeiro uma impopular desvalorização do bolívar e ter gastado recursos gigantescos para aplacar uma grave crise elétrica e de água.
Segundo o pesquisador Luis Vicente León, em sua conta no Twitter (@luisvicenteleon), "62,4% da população considera que as empresas de alimentos expropriadas produzem menos que antes".
Dessa forma, Chávez enfrenta a crise não só na esfera econômica, mas também na política. Os eleitores podem se irritar se o preço da carne disparar ou, ainda pior, se a carne desaparecer dos mercados.
Enquanto Chávez espera os resultados, analista preveem uma explosão dos gastos públicos nos próximos meses, para convencer a população de que sua equação "tanto Estado quanto for possível, tanto mercado quanto for inevitável" é melhor que as receitas "neoliberais" defendidas pela oposição, empresários privados e analistas de Wall Street.
"Seguiremos em frente, é preciso acabar com o capitalismo; se não for assim, o capitalismo acabará com o povo", disse há uma semana, instando seus seguidores a abraçar a causa socialista: "Escolhamos, então!".
Comentário: Quanto tempo para que nossa esquerda diga que o "filho" não é seu? Quanto tempo para os petralhas cada vez mais se distanciarem do socialista "bolivariano"? Quanto tempo para Lula negar que disse que havia "excesso de democracia" na Venezuela? O aliado, camarada, sócio do Foro de SP, está destruindo em alta velocidade o que resta da Venezuela. É questão de tempo o PT fingir que isso não tem nada a ver com as idéias que o partido defende...
A mitomania de Dilma
Rodrigo Constantino
"Precisamos avançar na consolidação do quadro fiscal, perseguindo a diminuição da dívida pública para que continuemos a ter uma redução significativa das taxas de juros reais". Essa foi a declaração da candidata Dilma Rousseff, falando para investidores em NY. Para cada público, um discurso diferente. A primeira medida de qualquer político, especialmente do PT, é fazer um curso intensivo de atuação. Deixam qualquer ator da Globo no chinelo! E Dilma, claro, aprendeu com o melhor de todos: Lula, o ator que merecia um Oscar pela naturalidade com que troca seu discurso dependendo da audiência. A "metamorfose ambulante" agora deu cria. Alguém confia em Dilma falando em nome da responsabilidade fiscal? Sua palavra vale tanto quanto uma nota de R$ 3,00. Caveat Emptor!
Em tempo: será que Dilma entendeu que juros altos não dependem de ganância de banqueiro, mas do tamanho e trajetória esperada da DÍVIDA PÚBLICA?!
Não sou tão otimista... Palocci deve ter preparado o discurso, e Dilma leu sem nem saber do que se trata. É o que essa gente quer ouvir? Então pronto!
sábado, maio 22, 2010
Reportagem de capa da Época
A revista Época desta semana tem como matéria de capa os absurdos impostos que pagamos, encarecendo todos os produtos. A reportagem, de José Fucs, mostra como é caro ser brasileiro! Eu colaborei com a matéria. Seguem os trechos em que apareço:
Por que tamanha disparidade? O que faz com que os produtos comprados pelos brasileiros sejam duas, três, até quatro vezes mais caros que no exterior? Há várias explicações. Parte do problema está na valorização do real em comparação ao dólar nos últimos anos, resultado do fortalecimento da economia brasileira e do acúmulo de reservas em moeda forte, hoje estimadas em US$ 250 bilhões, pelo país. Quando se faz a conversão com o real valorizado, os preços nacionais ficam maiores em dólar. Mas, ainda que o real tivesse uma desvalorização de 10% ou 20%, como defendem vários empresários e economistas, um grande número de produtos continuaria a ser muito mais caro no Brasil que em outros países. Isso significa que o câmbio não é o principal vilão da história. “Nenhum país consegue ser competitivo de forma sustentada manipulando o câmbio na canetada”, diz o economista Rodrigo Constantino, autor do livro Prisioneiros da liberdade.
Outro fator importante, segundo os especialistas, é a alta taxação dos produtos importados no país. Apesar da abertura e da redução dos impostos que incidem sobre as importações, promovidas no início dos anos 90 pelo então presidente, Fernando Collor, ela ainda é muito alta em relação a outros países. Em nome da proteção à indústria nacional, o governo acaba restringindo a concorrência – e quem paga a conta é o consumidor. “No Brasil, ainda predomina a mentalidade mercantilista de que importar é ruim”, diz Constantino. “O efeito é que compramos uma carroça pelo preço de uma Ferrari."
[...]
No início de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um corte de R$ 10 bilhões nas despesas previstas no Orçamento deste ano. Muitos analistas, porém, consideram o corte apenas cosmético. “Isso é piada”, diz Constantino. “Um corte de R$ 10 bilhões em um gasto de mais de R$ 1 trilhão por ano é como uma família que gasta R$ 20 mil por mês dizer que vai fazer um megacorte de R$ 200.”
Por que tamanha disparidade? O que faz com que os produtos comprados pelos brasileiros sejam duas, três, até quatro vezes mais caros que no exterior? Há várias explicações. Parte do problema está na valorização do real em comparação ao dólar nos últimos anos, resultado do fortalecimento da economia brasileira e do acúmulo de reservas em moeda forte, hoje estimadas em US$ 250 bilhões, pelo país. Quando se faz a conversão com o real valorizado, os preços nacionais ficam maiores em dólar. Mas, ainda que o real tivesse uma desvalorização de 10% ou 20%, como defendem vários empresários e economistas, um grande número de produtos continuaria a ser muito mais caro no Brasil que em outros países. Isso significa que o câmbio não é o principal vilão da história. “Nenhum país consegue ser competitivo de forma sustentada manipulando o câmbio na canetada”, diz o economista Rodrigo Constantino, autor do livro Prisioneiros da liberdade.
Outro fator importante, segundo os especialistas, é a alta taxação dos produtos importados no país. Apesar da abertura e da redução dos impostos que incidem sobre as importações, promovidas no início dos anos 90 pelo então presidente, Fernando Collor, ela ainda é muito alta em relação a outros países. Em nome da proteção à indústria nacional, o governo acaba restringindo a concorrência – e quem paga a conta é o consumidor. “No Brasil, ainda predomina a mentalidade mercantilista de que importar é ruim”, diz Constantino. “O efeito é que compramos uma carroça pelo preço de uma Ferrari."
[...]
No início de maio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um corte de R$ 10 bilhões nas despesas previstas no Orçamento deste ano. Muitos analistas, porém, consideram o corte apenas cosmético. “Isso é piada”, diz Constantino. “Um corte de R$ 10 bilhões em um gasto de mais de R$ 1 trilhão por ano é como uma família que gasta R$ 20 mil por mês dizer que vai fazer um megacorte de R$ 200.”
sexta-feira, maio 21, 2010
Dia da Liberdade de Impostos
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Neste sábado, dia 22 de maio, o litro da gasolina nos postos Ale, em frente ao Canecão, custará somente R$ 1,18*. Este “milagre” será possível por uma iniciativa do Instituto Millenium, em parceria com outras entidades, para celebrar o “dia da liberdade de impostos”. O objetivo é conscientizar a população da abusiva carga tributária no país. Muitos consumidores nem mesmo sabem, mas pagam cerca de 40% de imposto em cada produto comprado. Trabalhamos praticamente cinco meses do ano apenas para bancar o governo. Somos súditos, não cidadãos!
Em nome da “justiça social”, Brasília e as demais esferas de governo arrecadam quase metade do que é produzido de riqueza no país. Em troca, produzem muitas leis estúpidas e um mar de corrupção. A renda per capita da capital é a maior do país, de longe. Como agravante, somos chamados pelo eufemismo “contribuinte”, como se fosse o dia mais feliz de nossas vidas “contribuir” para a farra dos parasitas consumidores dos nossos impostos. Nada mais falso! O ato imoral de nos tirar quase a metade do que ganhamos sob a mira de uma arma precisa ficar mais transparente.
Os péssimos serviços prestados tornam a situação ainda mais calamitosa. Mas é importante destacar que esse não é o cerne da questão, ao contrário do que muitos pensam. Mesmo se o senhor oferecer alguns confortos razoáveis para seus escravos, isto não altera a natureza imoral da escravidão. E quando somos forçados a transferir a metade do que ganhamos para governantes, isso não pode ter outro nome além de escravidão, ainda que velada. Infelizmente, muitos não se dão conta disso, e nem sequer sabem o quanto entregam para o governo. Eis porque a iniciativa do “dia da liberdade de impostos” merece todo apoio possível. Chega de tanto imposto!
* Senhas serão distribuídas a partir das 10h, e o abastecimento será após às 11h até às 14h, com pagamento somente em dinheiro.
quinta-feira, maio 20, 2010
Política sem inimigo
Segundo Lula, “tem gente que não sabe fazer política se não tiver inimigo”.
Isso, vindo de quem vem, chega a ser hilário.
Quem tenta jogar trabalhadores contra patrões?
Quem tenta segregar negros e brancos com cotas?
Quem tenta colocar pobres contra ricos?
Quem tenta culpar a "zelite" pelos males no país?
Quem tenta atacar os "imperialistas" ianques o tempo todo?
Quem faz terrorismo eleitoral, falando que a oposição é contra o sucesso do país?
De fato, "tem gente que não sabe fazer política se não tiver inimigo". E o presidente Lula é um excelente ícone disso!
Gasolina vendida por R$ 1,18 o litro
Faltam dois dias para o lançamento do Dia da Liberdade de impostos. Neste sábado, 22 de maio, será possível abastecer sem o valor dos tributos que incidem sobre o preço do combustível. Para maiores detalhes, clique aqui
quarta-feira, maio 19, 2010
Cuba implora por "exploração" capitalista
Marc Frank, Financial Times, de Havana
De um açucareiro cheio a uma xícara vazia: em um sinal dos tempos, Cuba está abrindo a produção de açúcar a investimentos estrangeiros pela primeira vez desde que o setor foi estatizado, em 1959, como parte dos esforços do governo comunista para tentar reverter o implacável declínio na produção.
O país chegou a ser o maior exportador mundial de açúcar. O setor, no entanto, acabou "reduzido a frangalhos por uma má administração estatal, falta de capital, sanções, furacões e outros fatores", conforme um especialista local.
A produção de açúcar deverá alcançar cerca de 1,1 milhão de toneladas neste ano, em comparação às 8 milhões de toneladas registradas em 1990, antes do fim da União Soviética. Será o pior resultado desde 1905, de acordo com uma rara admissão publicada recentemente no "Granma", o jornal do Partido Comunista.
Há negociações em andamento com vários grupos para parcerias em algumas das oito maiores usinas construídas após a revolução, de acordo com fontes de empresas estrangeiras e cubanas. É uma grande mudança de política que ocorre sob o governo do presidente Raúl Castro, cujo irmão, Fidel, insistia que a ilha sabia tanto sobre produzir açúcar quanto qualquer outro país.
[...]
Comentário: Como costumam dizer, só há uma coisa pior do que ser explorado por capitalistas: NÃO ser explorado por capitalistas! E eis que até Cuba, um dos últimos refúgios dos socialistas, está implorando agora pelo CAPITAL ESTRANGEIRO! Seria cômico, não fosse tão trágico para o povo cubano ser cobaia deste nefasto experimento socialista, que gerou apenas escravidão e miséria.
De um açucareiro cheio a uma xícara vazia: em um sinal dos tempos, Cuba está abrindo a produção de açúcar a investimentos estrangeiros pela primeira vez desde que o setor foi estatizado, em 1959, como parte dos esforços do governo comunista para tentar reverter o implacável declínio na produção.
O país chegou a ser o maior exportador mundial de açúcar. O setor, no entanto, acabou "reduzido a frangalhos por uma má administração estatal, falta de capital, sanções, furacões e outros fatores", conforme um especialista local.
A produção de açúcar deverá alcançar cerca de 1,1 milhão de toneladas neste ano, em comparação às 8 milhões de toneladas registradas em 1990, antes do fim da União Soviética. Será o pior resultado desde 1905, de acordo com uma rara admissão publicada recentemente no "Granma", o jornal do Partido Comunista.
Há negociações em andamento com vários grupos para parcerias em algumas das oito maiores usinas construídas após a revolução, de acordo com fontes de empresas estrangeiras e cubanas. É uma grande mudança de política que ocorre sob o governo do presidente Raúl Castro, cujo irmão, Fidel, insistia que a ilha sabia tanto sobre produzir açúcar quanto qualquer outro país.
[...]
Comentário: Como costumam dizer, só há uma coisa pior do que ser explorado por capitalistas: NÃO ser explorado por capitalistas! E eis que até Cuba, um dos últimos refúgios dos socialistas, está implorando agora pelo CAPITAL ESTRANGEIRO! Seria cômico, não fosse tão trágico para o povo cubano ser cobaia deste nefasto experimento socialista, que gerou apenas escravidão e miséria.
Os riscos de uma desaceleração acentuada do crescimento chinês
Rodrigo Constantino, Jornal Valor Econômico
Analisar a economia chinesa é uma tarefa complicada, por sua complexidade e falta de transparência. Mas, devido à sua enorme importância no cenário mundial, alguma estimativa se faz necessária. Economistas começam a identificar sinais de espuma, principalmente no mercado imobiliário chinês. Se o alerta estiver correto, os riscos para países emergentes como o Brasil, muito dependentes da demanda chinesa, não podem ser menosprezados.
A China apresenta mudanças estruturais, experimentando tardiamente sua revolução industrial. Com mão de obra barata e abundante e uma poupança gigantesca, os ganhos de produtividade garantem uma vantagem comparativa no modelo de exportação adotado pelo país. Mas esse modelo apresenta suas falhas, e alguns pilares não são sustentáveis.
O fato de quatro bancos estatais concentrarem o crédito faz com que as decisões de investimento tenham um peso político elevado demais. Além disso, o foco obsessivo no crescimento tem feito com que governos locais adotem incentivos errados, com investimentos pouco rentáveis ou mesmo desnecessários. Cada província precisa apresentar números crescentes e existem casos até de "cidades fantasmas". Construir casas e pontes onde sequer há demanda, eis um efeito perverso do modelo chinês.
Quase toda bolha especulativa parte de fundamentos sólidos. A trajetória chinesa possui aspectos econômicos interessantes, e seu espetacular crescimento pode criar o ambiente propício ao exagero. Foi assim com as ferrovias no século XIX, o rádio nos anos 1920 e a internet recentemente. Há também, por trás de muitas bolhas, uma fé cega na competência das autoridades.
Muitos acreditam que o governo chinês será capaz de controlar seus excessos. Mesmo com inflação crescente, por conta de uma expansão monetária de dois dígitos, os investidores assumem que as medidas administrativas serão suficientes para conter o avanço dos preços, sem precisar de um forte aumento dos juros.
A taxa de câmbio artificialmente controlada é outro pilar frágil do modelo. Taxas fixas estiveram por trás de crises como a da Argentina e da Ásia. O crédito excessivo, estimulado pela baixa taxa de juros, planta as sementes dos problemas futuros. Novos especuladores são atraídos pelo crescimento da economia, e eles adotam uma postura negligente em relação aos riscos, contando sempre com o resgate do governo em caso de crise.
Há claros sinais de espuma na economia chinesa, sobretudo em infraestrutura e no setor imobiliário. Alguns aeroportos menores, por exemplo, operaram com a metade da capacidade no ano passado. Existem indícios de excesso de capacidade na construção de navios, aço, cimento e ferro. A corrupção parece galopante, o que é esperado quando o governo concentra tanto poder e recurso.
Governos locais criaram veículos fora do balanço para garantir financiamento aos investimentos em suas regiões, o que pode gerar problemas sérios, caso a economia passe por uma desaceleração. O preço das casas sobe em parar, mesmo em relação à renda. Quando se observa os principais centros, como Xangai e Beijing, a situação é ainda mais alarmante, com aumentos de até 60% em apenas um ano. Mais de 20% dos empréstimos bancários foram destinados a esse setor.
Outro indicador importante é o excesso de otimismo nas projeções da maioria dos analistas. Livros são escritos sobre como a China será rapidamente a maior potência mundial, superando os Estados Unidos e a Europa. O "modelo chinês" passa a ser sinônimo de eficiência. O acúmulo de reservas, acima de US$ 2 trilhões, passa uma ideia de invencibilidade. Tudo isso nos remete à euforia com o Japão nos anos 1980.
Caso a economia chinesa realmente esteja passando por uma fase de espuma, os investidores precisam ficar bastante alertas aos riscos que isso representa. Afinal, a participação chinesa no consumo das principais matérias-primas é significativa. Dependendo da commodity, a China já representa de 40% a 50% da demanda mundial. Se o crescimento chinês se mostrar insustentável nesses patamares, a queda abrupta na sua demanda fará com que os preços das principais commodities desabem, prejudicando inúmeros países emergentes, como o próprio Brasil. Eis um risco que não pode ser ignorado pelos investidores.
Analisar a economia chinesa é uma tarefa complicada, por sua complexidade e falta de transparência. Mas, devido à sua enorme importância no cenário mundial, alguma estimativa se faz necessária. Economistas começam a identificar sinais de espuma, principalmente no mercado imobiliário chinês. Se o alerta estiver correto, os riscos para países emergentes como o Brasil, muito dependentes da demanda chinesa, não podem ser menosprezados.
A China apresenta mudanças estruturais, experimentando tardiamente sua revolução industrial. Com mão de obra barata e abundante e uma poupança gigantesca, os ganhos de produtividade garantem uma vantagem comparativa no modelo de exportação adotado pelo país. Mas esse modelo apresenta suas falhas, e alguns pilares não são sustentáveis.
O fato de quatro bancos estatais concentrarem o crédito faz com que as decisões de investimento tenham um peso político elevado demais. Além disso, o foco obsessivo no crescimento tem feito com que governos locais adotem incentivos errados, com investimentos pouco rentáveis ou mesmo desnecessários. Cada província precisa apresentar números crescentes e existem casos até de "cidades fantasmas". Construir casas e pontes onde sequer há demanda, eis um efeito perverso do modelo chinês.
Quase toda bolha especulativa parte de fundamentos sólidos. A trajetória chinesa possui aspectos econômicos interessantes, e seu espetacular crescimento pode criar o ambiente propício ao exagero. Foi assim com as ferrovias no século XIX, o rádio nos anos 1920 e a internet recentemente. Há também, por trás de muitas bolhas, uma fé cega na competência das autoridades.
Muitos acreditam que o governo chinês será capaz de controlar seus excessos. Mesmo com inflação crescente, por conta de uma expansão monetária de dois dígitos, os investidores assumem que as medidas administrativas serão suficientes para conter o avanço dos preços, sem precisar de um forte aumento dos juros.
A taxa de câmbio artificialmente controlada é outro pilar frágil do modelo. Taxas fixas estiveram por trás de crises como a da Argentina e da Ásia. O crédito excessivo, estimulado pela baixa taxa de juros, planta as sementes dos problemas futuros. Novos especuladores são atraídos pelo crescimento da economia, e eles adotam uma postura negligente em relação aos riscos, contando sempre com o resgate do governo em caso de crise.
Há claros sinais de espuma na economia chinesa, sobretudo em infraestrutura e no setor imobiliário. Alguns aeroportos menores, por exemplo, operaram com a metade da capacidade no ano passado. Existem indícios de excesso de capacidade na construção de navios, aço, cimento e ferro. A corrupção parece galopante, o que é esperado quando o governo concentra tanto poder e recurso.
Governos locais criaram veículos fora do balanço para garantir financiamento aos investimentos em suas regiões, o que pode gerar problemas sérios, caso a economia passe por uma desaceleração. O preço das casas sobe em parar, mesmo em relação à renda. Quando se observa os principais centros, como Xangai e Beijing, a situação é ainda mais alarmante, com aumentos de até 60% em apenas um ano. Mais de 20% dos empréstimos bancários foram destinados a esse setor.
Outro indicador importante é o excesso de otimismo nas projeções da maioria dos analistas. Livros são escritos sobre como a China será rapidamente a maior potência mundial, superando os Estados Unidos e a Europa. O "modelo chinês" passa a ser sinônimo de eficiência. O acúmulo de reservas, acima de US$ 2 trilhões, passa uma ideia de invencibilidade. Tudo isso nos remete à euforia com o Japão nos anos 1980.
Caso a economia chinesa realmente esteja passando por uma fase de espuma, os investidores precisam ficar bastante alertas aos riscos que isso representa. Afinal, a participação chinesa no consumo das principais matérias-primas é significativa. Dependendo da commodity, a China já representa de 40% a 50% da demanda mundial. Se o crescimento chinês se mostrar insustentável nesses patamares, a queda abrupta na sua demanda fará com que os preços das principais commodities desabem, prejudicando inúmeros países emergentes, como o próprio Brasil. Eis um risco que não pode ser ignorado pelos investidores.
segunda-feira, maio 17, 2010
Dançando no Vulcão
Rodrigo Constantino, Revista Voto
O clima de crise se instalou nos mercados mundiais novamente. Desta vez não se trata do mega endividamento do setor privado nos Estados Unidos, mas dos governos europeus com dívidas e déficits insustentáveis. Décadas de irresponsabilidade fiscal criaram uma verdadeira bolha de crédito no setor público da Comunidade Européia. Alguns governos apresentam endividamento superior ao PIB e crescente, enquanto a carga tributária já se encontra em patamares escandalosos. Com uma moeda comum, controlada pelo Banco Central Europeu, restam poupas alternativas para tais governos. O dia do julgamento chegou.
Os alemães, que foram mais responsáveis e fizeram parte do dever de casa, são chamados para pagar a conta dos excessos dos gregos, portugueses, espanhóis e italianos. A ilusão foi boa enquanto durou. Aposentadorias precoces e bem remuneradas, proteção contra a competição nos empregos, garantias estatais extremamente benevolentes para os desempregados, sistema de saúde ilimitado, enfim, o sonho do estado de bem-estar social, com uma vida “digna” para todos, tudo isso bancado pelo governo. Mas a fatura chegou, com juros e correção monetária. Descobre-se novamente na Europa que não se brinca com as leis econômicas impunemente.
As lições da crise européia são extremamente úteis para os brasileiros, que defendem um modelo similar de “estado-babá”, com um governo atuando feito uma espécie de deus, um “messias salvador” para curar todos os nossos males. Muitos brasileiros ainda enxergam o governo como o “pai do povo”, que vai distribuir privilégios e “direitos”, ofertar crédito abundante por meio dos bancos públicos, estimular a economia e criar empregos. Como financiar isso tudo raramente é levado em conta. Os estímulos perversos oriundos da concentração de poder e recursos no governo tampouco são considerados. A crença no governo como solução para os problemas do país se aproxima do fanatismo religioso muitas vezes, deixando espaço praticamente nulo para reflexões racionais.
Partindo desta mentalidade, o governo brasileiro, especialmente o federal, vem avançando cada vez mais sobre as liberdades individuais e nossos bolsos. Em nome da “justiça social” o governo concentra cada vez mais poder, oferecendo em troca privilégios para grupos organizados e péssimos serviços para o restante da população. O Brasil tem um agravante em comparação ao caso europeu: o governo resolveu ser uma máquina de “direitos” antes de a sociedade enriquecer. O bolo ficou sem fermento, reduzido, e ainda assim o governo se apropria cada vez mais de novas fatias, sobrando migalhas para o povo. As barreiras criadas pelo governo – impostos elevados, encargos trabalhistas proibitivos, burocracia asfixiante, judiciário moroso, péssima educação e falta de segurança – impedem o crescimento sustentável da economia.
Quando o cenário externo favorece e o crédito é estimulado, a economia decola, mas costuma ser apenas um vôo de galinha. Os gargalos de sempre logo aparecem para acabar com a festa. Economistas já falam em crescimento de 7% para o PIB este ano, mas os problemas começam a surgir no horizonte. Com baixa poupança, há investimento insuficiente para maiores ganhos de produtividade. Falta mão-de-obra qualificada. A inflação demonstra sinais preocupantes, forçando a elevação da taxa de juros. A demografia começa a expor a bomba-relógio do sistema previdenciário. O ciclo acaba sendo uma vez mais insustentável.
O governo fez o papel de locomotiva da economia, por meio de gastos públicos explosivos e fartura de crédito estatal, mas o trem já dá sinais de descarrilamento. O governo Lula preparou uma verdadeira “herança maldita” para o próximo presidente. A dívida bruta do governo já chega perto de 70% do PIB, a inflação projetada no ano já vai para quase 6%, e a taxa de juros deve subir para perto de 12%. A era da prosperidade ilusória vai chegando ao fim. O governo plantou as sementes da próxima crise, caso a tendência fique inalterada.
Medidas de maior austeridade fiscal são necessárias, assim como reformas estruturais, como a tributária, previdenciária e trabalhista. O país precisa de bem menos governo, e de muito mais mercado livre. O problema é que os dois principais candidatos à presidência pregam caminhos contrários a isto. É verdade que José Serra, do PSDB, apresenta mais chances de enfrentar os necessários cortes nos gastos públicos, enquanto Dilma Rousseff, do PT, fala abertamente num estado forte e indutor. O segundo mandato de Lula foi terrível do ponto de vista fiscal: novas estatais foram criadas, a Telebrás foi ressuscitada, houve um total inchaço da máquina estatal, foram distribuídas bolsas para todo mundo, o BNDES recebeu aporte de bilhões do Tesouro para repassar a grandes empresas com taxas subsidiadas, etc. A mentalidade por trás do PT e dos sindicatos que o apóiam assusta qualquer um que prega a responsabilidade fiscal e um governo com poderes limitados. Mas mesmo Serra parece longe do perfil necessário para colocar o país no rumo certo, evitando as armadilhas da Europa.
O Brasil comemora sua situação relativamente confortável frente ao mundo hoje, com os países ricos em frangalhos. Mas é mais prudente não celebrar tanto antes da hora. Existem muitos pilares de areia sustentando nosso crescimento atual. Não devemos virar reféns da visão míope que ignora o longo prazo. O governo dança no vulcão, ignorando os sinais de erupção já visíveis. Está mais que na hora de ajustes importantes, reformas necessárias para reduzir o tamanho e o escopo do governo na economia. Ainda é possível evitar a tragédia grega. Qual partido vai abraçar esta bandeira?
Fascismo de Esquerda - Vídeo
Vídeo-resenha do livro "Liberal Fascism" (Fascismo de Esquerda) de Jonah Goldberg,
onde comento que o fascismo, historicamente, encantou os ditos
"progressistas" americanos, de quem os atuais esquerdistas são herdeiros
intelectuais. O fascismo coletivista é anti-individualista, anti-capitalista
e anti-liberal. Portanto, não passa de uma falácia a esquerda acusar
capitalistas liberais de "fascistas", uma vez que é a própria esquerda
coletivista que mais se parece com o fascismo.
quinta-feira, maio 13, 2010
O Corte do Ilusionista
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Hoje resolvi começar uma nova dieta. Pretendo cortar 500 calorias no meu consumo diário. Como tenho consumido cerca de 3.000 calorias, vou passar a consumir apenas 4.000 a partir de hoje. Um corte de 500 calorias! Não, eu não sou tão ruim assim em matemática – estudei em escola particular. É que eu tinha previsto para este ano um consumo diário de 4.500 calorias, e resolvi cortar 500 na minha nova dieta. Aprendi com o governo, principalmente com o ministro Guido Mantega.
O ministro fez estardalhaço na imprensa para comunicar o “corte” de R$ 10 bilhões nos gastos públicos para conter a inflação. Não obstante o fato de que este montante é uma “gota no oceano” da gastança estatal, como colocou Miriam Leitão, resta destacar que o corte é falso, uma retórica enganadora. O governo pretende cortar sobre o orçamento previsto, não sobre os gastos efetivos. Os gastos previstos no orçamento do governo ultrapassam os R$ 1.700.000.000.000,00 (um trilhão e setecentos bilhões), incluindo a previdência e o refinanciamento da dívida pública. Desta montanha de desperdício dos nossos impostos, o governo resolveu “tirar” algo como 0,6%. Mas notem que os gastos públicos este ano ainda serão maiores que no ano passado. E o governo fala em corte de gastos para conter a inflação!
O Tesouro aportou mais de R$ 100 bilhões apenas no BNDES, para emprestar aos grandes grupos empresariais do país. A dívida pública bruta já passa dos 60% do PIB, crescendo sem parar. O governo inchou a máquina estatal, distribuiu bolsa para todo mundo, elevou o crédito por meio dos bancos estatais, e agora fala num “corte” de R$ 10 bilhões para conter a inflação! Algo análogo a um playboy que vive com renda de R$ 100 mil mensais comunicar a seguinte medida de austeridade: “A partir de hoje vou deixar de comer na pizzaria uma vez por mês!”
Mais respeito aos “contribuintes” seria bom. Abusem da corrupção e da incompetência nos gastos dos nossos impostos, mas não abusem de nossa inteligência! Chamar de corte de gastos um aumento efetivo já é ridicularizar os súditos de Brasília. Menos, ministro. Olha a Grécia aí, mostrando o destino dos governantes ilusionistas...
Sociedade vs Governo
Rodrigo Constantino
O projeto de Ficha Limpa "não é um projeto do governo, é da sociedade". Eis a justificativa que deu o líder do governo no Senado, Romero Jucá, para colocar o pré-sal como prioridade na pauta de votações. O que interessa à sociedade não tem pressa; apenas aquilo que interessa ao governo. Poucas vezes uma frase impensada deixou tão transparente uma realidade amplamente ignorada por muitos defensores do governo: os interesses do governo e os interesses da sociedade não são os mesmos! Raramente serão! Quase sempre, os interesses do governo serão opostos aos interesses da sociedade, da mesma forma que os interesses do senhor não coincidem com os interesses dos escravos. Obrigado, Jucá, por deixar transparecer este fato de forma tão clara!
quarta-feira, maio 12, 2010
A crise grega
Segue uma entrevista que dei para um portal voltado aos alunos de ensino médio do RJ.
- Quais são as causas da atual crise econômica na Europa?
São várias, mas na essência trata-se do fracasso de um sistema (welfare state) que distribuiu privilégios demais por meio do governo. Gastar mais do que se arrecada sistematicamente não é uma política sustentável. O grau de endividamento público chegou a patamares assustadores, e com os déficits explodindo por causa da crise de crédito, rolar as dívidas dos governos virou uma tarefa hercúlea. Os investidores começaram a exigir taxas de juros cada vez maiores, por conta do risco maior de default e uma expectativa de deterioração no quadro à frente. Sem drásticas reformas fiscais, a conta simplesmente não fecha.
- Ela se restringe apenas aos países do grupo denominado PIGS?
Não. Esses países sem dúvida estão numa situação muito mais preocupante, principalmente a Grécia e a Espanha. Mas o problema é geral na Europa, e até mesmo os Estados Unidos não escapam. O excesso de crédito no mundo, estimulado pelos próprios bancos centrais e governos, parece ter encontrado seu limite. Como o encontro com a realidade é sempre doloroso, forçando ajustes que machucam grupos de interesse, a tentação de manter a prosperidade ilusória por meio de emissão de moeda é grande demais. Mas a "solução" fácil quase nunca é a verdadeira solução. A Europa - e os americanos também - precisa voltar à realidade de mais poupança e menos consumo por meio de crédito fácil e privilégio estatal. A baixa competitividade da economia é um problema também, basicamente por causa de muitos privilégios trabalhistas.
- Qual o impacto dessa crise para o Brasil e para outros países? Quais as consequências mais graves para a economia mundial (bolsa de valores, moeda, exportações etc)?
Se a crise se agravar e a aversão ao risco chegar em níveis absurdos, o impacto poderá ser grande. O fluxo de capital pode secar repentinamente, os ativos podem despencar de preço, e as commodities também, afetando o quadro econômico brasileiro. A economia nacional melhorou em muitos aspectos, mas ainda tem pilares frágeis, pois as reformas estruturais não foram feitas. Os gargalos de sempre ainda impedem uma dinâmica mais sustentável em nossa economia. Falta infra-estrutura, mão-de-obra qualificada, flexibilidade no mercado de trabalho, maior confiança jurídica, menos burocracia e impostos, e um mercado de crédito saudável, ou seja, menos dependente do governo.
- O pacote de ajuda financeira oferecido é capaz de “salvar” a economia da Grécia? Você acha que isso pode de alguma forma piorar a situação?
O governo parece adotar sempre a mesma postura: se o problema é excesso de crédito, então ele cria mais crédito ainda! É análogo a dar mais bebida para um bêbado de ressaca. Esses pacotes representam uma enorme transferência de riqueza dos pagadores de impostos para seus consumidores (funcionários públicos com muitos privilégios), assim como para os banqueiros. O excesso de intervenção direta dos governos, como mais regulação, também pode atrapalhar mais que ajudar. Isso gera incerteza ainda maior nos agentes de mercado, e pode engessar as inovações e o progresso. Na época da Grande Depressão em 1929, o excesso de intervencionismo estatal com o New Deal agravou a situação, postergou a recuperação econômica, e gerou problemas que duram até hoje, como o rombo previdenciário.
- Você é otimista quanto ao desfecho dessa crise?
Infelizmente, não. E o principal motivo é que vejo um diagnóstico totalmente errado. Uma vez mais tentam culpar o livre mercado, os "especuladores", e poucos querem enxergar a realidade, a falência do modelo de gastança estatal, onde todos tentam viver à custa de todos por meio do "deus" governo. Esqueceram que "direitos" têm custo, implicam em deveres, responsabilidade. Se esta crise servisse para alterar esta mentalidade, eu ficaria otimista sim, apesar do elevado custo de aprendizagem no processo. Mas tenho receio de que nem mesmo com a crise os eleitores vão aprender a lição. O sonho de se aposentar cedo, barrar a concorrência no mercado de trabalho através de privilégios do governo, e garantir infindáveis "direitos" ignorando quem paga a conta, acaba sendo um sonho bonito demais, que conquista muitos adeptos por meio da emoção. Será que a crise fará com que a razão volte a ser mais valorizada? Gostaria de crer que sim, mas não sei se este é o resultado mais provável.
- Quais são as causas da atual crise econômica na Europa?
São várias, mas na essência trata-se do fracasso de um sistema (welfare state) que distribuiu privilégios demais por meio do governo. Gastar mais do que se arrecada sistematicamente não é uma política sustentável. O grau de endividamento público chegou a patamares assustadores, e com os déficits explodindo por causa da crise de crédito, rolar as dívidas dos governos virou uma tarefa hercúlea. Os investidores começaram a exigir taxas de juros cada vez maiores, por conta do risco maior de default e uma expectativa de deterioração no quadro à frente. Sem drásticas reformas fiscais, a conta simplesmente não fecha.
- Ela se restringe apenas aos países do grupo denominado PIGS?
Não. Esses países sem dúvida estão numa situação muito mais preocupante, principalmente a Grécia e a Espanha. Mas o problema é geral na Europa, e até mesmo os Estados Unidos não escapam. O excesso de crédito no mundo, estimulado pelos próprios bancos centrais e governos, parece ter encontrado seu limite. Como o encontro com a realidade é sempre doloroso, forçando ajustes que machucam grupos de interesse, a tentação de manter a prosperidade ilusória por meio de emissão de moeda é grande demais. Mas a "solução" fácil quase nunca é a verdadeira solução. A Europa - e os americanos também - precisa voltar à realidade de mais poupança e menos consumo por meio de crédito fácil e privilégio estatal. A baixa competitividade da economia é um problema também, basicamente por causa de muitos privilégios trabalhistas.
- Qual o impacto dessa crise para o Brasil e para outros países? Quais as consequências mais graves para a economia mundial (bolsa de valores, moeda, exportações etc)?
Se a crise se agravar e a aversão ao risco chegar em níveis absurdos, o impacto poderá ser grande. O fluxo de capital pode secar repentinamente, os ativos podem despencar de preço, e as commodities também, afetando o quadro econômico brasileiro. A economia nacional melhorou em muitos aspectos, mas ainda tem pilares frágeis, pois as reformas estruturais não foram feitas. Os gargalos de sempre ainda impedem uma dinâmica mais sustentável em nossa economia. Falta infra-estrutura, mão-de-obra qualificada, flexibilidade no mercado de trabalho, maior confiança jurídica, menos burocracia e impostos, e um mercado de crédito saudável, ou seja, menos dependente do governo.
- O pacote de ajuda financeira oferecido é capaz de “salvar” a economia da Grécia? Você acha que isso pode de alguma forma piorar a situação?
O governo parece adotar sempre a mesma postura: se o problema é excesso de crédito, então ele cria mais crédito ainda! É análogo a dar mais bebida para um bêbado de ressaca. Esses pacotes representam uma enorme transferência de riqueza dos pagadores de impostos para seus consumidores (funcionários públicos com muitos privilégios), assim como para os banqueiros. O excesso de intervenção direta dos governos, como mais regulação, também pode atrapalhar mais que ajudar. Isso gera incerteza ainda maior nos agentes de mercado, e pode engessar as inovações e o progresso. Na época da Grande Depressão em 1929, o excesso de intervencionismo estatal com o New Deal agravou a situação, postergou a recuperação econômica, e gerou problemas que duram até hoje, como o rombo previdenciário.
- Você é otimista quanto ao desfecho dessa crise?
Infelizmente, não. E o principal motivo é que vejo um diagnóstico totalmente errado. Uma vez mais tentam culpar o livre mercado, os "especuladores", e poucos querem enxergar a realidade, a falência do modelo de gastança estatal, onde todos tentam viver à custa de todos por meio do "deus" governo. Esqueceram que "direitos" têm custo, implicam em deveres, responsabilidade. Se esta crise servisse para alterar esta mentalidade, eu ficaria otimista sim, apesar do elevado custo de aprendizagem no processo. Mas tenho receio de que nem mesmo com a crise os eleitores vão aprender a lição. O sonho de se aposentar cedo, barrar a concorrência no mercado de trabalho através de privilégios do governo, e garantir infindáveis "direitos" ignorando quem paga a conta, acaba sendo um sonho bonito demais, que conquista muitos adeptos por meio da emoção. Será que a crise fará com que a razão volte a ser mais valorizada? Gostaria de crer que sim, mas não sei se este é o resultado mais provável.
Quando um socialista encontra a realidade
Spain Flags Steeper Deficit Cuts
By JONATHAN HOUSE
MADRID—Under pressure for more drastic measures to cut a towering budget deficit and avoid a Greek-style financial crisis for Spain, Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero announced cuts in public-sector wages, social-welfare spending and investment.
Speaking in Parliament, Mr. Zapatero appealed to Spanish society to make an additional belttightening effort. "We need it to fulfill our European commitments, we need it to attract investors and, of course, we need it to transmit an image of stability," Mr. Zapatero said.
Mr. Zapatero announced plans to cut public-sector wages by 5% this year and freeze them next year.
Also next year, he said pensions will be frozen and that the so-called "baby check," a €2,500 ($3,171) payment to families for every newborn child, will be eliminated. He said public investment will be cut by €6 billion between this year and next.
The announcements helped buoy Spanish stocks, with the index trading up 1.3% at 10,134.8. "Expectations were a pay freeze for public sector workers, so the 5% cut is a big deal and shows political will," CM Capital Markets trader Dirk Schnitker says.
Mr. Zapatero said the new measures will allow Spain to cut its budget deficit to 9.3% of gross domestic product this year and to 6.5% in 2011 from 11.2% in 2009. The government had previously pledged to lower the budget deficit to 9.8% of GDP this year and to 7.5% of GDP next year.
Budgetary problems in countries such as Spain and Portugal helped to deepen a financial crisis that started in Greece, leading the European Union, the European Central Bank and the International Monetary Fund to coordinate unprecedented measures to stabilize euro-zone financial markets. The EU agreed to create a €500 billion fund to support euro-zone countries in difficulties. In return, it asked these countries—including Spain—to accelerate deficit-cutting efforts.
Comento: Nada como o tempo para forçar um encontro entre um governante socialista e a relidade da economia. Eis que Zapatero agora fala em cortes mais drásticos dos gastos públicos pois precisa atrair investidores! Ainda assim, parece ser muito pouco, muito tarde. O sistema de welfare state está em xeque. O gato subiu no telhado. A distribuição de privilégios pelo governo encontrou seu limite. A farra das cigarras esgotou a capacidade de sustento das formigas. Parasitas demais para hospedeiros de menos, eis o efeito de anos de welfare state na Europa. Pode preparar a tesoura, Zapatero! Esses cortes são muito tímidos. Pode no máximo ganhar algum tempo. Mas a ilusão acabou. Os parasitas terão que voltar ao trabalho, poupar mais, consumir menos, enfim, compreender que 2 + 2 = 4 novamente!
By JONATHAN HOUSE
MADRID—Under pressure for more drastic measures to cut a towering budget deficit and avoid a Greek-style financial crisis for Spain, Prime Minister José Luis Rodríguez Zapatero announced cuts in public-sector wages, social-welfare spending and investment.
Speaking in Parliament, Mr. Zapatero appealed to Spanish society to make an additional belttightening effort. "We need it to fulfill our European commitments, we need it to attract investors and, of course, we need it to transmit an image of stability," Mr. Zapatero said.
Mr. Zapatero announced plans to cut public-sector wages by 5% this year and freeze them next year.
Also next year, he said pensions will be frozen and that the so-called "baby check," a €2,500 ($3,171) payment to families for every newborn child, will be eliminated. He said public investment will be cut by €6 billion between this year and next.
The announcements helped buoy Spanish stocks, with the index trading up 1.3% at 10,134.8. "Expectations were a pay freeze for public sector workers, so the 5% cut is a big deal and shows political will," CM Capital Markets trader Dirk Schnitker says.
Mr. Zapatero said the new measures will allow Spain to cut its budget deficit to 9.3% of gross domestic product this year and to 6.5% in 2011 from 11.2% in 2009. The government had previously pledged to lower the budget deficit to 9.8% of GDP this year and to 7.5% of GDP next year.
Budgetary problems in countries such as Spain and Portugal helped to deepen a financial crisis that started in Greece, leading the European Union, the European Central Bank and the International Monetary Fund to coordinate unprecedented measures to stabilize euro-zone financial markets. The EU agreed to create a €500 billion fund to support euro-zone countries in difficulties. In return, it asked these countries—including Spain—to accelerate deficit-cutting efforts.
Comento: Nada como o tempo para forçar um encontro entre um governante socialista e a relidade da economia. Eis que Zapatero agora fala em cortes mais drásticos dos gastos públicos pois precisa atrair investidores! Ainda assim, parece ser muito pouco, muito tarde. O sistema de welfare state está em xeque. O gato subiu no telhado. A distribuição de privilégios pelo governo encontrou seu limite. A farra das cigarras esgotou a capacidade de sustento das formigas. Parasitas demais para hospedeiros de menos, eis o efeito de anos de welfare state na Europa. Pode preparar a tesoura, Zapatero! Esses cortes são muito tímidos. Pode no máximo ganhar algum tempo. Mas a ilusão acabou. Os parasitas terão que voltar ao trabalho, poupar mais, consumir menos, enfim, compreender que 2 + 2 = 4 novamente!
segunda-feira, maio 10, 2010
Palestra no XXIII Forum da Liberdade - Socialismo
Minha palestra no XXIII Forum da Liberdade este ano, sobre o tema socialismo.
Parte 1
Parte 2
Perguntas & Respostas
Respostas Finais
Parte 1
Parte 2
Perguntas & Respostas
Respostas Finais
Grécia ou Brasil?
Em reportagem sobre a Grécia na The Economist, temos o seguinte trecho:
"There were sporting and cultural extravaganzas, starting with the 2004 Olympics. Archaeological sites were spruced up, spanking new buildings erected. The middle class grew larger and more sophisticated. And many people at the bottom of the pile breathed a bit easier, if only because immigrants from poorer places came to harvest their olives and work in their restaurants.
At the same time Greece’s worst habits—the plundering of state coffers, the hiring of cronies, the abuse of public office, impunity for the powerful—were multiplying. A handful of Cassandras said it would all end in tears but, while the party lasted, nobody listened."
Isso soa familiar?
"There were sporting and cultural extravaganzas, starting with the 2004 Olympics. Archaeological sites were spruced up, spanking new buildings erected. The middle class grew larger and more sophisticated. And many people at the bottom of the pile breathed a bit easier, if only because immigrants from poorer places came to harvest their olives and work in their restaurants.
At the same time Greece’s worst habits—the plundering of state coffers, the hiring of cronies, the abuse of public office, impunity for the powerful—were multiplying. A handful of Cassandras said it would all end in tears but, while the party lasted, nobody listened."
Isso soa familiar?
A pseudo-humildade como forma de arrogância
Rodrigo Constantino
No filme Dogville, a personagem de Nicole Kidman, Grace, foge de um pai mafioso e encontra refúgio numa pequena vila, onde todos parecem boas pessoas. No começo, esta impressão permanece, mas no decorrer do tempo cada um dos moradores, ciente da docilidade passiva da fugitiva, e de sua dependência do abrigo que oferecem a ela, começa a abusar da pobre coitada. A escalada de abusos foge de qualquer padrão razoável, e ela se transforma literalmente numa escrava, incluindo a função sexual. Os moradores são, afinal, humanos, demasiado humanos, sob a influência de todas as paixões perversas que afetam os homens.
Mas a personagem de Nicole suporta cada um dos abusos, não por medo do pai, mas por uma sensação de superioridade moral um tanto cristã. Oferecer a outra face, eis o que ela literalmente faz. Não julgar para não ser julgado parece sua máxima. Colocando-se neste papel, ela tolera toda a violência contra seu corpo e mente. Mas a arrogância de sua postura vem abaixo quando seu pai finalmente vai ao seu encontro. O diálogo dos dois é a parte alta do filme. Ele mostra a ela como a verdadeira arrogante é ela mesma, por se colocar neste pedestal sobre-humano, acima do bem e do mal, do certo e do errado.
Ao aturar cada um dos atos de abuso sem reação, Grace está tentando posar como nobre, como superior a todos eles. Ela se coloca como alguém capaz de perdoar nos outros atos que jamais aceitaria perdoar nela mesmo. Encara aquelas pessoas como vítimas das circunstâncias, como cães cuja natureza é aquela mesmo. Para Grace, seus estupradores e torturadores estavam apenas fazendo o melhor possível. Seu pai, então, questiona se este melhor possível era bom o suficiente. Ele pergunta se ela faria o mesmo julgamento fosse ela do outro lado, como autora daqueles atos abomináveis. Com isso, ele mostra que ela era a verdadeira arrogante, no fundo, a pessoa mais arrogante de todas!
Convencida pelos argumentos do pai, ela não apenas aceita que matem todos na vila, como faz questão de ver alguns sofrendo durante o ato de vingança. Ela rompeu a casca de hipocrisia e voltou a ser humana, demasiada humana. Ela resolveu fazer justiça, em vez de oferecer a outra face. Ela julgou e condenou os seus carrascos, em vez de suspender qualquer julgamento pela impossibilidade de sabermos o que é certo ou errado. Com a ajuda do seu pai, ela finalmente compreendeu que toda aquela humildade era falsa, uma das piores formas possíveis de arrogância.
Sempre me lembro deste filme quando vejo algumas pessoas desfilando uma pseudo-humildade típica dos mais arrogantes. “Só sei que nada sei” pode ser uma idéia realmente saudável, para despertar humildade legítima em seres falíveis. Mas pode muitas vezes ser também uma tática de posar como o verdadeiro sábio, aquele que, afirmando a ignorância, pretende conquistar a imagem de inteligente. Alguns relativistas negam a possibilidade de sabermos o que é certo ou errado, com uma certeza dogmática de que eles estão certos, com a razão. Dizem que não devemos julgar os outros, já fazendo um julgamento duro contra todos aqueles que discordam. Pregam a tolerância à diversidade, intolerantes com todos aqueles diferentes deles.
Os hippies da Nova Esquerda que surgiu nos anos 1960 nos Estados Unidos podem ser um bom exemplo. Diziam-se não-conformistas, mas prezavam a conformidade acima de tudo. As roupas e os cabelos iguais eram uma maneira de expressar valores comuns, uma forma similar de ver o mundo. Os símbolos da paz podiam representar algo bem diferente de uma suástica nazista, mas ambos eram uma espécie de insígnia, facilmente reconhecível para a identificação de um companheiro. As comunidades hippies, segregadas do restante da sociedade, eram ambientes confortáveis para seus pequenos grupos, que não gostavam muito da idéia de conviver com as diferenças. Os hippies eram muito tolerantes, mas não toleravam um típico ícone do capitalismo ocidental. Se for provável que um empresário com terno e gravata tivesse preconceito contra um hippie naquela época, não é menos provável que a recíproca fosse verdadeira.
Quando estou diante de alguém que afirma aos quatro ventos que é bastante tolerante, que celebra a diversidade, que não costuma julgar ninguém, que somos todos incapazes de reconhecer o certo e o errado, eu redobro minha desconfiança natural. Existem exceções, mas normalmente são pessoas intolerantes, que adoram a conformidade, que julgam todos à sua volta, e que têm certeza de que estão certos. Tanta humildade assim, comunicada abertamente com um orgulho visível, costuma ser um disfarce para uma extrema arrogância.
sexta-feira, maio 07, 2010
Tempos Perigosos
Rodrigo Constantino
“Os governos nunca quebram; por causa disso, eles quebram as nações.” (Kennet Arrow)
Estamos vivendo tempos perigosos. O ambiente europeu pode ficar fértil para "aventuras" fascistas novamente. O welfare state irresponsável plantou as sementes do caos. Primeiro, tivemos uma mega bolha de crédito privado, estimulada pelos bancos centrais e governos, que não aceitavam recessões, ajustes necessários para os excessos de antes. Levaram a tal extremo isso, que a bolha estourou e o setor privado teve que reduzir o grau de alavancagem, causando um credit crunch. A única saída para os governos foi assumir o endividamento, expandir ainda mais a base monetária, o estímulo fiscal. Seus balanços ficaram ainda mais vermelhos.
Como os governos já estavam com patamares absurdos de endividamento, déficit fiscal crescente e impostos escorchantes, as contas explodiram, e o grau de endividamento deles foi para níveis jamais vistos. Os credores acusaram o golpe, não mais dispostos a financiar alguns governos por taxas de juros civilizadas. O reflation pode estar chegando ao seu limite. Agora o buraco é mais embaixo. Não estamos falando da quebra de Fannie Mae, AIG ou Citi, mas dos próprios governos dos países ricos. E o governo americano não está livre deste contágio. Como disse Niall Ferguson, os títulos do governo americano são tão "porto seguro" como era Pearl Harbor!
Os "especuladores" são os bodes expiatórios de sempre, alvos dos desesperados, da massa de ignorantes, vítima do sistema que defendeu e agora se esgotou. O maior risco é surgir um clima propício ao retorno do fascismo, de um líder que prometa colocar "ordem" no caos, organizar a massa de vândalos contra os "capitalistas", resgatar o senso de orgulho agora ferido, e coisas do tipo. Crises estruturais costumam servir como fertilizante para projetos autoritários. A falência da República de Weimar contribuiu para a ascensão do nazismo*. Uma Itália dilacerada preparou o terreno para o fascismo de Mussolini. A Grande Depressão levou o demagogo Roosevelt à Casa Branca, com seu New Deal claramente inspirado nas idéias coletivistas do fascismo. Quando o sistema vigente entra em declínio, espalhando a desordem e o pânico, eis que o oportunista de plantão aparece como “messias salvador”.
A Grécia já está quase em ruínas, com a população tomando as ruas de forma violenta contra as reformas dolorosas e necessárias após a ilusão do welfare state. A crise rapidamente contagia os demais países da região, também com graves problemas nas finanças públicas. A própria existência do euro passa a ser questionada. Na Alemanha, a população se revolta contra a pressão para assumir a conta dos privilégios dos gregos. O clima de segregação aumenta, e o sentimento nacionalista pode, com isso, chegar a níveis preocupantes. A própria idéia de uma moeda comum tinha como um dos objetivos, reduzir as chances de guerras, numa região acostumada a viver desde sempre em ininterruptas batalhas.
Medidas drásticas para enfrentar a realidade precisarão ser tomadas na Europa toda. Os governos perdulários terão que ser reduzidos de forma radical. Como um bêbado após grande euforia por conta de muito álcool, a Europa deve entrar na fase da ressaca necessária para limpar o organismo. Resta saber se tais ajustes serão viáveis politicamente, ou se o Banco Central Europeu vai iludir a população, emitindo descontroladamente papel-moeda. Se esta for a escolha – fugir da realidade dura – então o resultado poderá ser muito pior. O colapso do sistema monetário não pode ser descartado neste caso. E a história não traz conforto para o tipo de efeito que isso pode causar.
Vivemos tempos muito perigosos. Espera-se que o bom senso possa prevalecer na Europa. Mas seu histórico não é dos melhores, a começar pela própria irresponsabilidade que levou a esta situação. Melhor apertar os cintos...
* “Here was the president of the Reichsbank, whose principal obligation was supposed be the preservation of the value of the currency, proudly proclaiming to a group of parliamentarians that he now had the capacity to expand the money supply by over 60 percent in a single day and flood the country with even more paper. For many people, it was just one more sign German finance had entered an Alice-in-Wonderland phantasmagoria”. (Lords of Finance, Liaquat Ahamed)
Alerta Vermelho
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Esta foi uma semana de alerta vermelho para o país. As bolsas desabaram e o dólar disparou, na onda do agravamento da crise européia. Fruto da irresponsabilidade do governo, que distribuiu privilégios demais por meio de endividamento público galopante, a tragédia grega se alastrou pela região, que conta com vários outros países em situação preocupante também. O modelo social-democrata irresponsável foi colocado em xeque. A fatura da gastança descontrolada dos governos chegou, e terá que ser paga pela população.
Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, o governo brasileiro brinca de flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, talvez o maior mérito da gestão FHC que, não custa lembrar, contou com voto contrário do PT. Para piorar, a Câmara aprova aumento de aposentadorias e o fim do fator previdenciário, ignorando o impacto fiscal da medida populista, que deve ser vetada pelo presidente. A inflação segue sua trajetória de alta, impactando principalmente os mais pobres, com preços de alimentos disparando.
Os gargalos do modelo “desenvolvimentista” começam a ficar expostos. O governo estimulou de forma absurda o crédito. Falta mão-de-obra qualificada no setor imobiliário, um dos mais favorecidos pelo dirigismo estatal. O governo não tem mais superávit fiscal para apresentar, e o rombo aumenta quando se inclui os gastos com os juros da dívida pública. Há, como o editorial do “Financial Times” destacou, um clima de “fanfarronice” no ar, puxado basicamente pelo presidente Lula, o mais fanfarrão de todos. É ano de eleição, e o presidente parece disposto a tudo para emplacar sua candidata.
Enquanto o mundo ajudava, ignorando os excessos do governo brasileiro, o presidente conseguiu surfar a onda de otimismo. Mas, se o quadro internacional realmente se reverter, contando ainda com o risco de uma crise mais séria na China, então as irresponsabilidades do “desenvolvimentismo” nacional não mais serão ignoradas pelos investidores. A situação brasileira pode se deteriorar rapidamente, pois seus pilares não são tão sólidos como se pensa. Fica registrado o alerta...
Esta foi uma semana de alerta vermelho para o país. As bolsas desabaram e o dólar disparou, na onda do agravamento da crise européia. Fruto da irresponsabilidade do governo, que distribuiu privilégios demais por meio de endividamento público galopante, a tragédia grega se alastrou pela região, que conta com vários outros países em situação preocupante também. O modelo social-democrata irresponsável foi colocado em xeque. A fatura da gastança descontrolada dos governos chegou, e terá que ser paga pela população.
Enquanto isso, do lado de cá do Atlântico, o governo brasileiro brinca de flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal, talvez o maior mérito da gestão FHC que, não custa lembrar, contou com voto contrário do PT. Para piorar, a Câmara aprova aumento de aposentadorias e o fim do fator previdenciário, ignorando o impacto fiscal da medida populista, que deve ser vetada pelo presidente. A inflação segue sua trajetória de alta, impactando principalmente os mais pobres, com preços de alimentos disparando.
Os gargalos do modelo “desenvolvimentista” começam a ficar expostos. O governo estimulou de forma absurda o crédito. Falta mão-de-obra qualificada no setor imobiliário, um dos mais favorecidos pelo dirigismo estatal. O governo não tem mais superávit fiscal para apresentar, e o rombo aumenta quando se inclui os gastos com os juros da dívida pública. Há, como o editorial do “Financial Times” destacou, um clima de “fanfarronice” no ar, puxado basicamente pelo presidente Lula, o mais fanfarrão de todos. É ano de eleição, e o presidente parece disposto a tudo para emplacar sua candidata.
Enquanto o mundo ajudava, ignorando os excessos do governo brasileiro, o presidente conseguiu surfar a onda de otimismo. Mas, se o quadro internacional realmente se reverter, contando ainda com o risco de uma crise mais séria na China, então as irresponsabilidades do “desenvolvimentismo” nacional não mais serão ignoradas pelos investidores. A situação brasileira pode se deteriorar rapidamente, pois seus pilares não são tão sólidos como se pensa. Fica registrado o alerta...
Elite Culpada
Rodrigo Constantino
Nada como uma elite culpada. Normalmente fruto de um inconsciente complexo de culpa, muitos “intelectuais” herdeiros de grandes fortunas acabam destinando parte de sua herança para financiar movimentos contrários ao próprio dinheiro ou à propriedade privada. Em uma busca desesperada por aceitação popular, necessitando expiar este forte sentimento de culpa por ter tido tanta facilidade na vida, estes herdeiros muitas vezes atacam os alicerces daquilo que seus pais, que construíram o patrimônio familiar, representam. A vida sob a sombra do sucesso do pai fica insuportável. Desprezar o que o pai representa passa a ser uma saída covarde para esta insegurança. É preciso “matar” o pai simbolicamente para se ver livre!
Acredito que esta seja a melhor explicação para tantos casos de herdeiros bancando movimentos revolucionários, de contracultura, no melhor estilo “rebelde sem causa”. Quem trabalhou duro a vida inteira para construir um patrimônio de forma legítima, costuma dar bastante valor ao dinheiro, um subproduto de seu sucesso profissional, o resultado justo por ter criado riqueza sob a ótica dos consumidores, por ter gerado empregos e colaborado para um mundo mais próspero. Mas quem recebeu tudo de bandeja, se não contar com uma boa estrutura emocional, pode facilmente se tornar vítima deste sentimento de culpa. Neste caso, usar seus recursos para atacar a própria riqueza e comprar apoio popular poderá ser tentador demais.
Talvez isso possa nos ajudar a compreender tantos herdeiros de indústrias americanas financiando ONGs esquerdistas nos países menos desenvolvidos, estimulando o mito do “bom selvagem” por meio dos índios, colaborando até mesmo com invasores do MST em nome da “justiça social”. Ou então um filho de banqueiro que resolve fazer filmes enaltecendo guerrilheiros comunistas. Pode ser que este sentimento de culpa esteja por trás também das tendências culturais que colocam tudo que vem do “povo” num altar. A elite culpada passa então a defender o relativismo absoluto, julgando que tudo é arte e, portanto, igualmente válido.
Como exemplo, o funk, com suas letras rudes, que muitas vezes incitam a violência, passa a ser visto como “fashion” pela elite, porque vem dos guetos, das favelas. Qual a diferença, afinal, entre Mozart e Tati Quebra-Barraco? Apenas uma questão de gosto, e a elite culpada, com vergonha de escolher o austríaco, acaba optando pelo “gosto popular”. Até mesmo o uso correto da língua passa a ser visto como frescura “burguesa”. Um rabisco numa tela e um quadro de Van Gogh assumem o mesmo valor. O feio e o belo desaparecem, o que significa matar o belo e idolatrar o feio.
Claro que o extremo oposto, o elitismo esnobe, também é igualmente repulsivo. Nem tudo que vem da “elite” é melhor. Diga-se de passagem, as piores ideologias, como o marxismo e o fascismo, foram criações de elite, em nome do povo. Marx nunca fora proletário, jamais entrara numa fábrica, e resolveu ensinar aos proletários a “lógica” de sua classe. A elite produz muita porcaria também. Mas, novamente, o motivo para tanto pode ser justamente o complexo de culpa. O herdeiro Sartre, de seu conforto em Paris, resolveu pregar as maravilhas do comunismo de Mao na China. Existem inúmeros outros exemplos como este.
Não pretendo aqui, de forma alguma, esgotar as causas que podem levar alguém rico a defender o socialismo ou algo do tipo. O ser humano é mais complexo que isso. Mas acho, sim, que este sentimento de culpa incutido em alguns, aliado à covardia perante o julgamento das massas, faz com que muitos filhos “mimados” partam para ações que têm como meta inconsciente, expiar seus “pecados” de herdeiro. O que é uma lástima, tanto pelo efeito negativo que seu proselitismo espalha no mundo, como pela mancha no legado daquele que construiu o “império”.
quinta-feira, maio 06, 2010
Frase do Dia
"There is no means of avoiding the final collapse of a boom expansion brought about by credit expansion. The alternative is only whether the crisis should come sooner as the result of a voluntary abandonment of further credit expansion, or later as a final and total catastrophe of the currency system involved." (Ludwig von Mises)
Prosperidade ilusória - Vídeo
Vídeo onde comento a situação econômica atual no país e no mundo, mostrando como vários pilares da aparente recuperação são de areia, e como os estímulos artificiais plantam as sementes da próxima crise.
terça-feira, maio 04, 2010
A Escola Austríaca - Palestra
Assinar:
Postagens (Atom)