sexta-feira, janeiro 14, 2011

Quem não tem cão...



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A coluna de hoje de Merval Pereira em O Globo fala da esperança de um “choque de gestão” no governo Dilma. Outros países, como Chile e Nova Zelândia, conseguiram melhorar bastante a eficiência do setor público por meio de medidas mais meritocráticas importadas da iniciativa privada. Não há mecanismo de incentivo mais perverso do que as regalias dos funcionários públicos, com estabilidade de emprego independente do desempenho, sem a oportunidade de bônus por maior eficiência ou sem o risco de punição, caso contrário.

Neste sentido, seria louvável um “choque de gestão”, bandeira que, como lembra Merval Pereira, tem sido usada pelo PSDB há algum tempo. O nome que surge por trás desta conversa toda é o do empresário Jorge Gerdau. Ancelmo Gois, em sua coluna hoje, diz que a presidente Dilma sonha em trazer para o governo o renomado empresário do setor siderúrgico. Jorge Gerdau tem se destacado quando se trata do esforço de levar mais racionalidade para a gestão da coisa pública.

Se alguma coisa for feita nesta direção, já temos motivo para celebrar. Há tanta incompetência no governo que qualquer mudança na direção correta pode gerar ganhos significativos. Mas como diz o ditado, “uma andorinha só não faz verão”. As lições de empresários como Gerdau, se parcialmente adotadas, podem melhorar bem a situação do governo, hoje em estado caótico. Mas não resolvem as questões mais estruturais. E estas, segundo os jornais, a presidente Dilma já abandonou logo no começo do governo, avisando a interlocutores que nenhuma reforma necessária será mandada ao Congresso.

Esqueçam as reformas tributária, previdenciária e trabalhista, que poderiam colocar efetivamente o país no rumo certo. A presidente vai, no máximo e com muito otimismo, adotar medidas mais paliativas, tentar ganhar tempo antes que as bombas-relógio produzidas pelo governo explodam. É aquela velha máxima: quem não tem cão, caça como gato.

5 comentários:

Vinícius Portella disse...

Concordo contigo, Rodrigo. Não sei, no entanto, se não existiriam punições previstas pelo mal desempenho de seu cargo/função. Penso que elas existam e o grande desafio seja aprimorá-las e torná-las efetivas. No papel, muitas vezes as regras existem de maneira admirável, porém no dia-a-dia do serviço público elas não regulam, como o deveriam, o trato de seus regulados com a "coisa pública". O desafio é grande e complexo.

Abraços,

V.P.

Vinícius Portella disse...

P.S: resta torcer para esse "choque de gestão", mas a experiência mostra que ele pode vir a existir somente nos discursos e no papel.

V.P.

Anônimo disse...

RC, é "quem nao tem cao, caça como gato" (ou seja,sozinho) abraço. Etel.

samuel disse...

Rodrigo, se V for chegado ao Gerdau, aconselhe-o a não aceitar o cargo: vai somente se desgastar. Melhoria de produtividade é esforço de todo o governo, um esforço político portanto. Diga para ele aceitar um ministério (dos metalurgicos desamparados - a ser criado). Encargo para aumentar produtividade em governo Petista é cargo que se dá aos inimigos...
O PT-PMDB só conhece um lema de administração: QUE ME IMPORTE QUE A MULA MANCA EU QUERO É ROSETAR..

Anônimo disse...

Rodrigo, eu sou servidor público federal concursado. Eu não sou louco de largar um emprego com bom salário e estabilidade. Mas eu fico muito irritado com um monte de vampiros que habitam as repartições. O que tem de colega que não trabalha, se esconde atrás da burocracia, procura um cantinho sossegado para não evitar atribuções que dão incomodação...Desanima trabalhar assim. Só um louco se empenha a trabalhar, servindo o público, com afinco mas vendo os "colegas" se servindo do público, o dia inteiro surfando na internet. Por enquanto eu sou um dos loucos, pois sou muito louco mesmo, mas a minha loucura vai passar um dia, e me tornarei mais um sanguessuga, só chupando as veias do Estado. Me desculpe, mas esta é a postura que o homo economicus racional seguiria num ambiente que pune os competentes e premia os incompetentes. O sistema de trabalho no serviço público torna até o melhor profissional num parasita. É uma questão de tempo. Foi assim na União Soviética e acontece isso em todas as repartições públicas.