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quarta-feira, abril 06, 2011
GPA e o "orgulho de ser brasileiro"
Na carta da administração do relatório anual de resultados do Grupo Pão de Açúcar (GPA), eis como o presidente, Enéas Pestana, finaliza:
"O Brasil não é apenas mais uma promessa. Nos próximos anos, muitos fatores - como a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o bom momento do setor imobiliário e até mesmo os programas governamentais - vão aquecer o mercado consumidor, o que, na prática significa o aumento do poder de compra e a entrada de mais consumidores na classe média. [...] Nossa perspectiva de bons resultados reflete a expectativa positiva em relação ao desempenho da economia brasileira, reafirma nosso compromisso com a geração de novos empregos e a contribuição para o crescimento do país, reforçando o nosso ORGULHO DE SER BRASILEIRO."
As letras são garrafais mesmo. O ufanismo tomou conta do país. As grandes empresas, que tanto dependem do governo, agora focam nos empregos e no crescimento do país, com "orgulho de ser brasileiro". Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do GPA, chegou a declarar publicamente sua profunda admiração por Dilma Rousseff na época da campanha eleitoral. O CADE precisa aprovar a compra da Casas Bahia, não vamos esquecer.
Seria o caso de perguntar: e o retorno aos acionistas, leitmotiv de qualquer empresa, onde fica? Foi-se o tempo em que as empresas tinham "apenas" a meta de gerar valor aos seus acionistas, seguindo as leis e valores éticos. Agora, o importante é contribuir com o "desenvolvimentismo" idealizado pelo governo, e claro, com "orgulho de ser brasileiro" (ignorando, naturalmente, que o grupo francês Casino é o segundo maior acionista do GPA, com quase a mesma participação que toda a família Diniz junta).
Brasil, um país de TOLOS.
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5 comentários:
Constantino, você poderia fazer um post comentando a fixação do governo em controlar o câmbio? Hoje o ministro guido mantega anunciou novamente que tomará medidas para desvalorizar o real. Quais os problemas do câmbio se valorizar? Deixar o câmbio flutuar livrimente seria irresponsabilidade econômica ?
Desde já agradeço
Eles argumentam que levaria à desindustrialização do país.
Tenho um artigo publicado no GLOBO que fala disso:
http://corecon-rj.blogspot.com/2009/09/o-globo_3181.html
Mas não é justamente isso que as indústrias falam? Que só não conseguem competir com os produtos chineses por causa do cambio?
Rodrigo, neste caso é bem possível que trata-se mais de uma mensagem de cunho publicitário. Empresas como o GPA ainda têm como meta gerar lucro, mas é claro que eles não vão discursar desta forma. Assim, aproveitam o embalo do pensamento coletivo que reina atualmente na mente da maioria da população, e fazem seu discurso "socialmente correto" para agradar gregos e troianos.
Trocaram o comando da Vale por um que se diga com mais orgulho de ser brasileiro (ou seja, que faça o que o PT quer, nessa reinterpretação nacionalista). Vivemos o momento da redemocratização mais sem checks and balances do poder estatal. Muito preocupante.Abs.
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