quinta-feira, setembro 17, 2009

República das Bananas



Rodrigo Constantino

A partir desta semana, a venda de bananas no estado de São Paulo terá que ser feita exclusivamente por quilo. A lei de julho de 2008 foi regulamentada e acaba com a venda de banana por dúzia, até então prática comum nas feiras da região. Mais de cem fiscais serão mobilizados para verificar a mudança. O argumento dos burocratas do governo repete o de sempre: o consumidor não sabe de nada, o vendedor é um potencial explorador, e o governo surge como um “messias salvador” para proteger os consumidores.

Medidas similares já foram adotadas em relação à venda do pão francês no passado, quando uma portaria do Inmetro exigia sua venda por quilo, e não unidade. Um país em que o governo se mete até mesmo na forma pela qual o pão e a banana são vendidos é um país muito doente. O diabo está nos detalhes. Um absurdo desses não seria possível sem um arcabouço ideológico por trás. E este pano de fundo é justamente a mentalidade anticapitalista que predomina no país, a crença de que o livre mercado não funciona, não passa de uma selva com empresários explorando os pobres ignorantes. O governo passa a ser visto como uma espécie de deus, que vai tutelar o povo e protegê-lo da exploração capitalista.

Eis o tipo de mentalidade que leva ao cenário atual, com burocratas pagos pelos nossos impostos com a justificativa de que vão nos proteger até mesmo dos feirantes “exploradores”. A feira surge em cena, historicamente, como um palco de trocas voluntárias. Cada vendedor oferece seu produto, e cada comprador é livre para escolher. Mas o governo não aceita isso. Ele entra em cena, de forma compulsória, para ditar os mínimos detalhes do comércio, incluindo como as bananas serão vendidas. Nada seria mais apropriado para uma verdadeira República das Bananas!

22 comentários:

MARCELO WERLANG DE ASSIS disse...

Hehehehehehehehehe...
Eis o Bem Comum em sua mais gloriosa forma!!!!!!!!!!!!!
Viva o bom Deus Governo, que tudo sabe, que tudo vê, que tudo pode, que sempre deseja o progresso de seu Amado e Escolhido Povo! Viva! Urra!
Nem mesmo o absurdo de Seus Mandamentos pode abalar nossa fé nesse onipotente, onisciente, benevolente e perfeito Deus!
"Strong and peaceful, wise and brave
Fighting the fight for the whole world to save
We the people will ceaselessly strive
To keep our great Revolution alive!
Unfurl the banners!
Look at the screen!
Never before has such glory been seen" (Hino da Oceania,"1984")

E ainda há pessoas que dizem não ter chegado o Socialismo ao Brasil ainda...
E o interessante é que no Comunismo, para ser possível dar ao povo o que se promete, torna-se necessário escravizar o mesmo. O governo não pode dar (a mão suave) sem antes tirar (a mão dura).
Mises: "Totalitarianism is much more than mere bureaucracy. It is the subordination of every individual's whole life, work, and leisure, to the orders of those in power and office. It is the reduction of man to a cog in an all-embracing machine of compulsion and coercion. It forces the individual to renounce any activity of which the government does not approve. It tolerates no expression of dissent. It is the transformation of society into a strictly disciplined labor-army - as the advocates of socialism themselves say - or into a penintentiary - as its opponents say."
Viva a Escravidão!!!!!!!

MARCELO WERLANG DE ASSIS disse...

Mais Mises:

"SUCH IS THE REALITY OF BUREAUCRATIC UTOPIA."

Felipe André disse...

Realmente lamentável, e não deve demorar muito pra "moda" se espalhar para o resto do país.

José Carneiro da Cunha disse...

Concordo com caso da banana, é uma regulamentação absurda, mas a história do pão francês é um pouco diferente. A venda a quilo, no caso do pão, está mais para desregulamentação do que para regulamentação.

Antes da venda a quilo do pão francês a legislação, que definia a venda por unidade, especificava que o pão deveria ter 50 gramas. Com isso, as padarias não tinham liberdade para fazer um pão mais ou menos denso e era necessário um aparato razoável de fiscais para garantir que o pãozinho tivesse 50 gramas. Com a venda por quilo, tal regulamentação, muito mais restritiva, caiu. Agora, cada padaria pode fazer o pão da forma como quiser, mais denso, menos denso etc. É claro, o melhor seria que não houvesse imposição de método de cobrança, mas que cada padaria, com base naquilo que seus consumidores sinalizassem como preferido, pudessem definir se cobrariam por quilo, unidade ou outra forma qualquer.

Uma norma arbitrária, mas que ainda vigora sobre as padarias, é a obrigatoriedade de ter pão francês. Caso não haja pão francês disponível, fica a padaria obrigada a vender outro tipo de pão pelo mesmo preço do pão francês (viva a regulação esdrúxula!).

Att

José Carneiro

Cadu disse...

Rodrigo sei que este não é o espaço e muito menos o tema desta postagem tem a ver com o que vou perguntar mas, sobre a unificação dos documentos do cidadão brasileito (CPF< RG, CNH). Qual a sua posiçao sobre este assunto? Li a matéria agora no G1 que diz faltar apenas a sanção do presidente M(L)ula...

Collovini disse...

O Brasil me dá nojo. A burrice coletiva deste país conseguiu. Vou largar um emprego público "estável", o sonho brasileiro, e me mandar para o velho mundo. Depois de deixar de votar nas últimas duas eleições, está na hora de votar com os pés. No momento em que o governo pode acabar com o meu direito de comprar god damm bananas da maneira que eu quiser, a gorda cantou. Pelo menos na próxima pandemia de gripe vou poder comprar meu Tamiflu.

Anônimo disse...

Pelo visto o Sr. Constantino não gosta muito de banana...

Everardo disse...

Collovini, continue comprando bananas por dúzia, escolhendo uma a uma. Não mudou nada. Apenas, na hora de cobrar, o vendedor pesa o que você escolheu e cobra. Pronto! Ou você acha que ele comprou as bananas na CEASA por dúzias? Outra coisa, está na CF a obrigação do governo de proteger o consumidor.
No caso dos pãesinhos por unidade, o fabricante "consciente" largava ciclamato de sódio (cancerígeno) para aumentar o volume do pão (que até o vento levava). Agora, não há mais esse interesse...

Aécio Prado disse...

E já que vai ser por quilo, serão obrigados a comprar balanças eletrônicas que além do seu próprio custo tem o custo da fiscalização. ou seja, fumo para todos os lados !


é a selva brasilis!

Collovini disse...

Putz, Everardo... que o feirante venda bananas como bem entender, compra quem quer!!! O governo não tem o direito de obrigar o feirante a vender por quilo!!! Isto é uma invasão inútil na liberdade das pessoas, é tão difícil assim de perceber? Este teu exemplo do ciclamato é ridículo, non sequitur, qual o perigo de bananas serem vendidas por dúzia, cor, cheiro, seja lá o que for, para a saúde pública?

O povo brasileiro é uma mistura de safados gerados por uma cultura da safadeza, com imbecis que pensam estarem na vanguarda da humanidade. Que asco!!!

Vergilio disse...

Alô colegas do blog,
Aproveitando o momento, desejo informar-lhes que a partir de ontem aqui no estado de São Paulo, por decreto governamental ( projeto do deputado Samuel Moreira-PSDB– O ilustríssimo deve ter muito o que fazer) só podemos comprar bananas por quilo. Não podemos mais comprar por dúzia, unidades ou baciadas. Eles tem razão, nosso país está “wonderful”, logo o governo está com tempo de sobra para pensar em bananas. Colegas GESTORES e MARKETEIROS, vai lá uma dica, não podemos perder essa chance, vamos instituir o dia 16/09/2009 como o “DIA NACIONAL DA BANANA”. Agora imaginem a cena, os fiscais do IPEM com seus óculos escuros entrando nas feiras e conferindo as balanças, as bananas e “facilitando” a venda de qualquer jeito por uns troquinhos. Esse país é uma piada pronta mesmo. Um abraço.

Everardo disse...

Collovini, sejamos, então, um pouco mais sofisticados: se o governo não regulamentar ou fiscalizar os "pulsos" do seu celular, você terá de quem reclamar, ou "compra quem quer"? Medidores de energia não são uma presunção de safadeza. Não são macacos que compram bananas, mas pessoas que não devem andar com balanças na bolsa.

Thiago Nogueira disse...

Everardo,

Talvez você não saiba, mas 1874 e 1875 foram anos de revoltas no Nordeste. A chamada revolta do "Quebra-Quilos", começou porque mudaram o sistema de medidas acabando com as tradicionais baciadas.

* Vai ver você conta com o espiríto cordato dos paulistanos e cariocas que não sairam por aí quebrando as padarias quando o governo decidiu se intrometer na veda do pão francês.

A interferência do governo em assuntos que só dizem respeito aos comerciantes e consumidores não é apenas inoportuna; é despropositada! Cada vez que o Estado se imiscui na vida dos seus cidadãos - tratando-os como seres incapazes de decidir o que melhor para si - ele interfere na esféra privada e põe em risco a liberdade individual.

Ao tranformar coisas simples - como o que as pessoas andam comendo, bebendo ou fumando - em questões de interesse público, eliminamos a noção de responsabilidade indivídual e contribuimos para o aumento do poder público.

Além disso, há uma máxima no direito que diz que "o abuso não pode - sob nenhuma circunstância - tolher o uso". Ou seja: ainda que alguns comerciantes estejam levando vantagem na venda de bananas por unidade, isso não é motivo para limitar a liberdade de escolha do consumidor dessa forma.

Se você comprou bananas por unidade da barraca do Seu José e se sentiu lesado, não precisa carregar uma balança da próxima vez que for até lá. Basta que você mude de fornecedor! Simples, não acha?

Everardo disse...

Thiago, pesos e medidas sâo padrões de troca e de referência. Se cada um tiver o seu, deixa de ser padrão, para retornarmos aos métodos primitivos. É como a moeda, ela não é privada. Os padrões facilitam a harmonia da sociedade. É como a hora oficial, fixada pelo "intruso" estado. Se cada um tiver a sua, os relógios deixam de ter utilidade, os trens podem se chocar, a falta de ordem na produção poderá transtornar a vida em sociedade. No entanto, quando tenho livre, do amanhece ao anoitecer, numa bela praia do Ceará, provavelente não precisarei de outros referenciais que não apenas o sol.

Thiago Nogueira disse...

Everardo,

Desculpe-me pela franqueza, mas essa foi a coisa mais estúpida que já li.

Ninguém está falando em alterar o peso ou a medida de um produto (a menos, é claro, que você esteja pensando em ir vender bananas perto de um dos pólos). Estamos falando de facultar ao comerciante e, por conseguinte, aos compradores, o direito de escolher qual destes métodos ele quer usar (peso ou medida/unidade).

A propósito: afirmar que a ausência de um governo equivale a ausência de ordem é, no minímo, absurdo. É evidente que você não está familiarizado com conceitos como "a mão invisivel", de Adam Smith e "ética universal", de Murray Rothbard. Se estivesse a par da obra desses altores, saberia que, na ausência dos governos, o mercado regularia a si próprio; sempre observando os interesses dos consumidores.

Enfim, essa conversa de que sem o deus governo o mundo seria um caos é besteira!

Everardo disse...

Você não percebe, Thiago, é que não defende a ausência do estado, mas a substituição do público pelo privado. Então, todas as funções típicas do estado mudariam de mãos, apenas, passriam para o "mercado", para os sistemas de produção. Isso me parece com aquela teoria de que a terra está sobre uma tartaruga gigante, que fica sobre outras até o infinito.

Thiago Nogueira disse...

Everardo,

Percebo sim! Aliás, esse é o ponto. Eu acredito que os negócios privados, resultantes de contratos voluntários, são a melhor forma de organização económica (quer do ponto de vista moral, quer do ponto de vista da eficiência).

Como a imensa maioria das pessoas, você está acostumado a ver o anarco-capitalismo como uma variação do anarquismo. Ora, anarco-capitalismo é uma versão antiestatal do liberalismo e não uma versão capitalista do anarquismo. Mas ainda que o movimento anarco-capitalista tivésse nascido do anarquismo propriamente dito, isso não significaria que é um sinônimo de caos. É como eu lhe disse em outra discussão: anarquia é a ausência do Estado e não a ausência da ordem.

Aprendiz disse...

Vejo que há várias diferenças entre o caso dos pãezinhos e o das bananas:

1. As bananas não tem o tamanho e peso que tem por intervenção do feirante. O cliente usa seu discernimento para avaliar a qualidade e tamanho dos produtos nas feiras, sempre foi assim, e nunca me senti lesado por isso. com um pouco de experiência, compra-se bons produtos por bons preços.

2. Os padeiros JÁ tinham, ANTES da lei que os obrigou a pesar pães, balanças em seus estabelecimentos, as quais já eram verificadas periodicamente. Assim, não houve aumento de custos para o comerciante (e custos dos comerciantes se refletem nos preços dos produtos) e houve diminuição dos custos e intervenção do estado, visto que havia, antes de tal lei, a verificação do peso dos pães por fiscais, para evitar fraude no peso.

3. Os comerciantes de bananas não tinham balanças, não eram necessários fiscais, e as coisas funcionavam muito bem. Portanto houve um aumento da intervenção, dos custos do comerciante e dos custos do estado. Mas qual o problema? É só cobrar mais imposto desses trouxas mesmo... socialistas parecem ter um prazer mórbido em controlar a vida das pessoas e tirar seu dinheiro. Como os sequestradores.

4. Se resoleverem exigir balanças de todos os feirantes, serão necessários ainda mais fiscais. Esse é o estado brasileiro. Recusa-se a cumprir obrigações básicas (segurança, justiça) e inventa firulas para atormentar a vida dos cidadãos e tomar-lhes o dinheiro. A máquina pública parece um ser vivo, que quer preservar-se e crescer.

Everardo disse...

A balança, Aprendiz, exclui a relação de esperteza entre as partes e põe, em seu lugar, a segurança nas relações entre os cidadãos. Isso é papel do Estado. A ordem jurídica é objetivo do estado. A equidade nas relações ´dever do estado promover. O resto é a "filsofia" que orienta o lucro.

Aprendiz disse...

Everardo

Pães são fabricados, sua qualidade e peso depende do padeiro. Se um padeiro vendo como tendo 50g um pão que tem 45g, ele está sendo "esperto", no sentido de que está cometendo fraude.

Mas o vendedor de bananas não "maquinou maquiavélicamente" diminuir o peso das bananas. Elas tem o tamanho, peso, sabor e qualidade que tem, simplesmente. Ele compra-as do produtor ou de um entreposto, e elas serão maiores ou menores (e melhores ou piores), dependendo de muitos fatores, inclusive a época do ano. É desnecessária a presença do estado, porque não está ocorrendo fraude nenhuma, apenas libre negociação de um produto de qualidade e tamanho visível (o vendedor não pode "encher" a banana de ar, como pode o padeiro). Se o produtor de frutas estivesse usando algum produto prejudicial à saúde do consumidor, aí sim seria um caso de polícia (intervenção do estado).

Aparentemente não ocorre a você que a intervenção do estado, em geral, cria custos e também diminui a liberdade (portanto, torna o homem um pouco menos homem, e um pouco mais inseto). Portanto, a intervenção estatal desnecessária ou por motivo irrelevante é essencialmente prejudicial. Além disso, a intervenção em exagero impede que o homem se desenvolva plenamente, que deixe de ser infantil. Tal infantilidade, certamente, smepre foi um dos objetivos dos sistemas marxistas, mas começo a pensar que é um dos objetivos, também, dos fabianos.

Everardo disse...

Aprendiz, achar que o homem se desenvolve "plenamente" pela sua exposição às leis do mercado é a tal "seleção natural" ou o tal "darwinismo social", que determinará, ao final, quem vai dispor dos bens de produção e quem não vai. Ao final, haverá o vencedor, de um lado, e a massa perdedora, de outro. A sua lógica é perfeita, mas desumana.

Aprendiz disse...

Everardo

Com certeza, se fiscais não nos protegerem dos malvados comerciantes de bananas, voltaremos ao estado de selvageria, a lei da selva.

Seu dogmatismo miope faz você perder o senso de proporções.