terça-feira, março 27, 2012

Máfias sindicais italianas

Rodrigo Constantino

Deu no Financial Times: OECD urges ‘ambitious’ eurozone reform

Diz um trecho da reportagem:

The OECD indirectly backed Mr Monti’s reform agenda, and called on Italy among others to reduce restrictions on labour mobility, ease job protection and reform the wage bargaining system.

Qualquer economista sabe que é preciso flexibilizar as leis trabalhistas na Europa e reduzir a enorme quantidade de regalias artificiais que impedem maior dinamismo no mercado de trabalho. O desemprego está em patamares elevados, especialmente para os mais jovens, menos produtivos na média. O welfare state cobra seu pesado custo!

Mas politicamente é muito difícil reformar o mercado de trabalho, pois uma máfia sindical tomou conta da situação. Na Inglaterra, uma líder corajosa como Thatcher conseguiu dobrar a espinha dos mafiosos. Mas faltam lideranças na Europa hoje! E um governo tecnocrata como o de Mario Monti não tem o respaldo popular para enfrentar este desafio. Monti já começa a perder apoio.

Há dez anos, Marco Biagi, um economista reformador, tentava implementar na Itália mudanças nas leis trabalhistas, nos moldes propostos por Monti hoje. Seu destino: foi baleado e morto! É assim que a máfia sindical costuma agir quando enxerga risco aos seus privilégios, obtidos sempre à custa dos trabalhadores e pagadores de impostos.

Será que Monti dessa vez consegue levar adiante as reformas? Espero que sim, mas é cedo para dizer. Os obstáculos são enormes, e acho difícil ele ter força suficiente para mexer nesse vespeiro. O mais provável é mudar pouca coisa, e as máfias sindicais preservarem seu poder.

Roberto Saviano sabe como é mexer com a máfia italiana. E os sindicatos podem não ser a Camorra, mas não estão muito longe disso. Apenas mais uma coisa que faz a Itália parecer o Brasil da Europa...

Um comentário:

Bruno Tôrres de Melo Rêgo. disse...

A Itália é tão Brasil da Europa que em Outubro passado, ao chegar de carro em Roma, me deparei com um flanelinha perto da estação de Termini, não estou brincando e pra piorar tinham vários cambistas na fila pra comprar bilhetes pro Coliseu.