quinta-feira, março 21, 2013

O caso AdeS

É isso! Chega!!! Eu não aguento mais o PT no poder...
Rodrigo Constantino

Postei essa foto ontem no Facebook, ironizando o problema com o suco de maçã AdeS. Não sou de perder a piada. Dito isso, é preciso fazer alguns esclarecimentos.

Costumo dizer (e tenho artigos sobre isso) que a preocupação com o lucro do produtor e, portanto, com sua própria imagem, é a melhor garantia que os consumidores têm. Entramos no Wal-Mart ou no Carrefour e confiamos na qualidade dos produtos não por altruísmo dos vendedores, tampouco pela fiscalização dos burocratas, mas sim porque um erro pode custar caro a eles. 

Como vimos agora no caso da AdeS. Como custou caro um erro! Pois há accountability, acionistas privados que pagam a conta do erro, ao contrário do governo, que sempre joga a responsabilidade para ombros alheios de forma difusa. Confiamos nos produtos que compramos porque as empresas precisam sobreviver e, para tanto, precisam lucrar!

Claro que erros podem acontecer. No caso da Unilever, uma multinacional respeitável e dona de várias marcas de sucesso, o erro é chocante, e desperta até a suspeita de sabotagem industrial. Mas não precisamos ir longe na teoria conspiratória. Shit Happens. E com frequência infinitamente menor na gestão privada, justamente pelo mecanismo de incentivos mais adequado.

Estou seguro de que esse episódio será uma mancha negra (ou afrodescentente) na história da empresa, mas que ela dará a volta por cima. E fará isso porque precisa fazer isso, ou vai à bancarrota. Eu não confio nos burocratas do Procon ou da Anvisa. Nem confio na abnegação dos proprietários da Unilever. Felizmente, eu não preciso confiar nisso. Basta eu confiar na pressão que o livre mercado exerce nas empresas, sempre em busca do melhor atendimento possível aos consumidores e na qualidade de sua imagem, pois isso vale muito para eles.

20 comentários:

André disse...

Quem gosta de te ler pode te adicionar no face?

Rodrigo Constantino disse...

André, meu canal do Face está esgotado, no limite de 5 mil amizades. Mas pode ser como seguidor, e ter acesso aos meus posts.

Paulo disse...

Sair dessa? Fácil; suprimem o Ades e lançam o "Seda" ou outro qualquer, inclusive subtituindo o fabricante anterior por um terceirizado até se esquecerem do fato e isso se dá rápido.
Basta lembrar outro rolo contra o consumido consumidor: desregulamentação geral de produtos industrializados para mascararem aumento de preços em constantes alterações de peso e cada um com nomenclatura propria em similares, como cereais, biscoitos, balas etc.; De 0,750 Kg; de 0,650 Kg. Ou então: de 0,300 Kg para 0,270 Kg; outros de 0,180 Kg para 165...
Seria lobby dos fortes para angariarem a mais e algo de repasses aos coniventes...

Rodrigo Constantino disse...

Paulo, quanto há de investimento em uma MARCA? Eis o ponto. Acha que é simples trocar por outra? Isso exige muito investimento.

Anônimo disse...

Eu também não confio no procon ou na anvisa, mas não confiar em um médico não significa desconfiar da medicina.

Pelo seu raciocínio a FDA é uma tolice, no que eu e gente menos boba que eu discordam.

Claro que uma queimadinha na língua por 2,5% de soda cáustica pode ser motivo de brincadeira no face, mas tem shit que happens que não enseja piada.

Algumas ocorrem lentamente, as cancerígenas por ex, e até que a shit apareça, a "seleção natural" ocorrerá em consumidores, ao invés de empresas.

Marcio Grassi Salvatti disse...

“Algumas [merdas] ocorrem lentamente, as cancerígenas por ex, e até que a shit apareça, a ‘seleção natural’ ocorrerá em consumidores, ao invés de empresas.”

Como é possível que a seleção natural ocorra com consumidores e não com empresas, uma vez que empresas são feitas por consumidores?

Anônimo disse...

"Como é possível que a seleção natural ocorra com consumidores e não com empresas, uma vez que empresas são feitas por consumidores?"

até que o agente cancerígeno fique evidente, ou seja, depois de anos ou décadas, morrerão pessoas, e não a empresa que causou o câncer. Mesmo que ela não demore para matar, eu prefiro viver do que morrer para evidenciar q uma shit happened com uma empresa.

Mesmo que depois a empresa feche, ora bolas. Sou capitalista mas amo minha pele.

O ser humano adora os extremos. Uns querem o big brother nos vigiando, outros nos vêem como seres descartáveis em meio a uma seleção natural capitalista.

Marcio Grassi Salvatti disse...

“Sou capitalista mas amo minha pele.”

Acho que você ainda não entendeu minimamente capitalismo.

Anônimo disse...

"Acho que você ainda não entendeu minimamente capitalismo."

Você não entendeu nem a ironia do cara e agora quer lecionar sobre compreensão de sistemas econômicos? Faça-me o favor!

Marcio Grassi Salvatti disse...

As suas considerações, essas que você agora chama de ironia se passando por outra pessoa, estão mais para falta de compreensão mesmo. Não precisa se vergonhar disso. Ninguém sabe tudo. Ninguém aqui leciona nada.

Unknown disse...

deixa eu ver se eu entendi.
a "linda empresa falha" e ela se arrepende.
já o governo não...
haahahah nunca ri tanto...

outro ponto ignorado:

mas sim porque um erro pode custar caro a eles.

ERRADO: um erro que foi POSSÍVEL DE SER detectado.

ou vc acredita mesmo que mesmo aqueles erros difíceis de serem detectados irá ser "preocupação"?

exemplo: vacinas sem interesse de curar e sim aliviar....

constatino, vc esta igual lew rockwell dizendo que o petróleo derramado no mar vai sumir, pq eu não enxergo mais as manchas negras...

marcelo disse...

constantino, ok agora com a descoberta da soda a unilever vai ter danos terríveis a imagem

mas mesmo essa possibilidade de dados terríveis foi levada em consideração quando decidiram baixar a qualidade do produto para ter uma maior penetração e um maior lucro certo?

dizer que só a possibilidade de danos terríveis a imagem impedem tais coisas é ir contra o observável nos mercados não?

todinho com detergente, ades com soda...


no máximo dos máximos pode-se dizer que a possibilidade de danos a imagem apenas inibe a fraudulencia do produto, concorda?

IvanFR disse...

Não entendo muito do assunto, mas um colega engenheiro de produção disse que água a 60 graus celsius tem a mesma eficiência que a soda cáustica para limpar gordura (e é mais segura também, pois não se corre o risco de um acidente desses). Mas o problema é que usar a água aquecida acaba deixando o processo de produção mais lento e consequentemente diminuindo a produtividade da empresa, gerando menos lucro.

Seria possível estabelecer uma relação de causa e consequencia entre a ganância das empresas e o descuido com a linha de produção?

Se for realmente verdade o que esse conhecido meu disse, porque não usar a água quente ao invés de soda cáustica, ainda que isso diminua um pouquinho o nível de produtividade?

Claudio disse...

Os governos tem um accountability tb... o voto.

Anônimo disse...

'até que o agente cancerígeno fique evidente, ou seja, depois de anos ou décadas, morrerão pessoas, e não a empresa que causou o câncer. '

A solução pra isso são certificações privadas.

Anônimo disse...

Concordo!

Anônimo disse...

Concordo! Contudo há muita "informação assimétrica" que é uma falha de mercado (não no caso do Ades, em que aparentemente houve uma falha da empresa) que causa ineficiência, por exemplo: informação nutricional em alimentos, duvido muito que o McDonald's colocaria na caixa do Big Mac a quantidade de gordura trans e sódio contida no sanduíche se não houvesse uma legislação e um órgão regulador/fiscalizador. Considerando que os consumidores precisam dessa informação para “maximizarem” a satisfação (“utilidade”), dada uma “restrição orçamentária”, isso causa ineficiência.

É claro que as empresas sabem que não é um bom negócio matar seus próprios clientes (Souza cruz que o diga - houve queda no número de fumantes já que cadáveres não fumam). Mesmo assim e ainda considerando que é possível a existência de conluios entre burocratas da Anvisa e grandes empresas, anda acredito na necessidade de, ao menos, alguma regulação mesmo que mínima ou que esta seja em parte terceirizada/privatizada... ao comprar papel higiênico, quem se preocupa em medir o comprimento e a espessura do produto para se certificar de que a informação da embalagem está correta?

Anônimo disse...

Oi Rodrigo,

queria saber sua análise sobre o seguinte ponto:

O pessoal do atual governo acredita que o PAC vai ampliar a renda. Esta seria, salvo engano, a visão Keynesiana segundo a qual o Governo seria capaz de influenciar o produto e o emprego.
Os neoclássicos discordam. Poderia me apresentar os argumentos contrários?

Abraço,
Francisco

Ps: como estou divulgando meu email, favor não divulgue o post, certinho?

bibicaen@yahoo.com.br



João Emiliano Martins Neto disse...

Constantino, você idolatra demais o mercado. Imagine se uma defesa unilateral como a que você sempre faz das leis de mercado, oferta, procura e obsessão por lucro fossem levadas a cabo, o próprio mercado cairia e o Estado tomaria tudo em pouco tempo, porque a sociedade deve ser fundada no amor. No amor de um Deus que não economizou o proprio Filho que ontem lembramos a sua Páscoa da ressureição que morreu para que fôssemos libertos do deus pecado que pode ser o diabo na forma da ganância - defendida por você Constantino - por lucro ou o diabo na forma da onipotência estatal que você sem querer com tanto unilateralismo vem promovendo.


JOÃO EMILIANO MARTINS NETO

Luis disse...

o mais curioso é que ninguem na anvisa sabia de nada ate que a propria empresa tinha anunciado que ia fazer a retirada de um lote por conta do referido problema.

so depois disso a anvisa entrou em açao e anunciou o que ja estava anunciado e aplicou muita e etc e tal.

isso que esses orgaos fazem, apenas barulho e propaganda, menos fiscalizar, ate pq se tivessemos um mercado livre nem precisariamos desses orgaos, o proprio mercado se fiscaliza

é o mesmo caso das empresas telefonicas