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quinta-feira, março 21, 2013

O caso AdeS

É isso! Chega!!! Eu não aguento mais o PT no poder...
Rodrigo Constantino

Postei essa foto ontem no Facebook, ironizando o problema com o suco de maçã AdeS. Não sou de perder a piada. Dito isso, é preciso fazer alguns esclarecimentos.

Costumo dizer (e tenho artigos sobre isso) que a preocupação com o lucro do produtor e, portanto, com sua própria imagem, é a melhor garantia que os consumidores têm. Entramos no Wal-Mart ou no Carrefour e confiamos na qualidade dos produtos não por altruísmo dos vendedores, tampouco pela fiscalização dos burocratas, mas sim porque um erro pode custar caro a eles. 

Como vimos agora no caso da AdeS. Como custou caro um erro! Pois há accountability, acionistas privados que pagam a conta do erro, ao contrário do governo, que sempre joga a responsabilidade para ombros alheios de forma difusa. Confiamos nos produtos que compramos porque as empresas precisam sobreviver e, para tanto, precisam lucrar!

Claro que erros podem acontecer. No caso da Unilever, uma multinacional respeitável e dona de várias marcas de sucesso, o erro é chocante, e desperta até a suspeita de sabotagem industrial. Mas não precisamos ir longe na teoria conspiratória. Shit Happens. E com frequência infinitamente menor na gestão privada, justamente pelo mecanismo de incentivos mais adequado.

Estou seguro de que esse episódio será uma mancha negra (ou afrodescentente) na história da empresa, mas que ela dará a volta por cima. E fará isso porque precisa fazer isso, ou vai à bancarrota. Eu não confio nos burocratas do Procon ou da Anvisa. Nem confio na abnegação dos proprietários da Unilever. Felizmente, eu não preciso confiar nisso. Basta eu confiar na pressão que o livre mercado exerce nas empresas, sempre em busca do melhor atendimento possível aos consumidores e na qualidade de sua imagem, pois isso vale muito para eles.

segunda-feira, agosto 20, 2012

Basta

Luiz Felipe Pondé, Folha de SP


A Anvisa é uma das agências fascistas que querem controlar nossas vidas nos mínimos detalhes, com sua proposta de exigir receita médica para comprar remédios tarja vermelha. É uma das pragas contemporâneas.
Não acredito na boa vontade nem na ciência desses tecnocratas da Anvisa. Acho que eles se masturbam à noite sonhando como vão controlar a vida dos outros em nome da saúde pública. Não acredito em motivações ideológicas para nada, apenas em taras sexuais escondidas. Freud na veia...
Dou mais dois exemplos desse tipo de praga: proibir publicidade para crianças e cotas de 50% nas universidade federais para índios, negros e pobres (alguma pequena porcentagem neste último caso vá lá).
Nós, contribuintes, não podemos nos defender dessa lei das cotas. Essa lei rouba nosso dinheiro na medida em que somos nós que pagamos pelas universidades federais.
Até quando vamos aceitar esta ditadura "light" que "bate nossa carteira" dizendo que é em nome da justiça social? "Justiça social" é uma das assinaturas do fascismo em nossa época.
O fascismo não morreu, e um dos maiores desserviços que minha classe intelectual presta à sociedade é deixar que as pessoas pensem que o fascismo morreu. Aldous Huxley ("Admirável Mundo Novo"), George Orwell ("1984") e Ayn Rand ("A Revolta de Atlas") deveriam ser adotados em todas as escolas para ensinar o que os professores não ensinam e deveriam ensinar: que o fascismo não morreu.
O fascismo é a marca de tecnocratas e políticos que querem governar a vida achando que somos idiotas incapazes de decidir e que usam nosso dinheiro para esconder suas incompetências e sustentar suas ideologias "do bem". Querem nos tornar idiotas e pobres, para depois "tomar conta de nós".
O governo brasileiro, que flerta com o fascismo, engana as pessoas se concentrando em temas da "igualdade" e "saúde pública". A proposta de cotas nas universidades federais, além de populismo sem-vergonha, maquia a incompetência imoral do governo em retribuir à sociedade o que arrecada monstruosamente em impostos. A máquina de arrecadação de impostos no Brasil faz do governo sócio parasita de todo mundo que trabalha.
Em vez de investir dinheiro na educação básica, sua obrigação, o governo usa o dinheiro público em aventuras como o mensalão, se escondendo atrás de medidas (cotas nas universidades, controles da Anvisa, proibição de publicidade para crianças) que não arranham a corrupção ideologicamente justificada inventada pelo PT, mas que têm grande apelo publicitário.
O que é corrupção ideologicamente justificada? Você se lembra do "rouba, mas faz"? O PT diz "porque sou do bem, posso roubar". Essas leis não atrapalham a corrupção porque não disputam dinheiro com a corrupção. O pior é que, como parte do corpo de professores e funcionários das universidades federais é também fascista, acha isso tudo lindo.
Quanto à proibição da publicidade infantil, todo mundo sabe que só a família e a escola podem fazer alguma coisa para educar crianças. Todo mundo sabe que é difícil educar, ocupar e conviver dizendo "não" para as crianças. Todo mundo sabe que, quanto menos a mãe está em casa e quanto mais ela é só e menos tempo tem para criança, mais a criança come porcaria.
E quanto mais isso tudo acontece, mais se precisa de escola pública competente para preencher o vazio de famílias que não cumprem sua função, ainda que nunca seja a mesma coisa. Mas escola pública atrapalha a corrupção porque gasta o dinheiro da "mesada do bem". Mais barato para o governo é brincar de proibir a publicidade infantil.
Os mesmos que gozam pensando em mandar na vida dos outros são os que mentem quando não dizem que as crianças comem porcaria porque ficam largadas em casa sem mãe para tomar conta delas (e sem boas escolas). Não precisa ser gênio para saber que ,sem mãe atenta, nada funciona na vida das crianças.
Os mesmos que cospem na cara da família como instituição, estimulam as mulheres a pensarem só em si mesmas e acusam a família de ser autoritária são os que pedem a proibição da publicidade infantil.

quarta-feira, agosto 08, 2012

O Brasil é um país que cansa...

MARCUS VINÍCIUS DE FREITAS, Instituto Liberal

Recentemente, tive a oportunidade de conversar com representantes de uma empresa norte-americana do setor de saúde para analisar a viabilidade de iniciarem suas operações no Brasil, num segmento de grande impacto, com métodos e desenvolvimentos verdadeiramente revolucionários. Ao mostrarem os dados estatísticos, levantados a muito custo, no setor, havia evidência cabal de que a importação dos produtos, num primeiro momento, e a posterior abertura de operações no mercado poderiam, de fato, resolver alguns dos inúmeros problemas de saúde existentes no País.
Há alguns anos, tomaram a decisão de construir uma operação no Brasil. Desistiram, em razão dos entraves burocráticos. Recentemente, revisaram a decisão anterior e decidiram tentar novamente. Incrivelmente, os entraves não somente eram os mesmos, como cresceram. Citaram, por exemplo, a necessidade da visita de um inspetor da ANVISA à sede da empresa no Exterior para verificação, com um custo associado a esta visita. Este, no entanto, não é o problema. O grande entrave é o fato de não haver funcionários suficientes para levar adiante a determinação estatal.
E a pergunta que não queria calar durante o encontro: como é possível a sexta maior economia do mundo comportar-se como um país de 4º mundo?
Outra situação: um profissional, formado no Brasil, realizou estudos nas melhores universidades do mundo. Ao retornar ao País, que tem enorme necessidade de talentos e mão-de-obra qualificada, foi informado de que os seus títulos somente seriam válidos após um processo um tanto complicado e demorado de revalidação dos diplomas, sob o risco de não serem reconhecidos. Qual não foi o seu choque ao ouvir que, no Brasil, seus títulos não valiam nada!
Algumas coisas são realmente inexplicáveis. A pior coisa que existe é explicar o inexplicável. E o Brasil está repleto de casos. Fazemos leis sem o devido aparato para suportar a questão regulatória. Criamos requisitos absurdos, de natureza burocrática, e não incentivamos o esforço e o mérito. Somos um país medíocre, onde não se observa o desejo de mudar nada. Entramos no labirinto de Minotauro e seremos devorados pela nossa incompetência. Pior ainda... Seremos devorados porque não fazemos nada para, de fato, resolver as questões e nos tornarmos mais competitivos.
Por que não fazemos nada? Em primeiro lugar, porque temos vício de Estado. Achamos – erroneamente – que o governo é a solução e não o problema. Gostamos de discutir incansavelmente coisas inúteis. Quem olha para a pauta do Judiciário e do Executivo brasileiros, certamente, pensará que todos os problemas do Brasil já foram resolvidos, afinal, gastamos páginas e páginas, horas e horas discutindo Carlos Cachoeira e Mensalão, que são o assunto do momento. Trata-se de algo fácil de resolver. É só colocar na cadeia quem infringiu as regras. Só que as regras têm que ser melhores e não mal feitas. Há coisas muito mais importantes a fazer no Brasil. Será que enxergamos isso?
Em segundo, somos apaixonados por burocracia. Tudo no Brasil é devagar porque requer muitos papéis, muitos burocratas envolvidos. Para piorar, preservamos até segmentos de mercados para serviços burocráticos. Quem não notou que para tudo, hoje em dia, precisamos de um advogado? Ou de um despachante? Ou de um “facilitador”...? Ou até mesmo de uma mãe de santo!?
Por fim, é preciso devolver poder aos estados e aos indivíduos. Precisamos de mais Brasil e menos Brasília. É absurdo querermos ter um país com uma legislação única, desconsiderando as enormes diferenças, fatores e culturas regionais.
Flexibilizar deve ser um objetivo sempre presente. Desburocratizar é o outro. Recordo-me saudoso de uma das poucas ideias brilhantes do Presidente João Figueiredo, além da Anistia, ao criar o Ministério da Desburocratização, ao final da década de 1970, com Hélio Beltrão como Ministro... Lamentável notar que, depois de três décadas, o País segue igual, senão muito pior. E muito mais caro e mais lento. E menos competitivo.
Espero que o Governo não crie mais um ministério para este fim. Seria mais burocracia. Ali Babá só tinha 40 assessores. Pelo jeito, o Estado brasileiro parece sempre precisar de mais.

Professor de Direito e Relações Internacionais, FAAP

terça-feira, junho 12, 2012

Falta coragem


Rodrigo Constantino, O GLOBO

“Nada é mais temido por um covarde do que a liberdade do pensamento.” (Luiz Felipe Pondé)

Não sei quanto ao leitor, mas eu confesso estar cansado da ditadura velada do politicamente correto. A impressão que fica é que um bando de “almas sensíveis” tomou o poder e deseja impor aos outros seu estilo acovardado de vida.
O reflexo disso é este estado-babá que vemos diariamente avançar sobre nossas liberdades, com os aplausos de uma gente medrosa e insegura.
Exemplos não faltam. A começar pelo ícone máximo desta tirania: Anvisa. Seus burocratas cismaram que têm o direito de cuidar de cada um de nós como se fôssemos mentecaptos indefesos. Os “iluminados” agentes da Anvisa vão impor dieta saudável, eliminar as substâncias perigosas, controlar a exposição ao sol, enfim, serão como nossos pais, e nós seremos as crianças incapazes de decidir por conta própria como viver.
Mas seria injusto culpar apenas a Anvisa por tais evidentes excessos. Não. Estas medidas, cada vez mais autoritárias, recebem aprovação de muitos pais, gente que parece adorar a servidão voluntária, talvez com muito medo do que faria em liberdade.
O que se passa aqui? Será que estes adultos se sentem tão assombrados com a vida que precisam delegar ao governo o controle sobre tudo? Será que perderam a capacidade de assumir riscos e as rédeas de suas vidas? Por que fogem da responsabilidade (habilidade de resposta) como o diabo foge da cruz?
Um caso recente ilustra bem isso. Alguns pais buscaram o governo para proibir uma promoção do McLanche Feliz. Motivo: eles se sentiam “obrigados” a comprar aquela comida gordurosa porque seus filhos desejavam o brinquedo anexo. Como assim, obrigados? Será que estes pais nunca ouviram falar da palavra “não”? Será que não conseguem mais impor limites aos filhos? Que monstrinhos estes pais estão criando para o mundo?
Os sintomas desta doença moderna da covardia generalizada podem ser vistos em vários outros casos. Agora tudo é culpa do “bullying”, por exemplo. Se o psicopata entra na escola atirando a esmo, claro que a causa está no apelido que lhe deram na infância!
Tanta paranoia vai acabar eliminando um processo natural e até necessário de preparação para a vida, muitas vezes hostil e dura. Apelidos “ofensivos”, segregação voluntária (daquele chato que ninguém suporta), piadas engraçadas, nada disso pode mais. Resultado: um mundo de manés acostumados a gritar pelo “papai” estado no primeiro sinal de problema que surgir. Os pais vão ficar orgulhosos. Identificam-se bastante com esta postura.
Como Karl Kraus disse: “A força mais enérgica não chega perto da energia com que alguns defendem suas fraquezas”.
Outro caso claro está no uso abusivo de eufemismos. Favelas viram “comunidades”, pivetes viram “meninos de rua”, negros e mulatos são “afrodescendentes”, deficientes viram “pessoas especiais” e por aí vai. Vejo o dia em que todo anão será chamado de “verticalmente reduzido”.
Os mais jovens ficariam espantados ao ler artigos de polemistas como Paulo Francis ou Nelson Rodrigues. Como assim chamar as coisas pelos seus nomes? Isso era permitido naquela época? E olha que não faz tanto tempo assim, para dar o tom assustador do andar da carruagem...
Por falar nesses dois, que falta fazem! Colocavam os pingos nos is, sem ter que agradar a esta maioria facilmente ofendida. Lula, por exemplo, era chamado por Francis de semianalfabeto (o menor de seus defeitos). “Preconceito!” A patrulha atua em coro organizado, mas não refuta o fato em si. Não seria pós-conceito? As palavras perderam o sentido.
De mãos dadas aos politicamente corretos estão os eco-chatos, essa turma com “consciência ecológica” que vai salvar o planeta pedalando sua bike e fechando o chuveiro durante o banho. Mas ninguém pressiona o governo para resolver as graves falhas de saneamento básico que matam vários pobres todo ano.  Haja hipocrisia!
Muitos são apenas “melancias”: verdes por fora, mas vermelhos por dentro. No fundo, eles querem é atacar o capitalismo, desta vez por seu sucesso, ou seja, por criar riqueza demais.
Por falar em socialistas, a demanda por igualdade de resultados entre humanos diferentes talvez seja o maior indício de covardia que existe. Ignorar que uns são melhores que outros é a marca registrada dos covardes, que anseiam, como formigas, pela igualdade plena para fugir da própria mediocridade.
O historiador Paul Johnson, em “Os Heróis”, destaca a coragem dos independentes como a mais nobre qualidade individual. Como esta coragem está em falta no mundo moderno!

quarta-feira, abril 11, 2012

A amarga Anvisa vai atrás do seu doce!


Rodrigo Constantino

O caderno "Ciência" do jornal O Globo hoje serve como claro alerta ao que vem por aí. A matéria principal diz: "Brasil, um país de peso", com o seguinte subtítulo: "Estudo do Ministério da Saúde mostra que 64% da população já lutam contra balança". Os brasileiros ficam cada vez mais gordos. E o ministro Alexandre Padilha quer fazer alguma coisa:

Agora é a hora de virar o jogo para não chegarmos a países como os Estados Unidos, que tem mais de 20% de sua população obesa. Temos que ter maior oferta de produtos industrializados saudáveis. No tocante aos supermercados, por exemplo, o objetivo é tornar alimentos saudáveis mais visíveis.

As "almas altruístas" que vivem 24h pensando em como ajudar o próximo já querem impor regras aos mercados. Talvez obriguem que alface e cenoura orgânicos fiquem em destaque na prateleira, enquanto as balas e doces permanecem escondidos atrás do balcão. Sem dúvida aumento de imposto fará parte das propostas de combate à obesidade.

Em seguida, a matéria aponta os grandes vilões em destaque: "Dieta tem excesso de gordura e açúcar". Carnes gordas e refrigerantes são os inimigos da boa saúde. Os casos de câncer tendem a aumentar se esta alimentação ruim continuar.

Eu não discordo que o brasileiro médio se alimenta mal, naturalmente. Tampouco vou condenar campanhas por uma melhor alimentação. Acho legítimo e até saudável. Mas o abuso de alguns não deve tolher o uso dos demais! Eis onde reside o perigo, como diz a última reportagem do caderno: "Tabagismo chega ao menor patamar".

Diz o subtítulo: "Pela primeira vez, número de fumantes fica abaixo de 15% da população brasileira". Essa parcela já foi o dobro algumas décadas atrás. O elo ficou evidente. A lógica é a seguinte: o sobrepeso é um problema de saúde pública, uma "epidemia", que pode causar inclusive câncer, tal como o tabagismo, outra "praga" da saúde pública.

Portanto, é não só legítimo como desejável que o governo declare guerra aos alimentos calóricos e gordurosos. Proibir campanhas na televisão, impor alertas catastróficos nas embalagens ou até impedir a venda em vários ambientes são medidas necessárias para preservar a boa saúde dos brasileiros. Já posso imaginar a foto de uma "baleia" quase morta estampada no pacote de biscoito com o seguinte aviso: "O Ministério da Saúde adverte que este alimento pode matar".

No meu artigo do GLOBO sobre a Anvisa, apelei ao sarcasmo para condenar o autoritarismo da agência, pois só com humor conseguimos aturar as investidas destes "tiranos do bem" às vezes. Nele, eu alertava:

Muitos são os que aplaudem vossas medidas, saibam disso. Temos sólidos argumentos. Por exemplo: a saúde universal paga pelo estado. Eis como vai a lógica: se todos pagam impostos para manter o SUS, então claro que é legítimo o governo cuidar da nossa saúde. Dando continuidade a esta lógica impecável, nós da ANTA achamos que o governo deveria impor exercícios físicos diários, pois o ócio é prejudicial à saúde. Cortar o sal, o açúcar, a fritura e a gordura parece o caminho natural a seguir.

Podem anotar: a Anvisa vai começar timidamente a impor avisos sobre os riscos do açúcar, para em pouco tempo tomar medidas mais drásticas. A amarga Anvisa vai atrás do seu doce, caro leitor!

terça-feira, março 20, 2012

A liberdade é perigosa e temerária

Rodrigo Constantino, O GLOBO

Carta aberta à Anvisa.
Prezados burocratas iluminados da Anvisa, quem vos fala é o representante da ANTA (Associação Nacional de Tutela dos Abestalhados). Venho expressar nosso apoio às recentes medidas adotadas pela Anvisa, sempre em prol da proteção dos indivíduos. Sabemos como a liberdade é algo temerário e perigoso.

O ex-presidente estadunidense Reagan costumava dizer que o governo existe para nos proteger de terceiros, e ultrapassa seus limites quando tenta nos proteger de nós mesmos. Mas o que sabia este ator? Só porque foi um dos responsáveis pela queda do Muro de Berlim não quer dizer que ele saiba melhor que vós o papel adequado do governo. O sucesso de suas reformas liberais tampouco comprova alguma coisa.

Nós, da ANTA, sabemos como o indivíduo, quando exerce a liberdade de escolha, acaba escolhendo errado. Menos no momento da eleição. Neste caso isolado, uma luz divina costuma cair sobre as urnas, e mesmo (ou principalmente) os abobados acabam acertando. Bastou sair dali, entretanto, e a estupidez retorna com tudo, demandando vosso sapiente controle para protegê-los.

Exemplos não faltam. Onde já se viu alguém, por livre e espontânea vontade, fazer bronzeamento artificial? É arriscado demais! É verdade que o próprio sol pode causar câncer de pele. Também é verdade que nem todos usam a proteção solar adequada. Mas a Anvisa faz sua parte, não é mesmo? Se poder tivesse, a Anvisa até tamparia o sol. Todos ficariam mais seguros.

O que dizer dos remédios? Sabemos como brasileiro gosta de se automedicar. O brasileiro é tão ousado que é capaz de comprar até aspirina sem receita! Permitir que as farmácias coloquem à disposição dos clientes tais produtos seria irresponsável. É preciso dificultar a venda, colocando tudo atrás do balcão e exigindo mais farmacêuticos de plantão para avaliar cada minúsculo pedido.

E nada de unir farmácia com loja de conveniência, como fazem nos EUA. A pessoa quer comprar um sorvete e acaba saindo de lá com um antibiótico tarja preta! Banir remédios de emagrecimento também foi uma jogada de mestre. Alegam que alguns casos necessitam deste tratamento. Mas o que sabem os médicos?

Agora mesmo a Anvisa deu mais um grande passo na direção da saúde popular perfeita, ao proibir os cigarros com sabor. Qualquer um sabe que aqueles cigarros mentolados são a porta de entrada para os jovens no satânico tabagismo. O que? As estatísticas negam que há mais fumantes em países onde é permitido este tipo de cigarro? Não importa. Ainda assim é importante proteger o fumante de si mesmo. O governo não protegeria um suicida?

Dizem que os fumantes vão acabar comprando cigarros vagabundos no contrabando, mas aí já não é mais problema da Anvisa.

Mas aqui cabe uma crítica. A Anvisa foi tímida demais! Não basta banir o sabor. É preciso impor um sabor podre. Somente assim eles param de fumar e a saúde coletiva pode avançar. Escuto alguém afirmar que os nazistas tinham esta meta também, da higienização do povo. E daí? Nem tudo aquilo que Hitler queria era absurdo, não é mesmo? E não há ligação alguma entre tais metas ambiciosas e o regime totalitário que se seguiu, há?

Muitos são os que aplaudem vossas medidas, saibam disso. Temos sólidos argumentos. Por exemplo: a saúde universal paga pelo estado. Eis como vai a lógica: se todos pagam impostos para manter o SUS, então claro que é legítimo o governo cuidar da nossa saúde. Dando continuidade a esta lógica impecável, nós da ANTA achamos que o governo deveria impor exercícios físicos diários, pois o ócio é prejudicial à saúde. Cortar o sal, o açúcar, a fritura e a gordura parece o caminho natural a seguir.

Aproveitamos para sugerir outra medida, mas em voz baixa, pois é mais polêmica. Sabemos que os ungidos da Anvisa reconhecem que a saúde do corpo não é tudo que importa. A saúde da mente também é fundamental. E não podemos permitir que cada um escolha livremente o que ler. Um controle social da imprensa se faz urgente.

O Partido da Imprensa Golpista (PIG) chama isso de censura, mas não tem nada a ver. É apenas o governo clarividente e altruísta cuidando do povo, protegendo os súditos, digo, cidadãos, deles mesmos.

E para quem apresentar sinais de ansiedade com estas mudanças todas, basta o governo fornecer gratuitamente antidepressivos. Todos ficarão felizes.

Portanto, camaradas da Anvisa, sigam em frente com vossa luta pelo bem geral. E não liguem para aqueles poucos que vos acusam de fascistas. O povo deseja vossa tutela. A liberdade é um luxo desnecessário quando a saúde social está em jogo.

sexta-feira, março 09, 2012

Anvisa insossa

Os burocratas "ungidos" da Anvisa não descansam um segundo na cruzada para nos salvar. Agora as embalagens de sal vão ter avisos como as de cigarro, para alertar como o sal pode ser perigoso. A vida, se o fascismo da Anvisa vingar sem reação, será mesmo muito insossa...

Neste vídeo eu ataco estas tendências fascistas da Anvisa.

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Anvisa adia decisão

Anvisa adia decisão sobre proibir adição de sabores nos cigarros. A proibição do uso de aromatizantes será analisada no próximo mês. A agência alega que os sabores aumentam o consumo de cigarro no público jovem. De fato, eu mesmo dei minhas primeiras tragadas no Sampoerna mentolado. Um absurdo vender cigarro com sabor melhor! Pergunto-me apenas qual será o próximo passo desta agência que se preocupa tanto com nossa saúde. Vetar a adição de açúcar no chocolate? Vetar a adição de fritura na batata? Melhor nem dar idéia. Já estamos quase lá!

Para maiores informações, veja meu vídeo sobre a Anvisa fascista, ou meu artigo para a revista Voto sobre o assunto.

sexta-feira, janeiro 13, 2012

Peito bonito é bem público


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O silicone virou assunto de saúde pública no Brasil. Após ficar comprovado que há riscos de ruptura no material importado da França e da Holanda, o governo decidiu liberar o uso do SUS para as cirurgias de retirada de próteses mamárias que se romperam. As pacientes reclamam, alegando que a cirurgia deve ser preventiva também. O governo está sob pressão para liberar de vez a rede universal de saúde para toda cirurgia de troca de silicone.

O tema levanta algumas questões interessantes. Em primeiro lugar, parece que a Anvisa está tão preocupada em controlar a vida dos cidadãos nos mínimos detalhes que deixa passar casos mais graves como esse. Para se meter na quantidade de sal do pão francês os funcionários da agência arrumam tempo, mas não para detectar problemas no silicone importado. Tudo bem. Isso acontece, ainda que possamos questionar para quê serve tanto funcionário “cuidando” de nossa saúde...

Em segundo lugar, vemos claramente os riscos de abuso quando a saúde é “universal” e “gratuita”. Nesta quinta participei de um evento do IEE em Porto Alegre sobre o “documentário” Sicko, do mega-embusteiro Michael Moore. A despeito dos dados manipulados, das distorções deliberadas, das mentiras descaradas e do patético sensacionalismo, o filme serve para nos mostrar como é perigoso monopolizar os fins nobres em um debate delicado como esse.

Michael Moore tenta passar a idéia de que o slogan marxista (“de cada um de acordo com sua capacidade, para cada um de acordo com sua necessidade”) precisa ser incutido na cabeça dos americanos egoístas e insensíveis. Trocar o “eu” pelo “nós”, eis o que vai salvar a saúde dos americanos! O que Moore não mostra é como tais incentivos perversos realmente afetaram a qualidade da saúde nos países que adotaram este caminho.

Mesmo no Canadá há inúmeros problemas, como filas de espera, equipamentos obsoletos, corrupção e burocracia. Nem vou falar de Cuba, cujo modelo de saúde é defendido por Moore, porque é absurdo demais alguém em pleno século 21 cair no conto do vigário de que a saúde pública na Ilha-presídio funciona. Quando a “terrível” lógica do lucro desaparece, surge em seu lugar a lógica dos “favores”. Os poderosos funcionários públicos, que podem decidir o destino de um rim, são tentados pela corrupção o tempo todo. Muitos sucumbem.

Voltando ao problema do silicone, o mais correto seria cada paciente buscar ressarcimento perante seus médicos ou planos de saúde, e estes, eventualmente, devem processar seus fornecedores estrangeiros. Caveat emptor! Mas a mentalidade coletivista está tão disseminada que muitos passaram a crer que é um dever do governo (leia-se de todos) bancar qualquer risco alheio, inclusive em cirurgias meramente estéticas. Pensando bem, até que faz algum sentido. Afinal, peito bonito é mesmo um bem público.