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sexta-feira, julho 26, 2013

Os bons na política

Rodrigo Constantino

Merval Pereira resumiu bem o discurso do Papa Francisco sobre a participação de bons cristãos na política, com P maiúsculo. Diz o jornalista:

O Papa Francisco fez ontem, na visita à favela da Varginha, seu discurso mais político, referindo-se às recentes manifestações ocorridas no país de maneira positiva, encorajando a que os jovens permaneçam na sua luta contra a corrupção. Com outras palavras, retomou análises que fizera anteriormente, desde que assumiu, sobre a nobreza da ação política. Para ele, envolver-se na política é a obrigação de um cristão, pois a ação política é “das formas mais altas de caridade”.

A política com P maiúsculo, como definiu em outra ocasião, visa o bem comum e “nós cristãos não podemos fingir de Pilatos e lavar as mãos”. Ontem, ele se referiu especialmente aos jovens que “possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio beneficio".

Mas o Papa instou a que “nunca desanimem, não percam a confiança”, insistindo em que a ação política pode mudar a realidade, “o homem pode mudar”. Em palestras anteriores na Itália, logo depois de ser eleito Papa, ele falou mais diretamente sobre a atividade política ao ser perguntado por um estudante jesuíta qual seria a atitude evangélica correta nos dias de hoje.

Eis um grande dilema para liberais: participar ou não do jogo político? Eu mesmo costumo sofrer pressão de leitores, e quando divulgo em meu canal que vem por aí uma grande novidade (vem uma na semana que vem!), muitos pensam que se trata de uma eventual candidatura. Qual deve ser a postura dos liberais, ou das pessoas decentes em geral, em relação a política?

Em minha opinião, elas devem participar, sim. Mas não é para todos. Atuar na política, ainda mais na nossa, demanda um estômago preparado, um grau de ética muito elevado, uma disposição de pagar um alto preço individual. Mas não sejamos ingênuos: não é possível simplesmente chegar lá e mudar "isso tudo que está aí". 

Dito isso, em política não há vácuo. Se as pessoas melhores não participarem, as piores terão o caminho totalmente liberado. Facilitar o acesso a eles é a garantia de que a podridão não só vai se perpetuar, como aumentar. A vida em sociedade exige um espaço político; não podemos sonhar com a ausência dessa via, e adotar uma postura apolítica, ou pior, antipolítica. 

Portanto, tendo a concordar com o Papa Francisco: as pessoas de bem deveriam tentar resgatar, sim, a ideia de nobreza da política, permitindo o retorno de figuras honradas a este importante ofício. Já as tivemos no passado.

Mas faço algumas ressalvas. Não podemos cair na ideia infantil de que seres "incorruptíveis" chegarão lá e, de cima para baixo, irão mexer em tudo e acabar com a sujeira toda. Liberais não podem ser tão ingênuos, pois entendem que o mecanismo de incentivos faz toda a diferença. Ou seja, temos que insistir, mais ainda, na luta no campo das ideias, para que o poder em si seja reduzido e descentralizado.

É preciso lembrar sempre que o poder para fazer o bem é, também, o poder para fazer o mal. E a probabilidade maior é de que esse poder seja tomado não pelos melhores, mas pelos piores, ou por gente que será corrompida pela tentação no processo. O poder deve ser menor. A via política deve ter seu escopo reduzido.

Concluo, então, endossando a fala do Papa Francisco, sobre a importância de se valorizar novamente a política com P maiúsculo, e ao mesmo tempo reforçando a bandeira liberal de que a guerra é cultural, de que o estado não deve ser visto como esse instrumento fantástico para fazer o bem, pois esse é o primeiro passo para instaurar o inferno por aqui.

Aqueles que não se interessam pela política serão governados pelos que se interessam. E tudo que o mal precisa para triunfar é que as pessoas de bem nada façam. Arnold Toynbee e Edmund Burke ou Platão fizeram alertas importantes. 

Pessoas decentes do Brasil todo, uni-vos! 

PS: De minha parte, adianto que não tenho interesse em participar da política por enquanto, pois prefiro atuar no campo das ideias. Mas o Partido Novo conta com meu total apoio, assim como faço novamente um apelo para que invistam em boas ideias; associem-se ao Instituto Liberal, que agora presido. 

quarta-feira, julho 03, 2013

Novos desafios: Presidente do Instituto Liberal

Rodrigo Constantino

“Mude as ideias, e você poderá mudar o curso da história”. (Edmund Burke)

O poder das ideias é fundamental no curso da história de uma nação. Vários pensadores chegaram a esta conclusão. O poeta alemão Heine afirmou que “os conceitos filosóficos nutridos na quietude do escritório de um professor poderiam destruir uma civilização”. Para ele, Robespierre nada mais era do que a “mão sangrenta de Rousseau”. Victor Hugo escreveu que “nada neste mundo é tão poderoso como uma ideia cuja hora é chegada”. O economista Ludwig von Mises constatou que “ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão”.

A força dos canhões é importante, mas a direção para onde eles apontarão depende basicamente das ideias adotadas pelo povo. O que permitiu a criação da nação mais livre do mundo foi justamente o poder das ideias liberais, influenciadas por John Locke e pelos “pais fundadores” dos Estados Unidos da América. Uma cultura da liberdade se faz necessária. As instituições são fundamentais, mas elas não se sustentam num vácuo. Elas precisam de sólidos pilares, construídos pelos princípios abraçados pelo povo. Para mudar o destino de uma nação, o único caminho sustentável é trabalhar na mudança de mentalidade da população.

Ideias têm conseqüências. Infelizmente, graves conseqüências muitas vezes. E exatamente para se evitar isso é que devemos combater essas ideias erradas com outras ideias, melhores. A principal batalha deve ser travada no campo das ideias. O mundo será um lugar mais livre apenas se os liberais vencerem o debate, não por meio da força física, mas dos argumentos. O Brasil vive um vácuo de boas ideias justamente porque a esquerda tem vencido essa batalha nas últimas décadas. Isso precisa mudar.

Agora mesmo tivemos um ótimo exemplo da necessidade urgente de melhores ideias. Muitas pessoas, com um sentimento de revolta difusa, tomaram as ruas do Brasil. Bastante calor foi produzido, mas o que ficou claro é que faltava mais luz. Era preciso canalizar tantas emoções para concretizar ideias, para propostas mais objetivas. Muitos ali sabiam que as coisas estavam totalmente erradas no país, mas não sabiam exatamente como ou para onde mudar. Eis onde fica patente a escassez de boas ideias em nosso debate político e econômico.

Por aqui, o termo “neoliberal”, seja lá o que for isso, ainda invoca sentimentos ruins na maioria das pessoas. A Academia, a imprensa, quase toda a nossa cultura é dominada por pensamentos coletivistas, que tratam os indivíduos como meios sacrificáveis para um bem maior, e favoráveis ao excesso de intervenção estatal em nossas vidas. Pensadores modernos do liberalismo clássico sequer são traduzidos para o português.

Para piorar, há muita confusão no uso dos termos, e alguns pensam que liberal é a esquerda progressista representada por Obama e companhia. Nada mais falso! A esquerda americana foi tão esperta que conseguiu usurpar o termo para si, e hoje “liberalismo”, por lá, está associado ao Partido Democrata que prega sempre mais presença estatal na vida dos cidadãos. Ideias equivocadas, embaladas de forma atraente para ludibriar o povo.

Convicto dessa fundamental importância das ideias, eu tenho dedicado boa parte do meu tempo à divulgação daquelas que considero corretas, tanto do ponto de vista teórico como empírico. Mas, ainda assim, isso é pouco. O momento que o país vive clama por grandes mudanças. Sei que, sozinho, eu não sou capaz de alterar a situação. Mas o que faz um médico diante de uma epidemia? Não faz nada, só porque não pode reverter o quadro isoladamente? Isso parece absurdo. Ele vai fazer aquilo que for possível, que estiver ao seu alcance. Foi justamente essa a minha constatação: eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para reverter a miséria ideológica do nosso Brasil.

Foi quando eu decidi que precisava dedicar ainda mais tempo para a causa liberal. Minha paixão está nisso e, de acordo com o retorno que recebo do público, creio que minha habilidade também. A oportunidade surgiu, e eu a abracei. A partir de hoje, eu sou o novo Presidente do Instituto Liberal. Instituição sem fins lucrativos e sem qualquer vínculo político-partidário, totalmente independente de recursos públicos (que não são aceitos por nosso estatuto), o IL existe desde 1983, criado pelo empresário Donald Stewart Jr., sendo o baluarte do resgate das ideias liberais no Brasil.

Nossa principal missão é a promoção dos valores da liberdade, da economia de mercado, da democracia republicana, do estado de direito e da responsabilidade individual. Utilizamos diferentes instrumentos para tanto, tais como palestras, artigos, revistas e livros. Um dos meus maiores desafios será justamente adaptar esse esforço para a era digital, principalmente agora que o poder das redes sociais na mobilização dos indivíduos ficou evidente. Pretendo fazer do blog do IL um instrumento dinâmico e eficaz na divulgação de nossos valores, assim como uma espécie de “mídia watch”, jogando uma lente liberal sobre as principais notícias do cotidiano. O leitor terá em nosso portal a garantia de independência de julgamento acerca dos temas debatidos na imprensa.

Essa independência é crucial para o nosso trabalho. O cão não morde a mão que o alimenta. Blogs “chapa-branca” são instrumentos oficiais de propaganda estatal, e muitos veículos da grande imprensa acabam parcialmente reféns do governo, com receio de perder verbas de publicidade ou sofrer represálias da poderosa máquina estatal. O IL não teme isso. Mas, para continuar assim, faz-se imprescindível sua independência financeira, de preferência pulverizada em diversas fontes.

É aqui que peço a ajuda de todos vocês. O sucesso e a magnitude dessa empreitada dependem disso. Para realmente fazermos diferença no debate nacional, a escala é fundamental. E investir nisso tem custo. Se cada um que acredita nos valores liberais ajudar com o que for possível, nós poderemos fazer um estrago na estratégia de doutrinação da esquerda e reverter o quadro. Uma base ampla de colaboradores é a melhor garantia de total independência.

Portanto, a contribuição voluntária é fundamental. Toda ajuda é bem-vinda. Individualmente, a sua contribuição pode não parecer tão relevante; mas somada a de vários que acreditam nos mesmos valores, ela pode fazer a diferença sim. Quem não tiver condições de ajudar financeiramente, ainda pode ajudar de outras formas. Pode contribuir com conteúdo, escrevendo textos, dando dicas de matérias interessantes para serem comentadas, ou compartilhando nosso conteúdo em suas redes sociais, ampliando assim seu impacto. Como eu disse, toda ajuda é necessária.

Por fim, não poderia terminar sem antes agradecer publicamente o fundamental apoio do empresário Salim Mattar, fundador e presidente do Conselho de Administração da Localiza, maior empresa de locação de veículos do país. Salim Mattar tem apoiado as causas liberais e patrocinado instituições como Instituto de Formação de Líderes (IFL) de Belo Horizonte e São Paulo, Instituto Liberal, Instituto Millenium, Instituto Mises Brasil, Instituto A Voz do Cidadão, Instituto Cidadania, entre outros. Sua ajuda foi crucial para esse projeto.

A ajuda de Paulo Stewart, filho de Donald Stewart, fundador do IL-RJ, tem sido de grande valia. Em nome dele, agradeço a todos os mantenedores e associados do IL por terem mantido essa chama viva. Também gostaria de agradecer ao esforço de Arthur Chagas Diniz, que, como presidente, manteve o IL funcionando até hoje, e que continuará dando sua importante contribuição como vice-presidente agora. Agradeço ainda a Bernardo Santoro, diretor administrativo do IL, assim como a Alexandre Borges, novo diretor que vai nos ajudar na estratégia de divulgação do instituto. Juntos, tenho certeza de que faremos o IL ter um papel cada vez mais importante na divulgação dos fundamentos liberais em nosso país. Mãos à obra!