sexta-feira, abril 01, 2011

O templo de Bernanke



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

A luta que Ben Bernanke travou por dois anos para ocultar as informações de quais bancos tinham aproveitado as facilidades oferecidas pelo banco central americano chegou ao fim, com sua derrota por ordem judicial. Com tais dados revelados em milhares de páginas, ficou mais claro o receio que o chairman do Fed tinha. Um emprestador para governos locais da Bélgica, um financiador de uma cooperativa de pescadores no Japão, e uma empresa parcialmente controlada pelo Banco Central da Líbia estão entre as várias instituições que pegaram carona no “almoço grátis” bancado pelo contribuinte americano sob a canetada de Bernanke.

Estrangeiros representaram a grande parte de beneficiados com a medida do Fed. A “janela de desconto” (redesconto no Brasil) do Fed é usada desde 1914, com o objetivo de prover liquidez ao sistema, especialmente em tempos de crise. O congressista Ron Paul, defensor do fim do Fed, afirmou que os americanos ficarão chocados quando souberem do destino da montanha de dinheiro criada do nada pelo seu banco central. É, de fato, um poder assustador que qualquer tirano adoraria ter: imprimir pilhas de dinheiro e decidir, de forma secreta, quem pode receber os bilhões todos.

O ex-governador do Fed, Laurence Meyer, escreveu no livro “A Term at the Fed” que logo descobriu como as decisões importantes eram tomadas com bastante grau de incerteza ou mesmo ignorância. Em certa ocasião, após o primeiro aumento na taxa de juros depois de dois anos, Meyer foi honesto ao afirmar: “a verdade é que nenhum de nós do FOMC sabíamos o que aconteceria em seguida”. O FOMC é o todo-poderoso comitê que decide a taxa de juros básica da economia, assim como nosso COPOM. O próprio Meyer chamava a equipe de “o templo”, em parte pela obscuridade do processo decisório.

O fato é que desde a origem do “templo”, cuja missão era preservar o valor da moeda americana, o dólar já perdeu mais de 95% de seu valor frente ao ouro. A inflação acumulada neste quase um século de existência do Fed passa de 1.000%. Os ciclos econômicos não foram suavizados; muito pelo contrário, foram inúmeras crises violentas de bolhas e crashes. Será que não é hora de perguntar: deve mesmo existir um banco central com tanto poder assim?

3 comentários:

Anônimo disse...

Os ciclos econômicos foram agravados com a criação do FED? Poderia citar fonte ?

Anônimo disse...

off topic, não lembro qual post um anarquista falava que no lindo mundo da imaginaçção dele, se liberasse as drogas os traficantes atuais não iam conseguir competir com as grandes empresas
Quero ver agora qual a desculpa pra isso:
CERVEJA ARTESANAL EM ALTA NOS EUA
http://video.br.msn.com/watch/video/cerveja-artesanal-em-alta/aoo49q3r

ntsr.

Gabriel Oliva disse...

ntsr,

Creio que você está se referindo a mim.

Gostaria que você me apontasse os morros que os cervejeiros americanos dominam, qual tipo de armamento pesado eles possuem e quanto eles extorquem da comunidade em troca de sua "proteção".

Sua comparação entre o tráfico e cervejarias artesanais é totalmente sem pé nem cabeça. Você pode me dizer no que os dois se assemelham?

O que eu disse em um outro post foi que os traficantes atuais não conseguiriam competir com empresas eficientes e geridas profissionalmente. Se essas cervejarias estão se saindo bem nesse mercado que é, em termos relativos, bastante competitivo, tudo leva a crer que tais cervejarias são eficientes e bem geridas pois, caso contrário, facilmente iriam a falência.

Outra coisa: em nenhum momento eu falei que seriam grandes empresas que tirariam os traficantes do "negócio". Sugiro que você volte a ler o que eu tinha escrito e pare de distorcer minhas palavras: http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2010/10/faca-na-caveira.html