sexta-feira, dezembro 02, 2011

Bomba demográfica


Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O jornal O Globo estampa em sua página: “Expectativa de vida subiu 11 anos desde 1980”. A expectativa de vida do brasileiro alcançou 73,48 anos em 2010, segundo pesquisa divulgada pelo IBGE. Com os avanços da medicina mundial e com o crescimento econômico, os brasileiros podem viver mais tempo, apesar de ainda estarmos distante da média dos países mais desenvolvidos.

A contrapartida desta boa notícia é o aumento do rombo na Previdência Social. Com os brasileiros cada vez vivendo mais, e com um modelo de aposentadoria ineficiente, o tamanho do buraco à frente só tende a crescer. Hoje, a demografia ainda joga a favor, pois o Brasil é um país jovem. Mas este “bônus demográfico” não será eterno. Em coisa de uma década, a fotografia já será muito diferente. Teremos uma quantidade bem maior de aposentados em relação à população economicamente ativa. As contas previdenciárias serão insustentáveis com base no modelo atual.

O problema é que mexer em algo cujo impacto negativo ocorrerá apenas dentro de uma década exige a postura de um estadista, que foca nas próximas gerações e não nas próximas eleições. Não é razoável esperar tal postura deste governo, que já deu inúmeras provas de ser extremamente populista e só pensar na perpetuação do poder, custe o que custar. Em outra reportagem de O Globo, por exemplo, o jornal destaca: “Transferência de renda é gasto que mais cresce”.

Este é um governo que não faz reformas estruturais, que não investe nem facilita a vida dos investidores, e que criou uma bomba-relógio com seus mecanismos populistas de transferência de renda e crédito. Para piorar, fomos lançados de volta no tempo pelo ministro Guido Mantega, com pacotes quase semanais no afã de controlar todas as variáveis econômicas de cima para baixo. Surfamos a onda chinesa com o auxílio da abundância de capital no mundo, mas não fizemos nada para colocar a economia em uma trajetória sustentável de elevado crescimento.

O custo do desgoverno petista não será alto apenas no quesito da ética, com um grau de corrupção nunca antes visto na história do país (o Brasil ocupa a 73ª posição em uma lista composta por 183 países no ranking de corrupção da ONG Transparência Internacional). O custo será econômico também. Os míopes ainda não conseguem enxergar isso, pois só olham as árvores, mas não a floresta.

Quando a economia chinesa desaquecer de forma mais acentuada, quando o custo do capital voltar a subir no mundo, ou quando nossa demografia deixar de ser tão favorável, aí a tragédia grega vai parecer brincadeira de criança perto da crise que o Brasil enfrentará. As sementes foram plantadas pelo governo petista.

14 comentários:

somautomotivo disse...

Rodrigo, são muitas variáveis envolvidas para saber o momento certo que as contas no brasil começaram a não bater, vamos esperar os preços das commodities cair? As empresas saírem da china e voltarem para Europa e América junto com a desvalirizão do dollar...Vai ser um conjunto de fatores.

Anônimo disse...

Sem problema. Quando a bomba herdada do lixo petista for detonada o povao ignorante e alienado q ele manteve nao vai nem desconfiar dos culpados. Provavelmente votará neles novamente. Brasil país de tolos.

Anônimo disse...

quando chegar perto eles vão aumentar a idade pra 70, 80 anos, o que for

Anônimo disse...

Fico entre cruz e a espada nessa questão. Se por um lado (teórico e impessoal) defendo a reforma previdenciária, por outro (prático e pessoal), sou contrário, pois já estou na reta final no setor público (sou Auditor Fiscal)e não gostaria de retardar minha aposentadoria integral.

Anônimo disse...

Funcionário público reclamando de boca cheia.Nunca na vida se incomodou com o dinheiro dele vindo do governo apontar uma arma pro pagador de impostos e falar: PAGUE; vai querer dar lição de moral agora perto de se aposentar?
Conta outra.

Anônimo disse...

'Sem problema. Quando a bomba herdada do lixo petista for detonada o povao ignorante e alienado q ele manteve nao vai nem desconfiar dos culpados. Provavelmente votará neles novamente.'

e conforme ensinado no colégio vai botar a culpa no capitalismo, na zelite e no mercado.

Anônimo disse...

offtopic
Rodrigo, vc ainda é contra o wikileaks? Olha se isso nao te faz repensar tua opinião:

http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2011/12/02/wikileaks-governos-fazem-espionagem-em-massa-de-celulares-computadores-e-redes-sociais.jhtm

Rodrigo Constantino disse...

Não acho que é por aí, anônimo...

À exceção dos anarquistas, todos aceitam a existência do governo e, portanto, dos impostos. É da regra do jogo o sujeito querer trabalhar como funcionário público. O problema é o excesso de regalias e privilégios.

Mas entendo que aquele que entrou para o governo há décadas e está perto da aposentadoria não considere justo mudar as regras aos 44 do segundo tempo.

Mas algum ajuste será necessário. E, ao menos, o modelo deve mudar radicalmente para os NOVOS ENTRANTES.

Anônimo disse...

'Mas entendo que aquele que entrou para o governo há décadas e está perto da aposentadoria não considere justo mudar as regras aos 44 do segundo tempo.'

Foi ele que escolheu entrar no time dos mentirosos, então que aguente.

Anônimo disse...

'À exceção dos anarquistas, todos aceitam a existência do governo e, portanto, dos impostos.'

O governo que eu aceito é um décimo dessa coisa que existe hoje.E é um caminho sem volta, ao contrário da iniciativa privada quanto mais porco é o serviço do governo, mais eles falam: ah, precisamos de mais recursos...

Anônimo disse...

Sou o funcionáriio público, Rodrigo.

De minha parte, não consideraria uma injustiça a mudança da regra em meu desfavor, pois tenho ciência e consciência e que apenas possuo uma expectativa de direito e não direito adquirido. Além disso, como escrevi antes, julgo a reforma necessária e racional. Mas por outro lado, ninguém gosta de sair perdendo, não é mesmo? Rs

Quanto ao anônimo, seu argumento parece coisa de esquerdista ressentido. Ademais, não "reclamei de barriga cheia", mas apenas desabafei. E, como você bem observou, eu só trabalhei em um setor que existe e é legal. Também acho a carga tributária um absurdo e às vezes não gosto do que faço por isso, mas, é do jogo, como você também reconhece, e, como todos, eu preciso me manter. Eu não fiz as leis tributárias do país.

Um abraço liberal!!

Anônimo disse...

Só mais uma coisa (sou o funcionário):

Também suporto uma carga tributária direta (imposto sobre a renda deduzido na fonte) que abocanha 27,50 % dos meus vencimentos.

Anônimo disse...

Se o anarquismo funcionaria não é a questão.O que vcs deviam se perguntar é: o que leva uma pessoa a acreditar no anarquismo, seria ingenuidade, burrice ou uma arrogância imensa movida a delírios de grandeza?

Anônimo disse...

Talvez o Rodrigo esteja querendo dizer outra coisa. A manutenção da previdência o incomoda, mesmo que a sua administração seja eficiente, do ponto de vista atuário.