Em sua coluna na Folha esta segunda-feira, Luiz Carlos Bresser-Pereira demonstra como é difícil para alguns abandonar planos de vôo equivocados, deixar de lado as velhas ideologias que nunca foram capazes de entregar bons resultados. Logo no começo, o economista elogia a reação da presidente diante dos desafios impostos pelo cenário ruim, criado pelo próprio governo:
Diante desse quadro, a presidente reagiu bem. Entre outras medidas, propôs um plebiscito para saber se o povo quer que o financiamento de campanhas eleitorais seja público ou privado e se quer manter o voto proporcional ou mudá-lo para distrital ou misto. Essa é uma resposta direta ao centro das manifestações populares.
O plebiscito, que já foi até enterrado pelo Congresso, não pode ser visto, de forma alguma, como uma boa resposta às ruas. Trata-se de um projeto que o PT já tinha faz tempo, para começo de conversa. Além disso, é o mecanismo errado para responder às demandas do povo. Em momento algum os protestos levantaram essa bandeira, ou algo como financiamento público de campanha.
De onde Bresser-Pereira tirou que essa resposta vai direto ao centro das manifestações é um mistério. Mas ele vai além, e aplaude a tentativa de uma Constituinte específica, proposta ainda mais sem sentido, que foi enterrada 24 horas após ser aventada pela presidente. Bresser diz:
Eis algo que precisa ser esclarecido de uma vez nesse país: o que se entende por conservador. Na boca da esquerda, isso é sempre sinônimo de atraso, retrocesso, mamata, patrimonialismo, enfim, coisas que costumam proliferar em governos da própria esquerda. Pensar em Edmund Burke e o conservadorismo britânico, ou mesmo em Joaquim Nabuco no Brasil, isso é algo que jamais passa pela cabeça de quem usa o termo com tanto desdém.
Mas é quando fala de economia mesmo que o economista mais erra. Ele diz:
No primeiro ano de governo, a presidente tentou enfrentar esse problema, mas de maneira insuficiente. Levou a taxa de câmbio de R$ 1,65 para R$ 2,00 por dólar, quando a taxa de câmbio "necessária" (aquela que garante competitividade para as empresas industriais competentes) é cerca de R$ 2,75 por dólar.
Nada mais longe da verdade! Os resultados poderiam ser absolutamente diferentes, não tivesse o governo abraçado uma doutrina nacional-desenvolvimentista que, por acaso, é justamente aquela defendida pelo próprio Bresser-Pereira. Essa obsessão com a taxa de câmbio, que deve ser sempre desvalorizada pela ótica dele, mostra um forte apego aos ideais da Cepal, que nunca entregaram resultados satisfatórios.
Desvalorizar o câmbio artificialmente para ganhar "competitividade" é a receita certa da desgraça. Não é possível burlar a ineficiência estrutural que constitui nosso "Custo Brasil" com essa malandragem. Isso produz apenas inflação ao longo do tempo. Espanta o fato de que tantos economistas da "velha guarda" ainda não tenham aprendido essa lição. Insistem no erro, e ainda desfrutam de eco, de espaço na imprensa, apesar de seu histórico de equívocos. Assim fica difícil prosperar...
4 comentários:
Ele deve estar de olho no cargo do Mantega. É páreo duro...
Se a taxa de cambio e' o problema, porque nao colocamos o dolar a R$ 10.00 direto e assim nao precisaremos nos incomodar com a 'guerra cabial' por um bom tempo....
Bresser Pereira & Conceição Santamaria. UMA DUPLA PARA AFUNDAR QUALQUER PAÍS, por mais rico que seja...
Quando assisto um deputado ou senador do pt discursando no plenario, tenho que mudar de canal. Parece que estou assistindo uma palestra numa instituiçao para doentes mentais. Eles MENTEM com uma cara de pau que chega a constranger.
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