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segunda-feira, julho 29, 2013

O mal de Bresser-Pereira

Rodrigo Constantino

Em sua coluna de hoje na Folha, Luiz Carlos Bresser-Pereira fala sobre a "banalidade do mal", tema ressuscitado pelo filme em cartaz sobre Hannah Arendt (que ainda não tive a oportunidade de ver). De fato, o grande mal é possível quando parece banal, e essa foi a sacada da filósofa. Como resume o colunista:

Em vez de simplesmente retratar Eichmann como o gênio do mal, como esperavam seus leitores, em vez de descrevê-lo como um homem violento e racista, ela o descreveu como um medíocre burocrata que cumpria ordens, um homem normal sem capacidade de avaliar o mal que praticava.

E faz então uma descoberta fundamental: identificou a banalidade do mal, o fato de que ele só se torna imenso quando se torna banal e, por isso, compartilhado por muitos.

Até aqui vamos bem. Mas eis que Bresser-Pereira resolve dar exemplos dessa "banalidade do mal" mais modernos. E aí ele sai pela tangente. Coloca o terrorismo islâmico ao lado da Guerra do Iraque e da guerra civil na Síria. Ele diz:

A partir dessa definição, saliento três manifestações maiores do mal neste início de século: o terrorismo islâmico contra inocentes, a Guerra do Iraque, e a guerra civil "pela democracia" na Síria. Nos três casos, vimos ou estamos vendo uma violência imensa contra seres humanos inocentes.

Não há nada que justifique as mortes causadas pelo terrorismo islâmico, assim como pela Guerra do Iraque, e pela guerra na Síria, apoiada pela Arábia Saudita e por potências ocidentais. Nos três casos, vemos a banalidade do mal.

Existem inúmeros motivos para se discordar da Guerra do Iraque. Mas colocá-la no mesmo barco do terrorismo islâmico é absurdo. Ignora-se que antes dessa guerra o país era dominado por uma cruel ditadura, que já havia banalizado o mal totalmente. Ignora-se que Saddam Hussein não cumpria os acordos firmados com a ONU de inspeção, e que o ditador financiava terroristas. Enfim, ignora-se completamente que derrubar um ditador sanguinário não pode ser comparado a explodir um prédio repleto de civis com o intuito deliberado de matá-los. 

Mas a tática é conhecida. Ayn Rand foi perspicaz ao descrevê-la em seus livros. Quando você quer atacar sua sogra, você diz que repudia igualmente o veneno das cobras, a mordida do rato, e o sermão da sogra. O alvo fica evidente. O mesmo faz a esquerda sempre: há críticas a serem feitas contra o socialismo, o nazismo e o capitalismo. O que se quer com isso? Difamar o capitalismo, claro!

Como nada nesse mundo é perfeito, tudo será passível de crítica sempre. Quem tenta jogar no mesmo saco coisas tão diferentes por conta disso, parece ter um alvo específico. Ninguém é perfeito, logo... o estuprador, o pedófilo e o sujeito que mentiu para a mulher são todos "pecadores". Quem se quer condenar com esse tipo de discurso?

Espero ter deixado claro que colocar a Guerra do Iraque ao lado dos ataques terroristas islâmicos e o que se passa na Síria só pode ter uma intenção: atacar a Guerra do Iraque e seu principal responsável, o governo americano. Bush e Osama bin Laden acabam retratados como igualmente terríveis. Não faz o menor sentido.

Ao término do artigo, Bresser-Pereira ainda dá um deslize final:

O mal está, portanto, entre nós. Está nesses episódios, está nos crimes associados às drogas, está na violência e no desrespeito contra os pobres. Mas é difícil para nós nos indignarmos, porque esse mal é banal. Só quando ele deixa de sê-lo, e a sociedade se torna indignada, pode ele ser combatido e, em alguns casos, vencido.

O trecho por mim grifado diz tudo: quer dizer que a violência e o desrespeito contra os pobres é condenável e representa a "banalidade do mal", mas contra os mais ricos não? Roubar da classe média pode? Violentar uma moça de família abastada não tem problema? Nota-se a demagogia e o sensacionalismo, típicos da esquerda. O mal de Bresser-Pereira é (ser) seletivo.

segunda-feira, julho 15, 2013

Apegado ao fracasso

Rodrigo Constantino

Em sua coluna na Folha esta segunda-feira, Luiz Carlos Bresser-Pereira demonstra como é difícil para alguns abandonar planos de vôo equivocados, deixar de lado as velhas ideologias que nunca foram capazes de entregar bons resultados. Logo no começo, o economista elogia a reação da presidente diante dos desafios impostos pelo cenário ruim, criado pelo próprio governo:

Diante desse quadro, a presidente reagiu bem. Entre outras medidas, propôs um plebiscito para saber se o povo quer que o financiamento de campanhas eleitorais seja público ou privado e se quer manter o voto proporcional ou mudá-lo para distrital ou misto. Essa é uma resposta direta ao centro das manifestações populares.

O plebiscito, que já foi até enterrado pelo Congresso, não pode ser visto, de forma alguma, como uma boa resposta às ruas. Trata-se de um projeto que o PT já tinha faz tempo, para começo de conversa. Além disso, é o mecanismo errado para responder às demandas do povo. Em momento algum os protestos levantaram essa bandeira, ou algo como financiamento público de campanha. 

De onde Bresser-Pereira tirou que essa resposta vai direto ao centro das manifestações é um mistério. Mas ele vai além, e aplaude a tentativa de uma Constituinte específica, proposta ainda mais sem sentido, que foi enterrada 24 horas após ser aventada pela presidente. Bresser diz:

Uma assembleia constituinte convocada exclusivamente para emendar a Constituição nessas questões é uma boa iniciativa. Há muito são discutidas pelos políticos, mas eles não se mostram capazes de respondê-las. Não é surpreendente que os conservadores e os políticos a tenham rejeitado. Para os conservadores é uma ameaça à sua capacidade de "comprar" os políticos ao financiá-los, para os políticos, uma mudança no jogo eleitoral que poderá afetá-los.

Eis algo que precisa ser esclarecido de uma vez nesse país: o que se entende por conservador. Na boca da esquerda, isso é sempre sinônimo de atraso, retrocesso, mamata, patrimonialismo, enfim, coisas que costumam proliferar em governos da própria esquerda. Pensar em Edmund Burke e o conservadorismo britânico, ou mesmo em Joaquim Nabuco no Brasil, isso é algo que jamais passa pela cabeça de quem usa o termo com tanto desdém. 

Mas é quando fala de economia mesmo que o economista mais erra. Ele diz:

Esses resultados não poderiam ser diferentes, dado o fato de que herdou uma taxa de câmbio altamente sobreapreciada, incompatível com a retomada do crescimento.
No primeiro ano de governo, a presidente tentou enfrentar esse problema, mas de maneira insuficiente. Levou a taxa de câmbio de R$ 1,65 para R$ 2,00 por dólar, quando a taxa de câmbio "necessária" (aquela que garante competitividade para as empresas industriais competentes) é cerca de R$ 2,75 por dólar.

Nada mais longe da verdade! Os resultados poderiam ser absolutamente diferentes, não tivesse o governo abraçado uma doutrina nacional-desenvolvimentista que, por acaso, é justamente aquela defendida pelo próprio Bresser-Pereira. Essa obsessão com a taxa de câmbio, que deve ser sempre desvalorizada pela ótica dele, mostra um forte apego aos ideais da Cepal, que nunca entregaram resultados satisfatórios. 

Desvalorizar o câmbio artificialmente para ganhar "competitividade" é a receita certa da desgraça. Não é possível burlar a ineficiência estrutural que constitui nosso "Custo Brasil" com essa malandragem. Isso produz apenas inflação ao longo do tempo. Espanta o fato de que tantos economistas da "velha guarda" ainda não tenham aprendido essa lição. Insistem no erro, e ainda desfrutam de eco, de espaço na imprensa, apesar de seu histórico de equívocos. Assim fica difícil prosperar...

segunda-feira, abril 23, 2012

Bresser-Pereira no fundo do poço

Luiz Carlos Bresser-Pereira desceu ao fundo do poço mesmo. Quando eu penso que o economista "desenvolvimentista" não pode afundar mais (após declarar apoio ao PT), eis que vejo seu artigo na Folha hoje com o seguinte título: "A Argentina tem razão". Ele explica: "Não faz sentido deixar sob controle estrangeiro um setor estratégico para o desenvolvimento do país". Que dureza! Entre EUA e Venezuela, Bresser-Pereira escolhe o último. Entre Inglaterra e Nigéria, ele fica com o último. Entre Canadá e Irã, ele prefere o último. Para ler Bresser-Pereira, Carlos Lessa, Marcio Pochman e cia, só mesmo com Engov!

Sobre este setor estratégico, segue artigo meu de 2006 desmontando a falácia nacionalista.

segunda-feira, setembro 26, 2011

De volta ao desenvolvimentismo

ALERTA: Prezados leitores, tomem um Engov antes da leitura:

Luiz Carlos Bresser Pereira, Folha de SP

Desde 1991 a política econômica do Brasil se pautava pelo ortodoxia convencional ou o consenso de Washington. A partir, porém, de 2006, já com Guido Mantega no Ministério da Fazenda e Luciano Coutinho no BNDES, o governo Lula começou a mudar a estratégia de desenvolvimento em direção ao novo desenvolvimentismo.
Em 2009 um passo decisivo nesse sentido foi dado com o início do controle da entrada de capitais. Agora, no nono mês do governo Dilma Rousseff, a decisão do Banco Central de baixar a taxa de juros, surpreendendo o mercado financeiro, e a decisão do governo de taxar a importação de automóveis com menos de 35% de conteúdo nacional consolidam essa mudança.
O aprofundamento da crise mundial tendo a Europa como epicentro e o desaquecimento da economia brasileira confirmam a boa qualidade da decisão.
O novo desenvolvimentismo não é uma panaceia, mas está ancorado teoricamente em uma macroeconomia estruturalista do desenvolvimento, tem como critério o interesse nacional, e sabe que este só pode ser atendido por governantes que em vez de aplicarem fórmulas prontas avaliam cada problema e cada política com competência. Adotado com firmeza e prudência, o Brasil crescerá a taxas mais elevadas, com maior estabilidade financeira, e com a inflação sob controle.
Enquanto o tripé ortodoxo é "taxa de juros elevada, taxa de câmbio sobreapreciada, e Estado mínimo", o tripé novo-desenvolvimentista é "taxa de juros baixa, taxa de câmbio de equilíbrio, que torna competitivas as empresas industriais que usam tecnologia moderna, e papel estratégico para o Estado".
Enquanto para a ortodoxia convencional os mercados financeiros são autorregulados, para o novo desenvolvimentismo apenas mercados regulados podem garantir estabilidade e crescimento.
Novo desenvolvimentismo e ortodoxia convencional defendem a responsabilidade fiscal, mas o mesmo não pode ser dito em relação à responsabilidade cambial. Enquanto o novo desenvolvimentismo rejeita os deficits em conta corrente, a ortodoxia convencional os promove, e, assim, se comporta de maneira populista (populismo cambial).
Argumenta que a "poupança externa" aumentaria o investimento do país, mas, as entradas de capitais para financiar esses deficits aumentam mais o consumo do que o investimento, endividam o país, o tornam dependente do credores e de seus "conselhos", e resultam em crise de balanço de pagamentos.
O Brasil, ao retornar ao novo desenvolvimentismo, está voltando a se comportar como uma nação independente. Havia deixado de agir assim em 1991, porque vivia profunda crise, e porque a hegemonia neoliberal americana sobre todo o mundo era, então, quase irresistível.
Mas desde meados da década passada a sociedade brasileira começou a perceber que o projeto neoliberal era um grande equívoco, e que havia uma alternativa para ele. Como a crise financeira global de 2008 demonstrou de maneira cabal, as políticas econômicas neoliberais não eram boas nem mesmo para os países ricos.
Dessa maneira, a hegemonia neoliberal entrou em colapso, e as forças desenvolvimentistas -os empresários industriais, os trabalhadores e uma parcela da classe profissional- fortaleceram-se, o que abriu espaço para que o governo Dilma aprofundasse seus compromissos para com elas. Um novo e amplo pacto político está se formando no Brasil. Vamos esperar que leve o Brasil mais depressa para o desenvolvimento.

Comentário: Sem comentários! A estupidez ideológica é mesmo impressionante. Tem gente que nunca aprende, e insiste no erro com a obstinação de um jumento. É espantoso que este senhor ainda tenha espaço na imprensa para pregar suas imbecilidades. Vai idolatrar o fracasso assim em Cuba!