segunda-feira, agosto 27, 2007

O Valor de Menger


Rodrigo Constantino

“O valor que os bens possuem para cada indivíduo constitui a base mais importante para a determinação do preço.” (Carl Menger)

Considerado o fundador da Escola Austríaca de economia, Carl Menger ficou famoso por sua contribuição ao desenvolvimento da teoria da utilidade marginal, tendo refutado a teoria clássica de valor do trabalho. Seu livro Princípios de Economia Política deveria ser lido inclusive por leigos em economia, pela objetividade com a qual o autor expõe suas idéias. Essas idéias, posteriormente mais elaboradas por Mises e Hayek, foram revolucionárias num mundo influenciado pela teoria marxista de valor. Façamos, pois, uma síntese dessas idéias.

Aquilo que tem nexo causal com a satisfação de nossas necessidades humanas pode ser denominado utilidade, podendo ser definido como bem na medida em que reconhecemos esse nexo causal e temos a possibilidade e capacidade de utilizar tal coisa para efetivamente satisfazer tais finalidades. Menger faz então uma distinção entre bens reais e imaginários, sendo a qualidade destes últimos derivada de propriedades imaginárias. “Quanto mais elevada for a cultura de um povo”, explica Menger, “e quanto mais profundamente os homens investigarem a sua própria natureza, tanto menor será o número de bens imaginários”. A condição para a coisa ser um bem é haver nexo causal entre a coisa e o atendimento da necessidade humana, podendo ser um nexo direto ou indireto, imediato ou futuro.

O fato de o nexo causal não ter que ser imediato é relevante. Se, por conta de uma mudança no gosto das pessoas, a demanda por fumo desaparecesse, não apenas os estoques de fumo perderiam sua qualidade de bem, como também todos os demais ingredientes e máquinas utilizadas somente para este fim. Isso ocorre porque todos esses bens derivam sua qualidade de bem de seu nexo causal com o atendimento da necessidade humana concreta de consumir fumo, no caso. É o conhecimento progressivo do nexo causal das coisas com o bem-estar humano que leva a humanidade do estágio primitivo e de miséria extrema para o estágio de desenvolvimento e riqueza.

Esses bens reais demandados não existem em quantidade infinita na natureza. No caso em que a quantidade disponível de um bem não é suficiente para todos, cada indivíduo tentará atender sua própria necessidade. Eis o motivo, segundo Menger, da necessidade de proteção legal aos indivíduos que conseguirem apossar-se legitimamente da referida parcela de bens, contra os ataques dos demais indivíduos. A propriedade seria “a única solução prática possível que a própria natureza (isto é, a defasagem entre a demanda e a oferta de bens) nos impõe, no caso de todos os bens denominados econômicos”. Um bem econômico seria justamente aquele onde a demanda excede a oferta. Quando a oferta do bem é ilimitada ou quase isso, este bem não é denominado econômico, por não ter valor econômico. É o caso do ar que respiramos.

Avançando então nos princípios levantados por Menger, chegamos a sua definição de valor, que é “a importância que determinados bens concretos – ou quantidades concretas de bens – adquirem para nós, pelo fato de estarmos conscientes de que só poderemos atender às nossas necessidades na medida em que dispusermos deles”. Um bem não econômico pode ser útil, mas ele não terá valor para nós. A confusão entre utilidade e valor tem gerado problemas nas teorias econômicas. O ar que respiramos, como citado acima, tem utilidade para todos, mas nem por isso os indivíduos atribuem um valor econômico para ele.

O valor dos bens depende de nossas necessidades, não sendo intrínseco a eles. Como exemplifica Menger, “para os habitantes de um oásis, que dispõem de uma fonte que atende plenamente às suas necessidades de água, não terá valor algum determinada quantidade dessa água”. Já num deserto ou mesmo supondo uma catástrofe que reduzisse essa água a ponto de os habitantes não disporem mais do suficiente para o atendimento pleno de suas necessidades, essa quantidade de água passaria imediatamente a ter valor. O valor não é algo inerente aos próprios bens, mas “um juízo que as pessoas envolvidas em atividades econômicas fazem sobre a importância dos bens de que dispõem para a conservação de sua vida e de seu bem-estar”. Portanto, só existe na consciência das pessoas em questão. Os bens têm valor, de acordo com o julgamento dos homens. “O valor é por sua própria natureza algo totalmente subjetivo”, conclui Menger.

Um exemplo clássico para reforçar esse ponto é comparar a água com o diamante. Um pouco de água, via de regra, não tem valor algum para os homens, enquanto uma pedrinha de diamante costuma ter valor elevado. Em uma situação anormal, entretanto, onde a água não está em abundância, como no deserto, qualquer porção de água passa a ter muito valor para o indivíduo em questão. Com quase certeza ele não trocaria esse pouco de água nem mesmo por meio quilo de ouro ou diamante.

Além de o valor ser subjetivo, a medida para se determinar o valor também é de natureza totalmente subjetiva também. A quantidade de trabalho ou de outros bens secundários necessários para se produzir o bem não possuem nexo causal necessário e direto com a medida de valor do bem. Menger escreve: “O valor de um diamante independe totalmente de ter sido ele encontrado por acaso ou ser o resultado de mil dias de trabalho em um garimpo”. E continua: “Com efeito, quando alguém faz a avaliação de um bem, não investiga a história da origem do mesmo, mas se preocupa exclusivamente em saber que serventia tem para ele, e de que vantagens se privaria, não dispondo dele”.

Deste princípio econômico podemos extrair importantes conclusões. Uma das mais relevantes é o axioma de que, havendo consciência por parte dos indivíduos em questão, qualquer troca voluntária, ou seja, sem coerção ou ameaça de violência, é mutuamente benéfica. Isso decorre do fato de que cada indivíduo irá participar de uma permuta de bens somente quando julgar que o valor daquilo que recebe supera o valor do que dá em troca. Não sendo obrigado por ninguém a trocar, o indivíduo, quando realiza uma troca, está sempre julgando vantajosa esta troca, do ponto de vista de seus valores pessoais. As conseqüências políticas do reconhecimento disso são extraordinárias. Eis um dos grandes legados da teoria do valor subjetivo. Eis um dos motivos de reconhecimento do grande valor de Menger.

23 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom. Onde encontro este livro de Menger? "Princípios de Economia Política" ?

Jeová disse...

Eu pensava que o fundador da Escola Austríaca era Böhm-Bawerk...

"Essas idéias, posteriormente mais elaboradas por Mises e Hayek, foram revolucionárias num mundo influenciado pela teoria marxista de valor."

O que é a teoria marxista do valor ? A teoria do valor objetivo ? E ela foi feita por Marx ? Ela não tinha sido usada antes pelo Adam Smith ? Aliás, quem criou essa teoria ?

Raul disse...

Rodrigo, pensa na seguinte situação:
Um fabricante e vendedor de sapatos. Os sapatos não têm utilidade para ele, mas têm valor. Ele produziu os sapatos apenas para vender. Ignorando que ele saiba o preço de mercado dos sapatos. Qual é o valor que ele vai atribuir aos seus sapatos?
Resposta: valor trabalho.

As duas teorias estão certas, mas uma é do ponto de vista do vendedor (valor trabalho) e outra do ponto de vista do comprador (valor utilidade).
Eu já ouvi algumas pessoas dizendo que a teoria do valor trabalho acaba em mais-valia. Isso é a maior bobagem. Quem diz isso com certeza não leu Adam Smith. Incrível né? O primeiro a refutar a teoria da mais-valia é antessessor a ela...
Ele dá um exemplo no livro interessante.
Imagina o seguinte:
Para Smith existe uma "taxa de lucro" na sociedade, que é usada como base para qualquer investimento. Segundo ele, essa taxa tende a diminuir com o tempo.
O lucro para ele é o risco assumido mais o transtorno de abrir mão do capital no presente.
Pensa num fabricante de roupas. Se ele comprar tecido que vale 1000 e fabricar 10 camisas. Gasta mais 1000 com trabalho. Se ele tiver uma taxa de lucro de 10%, vai cobrar 220 por camisa, e lucrar 200 no total. Mas se ele compra um tecido de melhor qualidade, que vale 10000. Com a mesma taxa de lucro, ele vai cobrar 1210 por camisa e vai ter um lucro de 1100 no total. Vai lucrar muito mais, com a mesma quantidade de trabalho empregado. O lucro não vem do trabalho, ele vem do risco e do transtorno de abrir mão do dinheiro no presente.

Jeová disse...

"As duas teorias estão certas, mas uma é do ponto de vista do vendedor (valor trabalho) e outra do ponto de vista do comprador (valor utilidade)."

Nada disso !

O empreendedor só investe quando acredita que pode oferecer um produto/serviço por um preço que interesse ao consumidor.

Raul disse...

Ok, mas antigamente não havia o empreendedor... havia o sapateiro, o pedreiro, o cervejeiro, etc...
Mas já havia o valor é claro.
Isso é o que diz Adam Smith.

Mas vamos supor que com a mudança dos tempos o valor mudou também...

Em cada produto existe o valor trabalho e o valor utilidade. O preço geralmente se fixa no valor utilidade mas tende ao valor trabalho. O valor trabalho é o mínimo, o valor utilidade é o máximo.

O empreendedor vai olhar o mercado e escolher o produto que lhe dê a maior margem possível. Isso ele faz com base no preço e no custo. Se o produto é escasso ou novo no mercado, provavelmente a sua margem será alta. O preço estará muito mais perto do valor utilidade do que do valor trabalho. Mas os empreendedores vão investir nesses produtos até que ele deixará de ser escasso, e o seu preço tenderá a se aproximar do seu valor trabalho.

Imagine um vendedor e um comprador isolados do mercado. O vendedor irá tentar ganhar o máximo que puder, o comprador o contrário. O vendedor não venderá abaixo do preço que cubra o seu custo e o seu trabalho. O comprador não pagará mais do que a utilidade que o bem tenha para ele. Logo, o preço se fixará entre o valor trabalho e o valor utilidade.

No mercado, quanto mais escasso for o bem, mais perto do valor utilidade ele ficará. Quanto mais ofertado, mais perto do valor trabalho.

Anônimo disse...

A teoria valor-utilidade é muito reducionista, digo porque:

A teoria neoclássica do valor-utilidade diz é que existe uma curva de demanda indicando qual é a quantidade de produtos que os consumidores desejam adquirir a cada nível de preços.O preço e a quantidade produzida a ser escolhida será aquele em que, no ponto da curva de demanda, o custo médio (que por sua vez é igual ao preço) se iguala ao custo marginal (custo adicional ao se fabricar uma unidade a mais do produto), porque é neste ponto que se maximizam o lucro.

Há problemas nesta visão aparentemente simples da determinação do valor.Este modelo supõe várias simplificações.Este modelo supõe concorrência perfeita (ou quase perfeita), atomização do mercado (uma firma não tem poder para influenciar a política de preços de seu concorrente), produtos homogêneos no mercado e ausência de barreiras a entrada.Para os casos de monopólio e oligopólio, esta teoria é TOTALMENTE INADEQUADA.

Vejamos o caso da formação de preços em oligopólios.Em primeiro lugar, no caso de empresas com poder para determinar o mark-up, elas utilizam as vantagens de custo para impedir a entrada de potenciais concorrentes praticando preços que estão na margem da indução de entrada.Em segundo lugar, as empresas oligopolistas detêm uma parcela tão grande do mercado, que as decisões de preços são tomadas baseando-se nas ações de seus concorrentes próximos.A curva de demanda é totalmente diferente da "normal".As empresas não baixam os preços quando a demanda cai, porque teme uma guerra de preços.Por outro lado, elas não elevam os preços, porque temem não serem acompanhados pelos concorrentes.Se for assim, a curva de demanda é “quebrada” num determinado ponto.Usualmente, o valor dos preços e das quantidades produzidas são desconhecida na curva de demanda.Então, que "ponto de quebra" seria este?A teoria microeconômica pós-keynesiana (baseada em extensos estudos empíricos) diz que os preços são fixados utilizando-se esta regra:

Preço=custos fixos + custos variáveis + margem de lucro definida arbitrariamente.

Além disso, existe uma regra implícita entre os concorrentes que só se altera preços quando os custos (impostos, preço dos insumos, etc.) para todas as empresas se alteram.Só em circunstâncias excepcionais, a demanda influi na determinação do preço.Como quando uma empresa, cujo produto tem demanda suficientemente elástica tem uma queda repentina da demanda ou quando as firmas não têm condições de ampliar a capacidade instalada.

Como vocês notaram, esse modelo diz que o ajuste de oferta e demanda se dá pela ampliação ou redução da produção.Quando a demanda cai, corta-se a produção.Quando a demanda aumenta, eleva-se a produção.Estes é o caso dos mercados fix, onde o exemplo mais óbvio parece ser o da indústria automobilística.Para mercados flex, isso não ocorre porque os produtos em questão são de difícil estocagem (no caso dos produtos agrícolas, eles se estragam se forem estocados por muito tempo) ou têm elevado custo de estocagem.Neste caso, o ajuste da oferta e da demanda se dá via preços.Existem outros fatores que atuam na determinação se o mercado será fix ou flex, porque o fator custo de estocagem é apenas um entre alguns (e o mais óbvio).

Porque então os economistas já acreditaram na universalidade da teoria do valor-utilidade?Na época em que ela foi formulada, o capitalismo ainda estava na sua fase concorrencial, a diferenciação dos produtos eram mínimas, o mercado era atomizado e não existiam significativas barreiras a entrada para novas firmas.

Marx e os economistas clássicos (Smith, Ricardo,etc.) assumiam a validade da teoria valor-trabalho, que em certos contextos funcionam muito bem, como já explicado anteriormente.Preços são determinados pelo custo.De onde vem os custos? Brotam do nada?Da perspectiva da teoria do valor-trabalho, a BMW em média cobra um valor maior para seus carros do que paras suas motos por um motivo muito simples.A quantidade de trabalho necessário para produzir um carro é maior do que para produzir uma moto.Custo é trabalho.Se duas motos BMW têm o mesmo preço de um carro BMW, e se alguém vende duas motos BMW para comprar um carro BMW, esta pessoa só está trocando trabalho por outra mesma quantidade de trabalho.Esse raciocínio implica também que aprimoramento das forças produtivas gera redução de preço, se o empresário não utilizar o aumento da produtividade para aumentar a massa de lucros.

Apesar disso, existe uma pergunta intrigante feita num fórum que parece não ter explicação por Marx e os outros:

"em tese, eu posso estar andando num deserto e tropeçar numa pepita de ouro de meio quilo e adquirí-la sem o menor esforço. Entretanto, ela terá o mesmo valor de mercado que uma pepita de ouro de meio quilo deliberadamente extraída por mineradores assalariados. Por quê? "

Mas os que aceitam a teoria do valor-trabalho (como Marx) explicam isso sem o menor esforço.O ouro tem pouco valor de uso, mas seu valor de troca é enorme.Pense por um instante.Qual é o valor de uso para um capitalista de um pneu que chega numa fábrica de automóveis?Nenhuma.Porém, seu valor de troca é enorme, porque no futuro ela terá valor de uso para o consumidor que comprará o carro.produzido.Quando as pessoas faziam trocas, usualmente teriam que escolher uma substância indivisível, durável e de fácil aceitação.Obviamente, um produto perecível seria o menos indicado.Por outro lado, o ouro cumpre estes requisitos com perfeição.Chegue com uma pepita de ouro numa mercearia para comprar alguma coisa e depois faça o mesmo com uns limões, para ver o que acontece.O dono da mercearia aceitará a primeira como moeda, já a segunda...Existe outro fator que explica o valor do ouro além do trabalho necessário para encontrá-lo e seu valor de troca.É o fenômeno que Marx descreve como “fetichismo da mercadoria”.Ouro é utilizado para confecção de jóias e até para fazer torneiras.Não importa o quanto você diga para um rico materialista que uma jóia de ouro não vale nada, porque não irá concordar.Da mesma forma, não importa o quanto você diga para um comprador de quadros que um quadro de Pablo Picasso é apenas um quadro.Ambos estarão dispostos a pagar um valor alto tão somente para saciar seu fetichismo pela mercadoria.

Alvaro Augusto W. de Almeida disse...

Smith não desenvolveu uma verdadeira teoria do valor-trabalho. Ele apenas expressou o preço real de uma mercadoria em unidades de trabalho, na tentativa de obter uma unidade de medida do valor. Foram Ricardo e Marx quem exploraram essa concepção de maneira mais aprofundada. Mas o próprio Ricardo acabou por concluir que a teoria do valor-trabalho não serve para determinar os preços relativos de mercadorias que sejam fabricadas com diferentes relações capital/mão-de-obra. A teoria é intelectualmente atraente à primeira vista, mas não resiste a uma tentativa de descrição matemática mais profunda. Ricardo, muito antes de Marx ter entrado em cena, já sabia disso.

[ ]s

Alvaro Augusto de Almeida
http://www.alvaroaugusto.com.br

Anônimo disse...

Pra mim preço e valor são duas coisas bem diferentes.

Valor trabalho = custo de produção incluindo todos os fatores, é objetivo, não varia muito de produtor para produtor.

Valor utilidade = o quanto o consumidor está disposto a pagar, é subjetivo, varia muito de consumidor para consumidor.

preço (valor de mercado) = é determinado por um conjunto de fatores: valor trabalho, valor utilidade, oferta, demanda, concorrência, etc...


isso eu não li em nenhum lugar, eu descobri. Mas talvez alguém já escreveu sobre isso, não sei.

Anônimo disse...

Caro, Aldous.Não utilize textos de outros como se fossem seus.Esse texto que você pôs aí é de autoria MINHA.Eu usei o nick de "Huxley" para postar isso no fórum Clube Cético e também no fórum Religião é Veneno.

E para falar a verdade, esse texto que postei foi numa época que meu conhecimento sobre teoria do valor era bem menor que o atual.O que eu pus no último parágrafo tem algumas coisas erradas.E no primeiro parágrafo tem uma informação incompleta.Entretanto, eu nem preciso corrigir, porque eu fiz uma resposta a esse artigo do Rodrigo Constantino hoje, que esclarece melhor o que penso atualmente.Está abaixo:

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“Além de o valor ser subjetivo, a medida para se determinar o valor também é de natureza totalmente subjetiva também. A quantidade de trabalho ou de outros bens secundários necessários para se produzir o bem não possuem nexo causal necessário e direto com a medida de valor do bem.“Menger escreve: ‘O valor de um diamante independe totalmente de ter sido ele encontrado por acaso ou ser o resultado de mil dias de trabalho em um garimpo’.”

R: O que está escrito acima não é certo, porque a pergunta relevante no que se refere à teoria do valor é: “O que determina a quantidade de uma mercadoria que se dá em troca de outra?”.Em outras palavras, o importante é o VALOR DE TROCA e não o valor subjetivo.O valor subjetivo tem importância na medida que entra na construção da curva de demanda das mercadorias, mas ela por si só não determina os valores de trocas das mercadorias. Valor de troca tem haver com o conceito de preços relativos e sua medida tem influência tanto do valor subjetivo quanto dos custos de produção ( esta por sua vez é o elemento principal na explicação da curva de oferta).

Alguém poderia dizer (em um exemplo análogo ao paradoxo do diamante): “Mas se eu acho uma bicicleta nova na rua, eu não tenho nenhum custo produtivo, logo o valor dela seria muito baixo segundo algumas teorias do valor; mas não é isso o que aconteceria, porque eu provavelmente revenderia ao preço disponível no mercado”.Se a teoria marginalista marshalliana (ou qualquer outra teoria que ressalta o trabalho ou os custos de produção na explicação do valor de troca) está certa, nunca o valor subjetivo sozinho determinará o valor de revenda.O que é importante é que essa teoria prediz que normalmente um agente não irá revender tal bicicleta achada a um valor significativamente diferente do preço de equilíbrio no mercado.E o preço de equilíbrio no mercado tem os custos de produção como um elemento importante na explicação do preço.Só um burro revenderia tal bicicleta a um preço que não maximizaria seu lucro.

A alegação que o valor de troca num mercado que se aproxime do protótipo de concorrência perfeita se determina pelo valor subjetivo médio atribuído aos demandantes se esfarela no seguinte questionamento.Supondo que exista uma mercadoria cujo preço cobrado pelo “princípio de valor subjetivo” garanta um lucro contábil positivo.Digamos que depois de algum período a preferência dos consumidores por tais mercadorias se arrefeça a tal ponto que a receita total média seja superada pelo custo total (contábil).Como a firma irá praticar o preço da demanda neste caso?Só se o gestor da empresa que define a política de preço for burro.Ele poderá vender o preço acima do valor subjetivo e ter lucro contábil positivo. Há a possibilidade desse preço unitário maior esteja no ponto onde a receita marginal iguale o custo marginal, que seria o “preço de mercado” na teoria da firma marshalliana.

Uma evolução importante que a Teoria Marginalista Marshalliana fez foi considerar que o preço de demanda não é necessariamente o preço que maximiza o lucro.E nesta teoria não existe “o” valor subjetivo e sim “os” valores subjetivos.Quando as quantidades ofertadas são baixas, o preço que os demandantes está dispostos a pagar é elevado.Quando as quantidades ofertadas são elevadas, o preço que os demandantes estão dispostos a pagar é baixo.Logo, o nível de capacidade em que o capitalista irá produzir depende da função da oferta da mercadoria. A curva de oferta está correlacionada com quê?Com estes fatores: expectativas de venda; custos dos insumos; nível de tecnologia; outros.E a curva de demanda está correlacionada com que?Com estes fatores: renda dos consumidores; gostos; utilidade do bem; outros. Onde a curva de demanda intercepta a curva de oferta, o resultado é o preço de equilíbrio de mercado, como se vê aqui:
http://www.unioeste.br/projetos/unisol/projeto/images/1equilibrio_2.gif

No lado da oferta, os custos são o elemento mais importante.Existe uma certa concordância entre os custos produtivos e o valor-trabalho.Na verdade, boa parte dos custos de produção são representados pelos custos salariais variáveis (custos variáveis são custos econômicos que dependem da quantidade produzida) e o custo salarial do pessoal da administração (cujo salário não tem aumentos associados ao aumento da produtividade média do trabalho, daí ser chamado um "custo salarial fixo").E na prática quando aumentamos a quantidade de trabalho necessária para produzir uma mercadoria X, AUMENTAMOS os custos de produção e também o preço de equilíbrio, CASO a curva de demanda do bem permaneça constante.Vejam que a variação na quantidade de trabalho necessária para produzir um bem tem importância sobre seu valor na medida em que afetar a oferta do produto, levando a uma variação nos custos salariais unitários e nos custos salariais fixos.Suponhamos que neste exemplo que dei, existe um bem (mercadoria Y) de outro setor que, por uma incrível coincidência, tenha uma curva de demanda idêntica à mercadoria X, mas que não houve qualquer aumento nos custos de produção.Este é um caso onde os preços relativos foram alterados, já que o conceito “valor de troca” tem haver com o conceito de “preços relativos”.

Ou seja, basta um exemplo hipotético simples para que a alegação que a “quantidade de trabalho ou de outros bens secundários necessários para se produzir o bem não possuem nexo causal necessário e direto com a medida de valor do bem” se mostre questionável.Uma citação de Achyles Barcelos da Costa do Departamento de Economia e do IEPE/UFRGS na paper Literatura Econômica [“Uma Nota Introdutória ao Artigo ‘A Teoria dos Preços e o Comportamento Empresarial de R.L. Hall e C.J. Hitch” 8(3) out 1986] me pôs uma dúvida:

"Nas palavras de Hawkins, comentando a análise de Jevons: 'Apesar desta rejeição dos custos de produção e, em particular, das teorias do valor-trabalho, ele algumas vezes atribui-lhes um efeito indireto sobre o valor na medida em que afetarem a oferta do produto, levaria a uma variação na utilidade. Não obstante, à utilidade foi dado o principal papel'."

Bem, eu queria que Rodrigo Constantino me explicasse à citação acima, já que não me lembro muito das aulas de HPE sobre Marginalismo.

Quero destacar aqui que não nego a extrema importância do valor subjetivo em mercados que se aproximam do protótipo de concorrência perfeita.Vejamos o que ocorre nos mercados onde os produtos são homogêneos e não há grandes diferenciais de custos devido ao baixo dinamismo tecnológico da atividade.Por exemplo, se o mercado de leite está com um preço “irrealista” (para o demandante), essa elevação excessiva da margem de lucro dos produtores de leite torna a eficiência marginal do capital nesses setor mais alta que a média, atraindo investimentos para ele; a conseqüente ampliação da capacidade produtiva neste setor pressiona seus preços de mercado ao nível de preço ‘natural’.Esse preço de equilíbrio é mais compatível (porém, não igual) com o nível de valor-utilidade atribuído aos demandantes daquele mercado.Num mercado muito competitivo, a demanda está num pedestal.O conceito de “leiloeiro walrasiano” (flexibilidade de preços que garante o equilíbrio no mercado de bens, algo amplamente aceito pela Escola Austríaca) é válido.

Entretanto, o principal problema para a universalização do conceito de perfeita flexibilidade dos preços são as barreiras à entrada e as vantagens competitivas (vantagens de custo e vantagens de diferenciação) que existem nos mercados de concorrência imperfeita e geram como conseqüência uma estratégia de rigidez de preços conhecida como “estratégia da curva de demanda quebrada” (coisa que é discutida no artigo de A. Barcelos da Costa):
http://www.eumed.net/libros/2005/lgs-ei/3c.htm .Existem vantagens de diferenciação e vantagens de custos que impedem uma firma de outro setor entrar livremente num mercado de concorrência imperfeita.

Qual a teoria do valor que a Escola Austríaca criou para a concorrência imperfeita?Só lembrando que muitos fizeram a análise do valor para a concorrência imperfeita
, entre os quais incluem Nicholas Kaldor, Joseph Steindl, Paolo Sylos-Labini, Joan Robinson, R.L. Hall, C.J. Hitch, Joe Bain.Para ver mais sobre isso ver o capítulo 3 do livro de Mário Possas “Estruturas de Mercado em Oligopólio”.

Por exemplo, Bain considerava que o mecanismo de ajuste de preço para o mercado de leite que descrevi não é válido quando, por exemplo, existe uma estrutura de mercado que tem barreiras relacionadas à economia de escala ( para os leigos; economia de escala: aumento de eficiência associado a uma expansão na produção, causando redução do custo de cada unidade produzida).Nesta situação uma firma ótima já supre uma parcela significativa do mercado.Isso se refere ao fato que as entrantes devem acrescentar uma quantia significativa a produção do ramo de atividade para poder operar com custos mínimos e que incorreriam em custos perceptivelmente mais elevados se operassem em níveis de produção mais reduzidos. E mais, a microeconomia neo-schumpeteriana diz que remover barreiras à entrada não é fácil, porque as firmas que estão no mercado tem ativos intangíveis, que são frutos de processos complexo de aprendizado de forte conteúdo cumulativo e específico.

Ou seja, até agora eu nunca ouvi falar de teoria do valor de Hayek (ou de Mises) para concorrência imperfeita.Se o Constantino puder, mostre um artigo que ele escreveu sobre esse assunto ou, se ainda não fez, quem sabe ele poderia pensar em fazer um.

Anônimo disse...

Alvaro Augusto de Almeida disse...

"Foram Ricardo e Marx quem exploraram essa concepção de maneira mais aprofundada. Mas o próprio Ricardo acabou por concluir que a teoria do valor-trabalho não serve para determinar os preços relativos de mercadorias que sejam fabricadas com diferentes relações capital/mão-de-obra. A teoria é intelectualmente atraente à primeira vista, mas não resiste a uma tentativa de descrição matemática mais profunda. Ricardo, muito antes de Marx ter entrado em cena, já sabia disso."

Você está parcialmente correto.Na verdade, Ricardo utilizou o argumento que o que determina o valores de troca das mercadorias não depende apenas da quantidade de "trabalho contido" na sua produção, mas também das proporções capital/mão-de-obra.Infelizmente, ele não criou um modelo que quantificasse de forma precisa os valores de troca das mercadorias.Entretanto, um economista neo-ricardiano chamado Piero Sraffa criou um modelo que utiliza um fator de correção que permite sabermos os preços relativos que existiria se nos basermos na teoria do valor de Ricardo.Para maiores informações, ver o prefácio a edição brasileira de "Princípios de Economia Política e Tributação" (Editora Abril,1982).

E realmente, a teoria do valor-trabalho goza de pouco prestígio atualmente.A ortodoxia da teoria do valor, a síntese neoclássica, é uma fusão das idéias de valor-trabalho e valor-utilidade.

Alvaro Augusto W. de Almeida disse...

Respondendo ao "anonymous 6:41", o livro de Menger pode ser acessado em http://www.mises.org/etexts/menger/principles.asp

Como já faz mais de 70 anos que ele morreu, imagino que não haja problemas com direitos autorais.

[ ]s

Alvaro Augusto
http://www.alvaroaugusto.com.br

Raul disse...

Huxley...

Respondeu minha dúvida.
Você disse exatamente o que eu pensava, porém de uma forma embasada e mais completa.

Abraços

Anônimo disse...

É o sapato que dá valor ao trabalho, não o contrário.

Anônimo disse...

Valor trabalho é um conceito.

Não tem como determinar "o" valor de um bem pelo simples motivo de que o valor é relativo.

O bem tem 2 valores dentro dele. Distintos entre si.
O valor trabalho e o valor utilidade.

Aliás, se a concorrencia fosse perfeita, e o mundo inteiro já fosse completamente desenvolvido, e a oferta igualasse a demanda, etc, etc...

Se tudo isso, o valor de mercado de todos os bens seria igual ao valor trabalho.

Entretanto, ainda sim o bem iria ter o seu valor utilidade intrínseco. A diferença seria que o valor utilidade não influiria no valor de mercado.

Imagina você comprando algo de alguém. Se o sujeito está tendo 200% de lucro em cima. Mesmo que você achasse que o preço valeria a pena, ainda sim você se sentiria enganado não é mesmo? O justo a se pagar é sempre o valor trabalho. As distorções de preço são "aceitas" graças ao valor utilidade do bem.

Anônimo disse...

De qualquer forma, são as distorções de preço que regulam o mercado.

Anônimo disse...

Versão longa da minha resposta anterior:
http://www.mises.org/resources/3250

Raul vamos fazer um acordo, você estuda a versão gratuita do Ação Humana que está nesse link, e se você não gostar eu reembolso seu dinheiro.
Daí você pode discutir valor com o homem que fez o jovem Hayek deixar de ser socialista.
Ou se você preferir, não leia. Assim como eu não li "O Capital" (exceto o comecinho, mas todos aqueles "congelamentos" e "cristalizações" me desanimaram).
Ignorância também é um direito.

I can only show you the door...

Anônimo disse...

Infelizmente eu não tenho prestígio nenhum para sair discutindo sobre teoria do valor...

Você citou "socialista" e "O Capital". Por acaso você está me confundindo com um socialista?
Espero que não...
Eu já disse lá em cima, que existem algumas pessoas que acreditam que a teoria do valor trabalho acaba levando à mais-valia. Repito aqui, isso é um grande absurdo! Capital nada mais é do que "estoque" de trabalho, e por isso precisa ser remunerado (dã). Mas o estoque pode se deteriorar, ou pode perder o valor, etc... Aliás, para ter capital tu tem que se livrar de uma grande quantia de trabalho no presente e ir recebendo aos poucos por ele...É por isso que existe o lucro!
Mais-valia é uma minhoca que colocaram na cabeça das pessoas...
Mas é claro, existem bons negócios em que o lucro é grande, e o risco é mínimo. É por isso que o nome disso é "bom negócio!".

Não se faz de pretencioso, querer mandar eu ler não sei o que ali...
mais uma piadinha ou outra...
Se você não tem capacidade de discutir, então fica quieto.

Anônimo disse...

"Infelizmente eu não tenho prestígio nenhum para sair discutindo sobre teoria do valor..."

"Se você não tem capacidade de discutir, então fica quieto."

Eu retiro minha recomendação. Você ler Mises seria uma ofensa a Mises.

Anônimo disse...

"você estuda a versão gratuita do Ação Humana que está nesse link, e se você não gostar eu reembolso seu dinheiro."

"Ignorância também é um direito."
"I can only show you the door... "

Você tira sarro, me chama de ignorante, depois diz que só pode mostrar a porta...

Quem você pensa que é? Eu discuti aqui para expor as minhas idéias. Ataque algum ponto delas com um argumento lógico.
Você não tem capacidade para fazer isso, e então me manda ler Mises...

É muita babaquice. Você deve ter uns 15 anos, e eu ainda perco meu tempo... Repito aqui, da próxima vez fique quieto.

Anônimo disse...

Ok, eu acho que devo um pedido de desculpas. E já vi que não tenho habilidade de me comunicar via internet, então devo umas explicações:

1) Pedir que você lesse Ação Humana não foi tirar sarro, foi uma oferta para você aprender sobre minhas idéias com seu maior expositor. Se quisesse.

2) Palavras não são apenas para insultar, elas têm um significado também. Quando eu disse que ignorância é um direito eu quis dizer precisamente que você não deve ter vergonha de não querer ler um tomo de 1000 páginas de Mises. Eu escolhi ser ignorante de Marx, e você pode escolher ser ignorante de Mises se quiser.

3) Eu estava citando Matrix. Nós meninos de 15 anos (na verdade 24) gostamos muito de cultura pop. A segunda parte da citação é "but you're the one who has to walk through it." Com isso eu quis dizer que aprender a visão subjetivista do valor ia requerer um pouco de esforço. Acho que você não é fã de Matrix, então eu deveria ter feito a citação completa e com aspas. Quem falou foi o Morpheus.

4) Atendendo o seu pedido: E como se determina o valor dos diferentes trabalhos ? Porque uma prostituta pode ganhar 20 vezes mais por hora do que um pedreiro ? No mundo perfeito do capitalismo de rotação uniforme, as prostitutas bonitas ganharâo o mesmo por uma hora de trabalho que as feias ? E o argumento da torta de lama ? Dizer que o trabalho tem que ser "socialmente necessário" não é um apelo à teoria do valor como utilidade ? Quantos faxineiros precisa-se juntar para fazer o valor-trabalho de um neurocirurgião ?

5) Nunca falei diretamente que você era comunista, e se deixei implícito foi só porque hoje em dia os comunistas são os únicos (do mainstream) que falam em valor-trabalho.

6) Me desculpe por ter perdido o controle no último comentário. Esse não tem explicação, foi um insulto direto mesmo que eu retiro agora.

Dado isso tudo, eu espero que você retire seus dois pedidos de "cala a boca", que são muito mais ofensivos para mim que qualquer palavrão.

Anônimo disse...

Foi mal pelos "fique quieto"...
Se quiser eu apago os tópicos...

Respondendo ao 4)

Na riqueza das nações tem um capítulo chamado "salários". Ali o Adam Smith explica os fatores que determinam os salários. Para ele são 5, que não lembro mais...
Segundo a teoria, um faxineiro poderia ganhar mais que um neurocirurgião.
Isso depende da população. Se muita gente acha vantajoso ser médico e desvantajoso ser faxineiro...
Uma coisa eu lembro bem, pq o pedreiro ganha mais por hora? Pq quando chove ele não trabalha. Então ele precisa ganhar mais quando está trabalhando.

Mas meu caro, acho que vc ainda não me entendeu. Eu não estou dizendo que é o valor trabalho que determina o valor de um bem. Estou dizendo que o bem tem um valor trabalho embutido nele.
Tb não é o valor utilidade que determina o valor de um bem, mas todo bem tem um valor utilidade embutido, que varia de comprador para comprador.
Não tem como determinar o valor de um bem, pq ele tem dois valores distintos.
Vou te dar um exemplo prático.
Um celular a 15 anos atrás tinha mais ou menos utilidade que hoje? Menos. Mas e o valor de mercado dele era de quantas vezes mais que hoje? Pq baixou o valor de mercado dele? Ele perdeu utilidade? Pelo contrário, hoje o celular é indispensável!

Anônimo disse...

Ou seja:
Valor-trabalho é simplesmente uma metáfora para indicar o trabalho que foi consumido/dispendido na produção de um bem. Poderia se chamar custo-trabalho.
Você admitindo que este "valor-trabalho" não é o determinante final dos preços, nem a justificativa para uma teoria de exploração/espoliação dos trabalhadores, eu aceito esta metáfora.

Quanto ao valor-valor (e não o valor-outra-coisa) eu vou continuar preferindo a definição do LVM:

"Value is the importance that acting man attaches to ultimate ends. Only to ultimate ends is primary and original value assigned. Means are valued derivatively according to their serviceableness in contributing to the attainment of ultimate ends. Their valuation is derived from the valuation of the respective ends. They are important for man only as far as they make it possible for him to attain some ends.

Value is not intrinsic, it is not in things. It is within us; it is the way in which man reacts to the conditions of his environment." - Ludwig von Mises, Human Action. Capítulo IV.

Anônimo disse...

Mas da forma que funciona o mercado (ou que seria a ideal), o valor de mercado tende a se aproximar do valor trabalho. Por causa da concorrência.
Mas eu já disse antes, mesmo aceitando que o valor trabalho é o único que determina o valor de um bem, ainda sim a mais-valia continua sendo furada. No máximo você poderia dizer que o comprador está pagando mais pelo bem do que ele vale. Mas se o bem é escasso, é como se fosse leilão, quem da mais leva.
Quanto ao lucro...

Pensa assim.
Para produzir x peças de roupa. É preciso produzir antes as máquinas de custura (capital). Mas essas máquinas de custura só vão ser remuneradas aos poucos, com a venda de roupas mês a mês...
E como ficam os caras que fizeram as máquinas de custura? Morrem de fome?
Pra sorte deles tem alguém (capitalista) disposto a assumir esse transtorno e ainda correr o risco de não conseguir vender as roupas. É por isso que existe o lucro. Até a depreciação total das máquinas, elas deverão ser pagas. Mas o capitalista receberá mais (lucro) do que pagou por elas porque correu riscos, e teve que abrir mão do seu dinheiro sendo que ele não tinha garantia nenhuma de receber de volta...

Mais-valia pra mim são os impostos!!! Esses sim são pura exploração!!!

Abraço