terça-feira, maio 29, 2012

O céu é o limite

João Pereira Coutinho, Folha de SP

Nunca concordei com a visão caricatural que atribui à esquerda o monopólio da "igualdade". Tudo depende de como entender a palavra.

"Igualdade" será igualdade de todos perante a lei? Concordo. "Igualdade" será igualdade de tratamento para brancos ou negros no acesso a profissões e universidades? Também concordo.
Como diria o reverendo Martin Luther King, os homens devem ser julgados pelo seu caráter, não pela cor da sua pele.

O problema é que uma parte da esquerda quer julgar a cor da pele, não o caráter de um homem. Para essas patrulhas, o objetivo já não está em abolir situações de discriminação racial no acesso a profissões ou universidades.

O objetivo agora é outro: voltar a discriminar racialmente de forma a garantir igualdade de resultados, e não apenas de oportunidades. Esse conceito de igualdade é um travesti do original.
As cotas raciais, toleradas em universidades americanas (e, por decisão do Supremo Tribunal Federal, brasileiras também), são um bom exemplo. Desde logo porque elas começam por imitar o pior do pensamento racista: a diluição da identidade na pigmentação da pele de um grupo.

Para um racista, não existe o João ou a Maria; não existe gente concreta, com vícios e virtudes concretos. O racista agrupa: para ele, só existem "negros", ou "brancos", ou "pardos". O grupo suplanta o indivíduo. Só o grupo é dotado de uma qualidade própria -ou, melhor dizendo, imprópria. 

Os defensores das "políticas afirmativas" são racistas invertidos. Para eles, também não há João ou Maria. E indivíduos não devem ser avaliados pelas qualidades pessoais.

O que existe são grupos que devem ser discriminados positivamente: as qualidades particulares dos indivíduos que compõem esses grupos não interessam para nada.

O resultado dessa despersonalização foi bem estudado por Thomas Sowell, sociólogo americano (e negro) que, durante três décadas, acompanhou as consequências das "políticas afirmativas" nos Estados Unidos e em outras regiões do mundo (Índia, Sri Lanka, Nigéria etc.).

A principal obra de Sowell intitula-se, precisamente, "Affirmative Action Around the World: An Empirical Study" (políticas afirmativas pelo mundo: um estudo empírico), e a sentença do autor não é otimista: as vantagens dessas políticas são bem menores do que os prejuízos que elas causam. 

Para começar, as "políticas afirmativas" alimentam nos seus beneficiários a humilhante ideia de que eles voam com asas falsas. Ironicamente, o que começa por ser um instrumento favorável à "autoestima" rapidamente se converte num dano para essa mesma "autoestima".

Mas o mais interessante é que essa percepção de fraude pessoal não se limita ao beneficiário dessas políticas. Ela estende-se igualmente à sociedade que o rodeia, gerando o tipo de hostilidade e ressentimento que se procurava combater. Uma vez mais, um instrumento favorável à "integração" também se transforma num mecanismo de exclusão.

O resultado perverso de todos esses estigmas está na desistência ou, pelo menos, na menor exigência que o beneficiário exibe na sua formação intelectual: estudar para quê, quando existe um lugar na universidade que premia a cor da minha pele?

E o inverso também acontece: de que vale o meu esforço quando eu tenho a cor da pele errada?
Se a cor da pele é critério relevante de admissão universitária, todos os grupos sociais, sejam ou não beneficiados por "políticas afirmativas", perdem o estímulo para realizarem o seu máximo potencial.
Como afirma Thomas Sowell, os defensores das "políticas afirmativas" acreditam que estão apenas a transferir benefícios de um grupo para o outro, corrigindo injustiças históricas. 

Na verdade, estão a cometer novas injustiças e a empobrecer a sociedade como um todo, privando-a dos melhores médicos, dos melhores engenheiros, dos melhores professores -independentemente da cor da pele.

Para que o desastre fosse completo, ironiza Sowell, só faltava que os Estados Unidos começassem também a discriminar (negativamente) os alunos asiáticos que apresentam resultados acadêmicos superiores a brancos ou negros.

E por que não? Quando as universidades deixam de ser lugares de excelência e viram laboratórios de fanatismo ideológico, o céu é o limite.

8 comentários:

André disse...

Recomendo a todos o livro do Sowell já citado no artigo mas também o livro do Demétrio:Uma Gota de Sangue e também Não Somos Racistas do Ali Kamel.

Gustavo Sauer disse...

Os defensores dessas medidas estao colocando seus nomes na historia como defensores do racismo. Vergonhoso.

Anônimo disse...

Ora mas o tio sam já faz isso.O asiático que tentar entrar num curso de exatas vai encontrar um monte de cotas contra ele

Anônimo disse...

FUTURO “POLITICAMENTE CORRETO”
Se um homem hétero for cantado por um homem gay, para recusar a cantada terá de responder: - desculpe, mas já tenho namorado. Do contrário, será acusado de homofobia.
Se o gay cantador for negro, terá o hétero de provar ainda, se branco for, que não o recusou por racismo.
Será crime dizer que um negro ou negra é feio ou feia. Somente poderá ser chamado de feio o branco.
Se uma negra quiser namorar um branco, será discriminada pelos homens negros; se um homem negro quiser namorar uma branca, esta será odiada pelas mulheres negras.
Se um homem negro bater na namorada branca, nada lhe acontecerá porque quem der queixa será acusado de racismo; se um homem branco agredir a namorada negra, será acusado de machismo e racismo.
Se um homem negro recusar cantada de gay branco, não será chamado de homofóbico mas sim de negro de bom gosto; se for o oposto, o branco será acusado de homofobia e racismo; se os dois forem negros, o hétero será acusado de homofobia, mas, por ser negro, será depois perdoado.

Anônimo disse...

A politica se sustenta através da disseminação da CIZÂNIA dentre a população. É assim que dominam e exploram a população pagadora de impostos que luta entre si.
DESTA FORMA as classes exploradoras que vivem do PODER e NÃO do TRABALHO conseguem se impor: o socialismo fortal eceuo que o cristianismo iniciou: os POBRES contra OS RICOS (pobre é bom e rico é mau pq não ajuda os pobres atraves do governo). Foi uma jogada politica para o governo que TRIBUTAVA exageradamente. A idéia socialista então veio propor que os unicos ricos fossem os governantes hierarquizados (não claramente, lógico) jogando ASSALARIADOS x PATRÕES, consumidores x comerciantes e sempre pobres x ricos.

Agora com a decadência temporaria do socialismo temos PRETOS x BRANCOS, GAYS x HETEROS e até mesmo tentam desde ha muito MULHERES x HOMENS.

O NACIONALISMO criou o NACIONAL x ESTRANGEIRO como forma de INVENTAR INIMIGOS PARA FAZER AMIGOS.

Enfim, as maximas:
DIVIDIR PARA DOMINAR (ensinada por SUN TZU)
e
INVENTAR INIMIGOS PARA FAZER AMIGOS

são velhissimas estratégias de dominadores de povos imbecis. São estratégias tão velhas, até mais, do que os galanteios exagerados para se "ganhar" uma mulher. Conntudo, estas não mais se encantam com tal tosca estratégia, querem um pouco de sinceridade (não estão tão carentes, são independentes).

Porém, a massa estupida caarente de autroestima ainda quer se encantar com gigolôs populares e rufiões "protetores". Vai durar mais uns 2000 anos no minimo, até que estas estratégias percam a eficiencia.

Anônimo disse...

É, esses asiáticos com suas notas boas, nos humilhando! Eles vão ver só! hehehehe

Anônimo disse...

http://www.cristianomcosta.com/2012/06/cotas-raciais-o-caso-asiatico-americano.html

Anônimo disse...

http://www.cristianomcosta.com/2012/06/cotas-raciais-o-caso-asiatico-americano.html