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quinta-feira, outubro 06, 2011

A letra R


Rodrigo Constantino

“Todo liberal é um anarquista frustrado”, dizia o professor Og Leme. Os liberais, desde sempre, debateram como preservar as liberdades individuais mais básicas, e invariavelmente concluíram que o governo era uma espécie de “mal necessário” para tanto. A alternativa hobbesbiana seria uma luta de todos contra todos, o caos anárquico que possivelmente descambaria em um regime despótico. O vácuo de poder costuma ser sempre preenchido.

Compreendendo isto, Ludwig von Mises sempre defendeu a democracia como meio pacífico para eliminar absurdos e caminhar na direção de maior liberdade. Ele considerava a democracia liberal um antídoto contra revoluções. Disse ele: “A democracia não só não é revolucionária, mas ela pretende extirpar a revolução”. Mises tinha dificuldade de entender porque tanta gente inteligente era atraída pela anarquia, e suspeitava que se tratava de uma reação ao endeusamento do estado. Mas ele sabia que esta reação não era o caminho certo para combater os abusos do estado.

Um de seus pupilos mais brilhantes, Murray Rothbard, resolveu seguir por um caminho diferente. Rothbard rejeitou a democracia e até mesmo o liberalismo, passando a crer em uma via revolucionária e anárquica. Seus seguidores passaram, então, a defender uma ideologia conhecida como “anarco-capitalismo”, que tenta misturar a anarquia e o capitalismo. Uma mistura que, para os liberais, nunca fez sentido, uma vez que o capitalismo depende do próprio estado para viver.

O anarco-capitalismo fala de um fim desejado, ou seja, uma sociedade livre do estado, mas que consegue preservar a propriedade privada por meio de agências privadas de segurança (milícias). O meio, entretanto, continua sendo a velha anarquia de sempre, ou seja, a abolição do estado. Anarco-capitalistas, por coerência, não respeitam a via política como mecanismo para tratar das coisas públicas. Em essência, tudo seria privado em uma sociedade como esta. Algo como feudos particulares.

O foco deste artigo não será o anarco-capitalismo em si, mas sim os perigos da postura revolucionária. Os liberais sempre temeram revoluções, e não por acaso. À exceção da “Revolução” Americana, todas as outras trocaram seis por meia dúzia, ou colocaram no poder regimes ainda mais despóticos do que os derrubados. Basta pensar na Revolução Francesa, na Revolução Soviética e na Revolução Cubana como exemplos. Se a monarquia dos Bourbon, o regime czarista e a ditadura de Fulgêncio Batista eram modelos nefastos, o que colocaram em seus respectivos lugares foi ainda mais assustador.

O caso americano, porém, é totalmente peculiar. Os “pais fundadores” estavam lutando para preservar certos valores já existentes naquela sociedade, contra os abusos da Coroa Inglesa. Mas não era nada parecido com uma revolução no sentido comumente aceito, de transformar toda a sociedade e criar um “mundo novo”. Expulsaram os ingleses, e criaram um pacto federativo para a criação de um novo governo central, garantindo as liberdades já valorizadas ou existentes na nação. A “revolução” Americana foi, na verdade, uma reforma liberalizante.

Revolucionários, como mostra a história, costumam ser perigosos para a paz e a liberdade. Por isso o liberalismo sempre se afastou dos revolucionários. Estes, no afã de derrubar o sistema vigente para implantar o novo mundo “livre” ou “justo”, acabam defendendo caminhos muitas vezes contrários ao liberalismo. E um caso pode ilustrar bem isso: o do próprio Rothbard. Em 1968, já com mais de 40 anos (ou seja, sem a desculpa da juventude rebelde e imatura), Rothbard escreveu um artigo enaltecendo ninguém menos que o guerrilheiro comunista Che Guevara. Alguns trechos deste artigo comprovam os perigos deste radicalismo revolucionário. O alvo mais importante para Rothbard era o “imperialismo americano”. Seguindo a máxima de que o inimigo de meu inimigo é meu amigo, Rothbard teceu elogios patéticos ao assassino argentino.

Ele disse: “Che era um revolucionário notável, mas não um eminente administrador, e ainda pior como um economista”. Notem que, para Rothbard, o problema de Che Guevara não era seus meios nefastos para “combater o imperialismo”, mas sim sua incapacidade administrativa. E eis a forma patética com a qual Rothbard poetiza a morte do assassino: “A CIA pode reclamar o corpo de Che, mas ela nunca será capaz de algemar o seu espírito”.

Este radicalismo revolucionário não escapou à atenção do próprio Mises. Em uma carta de seu amigo Fertig, que, segundo o biógrafo Jörg Hulsmann, provavelmente capturava a própria decepção de Mises, ele lamenta a aproximação de Rothbard com a Nova Esquerda, e cita a presença do economista em uma comissão que favoreceu Fidel Castro e Cuba. Conclui afirmando ser muito triste ver uma mente brilhante descer ao fundo do poço dessa forma.

Atualmente, alguns seguidores de Rothbard cometem o mesmo tipo de erro. Alguns estão tão obcecados em atacar o governo americano que passam a defender coisas realmente absurdas. Se o governo americano tem bombas atômicas, por que o Irã não pode ter? Ignoram as gritantes diferenças entre os dois países, e levantam uma bandeira claramente contrária à paz e à liberdade. Alguns chegam ao extremo de considerar o governo americano uma instituição mais perigosa para a liberdade do que o grupo terrorista Al Qaeda. Não percebem que estão caindo no mesmo erro de Rothbard, quando este aplaudiu o “espírito revolucionário” de Che Guevara. Uma coisa é criticar os abusos e defeitos do governo americano, que são muitos. Outra, bem diferente, é colocar este governo como o inimigo número um da liberdade, e começar a relativizar atrocidades praticadas pelos verdadeiros inimigos da liberdade mundo afora.

Se não me falha a memória, foi Roberto Campos quem disse que o único problema com a revolução é a letra R. De fato, os liberais sempre lutaram e ainda lutam pela evolução constante do sistema capitalista liberal e democrático. Eles reconhecem que há muitas imperfeições, e que qualquer modelo de sociedade sempre será imperfeito. Mas temem ainda mais as revoluções “redentoras” que vão trazer a liberdade “plena” de vez, que vão criar um mundo “justo”.

Se até mesmo um economista brilhante como Rothbard, que teve o privilégio de aprender com o melhor deles, o próprio Mises, chegou ao extremo de defender Che Guevara, o que dizer de alguns revolucionários mais jovens e sem este histórico? A tentação do revolucionário será radicalizar cada vez mais, especialmente se alimentado pela rebeldia natural da juventude. E isso não é saudável para a defesa da liberdade. Para o bem da causa liberal, penso que os revolucionários deveriam esquecer a letra R e focar no restante.

sábado, agosto 20, 2011

Resgatando a verdade


Comentário sobre o novo livro "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", de Leandro Narloch e Duda Teixeira. Trata-se de um resgate de fatos históricos sobre figuras idolatradas pela esquerda latino-americana, como Che Guevara, Peron, Simon Bolivar, Salvador Allende etc.

sábado, junho 18, 2011

Che, o deus dos idiotas úteis


Rodrigo Constantino

Quando escrevi o artigo para O GLOBO sobre o verdadeiro Che Guevara, aquele assassino porco que matava inocentes entre um banho espaçado e outro (o sujeito não era chegado num sabão), sabia que iria despertar a fúria dos perfeitos idiotas latino-americanos. Eu mexi com o "Maomé" dos comunas, o "deus" das viúvas de Stalin. Aquela turma que até hoje idolatra o mais antigo ditador do planeta, o senhor feudal da ilha caribenha chamada Cuba, um presídio de miseráveis. E eu não estava errado na previsão, naturalmente.

Eis que um tal de Lúcio Castro, comentador de esporte que eu jamais ouvi falar, resolveu me atacar no site da ESPN. E qual o seu grande trunfo para me atacar, exatamente? Algum argumento combatendo os dados que abordei no artigo? Alguma fonte histórica séria para defender Che como um grande homem, e não a fria máquina assassina que foi? Claro que não! Ele me atacou, ó céus!, por eu ser supostamente um "Zé Ninguém". Quem eu penso que sou para falar do "xerife" Che Guevara, aquele que mandou ao paredão milhares de pessoas inocentes?

É evidente que não valem os minutos perdidos para rebater um pobre coitado desses, comentarista de futebol. Mas por que eu resolvo fazê-lo então? Justamente porque creio ser sintomático da pobreza intelectual do país este caso. O tal de Lúcio Castro (quem?) serve como uma luva para mostrar justamente como idiotas úteis ainda pululam nesse país. E pior! Com espaço na imprensa!!! Brasileiros não gostam de debater argumentos e fatos, e sim pessoas. A fama passa a ser mais importante que o conteúdo. Quem disse é mais relevante do que o que foi dito. (Para socialistas, todos são iguais, mas uns mais iguais que os outros!)

O tal de Lúcio (quem?) diz, depois de enfadonhos parágrafos sobre Romário, que poderiam ser resumidos em poucas linhas (ele estava focando no que mais entende), que não vem ao caso falar de ideologia, defender ou não o regime Cubano. E para que? Para logo depois fazer exatamente isso. Defender da forma mais escancarada e patética a mais cruel, antiga e perversa DITADURA do continente! Isso mesmo. O comentador de futebol fez um texto enorme para dizer que Cuba é o máximo, e que um "Zé Ninguém" ousou falar o contrário, atacando o líder revolucionário Che Guevara. E não é que mesmo assim, SEM UM ÚNICO ARGUMENTO, o sujeito recebeu dezenas de mensagens favoráveis, como se ele tivesse detonado meus pontos?

Claro que ele apagou várias mensagens contrárias, direito dele (propriedade privada com liberdade de escolha é isso, um dia ele entende e passa a condenar Cuba). Mas a reação daqueles pobres coitados que devem perder muito tempo vendo o baixinho jogar e quase nenhum para ler sobre fatos históricos em Cuba (sem usar como fonte Fidel Castro, naturalmente), foi mesmo lamentável, ainda que previsível. A massa de inocentes úteis queria apenas isso: que alguém, ainda que um "Zé Ninguém" comentarista de esporte, aparecesse para atacar o autor do artigo que gerou tanto incômodo, mesmo que sem apresentar um argumento sólido contra os dados que abordei. Isso "lavou a alma" deles. Agora eles podem ir dormir mais tranquilos. Afinal, Che ainda é um santo! O tal de Lúcio Castro disse. TEM QUE SER VERDADE! Amém.

Que pobreza intelectual. Quanta podridão ideológica. E pensar que no Brasil a estupidez tem um passado glorioso e um futuro fantástico!!! Gente que consegue defender assassinos ainda recebe espaço na imprensa e aplausos dos incautos. Tragicômico.

PS: Um comentário no site da ESPN chamou minha atenção. O sujeito estava revoltado com minha "agressividade", por chamar de idiotas úteis os fãs do assassino Che Guevara. Vejam bem! Agressividade é isso, não o que o próprio Che fez, ao puxar o gatilho e mandar para o "além" centenas de pessoas cujo "crime" era ser "burguês" ou rejeitar o comunismo. Que coisa!

PS2: Alguns focaram no fato de que Cuba não era boa com Fulgêncio, o que é indiscutível. Mas dentro do contexto latino-americano, nem se saía tão mal assim. E Fidel, com ajuda de Che, conseguiu fazer com que favelas cariocas pareçam lugares decentes perto de Cuba. E esses são os facínoras idolatrados pelos idiotas úteis!

terça-feira, junho 14, 2011

O mito Che Guevara


Rodrigo Constantino, O GLOBO

“Amo a humanidade; o que não suporto são as pessoas”. (Charles Schultz)

Estivesse vivo, Ernesto “Che” Guevara completaria hoje 83 anos de idade. O guerrilheiro tornou-se ícone das esquerdas, e é visto como um idealista disposto a dar a vida pela causa. Adorado em Hollywood e Paris, Che foi eternizado pela foto tirada por Korda, que virou estampa de camisetas e biquínis. A ironia do destino transformou o comunista em lucrativa marca de negócios.
Mas, como alertou Nietzsche, a morte dos mártires pode ser uma desgraça, pois seduz e prejudica a verdade. Pouca gente sabe quem Che foi de fato. Se soubessem, talvez sentissem vergonha de defendê-lo com tanta paixão. Seus fãs deveriam ler “O verdadeiro Che Guevara”, de Humberto Fontova, e ver o documentário “Guevara: Anatomia de um mito”, de Pedro Corzo. É impossível ficar indiferente diante de tantos relatos sombrios das vítimas de Che.
Nem deveria ser preciso mergulhar mais fundo nos fatos. Basta pensar que Che foi um grande colaborador da revolução cubana, que instaurou a mais longa ditadura do continente, espalhando um rastro de morte, miséria e escravidão na ilha caribenha. Mas uma pesquisa minuciosa gera ainda mais revolta. Aquele que gostaria de criar na América Latina “muitos Vietnãs” era mesmo um ser humano deplorável.
A cegueira ideológica alimentada pela hipocrisia prejudica uma análise mais isenta dos fatos. Não é preciso muito esforço para verificar que Che Guevara era justamente o oposto do santo que tentam criar. O homem sensível de “Diários de Motocicleta” era o mesmo que declarou que “um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar movida apenas pelo ódio”. Se ao menos os cineastas engajados tivessem lido o diário completo!
Até mesmo as supostas cultura e erudição de Che foram enaltecidas por intelectuais como Sartre. A realidade, uma vez mais, parece menos nobre: um dos primeiros atos oficiais de Che após entrar em Havana foi uma gigantesca queima de livros. Além disso, Che assinou as sentenças de morte de muitos escritores cujo único “crime” fora discordar do regime. Quanta paixão pela cultura!
As estimativas apontam para algo como 14 mil execuções sumárias na primeira década da revolução, sem nada sequer parecido com um processo judicial. Dezenas de milhares de cubanos morreram tentando fugir do “paraíso” comunista. Cuba tinha uma das maiores rendas per capita da região em 1958, e teve sua economia destroçada pelas medidas coletivistas do ministro Che. Nada disso impediu a revista “Time” de louvá-lo como um herói, ao lado de Madre Teresa de Calcutá.
Roqueiros como Santana gostam de associar sua imagem à de Che. Será que ainda o fariam se soubessem que sua primeira ordem oficial ao tomar a cidade de Santa Clara foi banir a bebida, o jogo e os bailes como “frivolidades burguesas”? O próprio neto de Che, Canek Sánchez Guevara, não escapou da perseguição. O guitarrista sofreu nas garras do regime policialesco que seu avô ajudou a criar, e preferiu fugir de Cuba. Homossexuais também foram vítimas de perseguição e acabaram em campos de trabalho forçado. Quanta compaixão!
Sobre a imagem de desapegado de bens materiais, a vida de Che também prova o contrário. Após a revolução, ele escolheu como residência a maior mansão cubana, em Tarara, uma casa à beira-mar com amplo conforto e luxo. A casa fora expropriada de um rico empresário. Além disso, quando Che foi morto na Bolívia ele ostentava um Rolex no pulso. Parece que nem os guerrilheiros resistem às tentações capitalistas.
Aqueles que conseguiram fugir do inferno cubano e não precisam mais temer a represália do regime, relatam fatos impressionantes sobre a frieza de Che. Foram centenas de execuções assinadas em poucos meses, e Che gostava de assisti-las de sua janela. Em algumas ele pessoalmente puxou o gatilho. Ao que tudo indica, Che parecia deleitar-se com a carnificina. Até mulheres grávidas foram executadas no paredão comandado por Che. Nada disso consta nas biografias escritas por aqueles que utilizam o próprio Fidel Castro como fonte. Algo como falar de Hitler usando apenas os relatos de Goebbels.
A ignorância acerca destes fatos explica parte da idolatria a Che Guevara. Mas, como lembra Fontova, “engodo e muita fantasia também o explicam, tudo alimentado de um antiamericanismo implícito ou explícito”. Che, assim como Fidel, desafiou o “império” ianque, e isso basta para ser reverenciado por idiotas úteis da esquerda. Que ele tenha sido uma máquina assassina, isso é um detalhe insignificante para alguns.

O verdadeiro Che Guevara - vídeo

Maradona, Mike Tyson, Carlos Santana, Benício del Toro, Johnny Depp, Jack Nicholson, Angelina Jolie, Gisele Bundchen. O que todos estes famosos possuem em comum além das fortunas? Todos dizem gostar de Che Guevara ou tatuaram nos próprios corpos sua imagem eternizada por Korda. Hoje, data do aniversário de Che, veja esta singela homenagem que fiz a seus admiradores.