segunda-feira, julho 03, 2006

Nascido em 4 de Julho



Rodrigo Constantino

"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness." (Declaração da Independência Americana, 4 de Julho de 1776)

Dizem que errar é humano, mas insistir no erro é burrice. O que falar então de uma insistência ininterrupta, ano após ano, por 230 anos? Hoje é o aniversário daquilo que foi um dos marcos mais importantes do mundo, a Declaração da Independência Americana. Ali estaria selada, em poucas palavras, a função básica do governo, afirmando categoricamente a soberania do povo sobre o Estado. Cada indivíduo seria livre na busca pela sua própria felicidade. As regras seriam iguais, não os resultados.

Infelizmente, o homem tem memória curta, e esquece das aulas básicas de seus grandes pensadores. A visão de curto prazo, aliada à mentalidade de se dar bem explorando os outros, faz com que uma multidão troque a liberdade por algum favor do governo. A ignorância, somada ao desejo de ganho fácil, faz com que a massa deposite sua esperança num messias salvador, delegando função paternalista ao Estado. A perfídia, com pitadas de romantismo utópico, fazem com que uma elite formadora de opinião condene a meritocracia e pregue soluções coletivistas para os problemas do mundo, levando ao socialismo ineficiente e injusto.

O governo não está acima do povo, mas sim depende de seu consentimento para ser validado. E isso não quer dizer, de forma alguma, que uma maioria está livre para fazer o que bem entender. A democracia não deve levar a uma ditadura da maioria. Os direitos individuais deverão ser sempre respeitados, e era esse o foco da Declaração que fundou a República americana. Cada indivíduo deve ser livre para perseguir sua felicidade, sem invadir a liberdade do outro. Reparem que não há como um governo garantir a felicidade, mas apenas o direito de cada um buscar a sua, livre da coerção alheia. E notem também que nesse percurso, o direito de um não pode destruir o direito do outro. Essa valiosa lição é hoje amplamente ignorada, com governos prometendo cada vez mais, sem se importar que para dar algo a alguém, precisa antes tirar de outro.

Na sabedoria de homens como Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, construíram-se os pilares que criariam a nação mais próspera do mundo. Não há superioridade racial, não há fatores genéticos, não há maiores recursos naturais, não há sorte. Foram os princípios adotados por estes homens que possibilitaram um meio amigável ao progresso humano. Foi a liberdade individual que estimulou o empreendedorismo e a inovação. Foi o conceito de troca voluntária, básico do capitalismo, que permitiu tamanho avanço. Os Estados Unidos são o que são hoje por mérito de um modelo eficiente, justo e adequado à natureza humana. Infelizmente, até os americanos vêm se afastando do conceito original que tanto os distanciaram do resto do mundo. O Leviatã estatal tem crescido por lá, alimentando-se das liberdades individuais tão valiosas.

O pequeno texto da Declaração de Independência deveria ser relido com maior freqüência, pois seus ensinamentos são constantemente esquecidos num mundo onde idéias coletivistas entram cada vez mais em moda. Trocam o objetivo conceito de justiça pelo abstrato termo "justiça social", como se coubesse aos burocratas do governo decidir como configurar a sociedade, escravizando seu povo para isso. Ofuscam a liberdade individual em nome da visão coletivista, como se existisse um "interesse nacional" ou "bem público" que justificasse o sacrifício dos indivíduos.

A esperança é a última que morre. Mesmo que distante do ideal de liberdade individual e isonomia de tratamento, vários países adotaram a democracia ou ampliaram as liberdades individuais nos últimos séculos. Vamos continuar sonhando – e lutando – para que aquelas sábias palavras proferidas há mais de dois séculos tenham profundo impacto nos indivíduos. Hoje, dia 4 de Julho, o mundo todo deveria comemorar. Afinal, não se trata somente do aniversário de uma nação livre, mas sim da própria liberdade. Antes dos Estados Unidos, os países eram calcados em tradições coletivistas, sem foco na liberdade individual. Como defensor incansável da liberdade, fico muito feliz de ter nascido em 4 de Julho de 1976, exatamente dois séculos depois da independência americana.

15 comentários:

Anônimo disse...

Artigo simplesmente emocionante: uma síntese inspirada do pensamento do seu autor. Parabéns (nos dois sentidos da palavra)!

Anônimo disse...

Parabéns, Rodrigo!

Seus artigos são, todos os dias, merecedores desta agremiação.

Bons estudos!

Anônimo disse...

Olá Rodrigo

Sempre passo por aqui. Como sabe, adoro seus artigos.

Abraço!

Anônimo disse...

Rodrigo

Vi que vc está inserindo no Blog artigos seus já publicados mem outros espaços.

Não esqueça de "ROBSON CRUSOÉ E A LIBERDADE".

Abraço

Anônimo disse...

Caro Rodrigo,

Seu texto é, simplesmente, BRILHANTE! Parabéns pelo texto e pelo aniversário!

Anônimo disse...

Tocqueville neles!

Anônimo disse...

Mais um ótimo artigo. Parabéns.

Anônimo disse...

Artigo simplesmente genial.

Estas idéias precisam ser propagadas para mais pessoas.

Precisamos criar um Partido Liberal de verdade para levar estas idéias no plano político.

Parabéns pelo artigo e pelo aniversário.

Josuel
PS.: mais uma vez não consegui me logar

Blogildo disse...

Sorte sua, Rodrigo. Eu, infelizmente, nasci em 11 de setembro de 1970. Exatos 31 anos antes da derradeira humilhação ocidental. Chato isso...

Anônimo disse...

Guigui,

adoro seus textos... Esse em especial está fanstástico!

Bjos,
Marcia Massotti (Eco - PUC)

Anônimo disse...

Congratulações pelo excelente artigo e pelo aniversário.
(Obs. meio atrasado mas tá valendo)
Abs
C. Mouro

Rodrigo Constantino disse...

Obrigado a todos!

Anônimo disse...

A liberdade não precisa de defensores, não, fio...

Anônimo disse...

por q a liberdade n precisa de defensores? sem ela viveriamos em uma gigantesca cuba

Anônimo disse...

Rodrigo, liberdade não é apenas enxergar o mundo como ele é, é também fazer algo por ele e que sirva também para os nossos semelhantes, sem tirar nem por.