sexta-feira, abril 29, 2011

O fracasso de Keynes



Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal

O editorial do The Wall Street Journal de hoje faz a pergunta do ano. Em uma tradução livre: “Imagine se o presidente Obama tivesse apresentado seu estímulo original em fevereiro de 2009 com a promessa de que, 26 meses depois, o PIB estaria crescendo 1,8% ao ano e a taxa de desemprego estaria em 8,8%. Alguém pensa que ele teria passado?”

Pois é. Mas, à época, os keynesianos fizeram verdadeiro alarde de que, caso seus planos mirabolantes de estímulos não fossem adiante, os Estados Unidos não retomariam o crescimento e o desemprego poderia chegar a 10%. Dois anos e trilhões de dólares depois, eis que a economia apresenta crescimento pífio e desemprego próximo de 9%, sem falar da inflação crescente.

Claro que os keynesianos jamais vão admitir que podem estar errados. Eles preferem apelar para o argumento contrafactual, de que tudo estaria muito pior sem tais estímulos. Fica mais complicado refutar o famoso “e se”, não é mesmo? Mas o fato é que muitos alertaram para a ineficácia destas medidas, e anteciparam exatamente este resultado, que agora espanta os keynesianos. Os mais fanáticos deles, como Paul Krugman, acham que o problema é a falta de estímulos. O Fed e Washington estariam tímidos demais. Talvez o modelo de Zimbábue seja o ideal deles. Para quem tem apenas um martelo, tudo se parece com um prego.

Os Estados Unidos correm o risco de experimentar novamente uma era de estagflação. O próprio editorial do WSJ apresenta uma alternativa, comparando as medidas atuais com aquelas da era Reagan: cortar impostos, reduzir custo e incerteza regulatória, deixar o livre mercado alocar o capital sem tanta influência política, e focar a política monetária na estabilidade de preços em vez de redução do desemprego.

Duro é acreditar que a dupla Bernanke e Obama seria capaz de ir por este caminho mais racional. A lamentável verdade é que, a despeito do fracasso das idéias de Keynes na prática, há uma incrível persistência de suas teorias no “mainstream”. Como mostra o excelente vídeo “Luta do Século: Keynes vs Hayek Round Dois”, Keynes acaba sofrendo nocaute no ringue das idéias, mas o árbitro, mesmo assim, resolve dar a vitória intelectual a ele. Os jornalistas e aquilo que parece um grupo de banqueiros e políticos correm para congratulá-lo, enquanto Hayek recebe o cumprimento de acadêmicos. Keynes fracassou. Mas levou no tapetão!

Com um cenário desses, o dólar que se cuide, pois o ouro já passou de US$ 1.500 a onça...

4 comentários:

Anônimo disse...

Depois de muito tempo, a palavra estagflação retorna. E na maior economia do mundo, os EUA. Para a economia mundial, não é algo alvissareiro. Para a economia brasileira é um sinal vermelho. Isso, dado que as vulnerabilidades da economia nacional estão aumentando: juros em alta, R$ sobrevalorizado, inflação em alta, déficit em transações correntes. Ou seja, as âncoras cambial em monetária não estão debelando as pressões inflacionárias. Como a âncora fiscal já fora desarticulada, o que resta para enfrentar o risco de inflação mais alta e ter como virar o sinal negativo das contas correntes internacionais? Outro aspecto: a desindustrialização. Alertada há algum tempo, agora, já é constatada, notadamente, no setor de máquinas e equipamentos. Para que a produção seja afetada nos demais setores, pode não demorar tanto e o cerco da estagnação com inflação, pode se fechar.
Dawran Numida

Anônimo disse...

Eu posso pagar meus empregados com ouro? Posso comprar com ouro? Fazer empréstimos com ouro?
Bem que gostaria...

Anônimo disse...

Em relação ao real, o ouro continua na mesma. Sinal que não é ele a valorizar, mas o dólar a perder valor.

Anônimo disse...

Quem acredita que mais governo é a solução para todos os males, deveria também acreditar que o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa existem.
Afinal, sempre somos todos nós que pagamos a conta, mas quem leva o crédito das "boas ações e medidas que salvam o mercado" é o governo.

Diogo F.B.