quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Mais um capítulo da guerra cambial


Rodrigo Constantino

Mario Draghi, presidente do ECB, falou hoje que o euro forte está prejudicando a recuperação da região. A moeda cai 1% agora, como resultado. O discurso de Draghi já é, por sua vez, reação às medidas do Japão, que pretende desvalorizar o Yen para "ganhar competitividade". 

No Brasil, muitos keynesianos defendem uma moeda desvalorizada como política econômica. Hoje mesmo tem um desses artigos no Valor, do vice-presidente da Associação Keynesiana Brasileira, José Luis Oreiro. 

Em suma, são capítulos da "guerra cambial" que ocorre no mundo, com todos os governos pensando que é possível proteger seus mercados e economias apenas mexendo na moeda, sem fazer o dever de casa com reformas liberais. Doce ilusão! 

O resultado poderá ser uma nova escalada protecionista mundial e mais inflação. Por isso o ouro acaba sendo uma espécie de "porto seguro" nessa hora. Quem viver, verá. 

10 comentários:

O Postador disse...

Quando li "Associação Keynesiana Brasileira" pensei que fosse alguma piada.

Fiquei na dúvida e fui procurar no google e esse negócio existe!!!

Tem gosto pra tudo, comunismo, socialismo e também keynesianismo.
Deve ser muito triste ser um keynesiano e ficar pensando:

"Poxa, pra resolver todos os problemas econômicos do país é só apertar alguns
botões no computador e criar dinheiro do nada, o que nossos governantes estão esperando pra fazer nosso país decolar!!?? É tão fácil..."

Aff

Finanças Inteligentes disse...

Draghi ouviu as preces de Hollande, mas ele quer que o BCE faça alguma coisa para impedir a valorização do euro, coisa que a Alemanha não permite. O BCE não possui política cambial e não pode interferir no mercado tal como fazem BoJ, FED, BoE, etc.

O ANTIPETRALHA disse...

Eu não sou economista, mas eu penso que o que deve ser feito para melhorar a economia brasileira é um tanto óbvio. Qualquer dona de casa sabe disso. O estado gasta mais do que pode arrecadar. Tem de gastar menos e permitir que a sociedade produza riqueza. Uma carga tributária de cerca de 37% do PIB é inaceitável. Não precisa nem cortar os programas sociais. Pode até aumentá-los, desde que gaste menos com as inúmera inutilidades. Vamos a lista:

1) Eliminar Ministérios inúteis (como o da Pesca) e cortar pela metade a verba de alguns (como o da Cultura). Isto vale também para as esferas estaduais e municipais, que têm o mesmo vício.

2) Fazer uma Emenda Constitucional para diminuir pela metade o número de congressistas (513 Deputados e 81 Senadores só atrapalham o funcionamento do Congresso), diminuindo, assim, os gastos públicos.

3) Fazer uma Emenda Constitucional para diminuir o limite máximo de Vereadores e Deputados estaduais. Por exemplo, um Município de 15.000 habitantes não precisa de 9 Vereadores. 3 pessoas podem decidir muito bem se a praça da cidade precisa ser reformada ou não.

4) Dado o caráter absolutamente cívico do agente político, criar uma Emenda Constitucional para que todos que ocupam cargos por votação popular recebam no máximo 20 salários mínimos mensais, sem nenhuma espécie de valor extra. Isto também contribuiria para afastar aqueles que se interessam pelos altos salários pagos, e não pelas funções republicanas.

5) Diminuir em 90% os cargos comissionados nos âmbitos municipais, estaduais e federal, porque na maioria das vezes o servidor concursado pode muito bem exercer a função sem que a Administração Pública tenha de ampliar o quadro de servidores.

Evidentemente, se estas medidas fossem aplicadas, contrariariam a ordem de parasitas instaladas no poder, razão pela qual somente uma mobilização popular pode modificar as coisas. Mas, dadas as circunstâncias atuais, isto não me parece factível.

http://oantipetralha.blogspot.com.br/

O ANTIPETRALHA.

Anônimo disse...

Prezado,

acredito que vc nao tenha escutado o discurso ou que foi mal informado a respeito dele. O Draghi disse que o euro forte eh um sinal do retorno da confianca a zona do euro e que a taxa atual ainda esta proximo da media de longo prazo. Sua preocupacao com o cambio forte eh que afete seu cenario inflacionario (o ECB ja tem uma previsao de inflacao mto baixa pra 2014), nao esta preocupado com o nivel do cambio e sim com o ritmo com que ele aprecia. Fora isso reafirmou que o ECB nao trabalha com um target para a taxa de cambio. O euro caiu pq o mercado tinha a expectativa de que ele viesse um pouco mais hawk, como a moeda ja tinha andado bastante eh natural o pessoal botar um pouco no bolso. Cuidado ai qdo escrever sobre temas que vc nao conhece mto a fundo. Forte abraco.

Rodrigo Constantino disse...

Não costumo responder anônimos, mas trabalho com mercado financeiro desde 1997, incluindo o internacional. Será que eu realmente não sei do que estou falando? Tenho um vídeo no YouTube explicando a crise do euro, por exemplo. Sugiro que dê uma olhada.

CLARO que a fala do Draghi foi uma resposta ao Japão e à recente valorização excessiva do euro, e ele tentou administrar isso no gogó; aliás, como todos estão tentando fazer. Vivemos uma currency war. Ninguém quer ver sua moeda valorizando muito. É o mundo atual, muito perigoso.

Abraços

Anônimo disse...

vc comeca seu texto com
"Mario Draghi, presidente do ECB, falou hoje que o euro forte está prejudicando a recuperação da região. A moeda cai 1% agora, como resultado"

Vc pode ter 30 anos de mercado mas isso que voce falou esta errado, eh uma questao de interpretacao de texto e um musico que nao sabe o que eh a taxa selic poderia igualmente atestar que esta errado se ele tivesse lido o discurso. Bom carnaval

BTW, prazer, Fabian Nafteux

Anônimo disse...

segue a parte do Q&A

Question: Two questions, Mr Draghi. There have been reports in the media in the past hour that the ECB has reached a deal on Anglo Irish Bank and I was wondering whether you could confirm that and whether you could provide us with details of the agreement?

And the second question I have is concerning the euro. I am wondering how concerned you are about the recent appreciation of the currency and how much of a risk that poses to the economic recovery that you are predicting? And related to that, I heard you have changed your language on the recovery. You said that you expected it later in 2013, whereas you said “in the second half” on previous occasions, so I am just wondering does “later in the year” mean it could be earlier than the second half or could it mean very late in 2013?

Draghi: Are you asking “at what time”? To say at what time is too hard; I cannot answer that.

But on Ireland, let me say this: there was not a decision to take. The Governing Council unanimously took note of the Irish operation and I am going to refer you to the Irish government and the Irish central bank for the details of this operation, which was designed and undertaken by the Irish government and the Irish central bank. I can only say today that we took note of this. We all took note of this.

On the exchange rate, the first thing is that the appreciation is, in a sense, a sign of the return of confidence in the euro. But net of the return of confidence, exchange rates should reflect fundamentals and, by and large, both the nominal and the real effective exchange rates are at or around their long-term averages. However, as I said last time, the exchange rate is not a policy target, but it is important for growth and price stability, and we will certainly want to see whether the appreciation is sustained and will alter our risk assessment as far as price stability is concerned. In any event, next month we will have the new projections. In the meantime, we will maintain our accommodative monetary policy stance and closely monitor money market developments. ***Essa ultima frase que fez mais preco no euro. Nao eh uma questao de guerra cambial, o que uma autoridade monetaria pode fazer para estimular uma economia e manter sua politica monetaria bastante acomodativa e eh o que ele esta fazendo.***

Rodrigo Constantino disse...

Deu no Valor:

O euro voltou a cair na comparação com o dólar e o iene ontem, depois que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse que a taxa de câmbio da moeda única europeia é importante para o crescimento e a estabilidade dos preços. Os investidores tomaram isso como um sinal de que o BCE está preocupado com o avanço recente do euro.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/financas/3000324/euro-perde-forca-apos-discurso-de-draghi#ixzz2KJuB4vsQ

Anônimo disse...

"Sua preocupacao com o cambio forte eh que afete seu cenario inflacionario "

Cambio forte reduz a inflação. Draghi se preocupa com deflaçao?

Anônimo disse...

O Antipetralha, sugiro mudar apenas o corte de verbas para o Legislativo. Corte metade dos salários, não metade do pessoal. Assim concentra-se menos poder nas mãos de poucos.