Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
quinta-feira, setembro 24, 2009
Hipocrisia da Esquerda
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O presidente venezuelano Hugo Chávez afirmou que “sabia de tudo” sobre a volta do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ao país, e ainda disse ter ajudado a “despistar” as autoridades sobre o paradeiro de Zelaya. O governo brasileiro nega ter participado da operação de retorno de Zelaya, mas parece extrema ingenuidade crer que ele simplesmente se “materializou” na embaixada brasileira, junto com outras setenta pessoas. Sem falar que Zelaya esteve no Brasil conversando com o presidente Lula pouco antes. Além disso, a embaixada não ofereceu asilo, e sim “abrigo”, tornando-se um palco para discursos políticos de Zelaya.
Tudo isso já seria bastante estranho do ponto de vista do direito internacional e da diplomacia entre nações. Mas eu gostaria de focar no aspecto da incoerência dos discursos e atos dos próprios líderes de esquerda da América Latina. Afinal, são esses mesmos presidentes – Chávez e Lula – que costumam acusar o governo americano, não sem razão, de atos “imperialistas” quando este se mete indevidamente em assuntos locais dos países latino-americanos. Por que quando o governo americano se mete nos assuntos de outros países se trata de “imperialismo”, mas quando o governo venezuelano se mete, trata-se de uma “luta pela democracia”?
O uso de dois pesos e duas medidas também costuma ser chamado de hipocrisia. É quando alguém utiliza critérios diferenciados para julgar coisas distintas, na tentativa de sempre condenar o que não gosta e proteger seus aliados ou interesses. Por exemplo, quando aquele que abraça uma cruzada pela “democracia” é o mesmo que defende o regime cubano, a mais duradoura ditadura do continente. Ou quando aquele que culpa o embargo americano a Cuba por sua miséria é o mesmo que condena a globalização e chama o comércio com os americanos de “exploração”.
Tanta incoerência, tanta contradição, possui apenas uma explicação. Esses líderes esquerdistas não estão preocupados com princípios isonômicos ou com a honestidade intelectual, e sim com a única coisa que eles almejam: o poder! Para esta finalidade, eles parecem dispostos a aceitar quaisquer meios. A escancarada hipocrisia é apenas mais um desses meios utilizados para a conquista plena do poder.
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41 comentários:
Meu medo é que o mundo demore demais a enfrentar o Chavez, da mesma forma que foi complacente com Hitler, e que os resultados sejam os mesmos.
A semelhança entre os dois é enorme. É uma pena que tão poucos percebam-na.
"É quando alguém utiliza critérios diferenciados para julgar coisas distintas,"
Não seria: "coisas iguais" no final?
abr.
Agora podemos participar em conjunto de um mesmo espaço, para troca de idéias, exposição de textos, fotos e vídeos.
Mas não é um espaço qualquer, porque tem um objetivo definido: uma ação conjunta para BRIGAR CONTRA ESSA CORRUPÇÃO ASQUEROSA E INSUPORTÁVEL.
Se visitar o blog
http://bravagentebrasileira.ning.com/ vai perceber o início de uma reação.
Sozinhos sempre vamos reclamar sem conseguir coisa alguma, mas juntos teremos força. Precisamos de muita gente e muitas idéias. É só se cadastrar e participar ou, pelo menos, divulgar.
Contamos com você, Ju
Falou tudo
Olá Rodrigo, tudo bem?
Eventualmente, nas aulas da faculdade alguns professores marxistas (a maioria) demonstram orgulhosos que a "socialização européia" é um indício de que o capitalismo "puro" não prosperou nesses países (citam finlândia, suécia, suíça, frança, etc), e que hoje o que predomina nesses países é o estado do bem estar social (keynesianismo), ampliado e eficiente.
Você ou qualquer outra pessoa tem uma boa dica de leitura pra me recomendar quanto ao tema? Gostaria de algo que me embasasse nas refutações desse tipo de argumento utilizado pelos professores militantes esquerditas, mas confesso que ando tendo dificuldades.
Obrigadão.
PS: os textos estão ótimos.
Cleomilton Filho
cleofilho@hotmail.com
Miltinho, com todo respeito à sua sinceridade, peço licença para fazer um comentário: se a sua necessidade de refutar vem antes da fundamentação, questione também isso. Se você tem dificuldades para contestar uma evidência, algo lhe diz que você pode estar certo, mas, procure também ver se as evidências possuem base de sustentação. Bom dia.
Olá Everardo,
agradeço seu comentário.
Na realidade, a refutação não viria por "fundamentação" de minha parte, mas no sentido de demonstrar as possíveis outras nuances existentes quanto às afirmações simplistas dos professores de que o Estado resolve tudo.
Realmente, do jeito que escrevi pareceu, equivocadamente, que eu estaria tão-somente buscando a refutação ilógica e cega...mas não é isso. Acontece que tentei buscar uma leitura mais liberal para o que ocorreu na Europa, mas só encontro autores ou intelectuais de esquerda...
Daí na faculdade (Ciências Sociais - já viu, né?), citam uma penca de autores marxistas para explicar o "fenômeno de socialização em alguns países europeus". Assim, é formada mais uma leva de cientistas sociais antiamericanos e admiradores do Estado, Gramsci, Chomsky etc, etc, etc...
Bem, espero ter me explicado melhor.
Um abraço.
Miltinho..
Leia Ludwig Mises. Comece pelas "seis lições". Um livrinho bem fácil de ler e objetivo. Mas há outros dele, inclusive um cujo objetivo é criticar o socialismo com isenção, sem apelar para falácias ideológicas.Sem falar no clássico "Ação humana" (livro de fôlego)
Leia também o Murray Rothbard, Hayek (Caminho da servidão) e Milton Friedman.
Acho que com esses caras vc consegue estabelecer um bom debate e acabar com os argumentos marxistas, restando aos mesmos apenas falácias ideológicas. Mas de racional mesmo, nadica de nada.
Realmente, Miltinho, o modelo do chamado "Estado Contratual" é hegemônico. Entretanto, o que se mostra,na prática, é um estado do qual ninguém escapa, ficando difícil uma alternativa. As que se apresentam, eu considero pior do que a existente, mas é só o meu pensamento. Infelizmente, há pensamentos que reduzem tudo a uma mera questão ideológica, de opção marxista. Mas eu considero que isso transcende essa questão maniqueísta, de vencer embates, de liquidar o oponente. Desconfio dessas tiradas. (Aliás, se o capitalismo é hegemônico e esse modelo é o mais adequado ao capitalismo, temos um bom motivo para questionar a validade de alguns argumentos anarco-capitalistas...)
Strafrechtswissenschaft,
brigadão pelas dicas... já conheço Mises, Friedman e Hayek, entretanto, devo confessar que nunca li o Rothbard. De qualquer forma, agradeço pelas sugestões, mas buscava algo mais específico mesmo...encontrei algumas coisa em Richard Pipes e Revel. Também vou retomar os estudos dos clássicos que você mencionou.
Valeu.
Everardo,
concordo plenamente.
Abraço.
Uma assutno no qual poucos tocam é o grande aumento da criminalidade na Suécia (não tenho informações específicas sobre os outros países nordicos) e na inglaterra, em tempos recentes.
Mas, respondendo ao Miltinho, o uso desses países como argumento pelos marxistas, é um tiro no próprio pé. Porque tais países tem um sistema intermediário, com empresas privadas ao mesmo tempo que tem um governo intervencionista. Entretanto, se o grau de bem estar do povo fosse diretamente proporcional à intervencão estatal na economia, a situação dos países realmente socialistas seria ainda bem melhor que a dos países nórdicos. Mas isso é o contrário do que acontece. As pessoas que viveram sob regimes socialistas, principalmente no leste europeu, narram uma situação de vida infernal, seja pela perseguição terrível da polícia política à população (veja o depoimento do próprio Jorge Amado, que na época em que viveu lá era membro do partido comunista brasileiro, e o depoimento de muitas outra pessoas), seja pela falta de meios básicos de subsustência.
Portanto, pergunte a seus professores o motivo de os países com meio capitalismo e meio socialismo serem tão absolutamente melhores que os com socialismo inteiro.
Segundo ponto: comparando sistemas predominantemente socialistas com sistemas predominantemente capitalistas, a situação da população nesses últimos era muito superior. Veja terríveis fomes que existiram na China, na Ucrânia e no Camboja, sem ocorrência de desastres naturais. E mesmo fora desses eventos, o estado natural dessas sociedades era de forte desabastecimento. Ainda hoje, a Coreia do Norte não sobreviveria sem fornecimento gratuito de alimentos vindos das das nações ocidentais.
Quanto ao conceito de intervencionismo estatal, se não nos atermos apenas à cobrança de impostos, veremos outras formas de intervenção pesada através, por exemplo, de empresas controladas por sindicatos e fundos de pensão, que nominalmente são privadas, mas fazem parte do aparelho esquerdista, através de controles indiretos. Neste sentido, a intervenção governamental nórdica talvez não seja maior que a de muitos países, apenas diferente. Possivelmente, os impostos cobrados nos países nórdicos são um freio menor ao desenvolvimento econômico, que o conjunto de (impostos)+(intervenção estatal)+(corrupção estatal)+(burocracia estatal)+(juros altos determinados pelo estado), que se vê em muitos países (Brasil, por exemplo).
E, último ponto: O comportamento do povo nórdico. Se no Brasil fosse cobrado tanto imposto como nos países nórdicos (e não deve estar muito longe), pode ter certeza que a mais dinheiro seria roubado.
Há um filósofo político bom de se ler, embora leve umas porradas do Rothbard, chamado Robert Nozick. Lembrei disso por conta do "Estado Contratual" mencionado...
As críticas dos liberais verdadeiros ao socialismo são totalmente isentas de ideologia. O Mises é o maior exemplo disso. Já os socialistas, o máximo que conseguem argumentar, depois de algum tempo debatendo, é: ahh mas o capitalismo é mau e as pessoas são gananciosas. Como se as pessoas do socialismo fossem muito diferentes.
A Suécia, há muito tempo, costumava ter um Estado próximo do mínimo...mas foi progressivamente aumentando o tamanho do Estado, de modo que há uma decáda estiveram em maus bocados. Tiveram de reduzir um pouco o tamanho do estado, mas continuam intervencionistas como 95% do mundo.
Se você souber ler em alemão, embora eu ache que existem algumas coisas traduzidas dele, tem o Hans Hermann Hoppe também. O que é até curioso. Um autor libertário num país cuja história é de forte intervenção estatal.
Aprendiz, acredito que quando alguém cite a Suécia ou a Noruega, bao significa acreditar que exista uma relação linear entre intervencionismo e bem estar.
Ao contrário, o que se defende é que exista uma relação com a "cara" de uma parábola invertida, ou um trecho de uma. Esses países são citados para contrariar a teoria de que exista uma relação linear entre liberalismo e bem estar pois, caso tal relação existisse, os países mais liberais teriam, ceteris paribus, maior bem estar que os menos liberais.
O bacana de falar de países nórdicos é que eles são tão conhecidos e famosos como as micro ilhas do pacífico, com um diferencial bem aconchegante: lá no inverno há uma limpeza social para quem não tiver o mínimo de sobrevivência e ainda assim morrem. Os EUA tem uma população de 250 milhões e uma mídia capaz de enxergar e divulgar em escala global até os piolhos de Obama. A Suécia tem 8,8 e uma mídia mal lida até dentro daquele tedioso país. Isso pode não explicar tudo, mas explica a percepção. Exemplos práticos, reais, próximos e circunscritos são bem mais interessantes e eficientes, para quem procura, do que a ficção acadêmica.
Adamos
No contexto em que o colega colocou as coisas, parece que os professores dele estavam sim argumentando que o socialismo é melhor que a liberdade de mercado. Parece um contrasenso que tenham argumentado assim, visto que o próprio exemplo dado por eles não confirma o que eles defendem, mas quem conhece socialistas sabe do que eles são capazes.
Mas volto ao ponto, Adamos. fiquei muito impressionado quando ví que o próprio Adam Smith dava imensa importância ao arranjo institucional do país e à independência dos legisladores em relação aos interesses particulares, e não só aos impostos, como fazem muitos liberais hoje em dia. Possivelmente, ele consideraria que as instituições de muitos países seriam mais prejudiciais à prosperidade do povo do que o que os a diferença entre os impostos cobrados nesses países e nos países nórdicos.
Mas há um outro assunto que gostaria de colocar: Até que ponto o bem estar social precisa ser obra de um governo central? Vou colocar isso em outros comentários.
Miltinho,
Leia a "Teoria sobre o socialismo e o capitalismo", do professor Hans Herman Hoppe (tem um link para o download da obra em português no meu blog).
E já que estamos no blog do Constantino, aproveite para ler "O Vale das Quimeras", "A Bomba-Relógio do Welfare State" e "Os Riscos do Welfare State".
Ah... Não deixe de ler "A Suécia depois do modelo sueco", do Mauricio Rojas: http://www.institutoliberal.org.br/produto.asp?ProdId=131
Muita gente não conseque escapar da armadilha maniqueísta. Quando se tenta provar que a não intervenção resolve o problema do desenvolvimento, citando como exemplo os países nórdicos, não se está dizendo que a intervenção resolve. O Aprendiz não se livra da questão do "bem" e do "mau". Mantém um modelo de vala comum chamado comunismo para lá depositar tudo o que não está alinhado às suas idéias reacionárias.
Pessoal, agradeço a contribuição de todos, especialmente as dicas do Thiago.
Todavia, uma coisa há de ser reconhecida. Como bem lembrou o Gabriel, os países nórdicos acabam sendo tão conhecidos quanto "as micro ilhas do Pacífico", ainda mais quando citados por muito professores esquerdistas diante de uma platéia de jovens embasbacados pelas maravilhas do Estado na Suécia.
Daí a grande conclusão dos esquerdistas atuais (os ditos mais modernos): o Estado nesses países deu certo. É uma questão de tempo dar certo aqui também. Daí vão jogando todo aquele lixo em cima da gente: Gramsci, Sader, Chauí...(e mais uma lvea de "neomarxistas").
Enfim, a idéia central a qual eu buscava chegar é a seguinte: se, como disse Reagan (e estou certo que a maioria de nós aqui também acredita nisso), o Estado é o problema, como explicar de uma maneira coerente o "sucesso" de um Estado gigante nos países nórdicos? Países onde, embora a economia de mercado esteja consolidada, convive harmonicamente com o a "ameaça" do Welfare State?
Se o Estado corrompe, torna ineficiente, malogra o mérito, vicia...Por que ele deu certo lá? A ponto de os cidadão suecos destinarem mais da metade de seus rendimentos à Administração Pública (que é de ninguém)?
Daí, uma coisa ainda me deixa mais confuso. Como disse o Aprendiz, existe a questão do comportamento nórdico, de uma cultura que, reconheçamos, é superior à latino-americana. Se eles são mais desenvolvidos econômico e socialmente, e o Estado lá funciona em termos quase absolutos, é porque devemos alcançá-los.
Sendo assim, a corrupção e o jeitinho brasileiro seriam os únicos culpados pela malversação do que é público e, nesse sentido, o problema não estaria no sistema coletivo e socializante, mas no "egoísmo", "soberba" e "ambição" do homem (individual)...
Mas quando chegarmos ao estágio de "consciência social" de alguns países da europa...
Vocês estão entendendo onde quero chegar?
É cada vez mais frequente esse tipo de argumento por parte dos esquerdistas, especialmente a "intelectuália" acadêmca...que resolve os problemas do mundo com um vinho barato e uma pitadinha...
Um professor, inclusive, altamente esquerdopata, chegou a passar um documentário uma vez sobre as benesses e a felicidade de um paíes como a Suécia onde o estado está "presente em toda vida do cidadão".
Bem, desculpem a delonga, mas é que estou fazendo meu trabalho de monografia sobre o processo de doutrinação marxista nas universidades, essencialmente na Universidade Federal do Acre (onde estudei) em cursos como ciências sociais, história, geografia, filosofia...
Agradeço novamente as dicas de leitura. O caminho era esse mesmo...
Abraço a todos.
Miltinho,
Eu escrevi um texto sobre este assunto que pode responder as suas perguntas. Se estiver interessado em lê-lo, por favor, deixe o seu email (o texto fico muito extenso para ser postado aqui).
Abraços
Valeu, Thiago!
cleofilho@hotmail.com
Miltinho, essa sua visão é "evolucionista". Esse é o lado fundamental do marxismo do qual discordo. A comparação de duas sociedades para indicar a "mais evoluída", significando que é pará lá que temos que ir, é uma visão ultrapassadíssima. É a mesma que a direita usa para chmar os índios de indigentes. Mas, é a sua visão, e eu respeito. Mas, não se pode, em uma discussão séria, citar filófos e pensadores, pessoas que, com o seu pensamento e suas obras, mudaram conceitos e paradigmas, incluir Ronald Reagan. Esse é, precisamente, aquilo que representa o início da decadência do império americano. Um desastrado cow boy que a história deveria esquecer.
Existe algum email por meio do qual possa mandar um comentário mais extenso ao seu artigo na Banco de Idéias?
Obrigado,
Tibiriçá Ramaglio
tibiramaglio@gmail.com
Everardo, discordo de você.
Não vejo nada de errado na minha visão "evolucionista". Muito pelo contrário, o evolucionismo biológico, na minha opinião, é, inclusive, um dos motivos pelos quais a lógica do capitalismo, da propriedade privada e da liberdade individual deu tão certo na sociedade atual. A leitura de "O gente egoísta" do Dawkins é esclarecedor nesse sentido.
A idéia de uma lógica, uma ordem intrínseca à condição humana, a constância indispensável à evolução das espécies - tudo isso foi fundamental à condição humana.
De uma certa forma, não vejo como analisar social e culturalmente uma sociedade sem vislumbrar a necessidade de se estudar, paralelamente, a biologia, ou as ciências naturais como um todo.
Não comungo com sua idéia de relativismo, e não considero que isso seja atrasado. Existem sociedades mais desenvolvidas e melhores que outras? Absolutamente que sim. Ou você vai me dizer que não? Que depende...que não é bem assim, que é preciso analisar toda a conjuntura social etc etc etc?
O capitalismo é o sistema que mais se aproxima dos anseios e da natureza humana.
O marxismo é absolutamente o contrário de tudo isso, ao pregar a socialização e comunhão de bens por algum ímpeto advindo da bondade do novo homem moldado ideologicamente, muito mais a ver com idéias do cristianismo puro.
A evolução não significa necessariamente "evolução" no sentido leigo, mas em adaptação àquilo que está posto. É mais ou menos o amor fati do Nietzsche, entende?
O capitalismo reconhece a condição humana e não pretende mudá-la, como prtende o socialismo, mas tão somente aceitá-la, impondo uma certa "ordem" a qual possibilita plenamente a vida em sociedade - o mercado.
Mas esse é um assunto longo...
Abraço.
A evolução, Miltinho, pressupõe a sobrevivência do mais forte e o determinismo. O capitalismo utiliza suas matrizes de pensamento, pressupondo que isso "é natural". A concorrência e a concentração de recursos fazem parte dessa lógica, daí porque, nesse sistema, sempre haverá pobres (muitos) e ricos (poucos). Essa mesma lógica tenta justificar a tal "meritocracia" do ponto de vista da capacidade de acumulação. Se essa lógica funciona nas leis naturais (tão enfatizadas no positivismo), não funcionam nas leis sociais em geral, que não são causais. A reboque desse modelo de pensamento, está a dominação do homem pelo homem e da natureza pelo homem, que não resolveram o problema da fome nem da destruição do ambiente natural. Se você acha que o mundo capitalista nada tem a ver com a miséria no mundo (2/3 da humanidade), mas apenas com a fortuna de alguns (2% da humanidade), isso é uma problema que deve ser estudado. O chamado "mercado" simboliza tudo isso, incorpora, em um só fôlego, todas as mazelas.
Vixi, Everardo.
1º - Você deturpa os conceitos de evolução, colocando-a na vala comum e nos conceitos clichês utilizados por professores do ensino médio. Evolução não pressupõe a sobrevivência do mais forte. Esse pensamento é completamente estereotipado. Darwin nunca usou a expressão "forte" no sentido que você colocou. A evolução pressupõe, sim, ADAPTATIBILIDADE, mutação e constância. Leia a Evolução das Espécies que você entenderá.
2º - Nunca foi objetivo do capitalismo "acabar com a pobreza do mundo" ou tornar todos iguais. Muito pelo contrário. Esse era o objetivo do socialismo, que ceifou a vida de mais de 100 milhões de pessoas na Ucrânia, no Camboja, na URSS, em Cuba, na Coréia do Norte, Vietnã...
3º - Num país que segue os princípios do capitalismo e defende a economia de mercado, um homem só morre de fome se ele quiser.
3º - A economia de mercado e a produção em larga escala foi o que propiciou ao "pobre" poder comprar um quilo de frango a R$ 3,00, e alimentar-se mesmo com alguma dificuldade ou escasso recurso financeiro.
4º - Quer você queira, quer não, o capitalismo melhorou, incontestavelmente, a vida da população mundial em geral.
5º - O Estado não gera riqueza. As empresas e o trabalho, sim.
6º - Seu discuso é vazio e repleto de chavões esquerdistas.
7º - O capitalismo pode não acabar com a pobreza (e nem é o seu objetivo precípuo), mas foi, e é, o único sistema que, até agora, e apesar dos pesar, funcionou.
8º - Pobreza e mortos de fome você pode conferir nos países que foram socialistas, bem como nos que ainda dizem ser, como Cuba e países africanos.
Enfim, meu caro...agora fiquei triste com suas colocações. hehe ;)
Um abraço
Miltinho,
Meus parabéns! Não tenho absolutamente nada a acrescentar.
Você recebeu o email que eu lhe enviei?
Abraços
Everardo,
Analise atentamente o índice anual de liberdade econômica publicado pela Heritage Foundation. Você irá constatar que os países com indicadores maiores de liberdade econômica - e capitalismo - possuem uma renda per capita N vezes maior do que aqueles que aderiram ao marxismo e ao keynesianismo. Essa é a comprovação empírica de que quanto maior a adesão de uma nação ao capitalismo, maior é renda dos seus cidadãos.
A propósito: a tese de que a riqueza é como um bolo a espera de alguém que o reparta, já foi devidamente refutada por diversos economistas (leia a crítica de Eugene Bohm-Bawerk ao socialismo e tire suas próprias conclusões).
Já faz muito tempo que nós, liberais, deixamos de trabalhar com a ideia de que toda renda não advinda do trabalho (aluguel, juro e lucro) envolve injustiça econômica.
Thiago/Miltinho,
Conforme eu já mostrei aqui, com dados, não com opiniões pessoais e superficiais, não existe correlação entre minimização do Estado e IDH. Na verdade, dentro do conjunto que eu escolhi analisar - a união europeia - o que os dados mostraram foi uma pequena correlação entre aumento do Estado e IDH. Entretanto, conforme frisei na época, correlação não significa causalidade. Nós não podemos nos rebaixar ao nível de quem argumenta "o país A faz X, o país B faz Y. Como o país A é melhor que B, X é melhor que Y". Esse tipo de análise, típica de quem é analfabeto em economia, não deveria sequer aparecer em qualquer discussão de alto nível.
Quanto ao evolucionismo, eu tenho um comentário que eu acho que deve ser pensado. No ínicio da humanidade, o Estado não existia. Vivia-se em um anarco-capitalismo de facto. Gradualmente, todas as comunidades do planeta tranfornaram-se em sociedades com algum tipo de Estado. Tratando a existência do Estado como um gene - ou meme - que apareceu como uma mutação na piscina genética das comunidades antigas, não poderíamos dizer que a existência de Estado é uma Estratégia Evolutiva "melhor" do que a ausência de Estado?
Pergunto isso pois, fosse a ausência de Estado a estratégia evolutiva mais eficiente, a mutação em questão - o surgimento do Estado - não teria conseguido evoluir a ponto de se tornar dominante. O que vocês acham?
Miltinho, veja se você não se equivocou. Adaptabilidade e mutação não se referem às leis de Darwin. A de Darwin é a seleção natural.
Adamos,
O que não deveria haver em uma discussão de alto nível são argumentos inconsistentes como os que você apresentou agora há pouco.
Já está mais do que provado que os países que aderiram ao liberalismo econômico se tornaram mais prósperos do que aqueles que permaneceram aferrados ao keynesianismo. A Coréia do Sul é um país rico, ao passo que a sua vizinha, a Coréia do Norte, é um grotão miserável, uma espécie de caricatura oriental da Rússia de Stálin. A antiga Alemanha Ocidental tinha um padrão de vida altíssimo e seus cidadãos viviam em pleno gozo das liberdades civis e políticas, ao passo que a sua irmã, a Alemanha Oriental, era uma verdadeira prisão. Até mesmo a União Soviética, que era, supostamente, o país socialista mais rico, possuía um padrão de vida bem inferior ao dos EUA. Mas o que diferencia esses dois modelos econômicos? É simples! Os regimes de inspiração socialista raramente produzem riqueza e quando o fazem, concentram-na em favor do Estado. Os países capitalistas, por outro lado, tem como princípios básicos a liberdade e a defesa dos indivíduos. Mas é claro, a sua viseira ideológica não permitirá que você enxergue o óbvio contido nesta afirmação.
Everado,
O Miltinho não se equivocou. Em "A Origem das Espécies", Darwin afirma que a evolução das espécies e o resultado prático de um processo de descendência com modificação (mutações), onde os organismos vivos se adaptam gradualmente através da seleção natural.
Esse papo de "sobrevivência do mais forte", surgiu uns dez anos depois da públicação da "Origem das Espécies". O termo foi cunhado por Herbert Spencer e está mais para uma metáfora do que para um senteça propriamente dita.
Thiago, se vamos por esse caminho, também temos que nos lembrar que o país com crescimento de PIB mais alto da última década é um país com pouquíssima democracia e um Estado que tem fortíssima influência sobre a Economia, né?
Estou falando da China. Mas também poderia falar dos EUA ou do Japão, que possuem enormes gastos estatais em áreas estratégicas, como P&D. Você citou a Coréia do Sul. Esse é outro exemplo de país que se desenvolveu com forte participação do Estado na economia, Estado esse que atuou como "incentivador". O Banco de Desenvolvimento da Coreia do Sul teve um papel central na transformação do país no que ele é hoje.
Você fala da minha "viseira" ideológica. Deve achar que eu sou um comunista como o Everardo. É uma pena... mais um que caiu na generalização do Rodrigo de que todo mundo que não é anarco-capitalista é comunista.
Pois é Thiago Nogueira, a mutação direcioada à adaptação não existe e Darwin nunca a admitiu. A seleção natural é a consequência do que restou. Os sobreviventes transferem aos seus descendentes os seus caracteres genéticos, mas não com a "intenção" de preservá-lo. Na maioria dos casos, não há seleção, simplesmente porque ninguém sobreviveu. Quanto à lei do mais forte, jamais isso foi confundido com "força física". Essa idiodice não foi produzida por mim. Como você disse, é uma metáfora. Expressa a predominância de um sobre os outros. (Socialmente, pode ser até a cor da pele, a herança patrimonial, no conceito nazista que a direita defende).
Everardo disse: "...no conceito nazista que a direita defende".
Pelo que vejo, Hannah Arendt (de formação marxista) e o profº Richard Pipes nunca passaram por suas mãos, Everardo. Você confunde tudo e mistura conceitos na defesa do comunismo.
Se você tivesse lido qualquer coisa mais elaborada, saberia que comunismo, nazismo e fascismo partem das mesmas origens. Portanto, se há alguma corrente de pensamento que se assemelha, "defende" ou parte dos mesmos princípios nazi-fascistas, esse pensamento é comunista.
Infelizes colocações as suas.
Thiago, recebi e respondi seu e-mail. Muito bom. Obrigadão mesmo.
Acho pertinentes as indagações do Adamos, exceto a sua equivocada ideia de que seria analfabeto em economia aquele que faz comparações entre países, transformando, portanto, todos os economistas do mundo, sem exceção, em ignorantes, uma vez todos fizeram comparações e correlações entre as ações econômicas tomadas pelas diferentes nações.
Não acredito na supressão total do Estado, mas na necessidade de sua minimização, ao ponto de atuar tão somente como "fiscalizador", a fim de evitar abusos e promover a pluralidade de idéias. Quanto menos o Estado aparecer, melhor.
O Anarco-capitalismo não me apraz, me cheira a idealismo tanto quanto o anarquismo de esquerda. Comungo dos ideais do liberalismo clássico, absolutamente aplicáveis, os quais fundamentam o capitalismo: intervenção mínima, economia de mercado, propriedade e liberdade.
Adamos,
A China é um caso bastante peculiar. No inicio da era Deng Xiaoping, o governo chinês implementou algumas reformas que distanciaram o país do modelo comunista e aproximaram-no do capitalismo. O governo privatizou inúmeras empresas, reconheceu o direito à propriedade, abriu as portas para os investidores estrangeiros e deixou de ver o lucro com maus-olhos. Claro que a China ainda está longe de ser um ícone do capitalismo. A alocação de recursos é ineficiente e a ausência de liberdade econômica tolhe a criatividade empresarial, mas já podemos dizer que algo está mudando e propiciando este crescimento.
Só para você ter uma ideia, de 1998 para cá a participação estatal na economia caiu quase 40%. O ganho anual médio na indústria chega a US$ 3.000, enquanto na agricultura corresponde a 10% desse valor. A parcela de manufaturados no total do PIB vem aumentando, hoje já em 32%. Do total mundial, a China já responde por quase 10% da produção de manufaturados, contra algo perto de 1% em 1950. A produção de veículos saiu de 2 milhões em 2000 para mais de 5 milhões em 2004.
Enfim, a economia chinesa está deixando de ser essencialmente agrícola e se industrializando. Um processo que só se tornou possível graças as multinacionais “exploradoras”. Aliás, tenho motivos para crer que os chineses agradecem a “exploração”. De 2001 para cá, aproximadamente 10 milhões de chineses foram contratados por empresas estrangeiras, que pagam salários maiores que a média local.
Há alguns anos o Rodrigo escreveu um texto sobre a economia chinesa e mencionou uma pesquisa, realizada pelo instituto Gallup, que mostrava o verdadeiro “grande salto” chinês. De 1994 para 2004, a proporção de casas com aparelho de TV colorida dobrou, para 82%. O total de casas com refrigerador saiu de 25% para 41% no mesmo período. Eram apenas 3% das casas com microondas em 1994, comparado a 18% em 2004. A quantidade de casas com telefone saltou de 10% para 63%. Em termos de computadores, o salto foi de 2% para 13%, ainda que o governo controle o conteúdo. O investimento direto na China tem sido cerca de US$ 50 bilhões por ano. O superávit comercial ultrapassou os US$ 100 bilhões. Empresas como Nokia, Ericsson e Phillips já contam com 10% da receita provenientes da China. O país acumulou mais de US$ 1 trilhão em reservas internacionais, passando o Japão e atingindo o primeiro lugar no mundo. A China é o maior comprador na margem das principais commodities industriais.
Apesar desse crescimento extraordinário, a maior parte da população chinesa continua vivendo a beira da miséria. O país ocupa a 104 posição no ranking de países por GDP (nominal), com ridículos U$ 3,180. O IDH é baixo, se comparado ao de outros países com produto interno bruto semelhante e se não fosse pela força de trabalho colossal (mais de 800 milhões de pessoas trabalhando), tenho certeza que o país não teria chegado aonde chegou. Agora me responda: sem as reformas liberais que mencionei no inicio, haveria emprego para tanta gente? Óbvio que não! Isso quer dizer que o crescimento chinês ocorreu a despeito da influência estatal, e não por causa dela (o mesmo pode ser dito da Coréia da Sul).
A propósito: o Everardo é um caso perdido e eu não acho que você seja como ele. É preciso ser muito burro para se tornar socialista e isso, definitivamente, você não é.
Como eu disse agora há pouco, você é um caso perdido! Não tenho paciência para discutir com alguém que não consegue ir além dos clichês, pois sei que você continuará a crer nestas bobagens mesmo que eu prove que são todas falsas. Como diria Revel, em "A Última Parada": "Se alguém quiser estudar um sistema mental que funcione inteiramente dissociado dos fatos e elimine imediatamente qualquer informação que contrarie sua visão de mundo; deve estudar a mente dos comunistas. São laboratórios insuperáveis".
A propósito: o nazismo é o comunismo são gêmeos heterozigotos. Em "A Infelicidade do Século - Sobre o Comunismo, o Nazismo e a Unicidade da Shoah", Alain Besançon diz que "eles (os nazistas) se colocam como objetivo chegar a uma sociedade perfeita, destruindo os elementos negativos que se opõem a ela. Ambos querem ser filantrópicos, cada um com os seus motivos. Os comunistas querem o bem de toda a humanidade, os nazistas o do povo alemão. Esse ideal suscitou adesões entusiásticas e atos heróicos. Mas o que os aproxima mais é que ambos se dão o direito - e mesmo o dever - de matar, e o fazem com métodos que se assemelham, numa escala desconhecida na História".
Mises também demonstrou que o nazismo é comunismo são indissociáveis: "But what specifically established de facto socialism in Nazi Germany was the introduction of price and wage controls in 1936. These were imposed in response to the inflation of the money supply carried out by the regime from the time of its coming to power in early 1933. The Nazi regime inflated the money supply as the means of financing the vast increase in government spending required by its programs of public works, subsidies, and rearmament. The price and wage controls were imposed in response to the rise in prices that began to result from the inflation".
Em "Kampf Um Berlim", Goebbels afirmava que "o movimento nacional socialista tem apenas um mestre, o marxismo". Hitler chegou a indagar "que significa ainda a propriedade e que significam as rendas? Para que precisamos nós socializar os bancos e as fábricas? Nós socializamos os homens". (Adolf Hitler, citado por Hermann Rauschning em Hitler m'a dit, Coopération, Paris 1939, pg 218-219)
Enfim, o nazismo e o comunismo cometeram atrocidades comparáveis, tanto por sua extensão quanto por seus pretextos ideológicos. Isso não foi, entretanto, resultado de uma "coincidência fortuita de comportamentos aberrantes". E sim porque ambos comungavam os mesmos princípios e idéias fundamentais, sedimentados por convicções pétreas, e – mais importante! – empregavam o mesmo modus operandi. É emblemático o fato – aliás, inconteste – de que tanto uma ideologia quanto a outra sempre defenderam – e nunca esconderam isso – a tese de que os fins justificam quaisquer meios.
O socialismo, segundo Revel, "não é mais ou menos de esquerda do que o nazismo". A característica fundamental de ambos "é que seus dirigentes, convencidos de serem detentores da verdade absoluta e de comandarem o curso da história, sentem-se no direito de destruir os dissidentes, reais ou potenciais, as raças, categorias profissionais ou culturais, que lhes parecem entravar (...) a consecução de seus supremos desígnios".
Por isso, prossegue Revel, "tentar distinguir entre os dois regimes totalitários, atribuir-lhes diferentes méritos em função do afastamento de suas superestruturas ideológicas, em vez de constatar a identidade de seus comportamentos reais é bem estranho, principalmente vindo da parte dos socialistas, que deveriam ter lido Marx um pouco melhor. Não se pode julgar, dizia ele, uma sociedade pela ideologia que lhe serve de pretexto, assim como não se julga uma pessoa pela opinião que ela tem de si mesma".
Bom, como eu sei que você não vai ler "O Caminho da Servidão", de Fridrich Hayek, vou lhe deixar dois bons textos sobre este assunto: leia "Os pilares do nazismo" e "Nazismo e Comunismo"; ambos foram escritos pelo Rodrigo Constantino e podem ser encontrados neste blog.
Perfeito, Thiago.
Thago Nogueira, você socorreu-se de um enorme e cansativo texto desnecessáriamente. Eu focava em Darwin e no evolucionismo, inclusive na visão de Marx a respeito, (da qual discordo). O evolucionismo de Darwin não explica a evolução a partir da adaptação dos indivíduos. Não há inteligência teleológica da natureza na direção da sobrevivência das espécies. As mutações são aleatórias, a sobrevivência é que é consequência da coincidência de alguns atributos que restaram com as condições externas. Pelo seu raciocínio (a não de Darwin, os dinossauros "teriam" se adaptado para sobreviver.
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