terça-feira, janeiro 10, 2012

Salário sustentável

Rodrigo Constantino, O GLOBO

João é jovem, inexperiente e sem muita qualificação. Ele está começando sua vida profissional. Em consequência, sua produtividade é baixa. Reconhecendo isso, ele está disposto a receber um salário de R$ 500. Paulo é um microempresário que pretende contratar mais um funcionário. Ele pode pagar até R$ 500 de salário, o que, acrescido dos encargos trabalhistas, custaria o dobro à empresa. Pelo visto, uma troca voluntária e mutuamente benéfica. Mas há um obstáculo no caminho: o governo.
O que acontece quando o governo determina um salário mínimo acima de R$ 600? Há duas alternativas: ou Paulo desiste de contratar João; ou eles fecham um acordo à margem da lei. Desemprego ou informalidade. Com tantas “conquistas” trabalhistas impostas pelo governo e distantes da realidade do nosso mercado de trabalho, alguém ainda fica surpreso com a imensa informalidade no Brasil?
O economista francês Bastiat dizia que o bom economista se diferencia por analisar uma medida ao longo do tempo, enquanto o economista ruim foca apenas em seu resultado imediato. A visão míope aplaude qualquer aumento de salário mínimo, pois ignora “aquilo que não se vê”: os que continuam desempregados ou vão para a informalidade. Isso sem falar dos impactos no rombo previdenciário, com aposentadorias indexadas, e na inflação.
No debate sobre o tema, vemos o uso abusivo do “monopólio da virtude” pela esquerda. Somente quem demanda maior salário mínimo quer o fim nobre, qual seja, a melhoria da qualidade de vida dos mais pobres. Nada mais falso, como demonstra a lógica econômica, corroborada pelos dados empíricos.
A crença de que o governo pode decretar benesses que geram prosperidade não passa de uma falácia. Alguns jornais estampam que o aumento do mínimo vai injetar na economia bilhões por meio de maior consumo. Poucos perguntam de onde sai este dinheiro. Como o governo não cria riqueza do nada, parece evidente que a quantia maior destinada ao pagamento extra dos salários terá de vir de algum outro lugar. Pode ser do lucro das empresas, que ficam com menos recursos para investir, reduzindo assim a taxa potencial de crescimento econômico.
O que nos remete a outra falácia: a visão marxista de “mais-valia”. Segundo esta crença jurássica, porém resistente abaixo da linha do Equador, a economia é um jogo de soma zero, onde o capital só pode ser remunerado se subtrair do trabalho. O lucro seria fruto da exploração do trabalhador pelo empresário. Steve Jobs teria ficado bilionário não porque agregou valor aos consumidores da Apple mundo afora com suas inovações, e sim porque explorou alguns funcionários na Califórnia.
Quando a economia é vista como um bolo fixo e o empresário como um explorador, então parece razoável demandar do governo uma proteção do lado mais fraco nesta batalha.
Mas não é nada disso que acontece na realidade. Em uma economia livre, as empresas se esforçam para atender da melhor forma possível seus clientes, e com isso aumentar tanto lucros como salários. Mas para isso é necessário um aumento de produtividade das empresas. Por decreto estatal a coisa não funciona.
O salário de livre mercado é basicamente resultado da produtividade do trabalhador. É por isso que os trabalhadores alemães ganham tão mais que os brasileiros, e não porque seu governo é mais bondoso. O Brasil possui sindicatos extremamente fortes e um governo demasiadamente intervencionista. Mesmo com tantas conquistas legais, temos um salário médio baixo em relação aos países mais livres, além da enorme informalidade. Países como Finlândia, Noruega, Dinamarca, Suécia, Alemanha, Cingapura e Suíça nem salário mínimo têm!
Aqueles que aprovam qualquer aumento do salário mínimo estão ignorando seus efeitos no médio prazo. Trata-se de medida populista, que ataca o sintoma em vez da causa, sacrificando o trabalhador mais humilde. Se para conquistar maiores salários não fosse preciso investir em capital humano, bastando um decreto estatal, então os defensores da medida precisam explicar porque parar perto de R$ 600. Por que não colocar o mínimo logo em dez mil reais?
Quando até os mais demagogos não ousam ir tão longe, é porque sabem que existem impactos perversos na medida. Eles reconhecem, no fundo, que não se vira uma Alemanha da noite para o dia, com base em um decreto de governo.
Ninguém vibra com um salário baixo, mas é preciso saber como aumentá-lo de forma sustentável. E isso se faz com investimento em capital humano e um ambiente de ampla liberdade econômica, além de menores encargos trabalhistas.

32 comentários:

Francisco disse...

Simplíssimo, direto, cristalino e acima de tudo, correto.

Os próximos passos na marcha que esta maneira de pensar de nosso governo só levarão ao colapso de uma insustentabilidade.

Ou, antes, ajustes rigorosos a serem pagos com o trabalho suado de milhões.

Não há algo tal como um almoço grátis.

Anônimo disse...

Eu me encaixo na situação difícil dos sem experiência que não consegue trabalho. Apesar de não estar encaixado no salário mínimo estou engessado pelo salário "conquistado" pelo sindicato.

samuel disse...

“SALÁRIO MÍNIMO” and “JUSTIÇA DO TRABALHO” are both sons of left’s “monopólio da virtude”.
My tenant has a small business. Her unit price is R$ 20 and has 3 employees. She is standing at a “RECLAMAÇÃO TRABALHISTA” and her lawyer has set up an agreement amount of R$ 10.000,00. Her “comadre” which has followed her for long years as a specialized worker has also put a “RECLAMAÇÃO TRABALHISTA” of several tenths of thousand (Why not? It is her right). Will this small business entrepreneurship survive?
Why a country of illiterates makes a bunch of laws that regular people cannot understand and need lawyers to go through it?
Is there anybody in this Blog to answer me?

Ricardo disse...

Na Alemanha, o governo conservador de Angela Merkel quer introduzir o salário mínimo. E os ultra-liberais, sempre citado pelo Rodrigo, como Hong Kong, estabeleceram o Salário Mínimo.
E se a produtividade aumenta os salários, então por que os salários dos japoneses caiu nas últimas décadas? A produtividade do Japão aumentou.
E se os sindicatos, o salário mínimo e as leis trabalhistas são culpados pelo desemprego, por que o desemprego aumentava no século XIX, quando nada disso existia?

reinaldo disse...

O salário mínimo no Brasil é um do menores da América Latina. Pela sua lógica(salário deve refletir a produtividade), o trabalhador brasileiro é um dos mais improdutivos da américa latina ?
O governo Lula se caracterizou pela política de valorização do salário mínimo. E além disso, a informalização na economia brasileira é uma das menores de nossa história(dados concretos do ibge). Pela sua lógica(aumento do salário aumenta a informalização), a informalização aumentaria. Mas não foi o que ocorreu. Qual a sua explicação para esse caso ?
E vc realmente acha que R$ 622,00 é muito ?

Rodrigo Constantino disse...

Reinaldo,

O emprego formal cresceu por fatores conjunturais, leia-se China (valorização das commodities e mais crédito no país). Não é sustentável sem reformas, incluindo flexibilização das leis trabalhistas.

Não houve NENHUM choque de produtividade no país. Não há melhor educação da mão de obra, não há mais investimento, e a infraestrutura continua precária.

R$ 622 pode ser pouco para sobreviver, mas pode ser muito para certos trabalhadores em certos locais do país. Se o trabalhador produz o equivalente a R$ 500 mensais, então esse salário, ainda mais acrescido dos encargos, é elevado e não se justifica para o empregador.

Não é coincidência que cerca de 40% dos trabalhadores estejam na informalidade...

reinaldo disse...

Então o emprego formal tem mais relação com o crescimento da economia do que com o valor do salário mínimo. Se houve uma valorização do salário mínimo e mesmo assim a formalização cresceu, ou tem uma relação diretamente proporcional ou não tem nada a ver. Ou estou errado ? Estou indo pela lógica e através de dados empíricos, e não por iedologia
E outra coisa : como medir a produtividade de um trabalhador ? Um patrão pode achar que ele vale R$ 100,00. E aí ? Será esse o salário dele ? No setor industrial vc poderia até medir. Mas e no setor de serviços ? Qual a produtividade de um vigia noturno ? de um caixa de supermercado ? de um balconista ? de um porteiro ?

Rodrigo Constantino disse...

Reinaldo, lembre-se: aquilo que não se vê!

O emprego formal cresceu no Brasil, no Chile, no Canadá, na Austrália, na África do Sul...

Poderia ter crescido BEM MAIS se os encargos fossem reduzidos e as leis (fascistas) da CLT flexibilizadas.

Sobre a outra pergunta, ora, a concorrência que vai ditar o salário! O sujeito produz R$ 900 mas ganha R$ 600? O outro empregador vai pagar mais para contratá-lo!

A livre concorrência entre empregadores é o maior amigo dos trabalhadores!

Vitor Roma disse...

Uma casa onde mora 3 pessoas, 2 ganhando 400 reais e uma ganhando 500 tá bem melhor que uma casa de 3 pessoas onde so uma ganha 600 e as outra duas são proibidas de trabalhar por menos..

reinaldo disse...

Quais são as leis fascistas da CLT ? Quais os direitos vc acha que deveriam ser extintos ? 13°, FGTS, DSR, hora extra, salário mínimo ? quais ?
E não existe livre concorrência entre empregadores. Isso só existe para altos executivos e jogadores de futebol. Trabalhadores de pequenas empresas e do setor de serviços não são disputados pelo mercado. Vc acha que há concorrência por um caixa de supermercado ? Prédios disputando porteiros ? É muita ingenuidade

Rodrigo Constantino disse...

Reinaldo,

Toda a CLT tem inspiração fascista! São "conquistas" impostas sem respeito algum pela realidade de mercado.

Claro que empregados mais básicos também são disputados! Especialmente os mais eficientes e produtivos. Ou vc acha que não há nenhuma diferença entre porteiros e caixas? Então porque alguns são demitidos e outros promovidos?

Mas responde uma coisa simples aqui, por favor: por que vc acha que um empregado básico alemão ou americano ganha mais que um brasileiro? Qual a CAUSA disso?

Wilker Lúcio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teo O disse...

Rodrigo,

Qual o sentido da sua pergunta sobre a causa da diferenca na renda das populacoes? Pergunto porque acredito que vc nao esta sendo transparente no conceito:

- Antes de mais nada, eh muito dificil comparar um "empregado basico (sic) alemao ou americano" com um brasileiro. Aqui nos EUA, por exemplo, nao existem mais trabalhadores rurais americanos. A mesma coisa acontece (em menor escala) com porteiros e garcons. Portanto, comparar o salario de um americano com o de um brasileiro eh mais complicado do que vc sugere. A comparacao deveria ser feita para o mesmo cargo, e a informalidade impera nos cargos menos qualificados nos paises desenvolvidos.
- Eu penso que as diferencas na renda dos paises se da pela diferenca entre a riqueza produzida pelo pais, a produtividade do trabalhador, o nivel de educacao do trabalhador e, principalmente, porque os governos dos paises desenvolvidos trabalham para reduzir a desigualdade utilizando varios mecanismos, entre eles o salario minimo.
- De uma olhada nos salarios minimos dos paises desenvolvidos (salarios por hora, em dolares americanos):
Australia: $20
Austria: $14
Belgica: $18
Canada: $16
Coreia do sul: $10
Franca: $17
Japao: $11
Irlanda: $18
Israel: $12
Holanda: $19
Nova Zelandia: $16
Suica: $15

Agora veja os dos paises em desenvolvimento:
Argentina: $9
Brasil: $3
Colombia: $4
Peru: $4
Russia: $2
Sudao: $1
Turquia: $7
Venezuela: $7

Parece claro que os paises desenvolvidos tem em media salarios minimos mais altos do que os em desenvolvimento. Parece tambem que estes paises estao longe de serem considerados "fascistas", nao sei por que vc utilizou esta palavra. Sinto informar que "contrariar o mercado" ou impor condicoes ao mercado esta longe, MUITO longe de ser sinonimo de contrariar a sociedade e os individuos.

Anônimo disse...

A lógica é perfeita, mas não leva em consideração o maior poder de mercado das empresas sobre os trabalhadores nas negociações salariais (em algumas categorias). Essa falha de mercado justifica alguma regulação.

O mínimo é muito baixo por aqui. Não creio que gere muitas distorções. O mesmo não pode ser dito quanto aos impostos, que são a real causa da informalidade.

O q acham?

TDX

Igor Ribeiro Sucupira disse...

"O salário de livre mercado é basicamente resultado da produtividade do trabalhador".
Isso só tem chance de ser verdade se você considerar a produtividade comparada à dos outros trabalhadores. Um profissional pode ser muito produtivo e ganhar um salário baixo simplesmente porque existe excesso de mão-de-obra igualmente qualificada na área de atuação dele.

samuel disse...

Ao Ricardo: No "milagre japonês", setores industriais inteiros pelo mundo afora, foram pegos de calças na mão por técnicas revolucionárias e equipamentos novíssimos (que devastaram a siderurgia mundial, o ramo automotivo e de eletroeletrônicos, por exemplo). Eis que, de repente o Japão inundou o mundo com produtos de qualidade excepcional, feitos com equipamentos e técnicas que a indústria media do setor pelo mundo afora não possuía. Aquilo sim foi revolucionário! Certamente o MITI teve um papel enorme em fornecer o capital e proteger a indústria. Mas no fim do dia o Japão veio com alguma coisa que o mundo nunca havia visto. A sociedade japonesa prosperava em conjunto, claro que com velocidades diferentes, mas sem trabalho escravo, por exemplo. Um dia botaram tudo a perder ao adotarem uma postura financialista (tomar empréstimos) para dar mais do que podiam. (veja tb o Blog do Kleber)

reinaldo disse...

Há um exagero em dizer que "toda a clt tem inspiração fascista". o salário mínimo é fascista ? o 13° ? descando semanal remunerado ? férias?
sobre as profissões básicas, vc acha que porteiros ou caixas são disputados por prédios ou supermercados, como jogadores de futebol são disputados pelos clubes ? Nada disso, a demissão ou a admissão depende do desempenho do demitido e não porque se admitiu alguém mais produtivo.
E o fato de um trabalhador básico no Brasil ganhar menos do que na Alemanha e Eua, é a mesma porque um trabalhador básico no Brasil ganhar mais do que um no Haiti ou até na Bolívia : Desenvolvimento econômico-social.

Rodrigo Constantino disse...

"e, principalmente, porque os governos dos paises desenvolvidos trabalham para reduzir a desigualdade utilizando varios mecanismos, entre eles o salario minimo."

Nossa, então os trabalhadores da Suécia, Finlândia, Dinamarca, Alemanha, Suíça e Cingapura estão em apuros! Nem salário mínimo existe lá!

Rodrigo Constantino disse...

Reinaldo, mas o desenvolvimento vem da produtividade!!!

O trabalhador médio americano PRODUZ muito mais valor agregado que o trabalhador médio brasileiro! Eis o ponto!!!!

Acreditar que o governo, por decreto, sobe salário de forma sustentável é de uma ingenuidade absurda!

reinaldo disse...

Rodrigo
Não dá para comparar as condições trabalho do operário americano com o brasileiro. Óbvio que a produtividade e o salário médio do americano será maior. A escolaridade é maior, a economia é mais informatizada.
Agora sejamos realistas : num país onde há trabalho escravo, como o nosso, vc sinceramente acredita que o salário mínimo é desnecessário ? Teríamos empresas que pagariam uma miséria. Tem sim que existir salário mínimo e o governo está certo em promover uma valorização do mínimo. Acreditar que isso ocorreria via mercado é ser "alice no país das maravilhas". E a política de valorização do mínimo é um dos responsáveis pela diminuição da desigualdade no país, junto com o bolsa-família. Com os números não se briga. Mostre então números que provem que a política de valorização do mínimo do governo, aumentaram o desemprego e a informalização, como é pregado pela escola austríaca.

reinaldo disse...

Sobre a existência ou não de salário mínimo em alguns países desenvolvidos, isso é cultural. Eu poderia inverter o seu raciocínio. Países como Austrália, França, Nova Zelândia, Holanda e outros onde existem salário mínimo, deveriam imperar a informalidade e o desemprego, por que lá é determinado por decreto.

FPS disse...

Assim como vc, tento considerar meu pensamento livre de restrição, [nem de direita, nem de esquerda] --lixos.

Ponderando seu post.. e é bem interessante, porém irrelevante..

Mas porque? Quem faz leis não é da classe média/alta/baixa que tem capacidade de ler, entender seu post e argumentar de forma relevante, mas sim a classe política que atende seus próprios interesses. Então por mais bem embasado, logo prazo, bem pensado que seja qualquer argumentação política é como discutir sobre futebol, religião, ou qq intangibilidade.

Nosso sistema governamental, democracia representativa, é fundamentalmente quebrado, portanto nossa opnião não importa.

Importa a da classe miserável, que é mantida nesse status, por meio de política escrota, e obviamente da um voto quando ganha um bolsa gás, ganha um aumento de 50R$, e coisas afins. Afinal, um voto-homem é definitivamente o mais ajustado a se fazer, não é mesmo?!

Se tudo der certo vou embora do país logo, mas se houver alguma receita para melhorar essa belezinha, creio que teria passar por uma ditadurazinha, reestruturação da administração pública de fato, multiplicação da auditoria, eliminação do fomento a bandidagem, instituição de remunerações adequadas, entre outros.

askanio disse...

O Sr leu na coluna da folha de ontem que toda a culpa pela crise atual se deve aos neoliberais, feita pelo professor Dr Delfim Netto, aquele da hiperinflacao, memória curta a do brasileiro.
Askanio, isso destrói a minha inteligência

Anônimo disse...

O governo sobe o SM até certo ponto, como vc mesmo disse, Constantino. Poderíamos questionar esse ponto; talvez deva ser 200, 300, 500 reais, para maximizar o emprego formal. Os benefícios CLTistas, que dobram o valor desembolsado pelo patrão também não deixam de ser, na sua maioria, "dinheiro para o empregado" (e portanto poderíamos fazer o mesmo raciocínio com eles). Eu particularmente preferiria receber todos os benefícios mensalmente, na minha conta, agregados ao salário (13o., FGTS) - de forma que meu patrão gastaria o mesmo comigo. O que ocorre é que o governo gosta de ser babá (e acredito que a maioria do povo brasileiro talvez precise mesmo de babá, pense no exemplo clássico de uma família consumista sem planejamento, sem reservas, cujo mantenedor perca o emprego e não tenha FGTS...). Eu planejo meus gastos, tenho reservas, e preferiria não ter de passar pela burocracia insuportável para pegar o meu FGTS quando bem entendesse...

reinaldo disse...

Rafa
quando pedi números que mostrem que o aumento do mínimo provocaram aumento no desemprego e na informalidade, me refiro ao Brasil. E sobre essa questão que ao diminuir encargos, haverá diminuição de preços, o fim da CPMF mostrou que isso não passa de ingenuidade. Acabou a CPMF (não que eu fosse a favor dela) mas não houve redução nos preços na economia. Passou do governo para o empresariado. E o mesmo se daria com os encargos trabalhistas como FGTS. Não iria para o bolso do trabalhador mas sim para o empresário. Essa é a realidade. Sem ideologia e sem ingenuidade

Anônimo disse...

A concorrência entre as empresas, em tese, faria com que a extinção dos encargos trabalhistas viesse a acarretar redução dos preços ao consumidor. Ocorre, porém, na prática empresarial brasileira, afeita à cartelização, o oposto.

Anônimo disse...

Exemplo de cartelização:

Sou cliente vip de um banco (Bradesco), mas costumava usar uma agência comum mais próxima de minha residência, onde era atendido por um caixa especial. Num certo dia fui à mesma agência e lá me informaram que o atendimento especial havia sido encerrado, motivo pelo qual eu teria de enfrentar uma fila comum, que estava enorme naquele dia, ou então ir à agência prime onde tinha conta. Estranhei a medida e até pensei em trocar de banco. Qual não foi minha surpresa quando soube depois que todos os bancos haviam adotado a mesma providência restritiva. Ou seja: todos ao mesmo tempo retiraram um serviço similar, não deixando alternativa para o cliente insatisfeito. Se houvesse concorrência de fato, nenhum deles teria a coragem (e a burrice) de fazer isso. Mas é o Brasil real.

Anônimo disse...

E se os empregadores fizessem uma espécie de cartel para pagarem o minimo possivel aos seus empregados...digamos que hipoteticamente não houvesse uma lei do minimo..e com isso grande parte das empresas combinassem,informalmente,que o minimo a ser pago seria de 200,00 r$..que situação,empresas ricas com caixa abundante pagando miseria para os trabalhadores..a lógica economica libertária poderia até funcionar se não fosse os carteis e monopolios

Felipe disse...

Eu acho uma tosquice quando pessoas tentam transformar um problema econômico em um problema moral ("o trabalhador brasileiro ganha pouco porque o empresário é malvado e egoísta", "existe pobreza porque os banqueiros são gananciosos", "o povo passa fome porque os judeus usurários... ops, essa é de outra época.

Enxergar o problema da economia sob a ótica do pecado x virtude é uma das maneiras mais seguras de garantir que não sejam encontradas soluções e inocentes sejam punidos.

samuel disse...

Veja o que ocorre na Espanha quando as medidas protecionistas ao trabalhador, salário mínimo, Justiça do Trabalho, Sindicatos controladores etc...
“A S&P fez o rebaixamento da nota de credito espanhola em dois graus nesta sexta-feira. Anunciou aí uns 30% de chance de haver novo rebaixamento em 2012 ou 2013 caso uma das seguintes condições se verifique:
1- As leis trabalhistas não flexibilizem o mercado de trabalho. Como a Espanha tem 22% de desempregados, flexibilização maior somente poderá ocorrer se ...

Johnny disse...

Uma dúvida que pra mim nunca soou bem ... como que falam que o 13o é conquista. O que acontece de fato com essa "conquista" é que o trabalhador empresta 1/12 do salário ao empresário compulsoriamente e só vai ver esse dinheiro no final do ano, sem correção. Nunca entendi essa (i)lógica, a mesma que acha que o FGTS é "conquista", dinheiro que você só vê quando é demitido/aposentado/doente ... Mesmo a teoria de que está guardando dinheiro é de uma estupidez absurda ...

Anônimo disse...

Uma coisa que ninguém lembrou:
Com o plano cruzado e o governo reduzindo a sua taxa de juros e emitindo moeda desbragadamente, os investidores empregaram seu capital em investimentos privados, entre eles a construção. Com o aquecimento no setor até então paralizado (com enorme desemprego e profissionais aceitando trabalhar como ajudantes) os salarário começaram a subir devido a escassez de MO, sendo os melhores profissionais e ajudantes disputados no sentido de se conceder aumentos visando não perde-los. O salário horario de um trabalhador da construção chegou a ser maior que o dobro do que o mínimo indicado pelo sindicato. Esse é um fato. Em 1984, 1985 a informalidade imperava nas poucas obras existentes e o desemprego era grande no setor. Bastou haver investimento e aumento na demanda por trabalhadores para que os salario chegassem a ser mais que o dobro do mínimo determinado pelo sindicato. Ora, se fosse decretado um mínimo 3 ou 4 vezes maior do que vigorava, certamente que isso afetaria até mesmo os investimentos e, sim, causaria desemprego. Afinal, inflacionaria os custos que se refletiriam nos preços e produziria encalhe de proidução, desmotivando investimentos no setor. Isso é básico. Se salario minimo por decreto fosse eficiente bastaria determinar um salario milionário e todos seriamos ricos. Por outro lado muitos ganham bem mais que o mínimo decretado dependendo da região e do contratante. Para certas regiões o minimo decretado é baixo, e paga-se mais, em outras é elevado e apela-se para informalidade ou redução nas contratações.
Abs