sexta-feira, julho 20, 2012

Coragem para mudar

Rogério Werneck, O Globo

No dia 7 de agosto, a presidente Dilma Roussef cruzará a linha dos 40% do mandato. Dos 48 meses, 19 já se terão passado. E a verdade é que, por enquanto, os resultados ficaram muito aquém do que o governo esperava. Mas ainda há tempo para mudanças. A dúvida é se o governo conseguirá perceber que a insistência no curso atual só pode redundar em fiasco.
O desempenho da economia mostra-se cada vez mais decepcionante. Tendo crescido apenas 2,7% em 2011, o PIB deverá mostrar expansão de menos de 2% em 2012. É bem possível que, afinal, a inflação deste ano fique próxima da meta. Mas, no caso, o elogio que cabe ao Banco Central é o mesmo que poderia ser feito a um jogador de sinuca que, tendo dado uma tacada forte, sem conseguir matar a bola na caçapa "cantada", se regozija por vê-la bater nas tabelas laterais e, lentamente, escorrer para dentro de outra caçapa, do lado oposto da mesa. A arte estava em trazer a inflação para o centro da meta com a economia crescendo a uma taxa razoável. E não a menos de 2% ao ano.
A incerteza externa, em boa parte advinda da apreensão com o desfecho do imbróglio europeu, tem contribuído para a desaceleração do crescimento. Mas basta comparar o desempenho brasileiro com os de outras economias congêneres para constatar que, além do ambiente externo adverso, há um forte componente específico, verde-amarelo, por trás das dificuldades locais.
É bem provável que, na esteira dos muitos estímulos à demanda deflagrados desde o ano passado, a economia se recupere nos próximos meses e termine o ano crescendo a uma taxa anualizada razoável, ainda que mais baixa que o governo antevê. O problema é a indústria. Acumulam-se as evidências de que a falta de dinamismo da indústria não será resolvida com novos estímulos à demanda agregada, não importa quão fortes sejam. Muito pelo contrário, tudo indica que tais estímulos - num quadro de mercado de trabalho aquecido - estão, de fato, agravando as dificuldades da indústria, como bem arguem, em artigo recente, Affonso Pastore, Marcelo Gazzano e Maria Cristina Pinotti.
Exposta à concorrência externa, a indústria vem vendo sua competitividade estrangulada, pouco a pouco, pelo aumento do Custo Brasil. Especialmente, pela elevação sem fim da carga tributária. E aqui, sim, o governo poderia fazer muita diferença. Mas, por enquanto, não tem feito. Por pelo menos duas razões.
A primeira é que um programa de redução efetiva e substancial de carga tributária seria incompatível com um ponto central e inegociável do projeto político do governo, que é a manutenção da rápida expansão do dispêndio público. É por isso que a desoneração fiscal que vem sendo feita - além de discricionária e baseada em injustificável reintrodução da tributação sobre faturamento - é tão acanhada.
A segunda razão é que o governo se tem mostrado incapaz de promover a recuperação do investimento público, essencial para a redução do Custo Brasil. Muito se tem dito sobre a insolúvel paralisia dos programas de investimento do governo. Mas talvez já seja hora de adicionar às explicações usuais as deficiências que decorrem do estilo peculiar com que a presidente exerce suas funções administrativas, não obstante toda a mitologia que se construiu em torno de seus supostos talentos nessa área.
Sobram evidências de que a presidente Dilma Rousseff tem cometido erros sérios na seleção de auxiliares importantes, mostra propensão desmesurada à centralização e considera eficaz manter os escalões mais altos do governo aterrorizados com a possibilidade de desgostá-la por qualquer razão. Não é preciso ser um guru da administração para constatar o óbvio. A persistência dessas práticas na cúpula do governo constitui enorme empecilho à boa gestão das políticas públicas e ao bom andamento dos programas de investimento público.
Reconhecer as deficiências e ter disposição para mudar é a parte mais difícil. Mas o certo é que governo precisa corrigir o curso. Passados os próximos 19 meses, Dilma se verá na cabeceira da pista da sucessão presidencial.

9 comentários:

Anônimo disse...

E O POVO TÁ ADORANDO A PRESIDENTA! COMO DEFENDER O SUFRÁGIO UNIVERSAL?

João Emiliano Martins Neto disse...

Não seja otimista Constantino, pois para comunistas quanto pior melhor.

Administrativamente os governos não só de Dilma, mas de Geisel até aos nossos dias são um fiasco, mas é isso, é a desgraceira de nossa França Antártica (como diziam meus irmãos protestantes pioneiros a pregar o Evangelho protestante aqui por essas nossas plagas na época da Colônia) que querem governos não infensos à Esquerda como dizia sê-lo Geisel até aos declaradamente fanáticos pelo esquerdismo como o governo Dilma querem: o fim de nossa Terra Brasilis...

samuel disse...

o anonymous acima disse tudo.
A civilização ocidental vai ser destruída por esse sistema político

Anônimo disse...

Qualquer sistema político (ou falta dele) é problema. Em qualquer lugar tem gente reclamando pq existem indivíduos que tem muito poder acumulado. Vão reclamar independentemente de como esse indivíduo conseguiu esse poder. Pode ser através de articulações políticas, de um título de nobreza, de acumulação de capital, tanto faz. O que incomoda é ver o outro com poder acumulado. Quem diz q n se incomodaria com alguma dessas modalidades de acúmulo de poder está fazendo essa afirmação apenas pq tem interesse pessoal (possivelmente por fatores psicológicos ou talvez por outras razões mais óbvias) em o fazer.

João Emiliano Martins Neto disse...

Discordo Samuel, pois penso que a Democracia é muito ruim, mas não inventaram nada melhor. Pelo sufrágio universal, sempre, mas é preciso educar as massas, todavia, sobretudo devemos orar pelas nossas autoridades para que tenhamos paz, como promete a Bíblia. Como interpreto eu a Bíblia, na medida da paz que essas nossas autoridades obtiverem ao descobrirem que a verdadeira paz é a do Senhor Jesus Cristo e não a paz deste mundo precário, mortal.

Anônimo disse...

J Emiliano, eu critiquei o sufrágio. Eu sonho com um grande e justo ditador. Vão me chamar de ingênuo. Devo ser. Educação? Vc acha q esse lixo de governo tá preocupado com isso? Quem com educação votaria neles? A Biblia promete paz mas nao diz quando. Se depender do lixo, quem sabe daqui a 2000 anos? Agora que o pibinho broxou a presidenta resolveu falar das criancinhas! E promete 10% do pibinho pra educação. Alguém aí acredita q algo vai mudar? Pra mim, só com o grande ditador, ou daqui a milhares de anos. Quem sabe.

João Emiliano Martins Neto disse...

Mas Anonymous, o grande ditador, o grande pai dos povos, hitleres, lulas e stálins também foram messiânicamente, por orgulho e extrema amargura ansiados e idolatrados pelas massas de seus países, todavia, deu no que historicamente deu: campos de concentração, a matança de mais de 50 mil brasileiros por ano desde 2003, el paredones e arquipélagos gulags...

Eu prefiro o cetro de ferro de Cristo, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, pois não é por força e nem violência que se educa e sobretudo que muitos indivíduos da massa popular serão melhores pessoas e chamadas, por fim para serem santas, mas é pelo Espírito de Deus.

Pode parecer estranha uma assertiva religiosa como essa minha no blog de um ateu como o nosso amigo Constantino, mas é que não consigo ver outra salvação para o mundo senão no Cordeiro de Deus...

Bem... então, tenhamos fé, esperança e amor, além da paciência para devagar fazer a nossa parte para melhorar o Brasil. É promessa do consagradíssimo Deus hebreu-cristão interpretado por mim, pois que na paz verdadeira que nossos governantes tiverem, por nossa vez nós teremos paz.

Saudações cordiais,


JOÃO EMILIANO MARTINS NETO

Anônimo disse...

'a Democracia é muito ruim, mas não inventaram nada melhor. '

Vamos voltar pra monarquia aí dá pra fazer uma comparação justa

João Emiliano Martins Neto disse...

A Monarquia - por acaso sou monarquista - não precisa opor-se à Democracia. Há espécies monárquicas democráticas como as monarquias constitucionais. Aliás, o monarquismo constitucional é o tradicional no Brasil.