Idéias de um livre pensador sem medo da polêmica ou da patrulha dos "politicamente corretos".
segunda-feira, março 25, 2013
sexta-feira, março 22, 2013
Militância fascista
Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
No caderno dos leitores no jornal O Globo de
hoje, o leitor Jayme Ferrari foi direto ao ponto: “O pastor Feliciano foi
eleito com 200 mil votos e escolhido para a presidência da Comissão de Direitos
Humanos. Por que o escarcéu? Jamais votaria nele, mas me causa mais indignação
os deputados João Paulo Cunha e José Genuíno, condenados a penas somadas de 17
anos de cadeia, integrarem a Comissão de Justiça (!) da Câmara. Cadê a
militância barulhenta gritando contra esse absurdo? Cadê a UNE? E a turba “progressista”?
Progressismo bom é dos amigos”.
Ninguém
precisa ter um pingo de simpatia pelo pastor Feliciano (meu caso) para
compreender o perigo que estamos vivendo. Há uma minoria, uma patota muito organizada,
que pensa que pode mandar no grito! São fascistas em potencial ou já formados.
Não aceitam as regras do jogo, não toleram a democracia. O jornalista Reinaldo
Azevedo escreveu um importante
artigo sobre o assunto, mostrando o desrespeito dessa gente ao Estado Democrático
de Direito. São os “fascistas do bem”, e precisam ser contidos antes que seja
tarde demais.
Não
chama a atenção do prezado leitor o fato de que toda essa grita é voltada
apenas para o pastor Feliciano, e não haja um único movimento organizado contra
os petistas condenados no Congresso, ocupando comissões importantes como a de
Justiça? Se o leitor assinou aquela petição contra Renan Calheiros pela Avaaz,
saiba que essa ONG, liderada por um esquerdista convicto, não faz campanha
contra um único petista! Onde estão as petições pela prisão de Dirceu, pela
derrubada de Genoíno e Cunha? Ninguém sabe, ninguém viu.
Atentai
para este fato, estimado leitor! O duplo padrão “moral” é evidente. Há um
grupelho minoritário, porém muito bem orquestrado e barulhento, que pretende
solapar as instituições democráticas e governar no grito. Onde foi que já vimos
isso antes? Sim, naquele nefasto regime: o fascismo!
quinta-feira, março 21, 2013
O caso AdeS
É isso! Chega!!! Eu não aguento mais o PT no poder... |
Postei essa foto ontem no Facebook, ironizando o problema com o suco de maçã AdeS. Não sou de perder a piada. Dito isso, é preciso fazer alguns esclarecimentos.
Costumo dizer (e tenho artigos sobre isso) que a preocupação com o lucro do produtor e, portanto, com sua própria imagem, é a melhor garantia que os consumidores têm. Entramos no Wal-Mart ou no Carrefour e confiamos na qualidade dos produtos não por altruísmo dos vendedores, tampouco pela fiscalização dos burocratas, mas sim porque um erro pode custar caro a eles.
Como vimos agora no caso da AdeS. Como custou caro um erro! Pois há accountability, acionistas privados que pagam a conta do erro, ao contrário do governo, que sempre joga a responsabilidade para ombros alheios de forma difusa. Confiamos nos produtos que compramos porque as empresas precisam sobreviver e, para tanto, precisam lucrar!
Claro que erros podem acontecer. No caso da Unilever, uma multinacional respeitável e dona de várias marcas de sucesso, o erro é chocante, e desperta até a suspeita de sabotagem industrial. Mas não precisamos ir longe na teoria conspiratória. Shit Happens. E com frequência infinitamente menor na gestão privada, justamente pelo mecanismo de incentivos mais adequado.
Estou seguro de que esse episódio será uma mancha negra (ou afrodescentente) na história da empresa, mas que ela dará a volta por cima. E fará isso porque precisa fazer isso, ou vai à bancarrota. Eu não confio nos burocratas do Procon ou da Anvisa. Nem confio na abnegação dos proprietários da Unilever. Felizmente, eu não preciso confiar nisso. Basta eu confiar na pressão que o livre mercado exerce nas empresas, sempre em busca do melhor atendimento possível aos consumidores e na qualidade de sua imagem, pois isso vale muito para eles.
terça-feira, março 19, 2013
Dez anos de Guerra do Iraque
Kofi Annan da ONU cumprimenta Saddam Hussein |
Rodrigo
Constantino
Dez
anos de Guerra do Iraque. O que você "sabe" é que Bush mentiu para ir
à guerra e terminar o serviço começado pelo pai, certo? O que você talvez não
saiba é que Saddam Hussein ignorou o acordo de inspeção com a ONU após anos
brincando de "gato e rato" com os inspetores; que Hans Blix foi feito
de idiota e a ONU tinha a obrigação de agir para não ser desmoralizada; que Saddam
abrigou o terrorista que atacou o WTC em 1993; que deu proteção a outros
terroristas como Abu Abbas e Abu Nidal; que financiou ataques suicidas no
Oriente Médio; que usou gás de mostarda contra população indefesa; que tinha
esquema de corrupção com gente graúda da própria ONU (no programa “Oil for Food”);
que o presidente Bill Clinton, antes de Bush, assinou a autorização para o país
buscar remover Saddam do poder e substituí-lo por um regime democrático; que
tal medida contou com aprovação maciça da maioria do Congresso, incluindo do
Partido Democrata (157 a favor x 20 contra); que o governo Clinton efetivamente
iniciou ação militar, ainda sob pressão pelo escândalo Monica Lewinsky,
bombardeando intensamente por quatro dias instalações iraquianas na Operação
Raposa do Deserto (na Wikipedia não aparece o nome do presidente Clinton!).
ISSO
tudo você sabia? Mas a imagem que ficou foi a de um cowboy beligerante
resolvendo issues familiares ou em
busca do petróleo (e então, como anda a colonização no Iraque hoje?). Criticar
a guerra é absolutamente legítimo. O que NÃO é legítimo é ignorar todo o
contexto e acusar somente Bush sem entender o que estava em jogo. Vale notar
que a reação estridente veio ANTES até da guerra do Afeganistão, essa sim,
absolutamente justa pela ótica americana, quando lembramos que o Talibã dava
guarida aos terroristas do ataque de 11 de setembro. Compare isso com a reação
após Pearl Harbor em 1941! E entenda que a máquina de propaganda esquerdista
tomou conta da América, em uma estranha e nefasta simbiose com os radicais
islâmicos.
Leitura
recomendada: Unholy Alliance: RadicalIslam And the American Left, de David Horowitz.
De volta ao passado
Acelerei a minha máquina do tempo DeLorean e regressei aos anos 80. Às vezes, precisamos mergulhar no passado para prever o futuro.
Um senhor bigodudo era o presidente. Vi na televisão o anúncio de um novo plano econômico, chamado "Cruzado". Entre as principais medidas, estava o congelamento de preços e da taxa de câmbio. Maria da Conceição Tavares, assessora do Ministério do Planejamento, chorou de emoção diante das câmeras da TV Globo. Literalmente.
A euforia era contagiante. Muitos pensavam que um novo Brasil estava sendo construído, mais justo e mais próspero. Mas a realidade... Essa ingrata não permite que as leis econômicas se submetam aos caprichos políticos. O congelamento de preços levou à escassez, e nas prateleiras começaram a faltar produtos. O que fazer?
Claro que a culpa só podia ser da ganância dos empresários, esses insensíveis que só querem lucrar. Mas o homem do bigode tinha a solução: caçar bois no pasto! Afinal de contas, não podemos deixar faltar carne no açougue. Há estabelecimentos desrespeitando o preço tabelado? Simples: fiscais do governo para controlar esses perversos!
Alguns economistas coçavam a cabeça, perplexos. Eles sabiam que nada daquilo funcionaria. Não se ignora as leis econômicas impunemente. Não eram os "desenvolvimentistas" da Unicamp, os mercantilistas ou os adeptos da "teoria da dependência". Esses tinham receitas parecidas, pensando que o governo é uma espécie de sábio clarividente que pode simplesmente decretar o progresso da nação.
Mas o importante é constatar que havia lucidez em meio a tanta euforia irracional. Infelizmente, tal como Cassandra, seus alertas eram ignorados. A turma estava empolgada demais com o futuro prometido, com a sensação de esperança. Apontar que o rei está nu é estragar a festa de muita gente míope e embriagada.
Após essa experiência nostálgica, retornei ao presente. Liguei a TV e vi que o bigodudo ainda estava lá, com tanto ou mais poder concentrado nele. Vi também que aquela mesma economista com sotaque de Portugal era extremamente respeitada e vista como uma mentora pela própria presidente. "Memória curta dessa gente", pensei.
Depois notei que nossa taxa de câmbio praticamente não oscila mais, e que a inflação fica acima da meta o tempo todo, mesmo com crescimento pífio da economia. Mas o Banco Central nada faz, preferindo manter a taxa de juros reduzida, claramente por razões eleitoreiras.
Em seguida, vi o ministro Guido Mantega avisando que iria fiscalizar se as desonerações fiscais eram mesmo repassadas para o preço final. Déjà Vu! Tive calafrios na espinha. Quer dizer que o próprio governo faz de tudo para despertar o dragão inflacionário, estimulando o crédito público, criando barreiras protecionistas, aumentando gastos, reduzindo artificialmente os juros, e depois pensa que vai segurar a inflação com fiscalização?
Qual será o próximo passo? Recriar a Sunab? Fazer uma campanha difamatória contra os empresários? Criar os "fiscais da Dilma", usando senhoras com tabelas nos mercados? Manipular os índices oficiais de inflação? É uma visão assustadora, um flashback de um filme de quinta categoria que já conhecemos e sabemos como termina.
Quem não tem idade suficiente ou não tem boa memória, basta olhar para o lado e ver o presente da Argentina. O novo Papa pode ser argentino, mas sem dúvida Deus não o é, caso contrário não permitira que o casal K ficasse tanto tempo no poder causando esse estrago todo.
Mas, pelo andar da carruagem, não poderemos zombar dos "hermanos" por muito mais tempo. O governo petista tem feito de tudo para alcançar as trapalhadas deles. E não adianta culpar fatores exógenos, pois dessa vez não vai colar. O Peru, a Colômbia e o Chile, com modelos diferentes e mais liberais, crescem muito mais com bem menos inflação. Nossos males são "made in Brazil", fruto da incompetência da equipe econômica e da própria presidente.
Finalmente, liguei o rádio e ouvi um ex-ministro tucano endossando a ideia de que era, sim, preciso fiscalizar os donos dos estabelecimentos, para não permitir aumentos de preços. Depois vi que o PSDB fazia uma campanha não pela privatização, mas pela "reestatização" da Petrobras, quase destruída pelo PT.
Quando lembrei que essa é a nossa "oposição" a este modelo terrível que está aí, peguei minha DeLorean e ajustei a data para 2030, na esperança de que lá teremos opções realmente liberais contra essa hegemonia de esquerda predominante no Brasil atual.
sexta-feira, março 15, 2013
Viciado não é vítima
Rodrigo Constantino
Não sei quanto a você, mas eu estou cansado de ver drogados sendo tratados como vítimas. Não é como se pegassem um vírus no ar, ou como se uma tsunami destruísse sua vida. Há o fator crucial envolvido: escolha!
Precisamos parar com essa vitimização e implicar mais o sujeito em seus atos. Responsabilidade individual: habilidade de resposta. Isso existe, ainda que dificultada em alguns casos. Sem essa premissa, aceitamos que somos apenas marionetes de forças maiores. Somos?
Fui criado à velha maneira: não ficar arrumando bodes expiatórios para justificar minhas atitudes. Aqui se faz, aqui se paga!
Mas a esquerda festiva não vive sem seus mascotes, sem as “minorias” que servem para aplacar sua culpa ou alimentar seu ego, sua ilusão de que seus membros são as melhores pessoas do mundo, preocupadas com os “fracos e oprimidos”.
As minorias “protegidas”, hoje, já somam uns 80% da população. Só as mulheres já perfazem metade. Depois, acrescente os gays, os índios, os negros e pardos, os deficientes físicos, os viciados, os presidiários... A marcha dos oprimidos não tem fim!
Se você, leitor, é homem, branco, heterossexual, saudável, trabalhador, então pode estar certo de que paga a conta das benesses e privilégios das “minorias”, e que é visto como o grande culpado por todos os males.
Enquanto você trabalha duro para pagar as contas e ainda deixa quase a metade do que ganha em impostos, sem nenhum retorno do estado, saiba que é o marmanjo viciado em drogas que é visto como a grande “vítima”. Resta perguntar: vítima de quem, se não de si mesmo?
O Cazaquistão é aqui
A classe média do governo Dilma |
Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
“Brasil
fica estagnado na 85ª posição do IDH”, diz a manchete do jornal O Globo. Todo indicador é imperfeito e
limitado, especialmente um que leva em conta alguns conceitos menos objetivos.
Ressalva feita, a constatação é clara, a despeito da pressão do governo pela
mudança de cálculo: a qualidade média de vida no Brasil não melhora muito em
termos relativos e continua lá atrás do ranking mundial. Estamos perto do
Cazaquistão!
Também,
pudera: possuímos uma das maiores cargas tributárias entre os países menos
desenvolvidos, os serviços prestados pelo governo são precários, há muita
corrupção e concentração de poder em Brasília, etc. A vida do pobre ou da
classe média brasileira não é nada fácil. Transporte público caótico, péssima
qualidade no ensino, hospitais públicos caindo aos pedaços, elevada
criminalidade, e tudo isso mesmo depois de entregar “voluntariamente” quase 40%
do que recebe de salário.
Dá
para comemorar só porque o governo distribui esmola na medida certa para
“reduzir” a miséria oficial? Dá para soltar fogos de artifício porque o crédito
foi estimulado de forma irresponsável para criar a sensação de prosperidade,
que é ilusória e insustentável? Como celebrar o modelo atual quando sabemos que
a produtividade brasileira, fundamental para incrementar os salários de forma
sustentável, simplesmente não cresce há anos?
Não
sei quanto ao leitor, mas eu não me contento com tão pouco. Há quem tenha
nascido para lagartixa, e jamais chegará a jacaré. Mas eu não posso vibrar com
um IDH na 85ª posição, ao lado do Cazaquistão. Nem mesmo em uma sexta-feira!
segunda-feira, março 11, 2013
Entrevista para a Infomoney
Entrevista que dei para a revista Infomoney sobre privatização. Valor da Petrobras poderia triplicar se ela fosse privatizada!
sábado, março 09, 2013
Entrevista nas páginas amarelas da VEJA
A vida lhe dá o que você merece, não o que você precisa. Não é "Precise e colherás", mas sim "Plante e colherás". Se você realmente precisa colher, então realmente precisa plantar. (Jim Rohn)
É com muita satisfação que recebo essa publicação da entrevista que concedi às páginas amarelas da VEJA. Acredito que devemos focar sempre em nossas convicções, mantendo a honestidade intelectual e a integridade. O resultado, o sucesso, se segue disso. Se desejamos colher os frutos de um país melhor, mais próspero e mais livre, então precisamos plantar as sementes que levarão a isso. Espero estar fazendo bem minha parte. E obrigado a todos pelo fundamental apoio.
sexta-feira, março 08, 2013
EBXBras
Rodrigo
Constantino, para o Instituto Liberal
Deu
no jornal Valor hoje que Eike Batista teria buscado o apoio da Petrobras dessa
vez, para possíveis negócios com seu grupo para aliviar o enxugamento do caixa.
Eike está vivendo seu “inferno astral”, e as diferentes empresas de seu
conglomerado despencaram em bolsa. O bilionário perdeu várias posições no
ranking da Forbes. O acordo fechado com o BTG Pactual deu algum alento em
bolsa, mas os problemas persistem.
O
fato é que Eike Batista já é um felizardo no que diz respeito às benesses
estatais. O BNDES já repassou vários bilhões ao grupo, com taxas subsidiadas.
Ou seja, os brasileiros pagadores de impostos foram obrigados a transferir
recursos para o ricaço da Forbes, e isso em um governo popular de esquerda. É
justo isso? É justo agora a estatal, que por sua vez vive também seu “inferno
astral” produzido pela péssima gestão, colocar mais recursos do povo nas
empreitadas do excêntrico bilionário?
No
fundo, esse modelo de forte simbiose entre estado e grandes empresários tem
nome: chama-se capitalismo de estado, ou de compadres, e se assemelha muito ao
fascismo. O governo não tem que escolher os “campeões nacionais”. O próprio
BNDES já tem seu balanço ameaçado, e o senador Aloysio Nunes Ferreira tem razão
quando demanda a abertura de debates na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
É uma situação preocupante criada pelo governo, que pode estourar logo ali na
frente.
Capitalismo
sem bancarrota é como Cristianismo sem inferno. O governo não deve selecionar
vencedores para começo de conversa, tampouco salvar perdedores em seguida. Que
o mercado avalie se os projetos de Eike fazem sentido e, se for o caso, coloque
recursos neles. Caso contrário, só lamento. Faz parte do jogo do capitalismo de
livre mercado. É assim que tem de ser. Infelizmente, no Brasil não é. Corremos
o risco da criação de uma EBXBras!
quinta-feira, março 07, 2013
terça-feira, março 05, 2013
A Rede da demagogia
Rodrigo Constantino, O GLOBO
Há mais um partido na praça. Trata-se da Rede, de Marina Silva, candidata que recebeu 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais. Tem muita gente cansada da dicotomia entre PT e PSDB, em busca de alguma alternativa. Será que a Rede é a solução?
Confesso ao leitor que ela não me convence. Para começo de conversa, o partido fez como o fisiológico PSD, de Kassab, e alegou não ser de esquerda nem de direita, pró-governo nem oposição. Contudo, quando vamos verificar quem são as pessoas por trás dele, só encontramos gente de esquerda, inclusive da ala mais radical, aquela que ainda sonha com o fracassado socialismo cubano.
Um de seus gurus intelectuais é Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, uma mistura tosca entre cristianismo e marxismo. Marina veste literalmente o boné dos invasores de terra do MST. Vários membros do PSOL pretendem migrar para a Rede. E por aí vai.
Alguns ali abraçam a cruzada ecológica, mas tampouco me enganam. São "melancias": verdes por fora, mas vermelhos por dentro. Seu discurso transforma o meio ambiente em religião antiprogresso, e dá para notar claramente o viés anticapitalista. O planeta será salvo pelo resgate do "bom selvagem", de uma vida comunitária idealizada, como no filme "Avatar". Estou fora dessa seita romântica!
Resta a importante questão ética. Uma vez mais, eu não fico tão convencido. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que Marina teve quase três décadas de filiação ao PT. E não é novidade alguma o uso de práticas imorais do partido em sua busca implacável pelo poder. Elas chegaram ao auge do absurdo com o mensalão, mas não foram iniciadas ali. Relações com o jogo do bicho, parceria com ditadores comunistas, até mesmo afinidade e aproximação com os guerrilheiros das FARC representam o histórico do PT desde muito tempo. A bandeira da ética sempre foi hipócrita, e está totalmente esgarçada pelas traças do poder.
Esse rompimento tardio de Marina, que foi ministra de Lula, remete ao caso do escritor Saramago, que rompeu com Fidel Castro após uma nova perseguição a três intelectuais cubanos, ignorando os milhares de cadáveres acumulados na mais longa ditadura da América Latina.
Marina Silva resolveu sair do PT apenas quando seu espaço político estava prejudicado. Mas ela fez parte do governo, ainda que não tenha praticado atos ilegais. Quando abandonou o PT, disse que foi preciso coragem para sair de sua "casa política", à qual ainda nutria profundo respeito. Quem respeita tanto assim o PT perde o meu respeito.
A Rede fez muito barulho com a bandeira ética, tal como o PT de ontem. Mas começou mal, ao recusar dinheiro de empresas de tabaco e cerveja, mas aceitar o de empreiteiras (eu inverteria). Aceitou ainda gente do PSOL envolvida no escândalo do bicheiro Cachoeira. Será que Marina concorda com José Dirceu, para quem a Lei da Ficha Limpa é absurda? Caiu na Rede é peixe?
Em suma, por trás daquela fala mansa e da mensagem messiânica (o próprio Alfredo Sirkis afirmou que se trata mais de um "estado de espírito" do que de prática política), jaz o embrião de mais um partido populista e demagógico, uma espécie de PT revigorado e embalado em alface orgânico. Um projeto personalista da "salvadora da pátria".
O Brasil, infelizmente, continua com uma hegemonia de esquerda na vida política. Todos os partidos relevantes rezam o mesmo credo socialista envergonhado: intervencionista na economia, coletivista e paternalista no social. Nenhum fala abertamente em privatização, em redução do papel do governo na economia e em nossas vidas. Todos querem assumir o papel de "pai do povo" e controlar 40% do PIB nacional.
O grande nome "novo" é Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes e líder de um partido que ainda se diz socialista. Do lado dos tucanos, temos Aécio Neves, que parece o melhor da turma. Mas algo ali não cheira bem. Falta disposição para assumir uma postura efetiva de oposição.
Os milhões de brasileiros cansados da completa falta de ética na política, do viés estatizante de todos esses partidos, continuam órfãos políticos, sem representação partidária. Sei que há partidos demais (legendas, na verdade), mas precisamos de uma alternativa verdadeira, sem medo de assumir sua posição de direita liberal, a favor do livre mercado, da família e da propriedade.
Um partido que não venda ilusões e milagres por meio da pesada mão do Estado, mas sim reformas que devolvam o poder a cada um de nós. Um partido que diga "Basta!" a todos esses privilégios e subsídios estatais. Precisamos de algo realmente NOVO!
Há mais um partido na praça. Trata-se da Rede, de Marina Silva, candidata que recebeu 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais. Tem muita gente cansada da dicotomia entre PT e PSDB, em busca de alguma alternativa. Será que a Rede é a solução?
Confesso ao leitor que ela não me convence. Para começo de conversa, o partido fez como o fisiológico PSD, de Kassab, e alegou não ser de esquerda nem de direita, pró-governo nem oposição. Contudo, quando vamos verificar quem são as pessoas por trás dele, só encontramos gente de esquerda, inclusive da ala mais radical, aquela que ainda sonha com o fracassado socialismo cubano.
Um de seus gurus intelectuais é Leonardo Boff, da Teologia da Libertação, uma mistura tosca entre cristianismo e marxismo. Marina veste literalmente o boné dos invasores de terra do MST. Vários membros do PSOL pretendem migrar para a Rede. E por aí vai.
Alguns ali abraçam a cruzada ecológica, mas tampouco me enganam. São "melancias": verdes por fora, mas vermelhos por dentro. Seu discurso transforma o meio ambiente em religião antiprogresso, e dá para notar claramente o viés anticapitalista. O planeta será salvo pelo resgate do "bom selvagem", de uma vida comunitária idealizada, como no filme "Avatar". Estou fora dessa seita romântica!
Resta a importante questão ética. Uma vez mais, eu não fico tão convencido. Em primeiro lugar, é preciso lembrar que Marina teve quase três décadas de filiação ao PT. E não é novidade alguma o uso de práticas imorais do partido em sua busca implacável pelo poder. Elas chegaram ao auge do absurdo com o mensalão, mas não foram iniciadas ali. Relações com o jogo do bicho, parceria com ditadores comunistas, até mesmo afinidade e aproximação com os guerrilheiros das FARC representam o histórico do PT desde muito tempo. A bandeira da ética sempre foi hipócrita, e está totalmente esgarçada pelas traças do poder.
Esse rompimento tardio de Marina, que foi ministra de Lula, remete ao caso do escritor Saramago, que rompeu com Fidel Castro após uma nova perseguição a três intelectuais cubanos, ignorando os milhares de cadáveres acumulados na mais longa ditadura da América Latina.
Marina Silva resolveu sair do PT apenas quando seu espaço político estava prejudicado. Mas ela fez parte do governo, ainda que não tenha praticado atos ilegais. Quando abandonou o PT, disse que foi preciso coragem para sair de sua "casa política", à qual ainda nutria profundo respeito. Quem respeita tanto assim o PT perde o meu respeito.
A Rede fez muito barulho com a bandeira ética, tal como o PT de ontem. Mas começou mal, ao recusar dinheiro de empresas de tabaco e cerveja, mas aceitar o de empreiteiras (eu inverteria). Aceitou ainda gente do PSOL envolvida no escândalo do bicheiro Cachoeira. Será que Marina concorda com José Dirceu, para quem a Lei da Ficha Limpa é absurda? Caiu na Rede é peixe?
Em suma, por trás daquela fala mansa e da mensagem messiânica (o próprio Alfredo Sirkis afirmou que se trata mais de um "estado de espírito" do que de prática política), jaz o embrião de mais um partido populista e demagógico, uma espécie de PT revigorado e embalado em alface orgânico. Um projeto personalista da "salvadora da pátria".
O Brasil, infelizmente, continua com uma hegemonia de esquerda na vida política. Todos os partidos relevantes rezam o mesmo credo socialista envergonhado: intervencionista na economia, coletivista e paternalista no social. Nenhum fala abertamente em privatização, em redução do papel do governo na economia e em nossas vidas. Todos querem assumir o papel de "pai do povo" e controlar 40% do PIB nacional.
O grande nome "novo" é Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes e líder de um partido que ainda se diz socialista. Do lado dos tucanos, temos Aécio Neves, que parece o melhor da turma. Mas algo ali não cheira bem. Falta disposição para assumir uma postura efetiva de oposição.
Os milhões de brasileiros cansados da completa falta de ética na política, do viés estatizante de todos esses partidos, continuam órfãos políticos, sem representação partidária. Sei que há partidos demais (legendas, na verdade), mas precisamos de uma alternativa verdadeira, sem medo de assumir sua posição de direita liberal, a favor do livre mercado, da família e da propriedade.
Um partido que não venda ilusões e milagres por meio da pesada mão do Estado, mas sim reformas que devolvam o poder a cada um de nós. Um partido que diga "Basta!" a todos esses privilégios e subsídios estatais. Precisamos de algo realmente NOVO!
segunda-feira, março 04, 2013
O Pesadelo
MP Advisors - Carta de Fevereiro
Dilma
teve dificuldade para dormir nesta noite, o jantar ainda brigava com os sucos
gástricos; os pensamentos ruins iam e vinham e nada do sono chegar. Após muito rolar na cama, e com o auxílio de
uma destas maravilhas capitalistas da indústria farmacêutica, ela finalmente
pegou no sono. E logo começou a sonhar.
O
sonho começou animador. Uma linda moça,
loura, elegante, ponderada e exalando sabedoria, a convidou para um passeio.
Mentalmente, a presidente anotou que nunca havia visto a moça em nenhum
congresso do PT. O passeio seria pelo
futuro próximo, algum lugar entre 2030 e 2040.
O
passeio começou fora do Brasil, pelos aliados bolivarianos. A Venezuela era governada por Conchita Chávez
III, neta de Hugo Chávez, que, embora vivo não governava e apenas enviava tweets do hospital. O país virou um amontoado de miseráveis que
agora importava petróleo, todos os que produziam ou tinham algum tipo de estudo
agora estavam em Miami, que, com isso, viveu um novo boom econômico e já está entre as cinco maiores cidades americanas. A próxima parada, rápida, foi a Bolívia que
já não era mais um país e sim um campo de batalha de quadrilhas de cocaleros, sendo a mais poderosa aquela comandada
pelo pessoal que soltou um sinalizador em um jogo de futebol há muito tempo
atrás. Estabeleceram-se na Bolívia.
Para encerrar o tour sul-americano, a linda moça levou Dilma para a Argentina. A presidente achou que era uma peça de mau
gosto que pregavam nela. Buenos Aires, tão linda, estava caquética e destruída
como Havana. Não havia mais produção
rural; a carne era importada da Austrália (caríssima) e o tradicional doce de
leite não existia mais. A população
fazia filas e mais filas atrás dos cupons de racionamento, que davam direito a
uma porção diária de comida. Já não
havia mais moeda, corroída por uma inflação de quatro dígitos. O escambo havia voltado e cada um se virava
como podia. O país era dirigido por uma
neta do Maradona com um descendente de Perón, que tinha como plataforma de
governo a recuperação das Ilhas Falklands,
nesta altura já com um PIB superior ao da Argentina.
Dilma
começava a ficar zangada, achando que isso era uma pegadinha do Lobão ou do
Mercadante. A moça então disse, "chega
dos vizinhos, vamos ver o Brasil".
Dilma ficou feliz, "agora
vamos ver a potência que eu e Lula criamos". A visita começou por uma cidade do sul, onde
tinha acabado de haver um incêndio em uma boate, ceifando a vida de 300 jovens. Dilma ficou fula. "Como? Nós baixamos 87 decretos e 234
artigos regulamentando a atividade de boates em 2013. Como pode?"
A
próxima parada foi numa plataforma do pré-sal, da antiga Petrobrás. A plataforma (como as outras) já não produzia
mais nada há 20 anos. Todas foram
alugadas pela empresa de festas do Thor Batista e eram usadas para raves em alto mar. Tudo com open bar e passagem de helicóptero
inclusos. Dilma ficou pensando no que poderia ter dado errado. Afinal, ela
caprichou na proteção e no financiamento da indústria nacional. Agora o Brasil importava petróleo dos Estados
Unidos, que com sua tecnologia de extração do ouro negro do xisto betuminoso,
se tornou o maior produtor mundial.
Ao
passar pelas cidades Dilma levou um susto: o trânsito simplesmente parou
(afinal o que esperar com quatro milhões de carros vendidos por ano e zero km
de estradas construídas) e os carros estavam abandonados na rua, num grande nó. As pessoas agora andavam a pé e as bicicletas
do Itaú eram disputadas a tapas.
Ao
procurar agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica, Dilma levou um susto
ao não ver mais nenhuma. A moça explicou
que após a brutal expansão de crédito, seguiu-se uma onda de inadimplência que
levou o governo a ter que fazer seguidas capitalizações nos dois bancos. No final, o governo juntou os dois bancos num
só, o Banco do Povo, que tinha no seu logo a figura do Che Guevara.
Dilma
perguntou para a sua anfitriã o que era aquela fila no centro do Rio de Janeiro. A moça explicou que era a fila do bolsa-vela. Afinal, o setor de energia elétrica foi dizimado
em 2012 e não houve mais investimentos.
Hoje temos energia somente 4 horas por dia e a vela virou artigo caro e
escasso. O governo petista, sempre
atento ao social, criou o programa de distribuição de velas para os mais
desfavorecidos.
Dilma
perguntou sobre os programas de cotas.
Ficou sabendo que apenas quatro cotistas conseguiram se formar
verdadeiramente. Os outros se formaram
por liminar ou pelo novo sistema de cotas para aprovação automática. Os erros de engenharia e de médicos se avolumavam,
causando muitas mortes; o CREA estudava a polêmica medida de somente habilitar
engenheiros paraguaios. Ela anotou de chamar o Mercadante para uma reunião.
Dilma
já estava ficando realmente preocupada quando se lembrou de Brasília. Pediu para ver a cidade do poder. Poucas surpresas. O presidente era governado
pela chapa Lindbergh Farias do PT tendo como vice o filho do Collor, do PMDB. No Congresso, os netos de Sarney e Renan se
revezavam na presidência do Senado e se divertiam fazendo fogueiras com os
abaixo-assinados para que saíssem.
A
base aliada já contava com 364 partidos e a palavra oposição foi retirada do
Aurélio, por falta de uso. Naturalmente,
para pagar a conta deste estado gigantesco, a carga tributária já estava em 70%
do PIB. Com isso a economia não
conseguia crescer e o PIB per capita já era metade do anotado em 2013. O governo Lindbergh estudava exportar metade
da população para África, e com isso melhorar o indicador. O prédio do Banco
Central virou um Fundo Imobiliário de um Shopping e agora a política monetária era
decidida diretamente por Lindbergh e por Collorzinho no poker das segundas, após o expediente. A inflação não se sabe se oscila nos dois ou
nos três dígitos, tantas são as manobras e tablitas sobre o índice. Para manter o povo feliz e o projeto político
em funcionamento, os programas de transferência de renda já atingem 300 milhões
de pessoas, embora a população tenha apenas 280 milhões. Um mistério.
Dilma
perguntou para a moça (seria uma fada?), afinal o que tinha dado errado? A diáfana e sábia criatura calmamente
explicou; "Dilma, todos esses
experimentos sociais fracassaram, um após o outro. Os seres humanos são
diferentes, e tem diferentes capacidades e ambições. Quando compulsoriamente
(veja bem, nada contra a caridade espontânea) os mais fortes e trabalhadores
tem que sustentar os fracos e preguiçosos, a sociedade implode. Afinal, o
açougueiro não sai da cama de manhã imbuído de doar a melhor carne para o seu
cliente. Sua motivação é o lucro. O lucro não é feio, muito pelo contrário. A beleza do lucro é ser a expressão
monetária do trabalho bem feito, da inventividade, do sacrifício de uma
juventude de estudos, do risco, enfim, de trocar o prazer momentâneo por algo
bem maior lá na frente. Se você monta uma estrutura social onde os
empreendedores são punidos e os preguiçosos são favorecidos o que você acha que
os primeiros fazem? Vão embora, é claro. E o que é uma sociedade formada por
gente acomodada? O que você acha que acontece em uma economia sufocada por milhões
de normas e decretos, onde é mais simples se cadastrar em alguma bolsa- qualquer-coisa
do que produzir uma caneta? O que você acha de uma sociedade onde o empresário
gasta mais tempo com o seu contador do que com o seu cliente? Dilma, minha
querida. Não se extermina as galinhas dos ovos de ouro de um país impunemente.".
Dilma
acordou sobressaltada, o dia já amanhecia em Brasília e ela anotou no post-it que deveria alterar as regras de
privatização de infraestrutura. Enquanto se maquiava lembrou-se de deixar o
Tombini fazer alguma coisa com a inflação, que já estava incomodando, e também
de demitir o Mantega. Mas como fazer
isso sem dar o gostinho para aqueles jornalistas ingleses nojentos? Mas a
pergunta que oprimia o seu coração era; "será
que vai dar tempo?".
A prova do BNDES
Rodrigo
Constantino
A nova prova de
seleção que o BNDES realizou conta com uma questão no mínimo polêmica. Um
conhecido que fez a prova me mandou o conteúdo. Trata-se da questão de número
57:
Um
banco central adota um regime monetário de metas de inflação a serem alcançadas
não de imediato, mas a médio
prazo.
Esse
banco central, pela utilização eficiente de seus instrumentos de política
monetária,
(A)
precisa manter constante a taxa percentual de expansão de um agregado
monetário, escolhendo-o adequadamente.
(B)
precisa manter constante a taxa de juros real da economia, estabilizando a
demanda interna.
(C)
precisa manter constante a taxa de câmbio real da economia, estabilizando a
demanda externa.
(D)
consegue atenuar as flutuações de curto prazo do produto real da economia,
estabilizando o emprego.
(E)
deve acelerar a taxa de crescimento do produto real da economia, incentivando
os investimentos.
Segundo o Prêmio Nobel de
Economia, Milton Friedman, o ideal seria ter uma espécie de robô no lugar do
Banco Central, emitindo uma taxa constante de base monetária para garantir a
estabilidade de preços no longo prazo. Uma de suas maiores queixas era justamente
o excessivo ativismo monetário dos bancos centrais, que ele responsabilizava
pelo Crash de 29. Portanto, para Friedman e boa parte da Escola de Chicago, a
resposta (A) seria a mais adequada, creio eu. Afinal, a inflação é sempre um
fenômeno monetário.
Para a Escola Austríaca nem se
fala. O Banco Central sequer deveria existir. Mas, assumindo sua
inevitabilidade, sem dúvida seu foco deveria ser no agregado monetário, pois a
EA considera inflação justamente a expansão da moeda, e não seu efeito secundário, que é o aumento nos
preços.
Mas o BNDES considerou correta a
reposta (D), o que levanta várias questões. Em primeiro lugar, deposita nas
autoridades monetárias um poder e uma sabedoria enormes, como se eles realmente
fossem capazes de atenuar essas flutuações de curto prazo do produto. A crise
de 2008 deveria ter colocado ao menos em xeque, se não enterrado de vez, essa
prepotente e arrogante premissa.
Em segundo lugar, essa resposta
claramente tenta relativizar a meta de inflação e colocá-la como secundária ao
objetivo de preservar o emprego. Nos Estados Unidos, o Congresso definiu um
mandato dual para o Banco Central, e ele deve, sim, atuar para conter a
inflação e preservar o emprego. São
duas metas para um instrumento. O que vimos desde 2008 é que esta estratégia
vem falhando. O nível de desemprego continua elevado, distante da meta de “pleno
emprego”, e a inflação já se encontra no topo da meta, sob risco de ruptura
para cima, apesar da fraca atividade.
Mas no Brasil o mandato do Banco
Central não é dual, e sim único: preservar o poder de compra da moeda.
Portanto, essa resposta estaria claramente em conflito com este objetivo. Quem
fez o gabarito da prova do BNDES? O Ministro Guido Mantega? O presidente do
Banco Central Alexandre Tombini? É o que parece. Mas vale lembrar que essa
postura míope, voltada para o curto prazo e para o emprego mais que para a
inflação, tem sido justamente a responsável pela perda de credibilidade da
instituição, vista cada vez mais como politizada e subserviente aos interesses
eleitoreiros do governo.
É um absurdo o BNDES colocar como
resposta certa aquela que está errada tanto pela teoria, como pela vasta experiência
acumulada. Quando o Banco Central abandona seu foco objetivo no índice de
preços com a desculpa de que está se adaptando às condições de “curto prazo” de
modo a estabilizar o nível de emprego, ele está brincando com fogo e,
possivelmente, soltando o dragão inflacionário.
É triste verificar que o BNDES
endossa essa postura e seleciona seus funcionários já com base nesse
alinhamento ideológico. Mas, como tudo ruim pode sempre piorar, em breve é
possível que o banco considere como gabarito a resposta (E)!
Controle de Imprensa - Emir Sader e as Ilusões Garantidas
Milton Simon Pires
Ilusões Perdidas é uma das
obras primas de Balzac. Romance que tem como personagem principal o jovem
Lucien Chardon, é uma crônica social da França do século XIX no período da
Restauração. Narra principalmente a decepção do jovem poeta interiorano que, em
meio a hipocrisia de Paris e tendo falhado como escritor, procura no jornalismo
o caminho para o sucesso. Sem Lei de
Imprensa ou Fórum Nacional para Democratização das Comunicações, imagino que o sofrimento de Lucien ao
enfrentar os interesses da mídia privada seria um prato cheio para o nosso Emir
Sader quando escreveu Imprensa livre é
imprensa privada? (Emir Sader – Carta Maior – 28/10/2009). Ontem, dia primeiro de
março, o Diretório Nacional do PT manifestou-se mais uma vez sobre o tema e,
naquilo que se chama “aviso da história”, deixou explícitas as suas intenções sobre o assunto.
Para sabermos se existe ou não risco de censura no Brasil petista não é sobre a
natureza da democracia nem sobre a função social da imprensa que devemos
pensar. A relação entre sociedade livre e imprensa independente está suficiente
estabelecida pela história. Na internet, a página da Embaixada Americana no
Brasil deixa muito claro que Numa democracia, a imprensa não deve ser
controlada pelo governo. Os governos democráticos não têm ministros da
informação para decidir sobre o conteúdo dos jornais nem sobre as atividades
dos jornalistas; não exigem que os jornalistas sejam investigados pelo Estado;
nem obrigam os jornalistas a aderir a sindicatos controlados pelo governo.
Nesse sentido, não é sobre Rosseau, Voltaire, ou Jeremy Bentham que vamos falar
aqui para entender a questão da liberdade de imprensa do ponto de vista
histórico e filosófico. Vamos, isto sim, recorrer a um filósofo contemporâneo
chamado Isaiah Berlin que,ao discorrer
sobre liberdade, afirma que esta é basicamente o “direito de ser deixado em paz”. Este
conceito, na obra de Berlin, chama-se “liberdade negativa” em oposição à
capacidade do sujeito, através das suas próprias ações, de exercer aquilo que
pensa ser a sua liberdade – liberdade esta “positiva”.
Fiz esta breve introdução para dizer que é este,
ao meu ver, o “armamento teórico” que alguém precisa portar se quiser enfrentar
o Partido dos Trabalhadores no que se refere a questão do controle de imprensa.
O que se impõem, para não ser enganado, é voltar no tempo e compreender, em primeiro lugar a natureza
totalitária de uma organização criminosa que, misturando marxismo com religião
e o submundo do sindicalismo paulista, apresentou-se como partido político e
agora governa o Brasil há 10 anos! Mesmo que quisesse (e não quer) o PT não
pode permitir uma imprensa livre por que esta é incompatível com seu plano de poder
e de controle da informação na sociedade. A imprensa, segundo a concepção
petista, não tem função de informar ninguém. Seu objetivo único é servir como
órgão de propaganda e, conforme escreveu Adolph Hitler em 1926,A propaganda
política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina... A propaganda
para o público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma idéia, e o
prepara para quando da vitória daquela opinião. A estratégia para que se busque um
consenso a respeito da necessidade de um
controle “social” sobre os órgãos de comunicação tem como fundamento o
ensinamento de Lenin quando este sugere “acusar o inimigo de tentar fazer
exatamente aquilo que VOCÊ quer fazer”. Assim quando Sader pergunta se uma
imprensa privada é uma imprensa livre a resposta rápida deve ser uma só: existe
apenas um tipo de verdadeira imprensa –
a privada ! A outra, e isso intelectual petista não diz, não é imprensa mas sim
órgão de propaganda. Invocando os desmandos dos maus jornalistas, lembrando a
imprensa comprada, citando os falsos escândalos, o que esse tipo de gente cria
é, na verdade, um falso dilema e coloca o país inteiro, mais uma vez, sob risco
de retorno da censura. São páginas e mais páginas escritas por militantes do PT
que, disfarçados de jornalistas, propõem uma espécie de AI-13.
O que torna um governo verdadeiramente
democrático, e isso o governo do PT nunca vai ser, não é a origem do seu poder
mas sim os seus limites. Ou o Brasil inteiro compreende isto rapidamente ou
alguém como Emir Sader vai ter as suas
ilusões, por muito tempo, garantidas.
sexta-feira, março 01, 2013
448 anos da Cidade Maravilhosa
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
O
Rio faz aniversário hoje. É natural que o comentário do dia seja sobre a
“minha” Cidade Maravilhosa. Carioca da gema, eu sou um “amante crítico” da
cidade: existem várias coisas que admiro no Rio, e tantas outras que condeno.
Falemos brevemente sobre isso então.
Primeiro,
as qualidades. Falar da beleza natural é obviedade ululante. Já visitei vários
países mundo afora, mas poucas vezes vi paisagens tão belas como as nossas.
Especialmente essa combinação de mar com vegetação e morros, algo simplesmente
lindo. Além disso, há o jeito descontraído dos cariocas, o estilo de vida mais
descolado, mais informal, que faz quase qualquer um se sentir em casa. Pontos
para o Rio.
Mas...
tem o lado negativo disso. Carioca costuma se achar muito esperto. Há malandro
demais para otário de menos. O “jeitinho” brasileiro encontrou no Rio seu ícone
perfeito. Acostamento, jogar lixo na rua e na praia, parar em local proibido,
assim são os costumes do carioca típico. Aquele cidadão seguidor das leis e da
ordem, bem educado e respeitador da coisa pública, esse é espécie em extinção,
mais do que a arara azul do filme Rio.
Observar um pouco mais o que os suíços têm de bom e tentar copiá-los não faria
mal aos cariocas...
Por
fim, o Rio, por ter sido capital, ainda abriga enorme contingente de
funcionários públicos que, em simbiose com os artistas e “intelectuais” da
cidade, criam a fina flor da esquerda caviar. É aqui que surgem as piores
ideias políticas, a mentalidade de que pobre é “puro” e que favelas são
intocáveis pela polícia, que o governo deve ser o “pai do povo” etc. Talvez
isso esteja melhorando um pouco nos últimos anos.
Aqueles
que pensam como eu, seguem na luta por mais ordem e respeito, sem que a
descontração carioca desapareça. Creio que é possível ter as duas coisas. Não
precisamos jogar o bebê fora junto com a água suja. Relaxamento sim.
Malandragem não. Enfim, parabéns Rio!
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