segunda-feira, junho 26, 2006

Competição Selvagem



Rodrigo Constantino

“Enquanto propriedade é possível sem liberdade, o contrário é inconcebível.” (Richard Pipes)

Em época de Copa do Mundo, torna-se útil lembrar de certas características inatas dos seres humanos, que são, de tempos em tempos, ignoradas por tantos “intelectuais”. A natureza humana é individualista e competitiva, não importa o quanto alguns mintam para tentar negar tal fato. Não precisamos ficar desesperados com isso, posto que tal individualismo é saudável para o progresso da humanidade. A busca da satisfação dos interesses particulares é o motor dos avanços que acabam beneficiando a enorme maioria dos indivíduos.

As idéias utópicas de lutar contra esse individualismo natural são tão antigas quanto a humanidade, ao que parece. Várias religiões, incluindo as mais antigas, criaram a imagem de uma “Idade de Ouro”, onde não havia propriedade privada, sendo tudo comum a todos. A palavra “meu” seria desconhecida nesse suposto paraíso. Entretanto, tal mundo jamais existiu, tampouco sua existência seria possível caso os habitantes fossem humanos. Os que tentaram criar algo similar, partindo desse coletivismo artificial, geraram apenas desgraça e miséria. O paraíso é, na verdade, um inferno.

Esparta, concebida por Licurgo, era um exemplo desse modelo comunista já nos tempos da Grécia Antiga. Aos espartanos era proibido ter não apenas bens materiais, mas mesmo suas mulheres e filhos, que tinham que ser entregues ao Estado na idade de 7 anos para receberem tratamento militar. Platão foi influenciado por este modelo, e sua República idealizada seguia a mesma linha. Depois dele, Thomas More defendeu sua Utopia, e Tommaso Campanella sua Cidade do Sol, ambos com a mesma visão coletivista. O comunismo foi o experimento mais recente que tentou colocar em prática essas crenças, que consideram a propriedade privada um inimigo causador da cobiça, inveja e guerras. Nunca tivemos tanta cobiça, inveja e guerras como nos tempos comunistas da União Soviética, China, Camboja, Coréia do Norte etc. Alguns iludidos, que não aprendem nunca, ainda tentam culpar as pessoas, e não o modelo.

Voltando aos esportes, escutei perplexo de um jornalista a satisfação ao falar de uma propaganda onde atletas desistiam de competir para ajudar um colega que havia ficado no caminho da corrida. Todos chegaram juntos depois, sem vencedores. Uma visão linda! O jornalista então perguntou: “Será que não devemos questionar a própria existência da competição?”. Ao mesmo tempo me passou pela cabeça que ele, um jornalista conhecido e muito bem pago, só estava naquele emprego por fruto da competição. Afinal, tenho certeza que muitos gostariam de ocupar seu lugar. Mas ele foi um vencedor ao estar ali, provavelmente pelos próprios méritos. Será que a contradição não lhe incomoda? Será que a hipocrisia visível em todos que pregam essa ausência de competição no mundo, tendo que competir o tempo todo para satisfazer seus interesses particulares, não os chama a atenção? Será que alguém acha que a Copa do Mundo teria alguma graça se não tivesse vencedores, com todos os países chegando juntos na final? Será que alguém realmente acredita que teríamos jogadores como Ronaldo Gaúcho e Robinho se o individualismo deles não fosse levado em conta na hora de jogar bola? Não vamos esquecer que eles acabam sempre na Europa, onde são mais bem pagos.

A competição individualista é parte da natureza humana, e ideologias utópicas não podem mudar essa realidade. A propriedade privada é o alicerce básico para preservarmos a liberdade dos indivíduos. O respeito na busca dos interesses particulares, incluindo o lucro, é fundamental para nosso progresso. O problema não está em nada disso. Ele começa quando tentamos anular esse individualismo, transformando indivíduos em meios sacrificáveis para um “bem comum” qualquer. Ele começa quando não temos regras básicas e isonômicas, despertando uma competição desleal que abusa de mecanismos imorais. O capitalismo liberal, com respeito ao indivíduo e seu direito de propriedade privada, estimula uma competição saudável, tal como vemos na Copa do Mundo. A troca voluntária beneficia ambas as partes nela envolvida. Contra as fraudes, temos as regras. Mas quem acha que suprimindo a competição em si está acabando com a cobiça e a inveja, não entendeu nada sobre o funcionamento do animal homem. Finge crer que humanos são cupins, enquanto bastaria uma reflexão sincera em frente ao espelho para acabar com essa bobagem.

Quando tudo é de todos, nada é de ninguém, e uma disputa violenta e desleal será a resposta natural dos indivíduos. Humanos não são insetos gregários, não labutam voluntariamente em prol do bem da colônia. O fato de tantas pessoas ainda não terem entendido esta obviedade ululante, ainda sonhando com o comunismo e condenando a competição, o lucro e a propriedade privada, me faz até questionar a veracidade da respeitada teoria de Darwin. Será que certos seres nunca vão evoluir?

9 comentários:

Lisavieta disse...

Competir é extremamente saudável. Sem a competição, não haveriam tantas pesquisas, tanta busca por excelência em serviços, produtos, tecnologia. Não haveria diversidade e preços acessíveis.
o q tem q ser controlada - como foi citado - é a competição desleal.

Anônimo disse...

Mais um brilhantíssimo artigo!
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Essa de clamar hipócritamente por igualdade material (ressalte-se igualdade impossível. Ademais, tenta-la produz a maior e mais infame desigualdade nos demais aspectos) é um desavergonhado embuste (pretexto) para tentar justificar o Poder absoluto, e até a desigualdade material, para a "elite gestora da igualdade", ou aparato governamental.
É absurdo que artistas milinários que vivem sugando verbas públicas e privilégios de toda sorte, bem como autoridades (cuisp!) nababescas, desavergonhadamente vivam a preconizar a tal "igualdade" ao mesmo tempo que se utilizam do Poder estatal para se desigualarem mais e mais. A canalhice não conhece limites.
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Nos países miseráveis a nomenklatura vive na riqueza (palácios, carrões, viagens, hotéis de luxo, banquetes e etc.), e ao mesmo tempo clama por ajuda alheia para seus miseráveis ...porra! ninguém vê isso? ...a canalhíssima ONU idem.
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Só os imbecis absolutos e os invejos, que almejam a destruição dos invejados, crêem e fingem crer, respectivamente, em tal estupidez propagandeada.
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A propriedade sempre existirá, a questão é se será acessível a todos ou se apenas mais um privilégio dos governantes e sua camarilha.
abs
C. Mouro

Anônimo disse...

Caro Rodrigo, parabens pelo texto...brilhante como de costume!


Tenho profunda admiração pelo Ministério Público - Promotores de Justiça e Procuradores da República.

Gostaria de saber se tem algum texto exaltando o trabalho dessa instituição ou, se não tiver, se pretende escrever algo?

Abraço!

Cidadão de Bem!

Anônimo disse...

Nós somos resultado de uma competição!!!!

Só estamos aqui por que um, somente um único espermatozóide fecundou um óvulo concorrendo com milhares de outros numa concorrência centenas de vezes mais feroz que vestibular de medicina da USP!!!!!!

Ou seja, a competição não só é salutar como, é essêncial para nossa existência. é a competição que faz com que façamos nosso melhor,desenvolvemos a capacidade, que cada um possuí dentro de sí.

E no fim das contas, se for uma competição justa, ninguém saí realmente perdendo. todos ganham!!!Do contrário, quando não há concorrência, tudo se acomoda, tudo estagna e decaí. Um exemplo claro disso, é o serviço público. Achas que um burocrata atenderia você do jeito que ele atende se ele temesse pelo seu cargo?

Anônimo disse...

Nós somos resultado de uma competição!!!!

Só estamos aqui por que um, somente um único espermatozóide fecundou um óvulo concorrendo com milhares de outros numa concorrência centenas de vezes mais feroz que vestibular de medicina da USP!!!!!!

Ou seja, a competição não só é salutar como, é essêncial para nossa existência. é a competição que faz com que façamos nosso melhor,desenvolvemos a capacidade, que cada um possuí dentro de sí.

E no fim das contas, se for uma competição justa, ninguém saí realmente perdendo. todos ganham!!!Do contrário, quando não há concorrência, tudo se acomoda, tudo estagna e decaí. Um exemplo claro disso, é o serviço público. Achas que um burocrata atenderia você do jeito que ele atende se ele temesse pelo seu cargo?

Anônimo disse...

Rodrigo, Desculpa pela repetição do comentário.Não foi intencional. Delata o último para mim junto com esse, Ok?

Blogildo disse...

O problema é que a "revolução gramcista"(ou seria "gramciana"?) em andamento satanizou as palavras "competição", "individualismo" e "concorrência". Então, na cabeça dos "bonzinhos", quem defende tais conceitos só pode ser um desalmado.
Daí, as lágrimas de devoção estúpida numa "competição" sem vencedores.

Ah! Suas suspeitas procedem: Darwin estava errado...

Anônimo disse...

Brilhante artigo. Rodrigo, você deveria estar na política defendendo estas idéias liberais.

Partido Federalista já!

Dias atrás você publicou um artigo: "A verborragia dos intelectuais", citando a filósofa Marilena Chauí. Esta mulher chegou ao cargo de livre-docente graças à competição. E numa universidade pública (USP), ou seja, estudou com dinheiro público. Hoje ela defende idéias igualitárias com um Estado protetor que socorre a todos. É muita hipocrisia.

Qualquer um que defende idéias esquerdistas não passa de um hipócrita.

PS.: não consegui me logar no blog. Meu nome é Josuel.

Anônimo disse...

...FAZ MAIS O BEM UM HONESTO MALVADO DO QUE UM BONZINHO SAFADO!