quarta-feira, abril 11, 2007

Um Grito de Liberdade



Rodrigo Constantino

“Quando fazemos planos para a posteridade, convém lembrarmo-nos de que a virtude não é hereditária.” (Thomas Paine)

Quando se fala da Revolução Americana, um dos primeiros nomes que vem à cabeça é o de Thomas Paine. Seu panfleto Senso Comum, escrito no começo de 1776, foi um enorme catalisador dos acontecimentos que levaram à criação da nação mais livre da história. Ele foi lido por mais de meio milhão de pessoas, e influenciou bastante os fatos que se seguiram. Nele, Paine faz duras acusações à monarquia inglesa, chamando inclusive o rei de tirano, e faz também uma bela defesa da liberdade individual.

Influenciado por Newton e Locke, Thomas Paine era um racionalista, filho do Iluminismo, que defendeu a liberdade religiosa. Começou a trabalhar aos 13 anos de idade, ao lado do pai, e foi um autodidata. Foi um pensador com profunda necessidade de ação, e chegou a ir preso em 1793 na França, quando Robespierre e os jacobinos chegaram ao poder. Encarava a causa da independência americana como uma causa de toda a humanidade, pela defesa da liberdade. Escreveu seu panfleto sob a influência apenas da razão e do princípio, conforme ele mesmo declarou.

Logo no começo, Paine tenta desfazer a confusão comum então – e infelizmente ainda existente – que mistura sociedade com governo. Eis as primeiras palavras do texto: “Alguns escritores de tal modo confundiram sociedade e governo, que entre os dois deixaram pouca ou nenhuma distinção; entretanto, não só são diferentes como possuem origens diversas”. Para ele, a sociedade é fruto de nossas necessidades, enquanto o segundo é produzido pela nossa maldade. “O governo, mesmo no seu melhor estado, não é mais que um mal necessário; e, em seu pior estado, é um mal intolerável”. A segurança seria o verdadeiro propósito e fim do governo, e por isso ele é necessário. Mas por ser sempre coerção, pode ser considerado um mal. Entre um mal maior – a ausência de governo – e um mal menor, fica-se com o menor. Mas não se deve esquecer a origem do governo, que é “um modo que se faz necessário em virtude da incapacidade de a virtude moral vir a governar o mundo”.

Em seguida, Paine faz um ataque fulminante tanto à monarquia como à sucessão hereditária. Ele afirma que o governo dos reis foi introduzido no mundo pelos pagãos, e que os filhos de Israel copiaram o costume. Uma invenção próspera do Diabo, segundo ele, para a promoção da idolatria. Os pagãos prestavam honras divinas aos seus reis falecidos, e o mundo cristão foi mais além ainda, prestando honras divinas aos seus reis vivos. Paine desabafa: “Que heresia o título de sagrada majestade aplicada a um verme que no meio do seu esplendor se desfaz em pó!”. Para Paine, a monarquia é “uma degradação e rebaixamento de nós mesmos”.

Pior ainda, em sua opinião, era a sucessão hereditária, um “insulto e uma imposição à posteridade”. Ele tinha muito claro a idéia de direitos iguais ao nascimento, que seria o marco da Declaração de Independência escrita por Thomas Jefferson. Ninguém pode ter então, por nascimento, o direito “de pôr em perpétua preferência, relativamente às demais, sua família”. Thomas Paine cita o próprio caso de Guilherme, o Conquistador, que era um bastardo francês, e se fez rei da Inglaterra contra a vontade dos nacionais, apoiado por bandidos armados. Não poderia haver nada de divino nisso. “A pura verdade é que a antiguidade da monarquia inglesa não resiste a um exame”. E conclui: “Em resumo, a monarquia e a sucessão cobriram de sangue e de cinzas o mundo inteiro”.

Referindo-se ao evento ocorrido em 1773 em Boston, que ficou conhecido como a “Festa do Chá”, Paine incitou seus concidadãos a rejeitar o domínio inglês, alegando que seria covardia ignorar os fatos. Não pretendia, segundo ele, provocar a vingança, mas sim arrancá-los do “sono fatal e tíbio”, para que pudessem caminhar determinadamente a um objetivo fixado: a independência. Ele escreve: “Repugna à razão, à ordem universal das coisas, a todos os exemplos das eras precedentes, supor que este continente possa continuar por mais tempo submetido a um poder externo”. Paine considerava o mais poderoso argumento em defesa da independência o fato de que somente esta poderia manter a paz e evitar uma guerra civil.

Por fim, Thomas Paine tenta, através de seu discurso em torno dos objetivos comuns, unir os diferentes partidos. Não eram poucos os conservadores da época, ou “legalistas”, que defendiam uma saída diplomática com a Grã-Bretanha. Mas eis o apelo que Paine faz a todos: “Extingamos os nomes de whigs e tories, e que entre nós sejam ouvidos apenas os de bom cidadão, amigo leal e resoluto e virtuoso defensor dos direitos da humanidade e dos Estados livres e independentes da América”.

Com seu panfleto, Thomas Paine foi capaz de mobilizar muitos americanos para a causa da independência. Não obstante, este grande defensor da liberdade, assim como importante ator na conquista da independência, acabou sua vida sendo vítima de hostilidades por parte de muitos americanos. Um dos motivos foi seu livro A Idade da Razão, publicado em 1794 e 1796, com teses radicais e anticlericais. Foi classificado como “infiel” por muitos, e se dizia infeliz nos Estados Unidos no final de sua vida. Já em Senso Comum, defendeu a completa separação entre Igreja e Estado, e pregou que quanto mais diversidade de opinião religiosa existisse, melhor. Para ele, “é um grande perigo para a sociedade uma religião tomar partido em disputas políticas”. Cada habitante da América deveria “desprezar e reprovar” a mistura de religião com política. Estava de acordo com as idéias iluministas. Estava em sintonia com os ideais dos demais “pais fundadores”, aplicados na independência americana. Mas a liberdade, especialmente a religiosa, não era e ainda não é algo que todos defendem. O grito de liberdade de Thomas Paine, portanto, foi parcialmente abafado. Mas a parte que ecoou foi suficiente para incentivar a revolução mais liberal que já aconteceu na história.

26 comentários:

Blogildo disse...

Uma pergunta: Qual é a razão, na sua opinião, de a nação mais livre da história não ser a França?

Halison Junior Lunardi disse...

Rodrigo, há uma frase de Thomas Paine, que gosto muito: "Acreditar num Deus cruel, faz um homem cruel".

Rodrigo Constantino disse...

"Qual é a razão, na sua opinião, de a nação mais livre da história não ser a França?"

São vários motivos. Alguns: na França a aristocracia controlava tudo de cima para baixo, enquanto na Inglaterra e principalmente nos EUA havia mais liberdade individual, com regras feitas de baixo para cima; o catolicismo francês atrasou o país, enquanto o protestantismo inglês deu mais chances de sucesso aos ingleses; os philosophes franceses acreditavam em coisas erradas, e a França herdou a "ala podre" do Iluminismo, com forte influência de Rousseau; a mentalidade do francês deposita mais esperança no Estado para resolver as coisas, enquanto os americanos acreditam no "self-rule"; e por aí vai. São vários motivos, e seria preciso um tratado para falar disso.

Rodrigo

Anônimo disse...

Rodrigo,

Parece-me que seu conceito sobre liberdade individual é bastante questionável, fica patente seu desejo de agredir as pessoas que professam uma religião.

Entendo sua indignação com os fanáticos, também não tenho paciência, mas em que consiste verdadeiramente a liberdade de escolha se não o que o próprio nome sugere?

Vamos ver se compreendi... Uma pessoa deve ter o direito de injetar heroína na veia, cheirar cocaína, fumar maconha, abortar, beber até cair, mas, não tem o direito à liberdade religiosa?

Olavo não deveria ter respondido a sua provocação, afetou seu raciocínio, comumente tão lógico.

O que você tem de melhor para compartilhar conosco (seus leitores) é sobre economia, isso sim faz muita diferença!!!

Rodrigo Constantino disse...

Anônimo, diga onde eu condenei a liberdade religiosa. Diga onde eu defendi que o Estado vetasse cultos religiosos, seitas de qualquer tipo de superstição?

Eu defendo o direito de TODOS acreditarem no que quiserem. Mas vc respeita meu direito e liberdade de achar uma crença errada ou mesmo estúpida? Ou preciso encarar como "sagrada" qualquer superstição que alguém tenha?

Rodrigo

Blogildo disse...

Você, certamente não, Rodrigo. Tenho de reconhecer que nunca condenou a liberdade religiosa em si. Não entendi a reclamação do anônimo acima.

Mas o mesmo não pode ser dito das "rodriguetes". Rsrsrsrs!

Anônimo disse...

È as rodriguetes tem um nojo incrível de religiosos e por mais que neguem eles atrás do monitor sabem que é verdade, isso que é triste.

São os super-homens de NIetzche, ui vão pro inferno separados da gente conservadora! Ui que fodões!

Anônimo disse...

Rodrigo,

É óbvio que reconheço seu direito de achar o que quiser sobre as religiões!

Anônimo disse...

alguns de vocês conservadores são mais chorões que os comunistas... o Olavão há anos escreve artigos onde fala de ateus, agnósticos ou qualquer um que não condena aborto como se fosse um ser sub-humano. Vão encher o saco dele! Cadê que fazem isso?

Agora, basta uma palavrinha do Constantino que aparece uma avalanche de putinhos...

Blogildo disse...

Putz! Uma rodriguete!

Anônimo disse...

alguns de vocês conservadores são mais chorões que os comunistas... o Olavão há anos escreve artigos onde fala de ateus, agnósticos ou qualquer um que não condena aborto como se fosse um ser sub-humano. Vão encher o saco dele! Cadê que fazem isso?

Agora, basta uma palavrinha do Constantino que aparece uma avalanche de putinhos...

Blogildo disse...

Outra...

Anônimo disse...

Putz, Blogildo, pelo nome, ícone e lixos que vc escreve se vê de que tipo de cocô vc é feito. Até quando pergunta porque a Franca não é a 'nação mais livre da hitória' se vê o que vc realmente quer dizer. Olavete das piores travestida de ponderada, hi hi hi, anti-iluminista, hi hi hi.

Blogildo disse...

Ih! A rodriguete ficou histérica! Melhor cair fora...

Anônimo disse...

Esse Blogildo é um babaca, mentiroso e desazvergonhado.
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No post "Ateísmo é Religião" ...mais uma vez esfreguei o focinho do traste npo chão.
O tipo é mentiroso, embusteiro e dissimulado. Não tem vergonha na cara, vem aqui fazer tipo cordato mas é um bosta. ...mentyiroso desavergonhado!
.
Abai9xo, no referido post, fiz um comentáriuo justamente comentando o descaramento e a qualidade moral do sujeito. Essa, a que ele demonstra, é a qualidade da moral da ideologoia que ele defende. ...é capaz de tudo em nome da ideologia: mentir, fingir, deturpar e etc.
...Mas é burro! ...pois estupiodamente em seu blog tentou fazer graça com um trecho de texto, e acabou produzindo uma asneira brutal ....hehehe! ...ao dizer que a analogia para fazer entender que ausência de religião não é tipo religião, como a ausência de perna não é tipo de perna, o paspalho afirmou que o ateu estaria dizendo que ateísmo é uma anomalia (ausencia de perna) ...hehehe! e em seguida o paspalho, tenta burramente, fazer graça e fala de uma estória infantil, e com as PÓRIAS palavras afirma que deus seria representado pela baleia Moby dick ...HOHOHO! ...e então, pela mesma linha do seu post, ...hehehe! estaria dizendo que deus não passa de um personagem de estorinha infantil... ...hahaha! burrrooooo! e descarado! mentiroso, como provado que mente em favor de sua ideologai e de seus ídolos (é uma olavete das mauis imbecis) .....hohoho! ...como eu digo, honestidade é par da inteligência, burrice é par da safadeza.
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Abraços
C. Mouro
Blogildo merece ter seu fociunho arrastado no chão (***@**** ...aguardem)

Anônimo disse...

xiiiiiiii!!!! O Constantino tem sua própria GESTAPO...

Anônimo disse...

alguns de vocês conservadores são mais chorões que os comunistas... o Olavão há anos escreve artigos onde fala de ateus, agnósticos ou qualquer um que não condena aborto como se fosse um ser sub-humano. Vão encher o saco dele! Cadê que fazem isso?

Agora, basta uma palavrinha do Constantino que aparece uma avalanche de putinhos...

Anônimo disse...

"Tem gente que ‘luta’ pela liberdade. Lindo. Eu não luto pela liberdade. Nem sei definir liberdade direito. Então defendo só a minha. Ou o que eu entendo por minha liberdade. E se minha liberdade (ou o que entendo por isso) estiver ameaçada, claro. Até então, não está. Mesmo dentro de um governo com vocação totalitária, posso dizer que usufruo a liberdade. Então tento não me aporrinhar com o uso que os outros fazem de sua liberdade. Mesmo que o uso seja inadequado para meus padrões. É uma postura alienada? Pode até ser. Mas, graças aos céus, ninguém precisa do Blogildo pra nada. É muita pretensão para um mísero Blogueiro querer lutar pela liberdade, salvar o Ocidente e a cidade de Townsville. Eu deixo isso para o Constantino, o Olavo e as Meninas Superpoderosas!"

Isto é Blogildo.

Anônimo disse...

BLOGILDO , TO COM VC E NÃO ABRO!!!!
PARABÉNS PRA VC TB ,CONSTANTINO!!!

Blogildo disse...

Caramba, a rodriguete-alfa não está nada bem...

Anônimo disse...

blogildo em seu blog:

"Tem gente que ‘luta’ pela liberdade. Lindo. Eu não luto pela liberdade. Nem sei definir liberdade direito. Então defendo só a minha. Ou o que eu entendo por minha liberdade. E se minha liberdade (ou o que entendo por isso) estiver ameaçada, claro. Até então, não está. Mesmo dentro de um governo com vocação totalitária, posso dizer que usufruo a liberdade. Então tento não me aporrinhar com o uso que os outros fazem de sua liberdade. Mesmo que o uso seja inadequado para meus padrões. É uma postura alienada? Pode até ser. Mas, graças aos céus, ninguém precisa do Blogildo pra nada."

Anônimo disse...

EHeheh que raivosas contra os conservatives

Anônimo disse...

A começar pela rodriguete mais louca de todas, o Mouro. Mas esse cara é de um estupidez e grosseria sem par.

Rodrigo, esses caras aí não fazem mais do que atrapalhar o seu debate com postura e palavras grosseiras. Não respeitam as pessoas e suas opiniões. Atacam a tudo e a todos. Cuidado com seus fãs fundamentalistas radicais. Costumam contaminar as idéias expostas no seu blog.

Anônimo disse...

....hehehe!

. ....Bingo!

Se as olavetes já se fazem cordiais com O Rodrigo por um ódio muito maior a mim, então estou no caminho certo! ...hehehe!

Abraços
C. Mouro

Anônimo disse...

Caminho certo do que? De que você é apenas um personagem criado para atacar ferozmente outras pessoas, enquanto seu dono é um pouco mais educado nos comentários?

..."hehehe"!

Anônimo disse...

Esses caras q naum tem o q fazer e fika zuando com o blog dos outros...bando de desocupados!!!
Pelo menos alguem aki sabe descutir um assunto serio meu!